Parte 3

Yuukihiro

E ali estávamos nós de vigia... numa missão que poderia acabar com as nossas próprias vidas... Mas nós não tínhamos medo! Afinal Misa e Sakki estavam comigo, um dos magos mais fortes do planeta! Aquele que nunca perdeu uma batalha...

—Yuuki... Para com isso, é irritante!-Exclamou Misa tirando os binóculos

—Cala-te! Estou a tentar narrar a nossa aventura para posterior publicação de um livro...- Murmurei amuado.- As aventuras de Yuuki...- Disse sonhador. A minha irmã olhava-me com cara de idiota, suspirou e voltou a olhar pelos binóculos.

Estávamos no cimo de uma colina, atrás de uns arbustos, vigiando um caminho um pouco mais abaixo. Esperando a nossa presa, pacientes como um leão... espera, mas são as leoas que caçam...hmm... Estávamos pacientemente á espera da nossa presa...como...como todos os animais que caçam fazem...

—A Sakki está a demorar um pouco... não queres ir verificar se ela está bem?-Perguntei interrompendo a minha brilhante narrativa. A minha irmã olhou-me novamente com cara de idiota.

—Não vale a pena... Sabes como ela é quando anda em transportes...

—Mas aquilo são animais! São tipo cavalos! Os Dragon Slayers também enjoam ao andar a cavalo?- Perguntei como se a resposta fosse evidente.

—São gatos gigantes Yuuki! Sabes como ela é com gatos...qualquer tipo de gatos!- Exclamou ela irritada.- Agora cala-te, mete a porra dos olhos nos binóculos e vigia a porra da estrada! Temos de nos concentrar na missão...

A missão... aquela que o mestre nos tinha dado no dia anterior... flashback:

"Estávamos os três no gabinete de Kurogane. Tinha acabado de comer um delicioso prato de peixe, feito por mim como é óbvio. Estávamos os três sentados numa mesa redonda. Kurogane olhava-nos como se lhe pertencêssemos, e era assim que era. Eu e Misa olhamo-lo, estávamos ambos com medo... claro que ela tinha mais medo que eu... Mas de nós na sala, a pessoa mais tensa era Sakumi, ela tentava esconder a tensão... mas eu via-lhe na cara que ela estava puramente assustada... Por causa do mestre? Não... ela nunca tinha tido medo daquele homem... era por algo bem pior. Algo, que para ela, era pior que enfrentar a ira de Kurogane... Gatos! Acontece que o mestre era um grande fã de gatos, ao contrário dela, por isso o homem tinha 5 gatos que mantinha no gabinete. E acontecia também que, ironicamente, os gatos adoravam Sakki e costumavam saltar para o colo dela e roçar-se nas suas pernas. E era exatamente isso que a estava a fazer tão assustada. O mestre olhou-a, parecendo satisfeito ao vê-la daquela maneira. Sorriu.

—Vá-la meninos... deixem a criança em paz...-Murmurou ele trocista. Os gatos saíram de cima de Sakki e foram para as respetivas camas. Sakumi descontraiu. – Muito bem... agora vamos a negócios...- disse o homem retirando uma pasta de documentos duma gaveta. – Esta é uma

missão que não podem falhar... apenas temos uma oportunidade para conseguir o que eu quero...

—E o que é que o mestre quer que nós roubemos?- Perguntou Sakumi interessada.

—Não é o quê mas antes quem...- Eu, Misa e Sakki olhamo-nos. Sempre fizemos imensas missões para o mestre, mas nunca nenhuma envolvera raptar pessoas. Kurogane abriu a pasta á nossa frente. Continha uma data de folhas escritas e uma pequena foto de uma rapariga com cabelo cinzento-escuro, olhos roxos e...

—Isto são orelhas de lobo?- perguntei eu perplexo sem reparar. O mestre olhou-me, parecia parcialmente zangando. Estremeci.

—Muito bem observado Yuukihiro...- Murmurou sorrindo. – O nome da rapariga é Valkíria Magnória, ela é filha de um tipo de Elemental Demon... especial, por isso quero que a tragam até mim.

