Depois de insistir em mudar a personalidade de Mon-El, Kara Danvers tinha decidido deixar o rapaz seguir com a sua vida e fazer suas escolhas. Não cabia a ela dizer a ele o que pode ou não fazer tinha que deixar o garoto de Daxam se descobrir sozinho.

Mas por que de uns tempos para cá, ela se sentia estranha toda vez que ele sumia e não dava nenhuma explicação?

*

Meu nome é Kara Zor-El, mas todo mundo me conhece aqui na Terra pelo nome Kara Danvers. Trabalho na CatCo como jornalista e também trabalho como Supergirl para salvar a minha cidade de pessoas más que gostam de causar confusão.

Há algum tempo atrás uma nave caiu em minha cidade e dentro dela havia um homem com mais ou menos a minha idade. Ele era alto, moreno e muito bonito... E os meus amigos da DOE decidiram que seria melhor,  Mon-El ficar morando em sua base para que não causasse nenhuma confusão e isso não o agradou muito e por isso tinha decidido virar sua tutora. Estava tão empolgada com isso!

Mon-El veio morar em meu apartamento e decidimos montar um visual para ele, para que pudesse se entrosar com os humanos. Eu até arrumei um emprego para ele na CatCo, mas esse garoto só causou problemas e ainda seduziu a secretária do James!

Nojento, eu sei.

Depois da tentativa frustrada de tentar muda-lo, decidi que seria melhor ele fazer as coisas por conta própria.

Nós éramos agora colegas de apartamento.

Bom, era isso que achava até ele começar a trazer várias garotas para cá.

Não que eu me importe dele estar saindo com várias garotas, mas ele deveria ter algum tipo de respeito por elas e por mim!

Fala sério, esse é o meu apartamento! Não sou obrigada a conviver com esse tipo de coisa.

E agora eu estou aqui em casa sozinha, assistindo o novo episódio de Grey´s Anatomy sem a companhia de Mon-El, pois ele tinha decidido sair e nem me avisou para onde é que ele ia!

Foco no que está acontecendo na série, mas nada me prende.

Decido que é melhor sair e me distrair um pouco.

Mando mensagem para Alex perguntando se ela quer sair, mas minha irmã não me responde. Ela anda bastante estranha durante esses dias e algo me dizia que isso tinha haver com aquela policial...

Mando mensagem para Winn e James, mas os dois estão ocupados com algum tipo de projeto.

Que droga.

Sairei sozinha.

Pego a minha bolsa e minhas chaves e quando abro a porta vejo uma bela mulher em minha frente sorrindo para mim.

Lena Luthor.

— Espero não estar atrapalhando – ela diz com um grande sorriso no rosto.

Sorrio para ela.

— Você não está atrapalhando, na verdade tive uma ideia – eu falo.

Sairei com Lena e não ficarei sozinha.

— Está de saída? Posso falar com você outra hora – Lena fala um pouco envergonhada.

— Que tal você sair comigo e ai você me diz o motivo de ter vindo aqui? – sugiro e ela sorri.

— Aceito sua proposta senhorita Danvers – ela diz.

Sorrio para ela e tranco a porta.

Eu sei o que vocês devem estar pensando.

Por que eu estou saindo com Lena Luthor? Um Luthor não é confiável.

Eu sei disso tudo, mas é que Lena parece ser uma pessoa diferente do que o irmão. De alguma forma sinto que posso confiar nela e que jamais correrei perigo.

Vocês devem estar me achando estranha... Mas vamos voltar para a parte em que estamos paradas em frente a uma boate e que estou me sentindo nervosa pra caramba com isso.

Nunca fui a boates. Na verdade, nunca me interessei para saber o que se passava dentro desses lugares.

Lena consegue nos colocar para dentro sem problemas e decidimos ir para o bar pedir as nossas bebidas.

— Uma vodca para mim – Lena pede.

— Eu quero tequila – digo.

Lena olha para mim assustada.

— Quem diria que você bebe álcool – ela diz e eu rio.

— Bebo ás vezes – admito.

Tomamos o nosso shot ali mesmo e depois vamos nos sentar em uma parte reservada da boate.

— Agora que estamos sozinhas... O que você foi fazer em minha casa? – pergunto interessada.

— Como eu disse para você uma vez... Você é a única pessoa que é minha amiga nessa cidade e eu queria poder te ver para contar sobre o meu dia tedioso – ela diz e eu sorrio para ela.

Devia ser duro não ter amigos em uma cidade grande.

— Fico feliz que me considere sua amiga – digo.

Ela sorri.

— Vamos dançar! – ela diz e se levanta.

Vou junto com ela e damos de cara com Winn e James sentados no bar.

Andamos até eles e os dois me olham surpresos.

— Bonito hein! – digo fingindo estar irritada.

— Conseguimos sair mais cedo – Winn fala para mim e depois sorri para Lena.

— Estávamos indo dançar, querem se juntar com a gente? – Lena pergunta.

— Claro – Winn responde empolgado.

— Eu já encontro vocês lá – James fala.

Então nós três vamos para o meio da pista e começamos a dançar no ritmo da música. Bom, pelo menos o Winn tenta isso.

Lena sorri o tempo todo e posso ver que está se divertindo.

James se junta à gente e eu rio quando ele tenta imitar Winn dançando.

— Vou pegar algo para beber – Lena diz em meu ouvido.

— Quer que eu vá junto? – pergunto.

