O peso de uma escolha. escrita por Sazi


Capítulo 11
Ganancia


Notas iniciais do capítulo

A nossa história está perto do fim, mas ainda temos uns capítulos aqui. Espero que apreciem.



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 Elisa pensou um pouco no que deveria fazer se era bom pedir perdão ao irmão ou não. Ao mesmo tempo achava que ele era manipulador demais e precisava de um tempo, como quem é castigado para refletir sobre os seus atos. Ficou olhando pro espelho que ganhara e não gostava do que via refletido. Sentia uma necessidade urgente de mudar, mas por quantas vezes começara dietas e mais dietas. Passava uma semana fazendo-as e como não via os resultados que queria desistia. Chorava muito e ficava comendo escondida, sentindo a culpa corroer sua mente, tanto quanto seu estômago estava reclamando naquele momento. Estava muito difícil cumprir com aquela dieta que o irmão estava fazendo para ela. Sentiu que iria ruir a qualquer momento. Quis gritar para expulsar toda dor que estava sentindo, todo pesar que havia corrompido a sua alma esses anos. Estava cansada, uma mãe abusiva, um irmão maluco. Seu pai estava querendo tentar, ajuda-la. Ela precisava urgentemente que isso tudo desse certo. Tinha urgência. Lágrimas sorrateiras lhe escorreram pelo rosto e ela desabou na cama.

Meia hora se passou nesse transe momentâneo. Por fim a garota se perguntou onde estaria o irmão. Já que a casa inteira estava em um silencio perturbador. Decidiu tentar fazer as pazes com ele.

Compassadamente desceu as escadas e quando chegou ao andar de baixo, mais silencio. Ela o achou dormindo no sofá. Procurando não fazer barulho algum, logo se sentou no chão ao lado do móvel em que ele jazia. Ficou olhando Ehtan por um momento. Ele era magro, bem alto. Sabia que por ainda ter dezessete anos ele ainda iria crescer um pouco e isso ela invejava nele como também seu porte físico. A forma como ele atraia as pessoas, como era popular com as meninas na escola. Pensou por um momento em Lewis, como ele era bonito. Pra que precisava dela? Sentiu-se como um objeto qualquer. Seu corpo a transformava naquilo que ela nunca quis ser. Olhou suas pernas, seus braços, como foi difícil se sentar, como seria mais difícil ainda se levantar. Sentiu raiva por ter comido tanto. Baixinho chorou novamente. Mal sabia ela que o irmão não estava dormindo. Apenas de olhos fechados ouvindo o som pesado que a respiração da irmã trazia.

— O que foi? - ele perguntou assustando-a.

— Nada. - ela enxugou rapidamente as lágrimas e se virou pra frente.

— Eu te conheço, esqueceu? - delicadamente ele acariciou o rosto da menina. Puxou a cabeça dela para um beijo, que não foi correspondido.

Ela tentou sair de perto, mas seu corpo levaria um tempo para se erguer. Foi o que o irmão precisava. Sendo nada gentil, ele a empurrou, fazendo - a cair sobre o tapete da sala. Não foi algo com o intuito de machucar, porém com o baque a menina bateu de leve a cabeça no chão. Mais ágil, ele se levantou e vendo a irmã deitada sentou-se por cima dela, em uma posição onde os membros genitais de ambos ficassem paralelos. Seus joelhos tocavam o tapete e ele os apertou contra o quadril da menina, imobilizando-a.

Elisa não estava tendo como se levantar ou se mexer muito, tudo que tentava para se livrar do irmão era por demais cansativo. Ela arfava e começou a suar.

Ele fez um shhhh! Pedindo silencio um sorriso diabólico estampará o seu rosto.

—Vai, me pede pra te beijar. Se não eu não te deixo sair daqui.

Mesmo fraco por conta da gripe, Ehtan ainda tinha forças pra brincar com o psicológico da menina.

— Por favor, me deixa sair. Isso não esta sendo nada engraçado.

— Quem disse que seria?

Ela começou a roçar seu membro contra o dela, mesmo estando por baixo da roupa ela pode sentir que ele estava ficando ereto. Sentiu uma mistura de nojo, medo, raiva e angústia.

— Para com isso, já disse que somos irmãos e isso não é certo, eu não quero isso. - seu desespero estava sendo notado pela voz. O irmão estava doente, ela sabia, sentia isso.

— Não vou sair daqui até você me pedir um beijo.

— Por favor, me solta. - ela estava lutando para não chorar.

— Me pede vai? - ele se aproximou de seu rosto.

A menina iria ceder quando a campainha toca. Ehtan faz uma cara de poucos amigo e tapa à boca da irmã com uma mão.

De novo o som ecoa pela casa.

— Oi. - uma voz inicia o dialogo. - Tem alguém ai? Elisa, Ehtan eu sei que vocês estão em casa. Vim visitar. Sou eu Leonny.

Silencio. O garoto lança um olhar ameaçador pra irmã que agora aos prantos luta para sair daquele empasse.

— Olá! - o rapaz não desiste.

Lembrou- se de quando era mais novo e visitava a casa do amigo do seu pai, Leonny, dá a volta pelo imóvel. Sabe que a porta da cozinha pode ser aberta facilmente. Como o muro que cerca a casa é bem baixo ele o pula. O silencio se instala novamente e Ehtan pensa que o rapaz foi embora.

