Conhecimento Adquirido e Não Confesso escrita por Tai Bluerose


Capítulo 8
Uma Vida Irritantemente Educada


Notas iniciais do capítulo

Finalmente estou de volta.
Que falta eu sinto de Hannibal, e vocês?
Foi essa saudade que me incentivou a voltar.
Espero que gostem. Boa leitura.



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Capítulo 8: Uma Vida Irritantemente Educada

 

 

Na escuridão, uma silhueta alta e esguia se formou.

Um terno elegante. Cabelo louro cinza. Um sotaque incomum. Olhos castanhos, atentos como os de uma cobra. Um sorriso de dentes afiados.

Estava na sala de Jack Crawford. Não nela realmente. Uma lembrança dela, mesclada com nuvens e trevas. Um cenário onírico. Eu era então um professor retraído e nada sociável.

E se eu tivesse recusado a proposta de Jack muito antes daquele dia?

 Eu ainda estaria dando aulas em Quântico. Ele jamais teria me conhecido. Eu teria uma dúzia de cicatrizes a menos.

 No início, ele era apenas uma figura desconhecida. Alguém que ousei olhar nos olhos por um segundo apenas, e desviei o olhar como sempre fazia. Ele conseguiu me ler muito bem, mesmo naquele breve momento. E por isso tentei afastá-lo.

Ele era alguém imposto a mim, por Jack, para atestar e assegurar minha sanidade mental no trabalho que eu desempenharia.

Que ironia.

No início, ele era um desconhecido batendo a minha porta. Trazendo-me comida caseira, quentinha, e tentando insistentemente ser meu amigo, mais do que meu psiquiatra. Ele foi se aproximando aos poucos. Conquistando minha confiança e afeto dia após dia. Ele era alguém que me enxergava e que me compreendia. Não me julgava, nem tinha medo de mim. Não me achava estranho. Nem sentia pena.

Ele achava que eu tinha um dom incrível. Ele acreditava que eu era especial. E eu cheguei a acreditar nele. Pela primeira vez, eu me sentia normal. Mesmo que fosse apenas aos olhos dele.

Para mim, já era o bastante.

Eu dei a ele acesso a minha mente e a minha alma. Eu me entreguei sem armadura. Eu me apresentei nu, e ele me viu por inteiro; por dentro e por fora.

“Não se feche em si mesmo, Will? Fique comigo.”

“Para onde mais eu iria?”

 

Ele me viu.

E ele me enlouqueceu, deliberadamente.

E ele me quebrou em tantos pedaços, que nem mesmo eu poderia voltar a juntar-me. Jamais poderia ser como era antes.

Eu colei os meus cacos com desejo de vingança. Aproximei-me dele para apanhá-lo. Fingi ser quem ele queria que eu fosse. E acabei descobrindo quem eu era. Ele confiou em mim. Ele me deu acesso a sua mente e a sua alma. Ele deixou que eu o visse despido de sua máscara.

E eu o vi.

E eu o feri.

E me arrependi, amargamente.

“Você sabe o que é um imago, Will?”

“Eu te perdôo, Will. Você vai me perdoar?”

 

Eu permiti que ele se tornasse minha destruição. Ele me permitiu me tornar a sua fraqueza. E quanto mais tempo passávamos juntos, como inimigos, mais nos tornávamos intrinsecamente ligados como amigos, talvez mais.

As nuvens giram. O cenário muda. A escuridão vem e diminui lentamente.

Eu via seu perfil tranqüilo, sentado em sua mesa em seu escritório. As chamas ardentes da lareira criavam variações de luz e sombras em seu rosto. Eu o achava perigoso. Eu o achava fascinante. Quanto tempo eu passei ali? Apenas apreciando sua companhia, seu silêncio, sua música. Apreciei até mesmo nossas conversas, que revelavam tanto seus aspectos mais amáveis quanto seus lados mais sombrios.

Com ele, eu podia falar sobre os meus lados mais sombrios. E ele ficaria hipnotizado, por mim. E eu me sentia livre. Sentia que eu era eu mesmo. Mesmo que fosse assustador. Era bom ser livre, mesmo que durasse apenas o tempo em que passava com ele.

Eu o via desenhar com afinco. Uma reprodução perfeita de um quadro sobre a Ilíada. Ele olhava para mim e sorria. Eu me sentia confortavelmente em casa; e em momentos como aquele, eu esquecia que eu deveria estar fingindo. Eu deveria, mas tudo o que eu sentia com ele era verdadeiro. Fosse ódio, raiva, ressentimento, carinho, admiração ou... amor. Tudo era verdadeiro.

“Aquiles lamentando a morte de Pátroclo. Sempre que ele é mencionado na Ilíada, Pátroclo é descrito por sua Empatia. Aquiles queria que todos os gregos morressem para que ele e Pátroclo pudessem conquistar Tróia sozinhos.”

Nós estávamos tão solitários assim? Não tínhamos vivido até então muito bem sozinhos, sem precisar da companhia de outro humano? Não fomos nós dois caçadores solitários a nossa maneira? E ainda assim, continuamos nos submetendo a companhia e a influência um do outro. Como se necessitássemos disso para continuar vivendo.

Você não aprendeu sua lição?” A voz de Bedelia surgiu e rodopiou na minha mente. Se misturando a imagem de Hannibal desenhando.  “Ou sentiu tanta falta dele assim?”

Hannibal já o incentivou a matar alguém? Ele fará. E será alguém que você ama.”

É bom ver você.” Eu disse e me sentei ao lado dele diante de uma imagem desvanescente de Primavera.

“Se eu visse você todos os dias da minha vida, pra sempre, Will, eu ainda me lembraria deste momento.”

“Isso é o que eu sempre quis para você, Will. Para nós dois.”

Nós estávamos abraçados. E foi como se o tempo parasse. Nós estávamos juntos, mas a água nos separou. Ele foi engolido pelas águas negras do oceano ou talvez tenha sido eu. Tudo era escuridão outra vez.

Sim. Hannibal me fez matar alguém que eu amava. Eu era um assassino completo. Eu não podia continuar vivendo com ele, pois acabaria me tornando ele. Mas não podia viver sem ele.

Hannibal? Eu chamei. Não sei se disse em minha mente ou em voz alta, mas não houve resposta.

Um momento de desorientação antes de perceber que eu estava vivo. Meus olhos reconheceram o quarto de hospital e nada mais. Nenhuma figura conhecida por perto. Tentei me mover; meus braços e pernas estavam rígidos e doloridos. Minha boca estava extremamente seca.

Fiquei olhando para o teto branco, me perguntando se Hannibal tivera a mesma sorte. É claro que tivera. Ele tinha que ter sobrevivido, afinal... eu estava vivo. Apenas um de nós continuar vivo não fazia parte do plano, e se fosse para ser assim, que fosse eu a morrer.

Eu estaria livre, para sempre.

Mas se eu vivo... não posso dizer que estou salvo. Pedaços da alma de Hannibal se prenderam a minha. O dano que ele infligiu a minha mente jamais poderá ser curado.

Uma parte de mim jamais poderá confiar na outra.

Se ele morreu. Se ele realmente morreu... então... finalmente estou sozinho.

Depois do que pareceu ser meia hora, uma enfermeira apareceu no quarto, surpreendeu-se a me ver desperto. Ela saiu antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa. Algum tempo depois, voltou com um médico, que me avaliou e explicou minha situação. Eu perdi muito sangue, mas felizmente, as facadas que levei não atingiram nenhum órgão vital. Bati a cabeça em alguma rocha quando caí ou quando fui jogado contra o rochedo pelas ondas. Fraturei uma perna, quebrei três costelas. Felizmente, eu sobrevivera. Um milagre, dissera o médico. Fiquei inconsciente por dois meses.

Dois meses em coma.

Segundo o médico, eu não ficaria com seqüelas, e eu aparentava estar muito bem. Mas eu teria que fazer fisioterapia por um tempo e repetir alguns exames antes de me liberar, apenas para ter certeza.

Quatro horas depois, Jack Crawford entrou no quarto. Andava cautelosamente, provavelmente se perguntando o que deveria me dizer ou perguntar.

 Eu ainda não sabia o que tinha acontecido com Hannibal. Ele poderia estar vivo. Ele poderia estar morto. Mas a maneira cautelosa e meticulosa com que Jack me observava, fez acender uma fagulha em mim.

― Como estão Molly e Walter? ― eu indaguei, embora, para ser sincero, aquela não fosse exatamente a primeira pergunta que eu tinha em mente.

― Estão bem, eu acredito. Estão seguros. Pedi para que ligassem para ela. Deve estar chegando a qualquer momento.

Eu apenas balancei a cabeça em resposta. Eles estavam bem. Isso era bom. Jack me perguntou sobre os acontecimentos na casa da falésia. Ele tinha vindo como um policial para colher depoimento, não como um amigo em visita. Eu não esperava diferente.

Eu contei tudo.

Tudo, exceto o que Hannibal me disse antes de cairmos. Aquilo foi o Hannibal verdadeiro. O Hannibal revelado somente a mim. Ficamos em silêncio por um momento depois que eu terminei de falar.

― Ele está morto? ― perguntei finalmente, mas percebi que Jack estava esperando que eu fizesse a pergunta.

Jack hesitou um pouco. Movimentou seu chapéu nas mãos duas vezes antes de responder.

― Não. Não está. ― ele esperou um momento. ―Vocês dois parecem ter a casca mais grossa do que aparentam. Principalmente você. É difícil acreditar que realmente tenham caído de um penhasco e tenham sobrevivido.

Aquela fala pareceu-me um pouco acusatória. Decidi ignorá-la.

― Como eu cheguei ao hospital?

― Você não se lembra?

― Só lembro-me de cair do penhasco e atingir a água. Nada depois disso.

Jack puxou uma cadeira do canto e a colocou mais próxima da minha cama. Ele pareceu considerar o que diria, por um momento, e então disse:

― Pelo que sabemos, uma mulher asiática trouxe vocês para o pronto socorro e disse que vocês tinham caído de um penhasco. Ela desapareceu quando a polícia chegou. Esta mesma mulher, se passando por enfermeira, ajudou Hannibal a fugir do hospital quarenta e oito horas depois. Antes que os reforços chegassem para transferi-lo para um hospital penitenciário. Imagino que seja a mesma mulher que encontramos com Hannibal em Florença. Pode me dizer algo sobre ela?

―Só sei que ela se chama Chiyoh. Desculpe, Jack, não tenho mais do que isso.

― Hannibal te disse alguma coisa sobre para onde ele fugiria?  Ou se ele tinha...

― Por que ele me diria? ― interrompi rispidamente. ― Eu estava em coma. Como posso saber de algo?

Jack não disse nada. Apenas balançou a cabeça.

― Se receber qualquer contato de Hannibal, espero que nos avise, Will. Você fará isso?

Jack falou como quem fala advertindo uma criança malcriada.

― Eu o puxei para um penhasco, Jack. ― minha voz era um sussurro. ― Se ele vier até mim será para me matar.

― Podemos designar alguns homens para proteger sua casa. Por um tempo.

― Para me proteger ou me vigiar? Não vamos fingir, Jack. Você está me olhando como me olhou quando pensou que eu era o Estripador de Chesapeake.

― Você não pode me culpar por ser cauteloso, Will. Hannibal ainda está por aí e você... Eu não tenho certeza se você conseguiu se livrar da influência do Lecter.

― Eu te garanto, eu tentei matar Hannibal. Tentei matar nós dois. Era o que você queria, não era?

Jack me fitou em silêncio por alguns segundos antes de dizer.

― Era um preço que eu estava disposto a pagar. Mas estou feliz que você esteja vivo. Isso é verdade. Descanse, Will. Você parece péssimo.

Jack se levantou e seguiu para a saída.

― Ele estava muito machucado? ― perguntei. Jack parou na porta e me olhou com uma expressão estranha. ― Quando fugiu.

― Estava. Embora estivesse um pouco melhor que você. Mas seus ferimentos ainda não tinham cicatrizado. Ele também tinha perdido muito sangue. Só por isso demoramos a transferi-lo daqui. Malditos médicos! Por mim, teriam deixado ele sangrar até a morte.

― Talvez ele tenha morrido por aí. ― falei sem olhar para Jack.

― Deus te ouça. ― disse Jack. Eu apertei os lençóis. ― Você está bem mesmo, Will?

― Sim. Começarei a reabilitação amanhã. Quero voltar para casa.

Eu não disse mais nada, nem levantei os olhos do lençol sobre minhas pernas. Mas eu sabia que Jack ainda estava para a porta, me observando.

― Posso fazer uma pergunta pessoal? ― ele esperou que eu olhasse para ele e assentisse. ― Como se sentiu quando ajudou Hannibal a matar Dolarhyde?

