— Adeus!

Acenei em direção à minha família!

— Levas dinheiro suficiente, Koharu? - a minha mãe perguntou preocupada.

— Sim, mãe! - respondi.

— E comida, já tens aí bolachas, pão rico, iogurtes, fruta..? - o meu irmão perguntou.

— Claro, vá, adeus, não se preocupem comigo e façam uma boa viagem!

— Adeus! - Eles arrancaram.

Olhei para o apartamento onde iria ficar e suspirei, sorrindo. Era aqui que iria ficar enquanto a minha família iria trabalhar para fora do país. Eles me trouxeram até aqui mas agora vão a caminho do aeroporto para partirem para França.
Fui à minha bolsa, peguei na chave e abri a casa com algum medo. Sim, medo. Imagina que aparece um fantasma? Eu tenho pavor! Ainda por cima vou viver aqui sozinha...
Assim que rodei a chave os meus olhos arregalaram de espanto. A minha família acertou. Se eu fosse uma bonequinha de anime estava tudo a brilhar à minha volta de tão animada que estava! A sala era enorme e era à esquerda da cozinha. Era sala e cozinha junta, não havia nenhuma parede a dividir mas era mesmo enorme. Acho ... não, tenho a certeza que é muito maior que as dos meus pais! Andei olhando em volta, abrindo todas as portas. Casa-de-banho média e outra sala grande cheia de espelhos. Os meus pais voltaram a acertar. Eu amo dançar e eles sabem disso. Subi as escadas e tinha lá 3 quartos, na qual um continha casa-de-banho. Fiquei com ele, já que é o maior, tem a cama ao lado da janela e é simplesmente lindo. Tudo cor-de-rosa, ahahahah.

Fui buscar as minhas malas e coloquei tudo no sítio. Computador, roupas, pensos para feridas e ligaduras, coisinhas de problemas de mulheres, roupa interior, o meu microfone... tudo.

(...)

— Tudo feito! Isto deu-me cá uma fome!... - pensei duas vezes - Quer dizer, uma sede!

Desci as escadas continuando a admirar a casa e fui beber água. O meu estômago roncou mas eu simplesmente não podia ligar. Fui tomar um duche rápido e depois fui para o meu quarto com uma toalha na cabeça e outra no corpo. Vesti o uniforme de Sweet Amoris, escola a qual irei começar a frequentar. Podíamos escolher entre 6 cores do uniforme. Rosa, violeta, vermelho, amarelo, azul e verde. Escolhi o Rosa mas não gosto muito do tamanho do uniforme.... quer dizer, gosto, mas sou muito gorda para o usar... A saia fica um palmo acima do joelho e as minhas pernas parecem super gordas... A saia era rosa, a camisa era branca e tinha uma espécie de colete rosa a dizer S.A com um coração dourado ao lado. Deve ser o logótipo da escola.

Fui ao meu closet arranjar um casaco comprido. Tinha lá um de malha castanho claro até aos joelhos. Acho que vou pegar o uniforme de rapazes. Se forem calças largas, não se notará a grossura das minhas pernas.

Vesti o meu pijama e sequei o cabelo. Decidi fazer trancinhas para no dia seguinte acordar com ele um pouco encaracolado.

Adormeci ás 22h ansiosa e nervosa pelo dia seguinte. Os meus pais mostraram-me o caminho até à paragem de autocarro e até à escola, e outras coisas básicas como centros de saúde, mercados e afins. Enquanto eles tinham tempo para estar comigo basicamente. Já sinto saudades. Ao tempo que não adormecia com um sorriso no rosto.

(...)

O meu telemóvel começou a vibrar do nada que eu nem consegui olhar para o número.

— Estou? - perguntei ensonada.

— Preciso de falar contigo!

— Hm hm... - disse entre o mundo dos sonhos e o real.

— Estavas a dormir?

— Nem por isso...

— Eu não sei o que fazer!

— F... - bocejei - Fazer o quê...

— Eu estou perdido...- eu não reconheço a voz.

— Onde...?...

Ouvi um suspiro.

— Rosa, acorda por favor.

— Estou bem aqui... - bocejei

— Ela disse mesmo que me amava, tentou beijar-me e tudo. Custa-me rejeitá-la por causa da sua história... Ela disse-me que estava a ser massacrada na escola por causa do seu namorado... quer dizer, ex-namorado. Pediu-me para ser um género de seu "namorado alugado"... Enquanto ela vai numa viagem que a sua turma preparou numa Quinta* qualquer... São 3 dias, mas eu não sei o que realmente fazer...

— Hm...

— Sabes, significa passar a noite... eu a conheço, ela quer mais para além de passar uma noite a dormir em camas separadas.

— Ver televisão?...

Ouvi um riso.

— Não! Essa nem pareces tu, Rosa! Está tudo bem contigo e com o Leigh?

— Quem é o Leigh?

— Uh? Estás mesmo no outro mundo! - riu.

— Sério, não sei mesmo... - voltei a bocejar - De todas as formas... Pelo que consegui captar, eu nem sei de quem falas...

— Priya - interrompeu.

— Mas tu não és pobre, pois não? Não precisas de ser "vendido" assim. Ainda por cima, se ela tem sentimentos por ti não a iludas mais, isso dói. Se fosse entre amigos e não houvesse sentimentos de amor, sei lá, penso que a conversa era outra mas agora um de vocês tem sentimentos um pelo o outro, por isso é melhor não... E eu não conheço essa tal Priya...

— Rosa, estás bem? Alô, acorda para a vida! E além disso, esse conselho é muito profundo para ser teu... estás diferente.

Os meus olhos começaram a abrir e a acordar para a vida.

— Espera, o que me chamas-te?

— Rosalya! Alô! - ouvi risos novamente.

O sangue veio ter ao cérebro. C-Com quem eu estava a falar?

— B-Bem... é vergonhoso... eu não sou a Rosa...

— Ah, já sei! És um aliên! - riu.

— Juro! Eu não sei quem é essa Rosa, nem Priya... e quem és tu?

— Estás a falar a sério? Nem conheces esta voz? Sou o teu amigo do coração, Lys-fofo.

— N-Não! Oh meu Deus, desculpa! Se eu tivesse acordado logo no início podia evitar esta confusão! Lamento!

— ...

Ficou tudo em silêncio.

— Sinto-me tão envergonhado... Devo ter digitado mal o número já que são 06h30 e sentia necessidade de falar com essa rapariga... Milhões de desculpas... 

— Deixa, acontece, certo? - ri para tentar reconfortar a situação.

— Por favor, diz-me que és uma adolescente... És, certo?

Ri e ele riu também.

— Sim, sou, porquê?

— Se fosse uma senhora idosa, eu não saberia o que fazer! - risos - Tenho direito só de saber o nome de com quem estou a falar?

— Tae... — o telemóvel foi abaixo.

— Filho da truta! Porquê a falta de bateria!? Ele vai pensar que eu lhe desliguei na cara... Não, não, não! Liga, liga, liga! Que idiota, um telemóvel que foi abaixo por falta de bateria só liga se colocares o carregador, não achas?

Fui à primeira gaveta da minha cómoda e conectei o carregador ao telemóvel. "Liga, liga!" era o que eu dizia.

— Ligou! - depois de colocar os dois pin's (o meu telemóvel é de dois cartões)  e tinha lá duas mensagens.

" **Mãe**
Bom dia, filha! Aí já devem ser perto de 7h certo? Toma um pequeno-almoço como deve ser e não chegues atrasada ao autocarro como sempre! Fica bem.
Em nome da tua família que te ama muito! ♥"

Eu respondi: 

"Na verdade já estou acordada há algum tempo :pp ihih. Sim, sim ~~ Não te preocupes. ^^ Vocês fiquem bem também! ~ Amo-vos S2!"

Outra mensagem era o do tal número desconhecido. Qual era o seu nome exatamente? André?

" **Número desconhecido**
Desculpe a minha falta de educação por lhe ter ligado tão cedo. Eu incomodei-a. Eu realmente pensei que era a minha amiga. Tudo o que peço, é o seu perdão."

Eu teria de responder.

"Não precisa de ficar assim. Acidentes acontecem, certo? ^^ Além disso não se preocupe! Até me ajudou a acordar cedo e não chegar tarde ao autocarro. De todas as formas, eu não desliguei, o meu telemóvel é que ficou sem bateria. O meu nome é TaeSong."

Dei um suspiro de alívio e fui tomar um duche rápido, sem lavar o cabelo. Vesti o uniforme e o casaco de malha comprido. Apesar de ainda estar calor em Setembro, não gosto de mostrar o meu corpo por ser um pouco gorda, mas eu amo tops, calções, saias e tudo mais.

Fui comer uma maça e depois escovei os dentes. Como eram 07h15 e só precisava de sair às 08h20 (iria apanhar o autocarro que chegava lá às 09h) fui para o meu quarto, liguei a TV (estava a dar Phineas e Ferb) e fui para o telemóvel. Tinha recebido uma mensagem daquele rapaz.

"Sério? Tirou-me um peso de cima. Eu devia ter estranhado porque se fosse a minha amiga, sei que as respostas teriam sido outras. O meu nome é Lysandre."

Eu:

"Ora... Não é nada. ^^ Uma vez já recebi mensagens de um rapaz a dizer "Finalmente estou em Lisboa! Como estás, flor? Tudo bem por aí? Saudades de te ver! Aqui estão fotos minhas!" Mas eu nem as abri. Avisei ao senhor do que se passava e ele ficou super envergonhado e perguntou com quem estava a falar, mas não respondi, ahahah."

Ele: 

" Então eu tive sorte em receber uma resposta tua. :)"

Finalmente tratou-me por tu. Eu frente a frente não sou assim. Mas por mensagem, não tenho medo de falar já que está um ecrã como barreira.

Eu:

"Talvez ^^."

Ele: 

Não te quero incomodar mais, obrigada por tudo, TaeSong! Pareces ser uma boa pessoa. Abraços.

Senti-me um pouco triste sem saber porquê. Na verdade, estava a saber bem falar com ele, mesmo não sabendo quem era. Eu não sabia se guardava ou não o número por isso, deixei estar.

Eu respondi:

Não estavas a incomodar mas de qualquer forma, digo o mesmo Lysandre. Fica bem.

Só passado uns minutos é que voltou a responder. 

Coloquei os phones e fui até ao autocarro.

Entrei no autocarro e sentei-me num banco sozinha. 

— ESPERE!!! SENHOR MOTORISTA! - Uma voz feminina gritava abafada. Logo entrou no autocarro com um rapaz atrás. Sentaram-se atrás de mim. Não é por mal, mas quando eu estou em sítios com mais gente, coloco os phones baixos para ninguém ouvir a minha música o que fez com que eu ouvisse toda a conversa atrás de mim.

— Tu és um idiota - a voz feminina riu - Really? Lys, pobre miúda quem tu foste chatear.

— Simplesmente não foi por mal! - riu - Nunca te aconteceu nada igual??

— Deixa-me ver - falou em tom irónico - Ligar a uma pessoa às 06h30 da manhã e falar da minha vida, hmm, nem por isso!

Espera, o que estão eles estão a falar? Baixei o volume da música e eu sei que é falta de educação ouvir conversas alheias, mas eu acho que eu estavam a falar de mim.

— Ela foi bem simpática até. E eu chamei inúmeras de vezes Rosa - ela continuava a rir assim como ele - e ela não disse nada, estava com sono de certeza.

— Ou distraída como tu. - gargalhava.

— Eu?

— Sim!

— Eu o quê?

A rapariga ria mais uma vez.

— Sabes o seu nome pelo menos? Se tem a nossa idade? - ela tentava acalmar o seu riso.

— Acho que... é TaeSong, não sei bem... Eu eliminei as mensagens, não sei se podia ter ou não o seu número. Mas ela é adolescente porque eu fiz essa pergunta, óbvio.

Um friozinho correu-me a espinha. Era de mim. Eu precisava de olhar para o rapaz com quem eu falei.

— TaeSong? Estilo coreano?

— Também pensei nisso, mas deve estar em Portugal - riu - Eu continuei com o mesmo saldo.

— Hm... Que bom que foi simpática, há poucas assim agora. Neh, sobre a escola...

Assim que mudaram de assunto aumentei o volume. Eram de mim! Eu queria ver o rapaz. Como ele era. Quando dei por mim, já tínhamos chegado à central. Estava tão distraída em pensamentos que não consegui vê-lo a sair do autocarro!

Suspirei e olhei para o telemóvel, 08h58. Coloquei os phones e ouvi Faded até chegar à escola, chegando às 09h05. Ainda estava uma confusão! Penso que ainda estava grande parte cá fora à espera de orientação. Foi quando um menino loiro subiu a uma banco com um megafone.

— Peço a atenção de todos! Coloquem-se em filas de 3 atrás dos sinalizadores, todos os alunos do décimo ano e sigam calmamente a menina de cabelos laranjas, Íris!

Eles puseram-se ao pé dos sinalizadores que haviam no chão. A menina ruiva, Íris, esteve a contá-los (os alunos). Eram 20 em cada sinalizador, sendo 60 alunos no décimo. Após o sinal, seguiram a Íris que depois estavam a entregar-lhes papéis. Não percebi o que era mas depois, olhei para o meu lado esquerdo e tinham um monte de cadeiras marcados por números.

Passado cerca de um quarto de hora, eles sentaram-se mas com alunos mais velhos ao lado. Não percebi a intenção. Saí de lá e fui ver o placar onde se encontravam as turmas. Eu era o 11ºB, e o meu nome estava destacado a vermelho, assim como todos os alunos do décimo ano. Esperam, outro está destacado... o nome é Nina.

— As duas novas alunas do 11º, venham comigo e com o Lysandre que está ao pé de mim.

Espera...Lysandre? Lysandre?! Não, não podem ser o mesmo. O destino não pode ser tão traiçoeiro assim.