— Eu sei me virar Kara – ela diz e ri.

Ela se afasta e Winn a segue.

Interessante.

James e eu continuamos dançando e isso não é nada estranho.

No passado eu sentia algo por ele e até tentamos namorar, mas não era para ser.

Hoje eu já não penso nele como antes, mas em outra pessoa...

James se aproxima de mim e passa os braços pela minha cintura e quando ele tenta me beijar, sinto alguém me puxar com força para trás.

— Mas o que... – paro de falar quando vejo Mon-El me olhando com um ar ameaçador.

— Kara, o que você está fazendo aqui? – ele pergunta.

— Vim me divertir, assim como você! – digo e me solto dele.

— Vamos embora – ele fala e eu fico sem reação.

Quem ele pensava que era?

— Kara não vai a lugar nenhum – James fala e me puxa para o seu lado.

— Ninguém te chamou para a conversa – Mon-El diz.

— Não briguem, por favor – peço.

Uma mulher alta e ruiva aparece do lado de Mon-El e isso me deixa irritada.

— Por que você não vai transar com essa garota e me deixa em paz? – eu digo com raiva.

— Kara... – ele tenta falar, mas eu me afasto.

Garoto idiota.

Insuportável.

Ridículo.

Galinha.

Quando me aproximo do bar, vejo que Winn e Lena estão se beijando e isso me deixa chocada e decido que é melhor não atrapalhar.

Melhor eu voltar para casa.

*

Por que Mon-El mexia tanto comigo?

As coisas que ele fazia me irritavam na maior parte do tempo, mas também tinham coisas que me agradavam, tipo ele sempre fazer o meu café da manhã, me esperar para ir ao trabalho, assistir minhas séries comigo e me colocar na cama sempre que eu caía no sono.

Mas também ele nunca me dizia quando iria voltar para casa e sempre que voltava ou era bêbado ou acompanhado de uma mulher e isso me deixava irritada.

Ele podia ser até um cara legal, mas também um babaca.

Um babaca lindo.

Será que eu estou...

Não, não, não e não.

Não vou nem pensar nessa possibilidade, pois eu já sei a resposta.

Eu não estou apaixonada por ele.

Ouço alguém destrancando a porta e logo me encolho em minha cama.

Fecho os olhos e finjo que estou dormindo assim que ouço os passos dele vindo em direção ao meu quarto.

Ele se senta em minha cama e eu torço para que Mon-El acredite que estou dormindo.

— Me desculpe por hoje – ele começa a falar – Eu sei que venho agindo como se fosse um idiota, mas é que pensei que se eu voltasse a ser o que era antes em Daxam, faria com que eu sentisse menos saudades de casa. Mas estava errado e percebi que não quero mais ser aquele cara idiota que eu era e isso tudo foi graças a você Kara.

Suas palavras me tocam e eu quero abrir os olhos e encará-lo, mas não consigo.

Estou com vergonha e também não sei o que falar.

— Te ver hoje com aquele cara e aquela mulher me fez sentir algo que nunca senti na vida por uma mulher: ciúmes.

Ele estava falando de James e Lena?

Será que ele tinha ficado maluco?

Abro os olhos e o encaro.

— Sabia que estava acordada, estava me perguntando quando que iria abrir os olhos e me olhar – ele fala sorrindo.

Me levanto para poder ficar na sua altura, mas não falo nada.

Ainda estou chateada com ele.

— Não vai falar nada? – ele pergunta e eu permaneço muda – Kara, eu já pedi desculpas. Sei que errei e me arrependo, mas você também tem que falar alguma coisa.

Ele tem razão.

— A cena que você fez na boate foi idiota e desnecessária – digo.

— Não pude evitar – ele diz.

— E a sua amiga ruiva? Como ela está? – pergunto e logo me arrependo.

— Está com ciúmes? – ele pergunta achando graça.

Ciúmes é um sentimento que a pessoa sente quando ama alguém.

— Esquece – digo.

— Aquela garota ruiva não é nada para mim – ele diz e eu gosto de ouvir isso – Já você...

— O que tem eu?

— Você é importante para mim Kara – ele diz e eu fico sem palavras – Eu me importo com você.

— Mon-El...

— Eu gosto de você Kara, como não vê isso? – ele pergunta e se aproxima lentamente de mim e eu fico sem reação – E eu sei que você gosta de mim também.

E então ele me beija e eu permito isso com prazer, mas logo depois me afasto.

— Eu não quero ser apenas mais uma para a sua lista – eu falo.

— Você não é isso e nunca será – ele diz sério.

— Como eu posso confiar em você? – pergunto.

— Kara eu estou completamente apaixonado por você, acho que isso já basta não é? Não aguento mais fingir o contrário e espero que você se sinta do mesmo jeito que eu, do contrário terei que me afastar – ele diz e se levanta da cama.

Olho para ele perplexa.

Não sabia que ele se sentia assim sobre mim...

Será que eu me sentia do mesmo jeito que ele?

Acho que não.

Mentira.

Quem eu quero enganar?

Lógico que eu me sinto do mesmo jeito.

Todo esse tempo fingindo não gostar dele, só me fazia mal.

Só de pensar nele com outra mulher me fazia ficar doente.

Me levanto da cama e me aproximo dele.

— Eu também me sinto do mesmo jeito – digo e ele abre o maior sorriso do mundo.

Nossos lábios se encontram e sinto o meu coração bater mais rápido.

Então era isso que os humanos chamavam de amor?