—E o que é que o mestre pretende fazer com ela?- Questionou Sakki. O mestre olhou-a, ele não gostava de perguntas. Normalmente dava-nos a missão e nós completávamo-la, não havia questões... Sakumi olhava o mestre intensamente, o mestre observava-a da mesma maneira. Depois ela desviou o olhar e sorriu. – Muito bem... quando partimos?

—O mais depressa possível...Quero-a no máximo em dois dias. Toda a informação necessária está neste documento.- Disse ele dispensando-nos. Eu, Misa e Sakki levantamo-nos. – Tu não Sakumi... preciso de falar contigo em privado...- A rapariga olhou Kurogane sem medo e sentou-se de novo. Eu e Misa saímos do gabinete, visivelmente preocupados, fechando a porta.

Ficámos sentados numa mesa do andar de baixo, esperando Sakki. A minha irmã bebia um aborrecido copo de água e eu estava na posse de um fresquíssimo sumo de cerejas de Magnólia.

—O que achas da missão Yuuki? – Perguntou-me Misa, olhando o copo.

—O que acho? É uma missão dada pelo mestre... acho que a devemos completar!- Exclamei bebendo o resto do sumo.

—Mas as nossas missões sempre envolveram destruir ou roubar... nunca raptamos ninguém...

—Mas temos que fazê-lo... pela nossa família... Se Kurogane nos dá uma missão é porque a guilda precisa de algo! E neste momento eles precisam daquela rapariga!- Disse confiante. A minha irmã olhou-me, sorrindo parcialmente.

—A nossa família, hã? Pois... penso que esta é a única família que verdadeiramente tivemos...- Refletiu ela pensativa. Depois olhou-me. - Lembras-te de como era dantes...?

—Lembro Misa...- Disse interrompendo-a propositadamente.

Foi há 8 anos atrás, nessa altura vivíamos sozinhos num edifício em ruinas perto duma aldeia relativamente grande. Mas nem sempre fora assim, em tempos aquele edifício tinha sido um pequeno orfanato onde tinham várias crianças de várias idades...porém houve um acidente quando tínhamos apenas 7 anos, ao qual apenas nós os dois sobrevivemos. Quando nos dirigimos á aldeia, procurando ajuda, todos pareceram assustados chamando-nos de demónios

e atirando-nos pedras. Nesses tempos foi difícil arranjar comida e água...houve alturas em que ficávamos dias sem comer nada de jeito, houve outras em que tínhamos de beber a água das poças de chuva para nos hidratarmos...Eram tempos difíceis. Foi aí que Kurogane apareceu tirando-nos da miséria onde vivíamos e levando-nos até aqui, á guilda KuroNeko. Todo o mundo nos rejeitou menos este lugar. Era aqui que pertencíamos e faríamos qualquer coisa por este sítio.

—Isso é passado... agora temos um lugar onde pertencemos!- Exclamei sorrindo, olhando o teto."

E foi assim o início desta perigosa missão... Para apanharmos um... ser humano com orelhas de lobo...

—Quem raio tem filhos com orelhas de lobo?- Perguntei eu ainda confuso com este ponto da história. Depois lembrei-me de outra questão igualmente inteligente. – Uhhh... O que podemos chamar-lhe? Humanobo? Lobumano? OH, já sei!- Exclamei baixinho.- Lubano... Espetacular...

E aqui estávamos nós á caça de um Lubano! Que, pelo que o mestre nos tinha informado...era perigosamente perigoso...

—Yuu...O que raio andas tu a fazer?- Perguntou sem paciência Sakki que entretanto já tinha voltado.

—Já apanhas-te ar fresco suficiente? Ou contas deixar o trabalho todo para nós?- Reclamei. Ela esmurrou-me. Ouvi-a suspirar enquanto desviava o olhar para a minha irmã.

—Misa... qual é a situação até agora?

—Ainda não passaram por aqui...- Respondeu ela sem tirar os olhos dos binóculos. – Pelo menos que eu visse, este aqui anda a desconcentrar-me... Como sabes que eles vêm por aqui?

—Porque este é o caminho mais difícil para Gardénia...Uma pessoa normal não consegue aceder-lhe... e é preciso uma grande resistência para passar por aqui...-Murmurou Sakumi sabiamente. Nesse momento ouvimos vozes ao longe.

—Sakki! É ela...mas não está sozinha... um rapaz loiro está com ela...- Informou Misa.

—Então e? Sedamos a rapariga como combinado e metemos o gajo K.O... Too Easy... - Disse eu com um sorriso.

—Não é assim tão fácil Yuu... A rapariga pode ser forte mas o rapaz é de longe o mais forte entre os dois...- Olhamos Sakki, ela olhou-nos. – Santa paciência... vocês não leram os documentos...como sempre...

—Tu é que andas sempre metida nos livros! Nós nunca lemos os documentos... nem nunca leremos... eu fui feito para a ação... não para a pesquisa!- Exclamei orgulhosamente. Sakumi suspirou impaciente.

—O nome do rapaz é Raiden e tem 20 anos, é o irmão adotivo dela e portanto bem mais perigoso que ela.- Informou-nos Sakki. Continuamos a olha-la. – E mais uma vez tenho que explicar tudo a vocês... Ele é filho do Mestre de Éclair Fata, e adivinhem... esse mestre era um mago de Fairy Tail...

—Fairy Tail!?- Exclama-mos perplexos eu e a minha irmã.

—Exato... Yuu prepara a arma eles estão a aproximar-se.- Agarrei o tranquilizador e preparei a arma para ser disparada. Pus-me em posição para disparar, esperava a ordem de Sakki. Consegui ouvir parte da conversa deles.

—Aquilo foi incrível! Quando manipulaste o trovão daquela maneira... Onde aprendes-te a fazer aquilo?- Era a Lubana.

—Oh...pensas que foste a única a treinar nestas últimas semanas?- Era o tal Raiden que falava daquela vez. Ambos se aproximavam da armadilha sem dar conta.

Ali estava eu... de mira na presa... ela nem daria pelo que aconteceu! Depois de derrotar-mos o outro gajo poderíamos levá-la ao mestre e... Mission Accomplished!

—Yuu... vais assustar a "presa"...-sussurrou Sakki baixando-se. – Há minha ordem disparas... assim que disparares eu e a Misa tratamos do tal Raiden...- Inspirei fundo, concentrando-me no alvo. Ela aproximava-se cada vez mais e nem sequer estava ciente do perigo que corria. Ela entrou na parte da estrada que vigiava-mos, estava mesmo abaixo de nós... muito perto...- Agora Yuu!-Ordenou Sakki. Assim que ela falou disparei. Agora já não podiam fazer nada...era tarde demais!

—Agora Ray! – Exclamou a Lubana, desviando-se do tranquilizante.

—Take Over: Dragon Soul! Lightning Dragon Slayer! – Gritou o rapaz. Consegui sentir a enorme energia mágica que emanava. Depois os dois olharam-se.

—Unison Raid: Rairyū no hōkō! – Exclamaram ao mesmo tempo, expelindo trovões na nossa direção. Estávamos tramados.

—Bolas...- Ouvi Sakki exclamar antes de nos puxar para trás. O rugido passou por cima de nós. Consegui sentir a força dele. – Raios Yuu! Usa a tua Earth Make magic para travar o ataque! – Disse ela visivelmente chateada. - Eles viram o nosso ataque a milhas de distância... Temos de optar pelo plano B!

—E qual é o plano B?- Perguntou Misa ainda assustada do ataque anterior.

—Não queriam ação? – Perguntou ela levantando-se. – Pois vão tê-la!

E assim dirigimo-nos para o inimigo... Confiantes e cheios de força... O plano inicial podia ter falhado mas ainda tínhamos uma missão por cumprir... e iriamos cumpri-la a qualquer custo! Incluir música dramática...