― Eu me senti... ― fechei os olhos por um momento, lembrei a sensação. Engoli em seco. ― Vivo.

.

.

.

Era difícil admitir, mas a nossa convivência não era mais a mesma. Nós não funcionávamos tão bem quanto antes, Molly e eu.

Eu passei muito tempo fora. Primeiro resolvendo o caso do Dragão Vermelho, depois no hospital; sem falar nos problemas que causei a ela e ao Walter. Era natural que ela estivesse chateada e um pouco distante de mim. Mas nós queríamos tanto que tudo voltasse a ser como antes, que resolvemos fingir que tudo era como antes. Ou talvez ela quisesse e eu estivesse apenas espelhando seus sentimentos e ações. Já não sei mais.

Mas não se pode esperar ver exatamente a mesma peça, quando os atores já não conseguem mais representar os mesmos papeis. E parecia que nenhum de nós se encaixava mais nos papeis de antes. Nem marido, nem esposa, nem filho.

Durante o tempo em que ficara com os avôs de Walter, Molly ressuscitara a memória de seu ex-marido falecido. E Walter recuperara a consciência de que ele um dia possuíra um pai... e esse não era eu, nem jamais seria; não com todos os meus defeitos trazidos a luz. Eu não era mais apenas um sujeito estranho e introvertido. Eu era um possível criminoso com problemas mentais.

Não foi surpresa quando Walter voltou a me chamar de Will, nem nada agradável quando ele começou a me lembrar que eu não era seu pai a toda oportunidade que tinha.

― Esta vara é muito grande pra você, Walter. Não vai conseguir pescar com isso – Eu disse a ele quando o vi jogar fora a vara de pesca que eu havia dado a ele no ano anterior, e apanhar uma vara que eu desconhecia.

― Vou conseguir sim. Era do meu pai. Vou pescar com ela.

Ele não pescou nada. Passamos uma tarde inteira em silencio. Um silêncio incômodo. Ninguém poderá dizer que eu não tentei retomar as rédeas daquela vida; que eu não tentei fazer dar certo. Mas não dependia mais só do meu comportamento. Foi doloroso perceber que eu já não me importava.

Molly nunca foi tão gentil e tão fria comigo. Ela se esforçava em tentar me agradar e ser amigável, como se eu fosse um estranho de visita em sua casa. Dormíamos na mesma cama, mas não havia mais intimidade, não havia interesse nem por parte dela, nem por minha parte. Seguíamos a rotina. Rotina era tudo o que tínhamos da antiga vida; a falsa aparência de que éramos os mesmos, fazendo as mesmas coisas de sempre.

Esforço infrutífero.

Ele tinha razão. O conhecimento adquirido de que a vida não era mais a mesma, vivia como uma companhia desagradável na casa. Mas nem Molly nem eu tínhamos coragem de admitir. Eu não confessava porque sabia que me apegar àquela vida era a última chance de não me bandear para meus cantos mais escuros, e eu sabia muito bem quem me esperava lá. Ela não confessava porque tinha pena de mim. Imagino que ela se sentia culpada de terminar com um cara que foi mortalmente ferido, ficara em coma e estava cheio de cicatrizes.

A pena dela por mim me incomodava cada fez mais. A repulsa parecia crescer em nós dois.

Mas não era o meu rosto costurado que afastara Molly, era a desconfiança. Eu via a desconfiança crescendo nos olhos dela. Dia após dia.

Ela me observa a cada ligação que eu atendia ou fazia. E sempre dava um jeito de me perguntar onde eu estava sempre que eu chegava mais tarde do trabalho. Ela achava que fazia isso discretamente, mas eu notava.

Um dia Walter trouxera para casa uma edição antiga do TattlerCrime, tive que me explicar a ele. Explicar sobre Hobbs e sobre o tempo em que estive preso num manicômio penitenciário. Tive de convencê-lo de que eu era inocente. Por que eu realmente era, naquela época.

― Ele também queria saber sobre o outro – Molly se aproximou, assim que Walter se afastou para brincar com os cachorros. Ele tinha ficado satisfeito com as minhas respostas, pelo menos por aquele momento. Amassei a cópia do jornaleco em minhas mãos e o joguei na lareira. Eu sabia que Molly também havia lido. Sabia que ela se envenenara com as palavras de Freddie Lounds. ― Sobre o tal Hannibal.