Olhou para a garota que estava tremendo debaixo dele.

Fez novamente o gesto pedindo silencio. Abaixou-se e sussurrou no ouvido da menina.

— Eu te amo não se preocupe, não vou deixa nada acontecer com você.

Em sua mente Elisa pedia socorro. Tinha muito medo do que podia acontecer, já que sabia que a mente doente do irmão podia planejar mil coisas.

— Me pede logo esse beijo Elisa, estou perdendo a paciência. - ele vociferou em tom baixo.

Vendo que a irmã não faria o que ele pedira o rapaz pressionou o corpo mais forte no dela. Fazendo-a soltar um grito que foi abafado por sua mão. Um sorriso mais malicioso estava em seus lábios, quando de súbito algo o puxa pra trás. Ehtan é retirado de cima da irmã por Leonny. A menina faz toda a força necessária para se levantar dali e corre pra perto da porta.

— O que droga você esta fazendo aqui? - o mais velho diz para o homem que o encara com um olhar de pena e nojo.

— Que tipo de monstro é você?- foi a vez de o professor falar. - Abusar da própria irmã? Está louco. - antes de entrar na casa institivamente Leonny havia mandado uma mensagem para Carlos pedindo que viesse pra casa. Como o restaurante- bar ficava a dez minutos de carro dali, logo o homem estava chegando.

— Você não tem que se meter na minha vida. Muito menos na da minha irmã.

Leonny deu uma risada irônica.

— Você não percebe que esta fazendo mal a ela? Você iria estrupa sua própria irmã? Isso é crime, doença, loucura.

A menina estava prestes a sair correndo, tinha medo do irmão, agora, mais do que da própria mãe. Chorava intensamente com um pavor estampado do rosto.

— Olha pra ela? É assim que você mostra o seu amor? - o homem dizia encarando o menino que não desviava o olhar dele nem por um instante.

Ehtan caminhou até Elisa que soltou um grito de pavor, pondo as mãos na cabeça como quem está a se proteger de algo quando viu que ele estava chegando perto. O garoto ignorando a reação da irmã ia puxa-la, mas foi impedido por Lenny que segurou o pulso do menino. Percebeu que estava com febre. E pelo suor que começava a escorrer de seu rosto soube que estava mesmo doente, tanto fisicamente quanto mentalmente.

A campainha tocou novamente Elisa abriu a porta e quando se deparou com o pai caiu em prantos histéricos agarrada ao homem que não entendendo nada, só pode afagar a menina.

Ehtan desviou o olhar, fitando o chão e se soltando do mais velho subiu as escadas ignorando a cena que estava se formando. Sua mente carregava um ódio que ele não poderia controlar.  

...

Vinte minutos depois de tudo. Elisa estava sentada no sofá narrando ao pai tudo que o irmão fizera. Não somente naquele dia, mas nos tantos outros. O homem estava sentado na poltrona ao lado da menina. Os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos tapando a boca, o olhar lacrimejante e incrédulo. Os soluços da menina não sessaram. Ela contava tudo com um pavor, dor e cada memoria que era revisada lhe causava um arrepio. Lenny por sua vez estava incrédulo fitando os dois. Não conseguia sentar-se estava atônico e com um ódio crescente. Por ele subiria aquelas escadas e arrancaria aquele covarde de onde estivesse para aplicar-lhe o castigo merecido. Mas apenas se conteve em consideração a Carlos. Que não estava aguentando a dor que sentia. Via que tudo que estava sendo dito pela menina parecia um soco em seu rosto. Aproveitando que o pai estava disposto a ouvi-la a menina falou dos abusos da mãe. Das marcas. Isso tudo produzia apenas mais ódio no rapaz que escutava tudo. Ele não estava acreditando como ela conseguira passar por tudo aquilo sozinha. Carlos se sentiu o pior pai do mundo e se ajoelhando em frente a menina se pôs a chorar e a pedir perdão.

 - Me perdoe minha filha, - suas lágrimas dificultavam sua voz. - eu deixei você sofrer tanto. Deixei passar por tudo isso, me perdoe. Perdoe-me. – estava sem consolo.

A menina com as mãos pequenas que tinha acariciou o rosto do pai puxando-o para um abraço.

— Tudo bem pai, mas, por favor, me tira daqui.

O homem fez que sim, com a cabeça. Olhou pro filho do amigo com uma gratidão nos olhos. Pensou no que poderia ter acontecido se a intuição dele não fosse tão aguçada. A essa hora, se ele não estivesse lá, um crime poderia ter acontecido. Balançou a cabeça em tom negativo expulsando as ideias que nublavam sua mente.

Respirou fundo e decidiu encarrar sua realidade. Precisava fazer algo urgentemente.

— Vou falar com Ehtan. - ele disse. - Fique aqui, por favor, com o Lenny.

O homem subiu com pesar as escadas, sabia que aquele momento não seria fácil. Seu intuito era ir até o quarto do filho, mas antes vinha do de Elisa e passando por ele Carlos viu uma cena que não sairia de sua mente tão cedo. O filho estava no chão sangrando, com cortes, visíveis nos pulsos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam ???