Noiva em fuga escrita por Zabalza


Capítulo 6
O que eu bebi por você


Notas iniciais do capítulo

Vamos dar uma trocada nesse capítulo, ele será narrado por Magnus! >8)
SIM
CHEGOU A TÃO ESPERADA HORA
DE REVELAR MISTÉRIOS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/684563/chapter/6

Um trovão rasga o céu, e o quarto ficar momentaneamente mais claro enquanto o barulho ecoava pela casa. Minhas mãos se retraem, soltando o pano que eu estava segurando. Com essa tempestade eu não conseguiria me concentrar. Além do mais, onde estavam Simon e Isabelle? Sinto-me como se estivesse agindo como a mãe dele, porém não pode sair assim e me deixar sozinho. Espera, ele não está me deixando, só foi comprar um micro-ondas. Está tudo bem, de noite ele vai estar aqui e eu não vou ficar sozinho de novo. Entretanto, e se tiver acontecido alguma coisa e ele for passar a noite fora? Tsunami, enchente... Será que ele está bem? Será que ele vai voltar hoje? 

Sinto um calor na minha mão, e isso que me tira do estado de paranoia. Olhando para baixo, vejo um corte vertical sangrando bastante. Droga! Eu devia prestar mais atenção enquanto corto tecido de amostra. Mesmo com minha mão tremendo muito, tento pegar um pano qualquer e enrolar para estancar o corte. Saio do quarto com pressa, indo até o banheiro pegar alguma coisa para desinfetar o corte. Abro a caixa vermelha, que usávamos para guardar primeiros socorros, mas não consigo encontrar os curativos e o desinfetante. Onde diabos Simon teria colocado isso? 

— Simon, onde está... ─ começo, mas um pensamento me vem em mente. Espera, Simon não está em casa. 

Levo a minha mão até a boca e começo a tentar sugar o sangue que saia do ferimento, olhando para os lados rapidamente. O que se faz quando está sozinho? Ando de uma maneira desajeitada até o corredor, sentindo minha respiração ficar acelerada. É como se eu estivesse vivendo todos aqueles dias de novo. Isso em cima da mesa é minha garrafa de whisky? Mas eu não tomo direto da garrafa desde aquele ano! E por que está tão escuro? 

Sem perceber, eu já estava mordiscando o corte na minha mão, fazendo ele visivelmente aumentar de comprimento. Afasto meu rosto, voltando a mim mesmo por causa da dor. A sala estava vazia, e ainda estava de dia. Nada daquilo era real. A melhor opção que passa pela minha cabeça é ir à farmácia, lá eu poderia pedir para alguém fazer um curativo ou algo do tipo. Era uma das coisas mais sensatas que eu tinha pensado hoje. 

Em um improviso, amarro o tecido que eu estava em mãos, mais um pano da cozinha no corte. Depois de pegar as chaves e minha carteira,  saio do edifício. Está chovendo, mas eu não me importo de pegar uma sombrinha. Não só porque a farmácia é bem perto, mas também porque eu não aguentaria ficar mais um minuto sozinho naquele apartamento. 

Aproveito para ir caminhando pelas áreas cobertas, conseguindo pegar carona de vez em quando em uma sombrinha ou outra. Quando realmente não dá, caminho calmamente. Não estou com pressa para ir a lugar nenhum, mesmo que o corte latejasse. A alguns metros da farmácia, passo pela antiga escola de natação da minha mãe, que está com o portão aberto. Será que era vândalos? Um calor sobe pelo meu rosto instantaneamente. Não podem entrar assim em uma propriedade privada! Principalmente porque era da minha mãe, e só eu sabia como ela batalhou por cada pedaço desse lugar. Mesmo que estivesse abandonado. 

Sem pensar duas vezes, entro pelo portão, que estava semiaberto. Não havia nenhum sinal de arrombamento: minha mãe deve ter deixado aberto e alguém se aproveitou. Como existem pessoas cruéis nesse mundo! Entrando mais a fundo, percebo que a porta de onde a piscina coberta fica está aberta. Com certeza vou pegar a pessoa no flagra. Apresso meu passo por conta da chuva, entrando logo no local. De longe eu pude ver uma silhueta parada, olhando o local onde costuma ter um quadro de avisos. Fica à esquerda da piscina, em uma parede que exibe retratos emoldurados. 