― Ainda bem que ele não perguntou. Não gosto de falar sobre Hannibal. ― Eu falei um pouco rispidamente. Não queria que ela insistisse no assunto. Mas Molly era teimosa.

― Porque mentiu pro Walter? Você disse que a filha do Hobbs sobreviveu e foi para faculdade. Ela foi assassinada, pelo Hannibal Lecter, na mesma noite em que ele quase te matou. Por que nunca me falou sobre isso?

― Eu te contei.

― Não. Você só me disse que Hannibal tinha sido o responsável pela cicatriz em sua barriga. Mas você nunca me contou como isso aconteceu ou o porquê ele fez isso?

― Eu não menti. Walter perguntou sobre Hobbs; Abigail sobreviveu ao Hobbs e ela queria fazer faculdade. Ela teria ido se... ― se eu não tivesse traído Hannibal, talvez Abigail ainda estivesse viva, talvez nós três estivéssemos vivendo em algum lugar tranqüilo, com bem menos cicatrizes para curar. ― Eu gosto de pensar que aquela noite nunca aconteceu.

― Era essa garota que você considerava uma filha?

Olhei para ela surpreso.

― Quem te contou isso?

― Quando vocês foram trazidos para o hospital, eu fui vê-lo. Hannibal. Achei que ele estaria dormindo, mas estava acordado. Ele sabia quem eu era. Foi estranho. Por tudo o que você me contou sobre ele, eu esperava encontrar um louco, um insano morrendo de ódio de você. Mas... ele foi gentil, e falava como se vocês fossem velhos amigos. Ele disse que não faria mal a mim e ao Walter. Devo acreditar nisso ou devo andar por aí com uma arma na bolsa pelo resto da minha vida?

― Se Hannibal disse que não viria atrás de você e de Walter, então não precisa se preocupar. Ele não quebra suas promeças.

― Ele não era apenas seu psiquiatra. Vocês eram amigos.

― Uma vez acreditei nisso.

― Quão próximos vocês eram?

― Próximos o bastante para ser atingido. ― falei num sussurro. Minha garganta estava fechada. Os olhos de Molly estavam lacrimejantes.

― Você falou com ele depois de sair do hospital?

― Qual a razão para todas essas perguntas? Foi o FBI que pediu para você perguntar? Foi o Jack? Diga que Hannibal não entrou em contato comigo, nem eu com ele. Não o vejo desde o penhasco. Eu tentei matá-lo e não consegui. Então, da próxima vez, se houver uma, provavelmente ele me mate. É o que você quer?

― Não. É claro que não.

― Então pare de me olhar assim. ― eu estava irritado. Cansado de tudo.

― Assim como?

― Como se eu fosse um criminoso. Estou farto de você e todo mundo ficar me rondando, me sondando e me vigiando. Eu não estou em contato com Hannibal Lecter! Eu não o vi.

― Você está estranho, Will. Inquieto. Impaciente. Você está sempre olhando o seu entorno e a estrada. Você está esperando por ele. Você está. ― a voz de Molly começou a tremer e a falhar. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. ― E eu não sei se é porque você tem medo que ele venha ou... Se é porque você tem medo que ele não venha.

― Molly...

― Não está mais dando certo... Nós dois. Eu não quero que meu filho cresça nesse ambiente.

― Não quer que ele cresça comigo.

― Não, Will, eu...

― Eu entendo. E concordo. Talvez seja melhor eu ir embora.

Molly não disse mais nada depois disso. Ela enxugou as lágrimas e subiu para o nosso quarto. E resisti ao desejo de tentar reconforta-la.

Eu decidi que passaria a noite no sofá, em frente a lareira. O calor da lareira era reconfortante.

“Sua família está em segurança agora, Will. Você pode voltar para lá, se ainda houver algum sentido. Há algum sentindo? A vida não será mais a mesma. Quando a vida se tornar irritantemente educada, Will... pense em mim.”

Havia outro fato de que me tornei consciente e não queria admitir. Hannibal estava certo sobre mim.

 E eu sentia a falta dele.

Dez meses desde a nossa queda tinham se passado, e ele não voltou. Ele não voltou.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram e comentaram. E a vocês que esperaram e continuam acompanhando.
Comentários são bem vindos. Estarei os respondendo em breve.
até o próximo.
Hannibal estará de volta.



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