— Ei, você! Aqui é propriedade privada, não um parque de diversões. Pode ir saindo — digo, mantendo uma certa distância da pessoa que está parada ali. A pessoa se vira lentamente. 

— Bane? — a voz chama por mim e meus olhos encontraram os dele. 

Uma ânsia de vomito toma conta de mim e sinto as borboletas do meu estômago se agitarem mais uma vez. Porém, não posso permitir isso. Minha garganta está com um nó. Eu iria mandá-lo embora, do jeito que ele me mandou anos atrás. Seria bem útil se algo conseguisse sair da minha garganta, mas eu só consigo observar em silêncio. 

— Eu já estava indo embora de qualquer jeito, nunca pensei que te encontraria por aqui. 

— Olha quem fala, senhor Europeu. 

— Na verdade, eu voltei já faz um tempo. Eu só não tinha motivos para te contatar.─ Fofo você, me dá um chute na bunda e ainda se faz de difícil. 

— Que bom que pensa assim, Alexander. 

— Como tem passado? Ainda preso em relacionamentos? 

— Eu tenho trabalhado, e estou do mesmo jeito de quando você me deixou. 

— Do que você está falando? 

 Sinto uma pontada lá dentro. Como alguém consegue ser tão cínico, tonto, e cara de pau? Parece que não se lembra de tudo que passamos e agora está se fazendo de coitadinho. Só quero que saiba de uma coisa: eu não vou cair nesses seus truques baratos. 

— Não somos mais os adolescentes bobos e apaixonados, certo?  Não precisa fingir que se preocupa sobre como eu estou ou com quem estou. Eu fiquei muito feliz quando soube do seu casamento. É realmente uma instituição maravilhosa. Espero que vocês dois tenham sido muito felizes juntos, não é como se eu soubesse. Passar bem, Alexander Lightwood — viro-me, já começando a sair do local. 

— Que diabos você está falando, Magnus?! — avança para perto de mim, segurando meu braço. Eu puxo com toda força que tinha, acelerando o passo. 

Sem que eu pudesse perceber, estou correndo pelas ruas com ele ferozmente atrás de mim, gritando meu nome. Como eu o odeio! Odeio tudo que ele fez pra mim! Sinto as gotas frias no meu rosto e algumas pessoas gritam comigo por estar correndo na chuva. A única coisa que eu quero fazer nesse momento é me esconder em casa. Ao passarmos por uma das ruas, um dos carros quase bate em cheio nele, o que me fez ganhar algum tempo. Bato desesperadamente na porta do edifício, fazendo o porteiro me deixa entrar. Continuo minha fuga até o elevador onde, graças a Deus, Simon estava deixando um saco de lixo preto para ser recolhido. Praticamente me jogo nele. 

Só de olhá-lo, eu já me sinto seguro. Eu não tinha sido abandonado! Nós subiríamos e tudo voltaria ao normal. Tudo está perfeitamente bem na minha cabeça até, mais uma vez, aquela voz ecoar no ambiente. 

— Magnus Bane! — disse ofegante, parando a alguns metros do elevador. 

— O que você quer de mim, Alec?! 

— Alec? — Simon olha para mim, e depois para o outro. Posso ver sua expressão mudar drasticamente. 

— Eu só quero conversar com você! 

— Você não tem direito de conversar com ele! — Simon grita — Não devia nem estar aqui. Deve ser muito fácil para você se mudar, iludir ele com suas palavras de amor bonitinhas, e quando ele tinha se esforçado tanto, conseguindo tudo para se juntar a você, simplesmente o abandonar! Só eu sei como ele estava mal, entregue à bebida, à vida noturna! Ele quase perdeu o emprego! Ele trabalhava na maior agência de moda da cidade e ele ia perder tudo por sua causa! Como você tem coragem de chegar aqui e dizer que quer só “conversar”? Eu não vou permitir você estragar tudo que eu estou tentando consertar! Agora, se você não se importa, não volte nunca mais. Ele está muito bem sem você 

 Eu fico perplexo, olhando para Simon enquanto ele falava. Esse era mesmo ele? Por fim, aperta o botão do nosso andar e a porta do elevador se fecha. Alec não se arrisca em falar mais nada, parecia estar processando tudo que tinha escutado. 

 

  

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

De onde Alec surgiu? Por que ele deu um pé na bunda de Magnus? Por que ele seguiu Magnus? Por que ele foi para Inglaterra? ? Por que Simon estava tão irritado?
Terça no globo repórter.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noiva em fuga" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.