— Ai! - Gemi de dor, aquilo veio ter logo contra o meu nariz, e qualquer coisa que vá contra o nariz, dói muito... atentei a todos os cantos da casa tentando encontrar aquilo que veio ter contra mim. Mas, sumiu? Quer dizer, normalmente se espetou-se contra mim, deve ter caído logo à minha frente, mas não foi isso o que aconteceu. Se calhar... - fiz cara de nojo - foi um bixo muito grande que veio ter contra a minha cara!!

Ia dirigindo-me para a casa-de-banho, quando reparo que debaixo do meu móvel, perto do sofá (o móvel era uma mesa), estava uma espécie de livro que nunca tinha visto lá por casa. Depois de ter ido lavar a cara, sentei-me no sofá e peguei no livro.

"Ultimate Power", era o seu título. Abri o livro, que mais parecia uma bíblia, e tinha uma caixa lá dentro, que só abria com uma chave muito pequena, talvez de diário.

— Boa! Quem é idiota o suficiente que traz um livro sem a chave? - Eu continuo a calcular que se calhar, a minha família colocou o objeto dentro da mala sem eu perceber.

Subi as escadas e fui verificar as malas para ver se havia algum tipo de chave. Virei as malas ao contrário, verifiquei cada peça de roupa uma a uma, vi dentro das sapatilhas e depois, até no chão ou na cama do meu quarto, caso ela tivesse caído. Nenhum vestígio de chave. Desci, suspirando, e tentei esfolhear o livro, coisa que estava totalmente em branco.

** (O livro era de capa grossa, abria-se o livro e tinha uma espécie de caixa do comprimento das páginas do livro, e era aí que não dava para abrir, era como abrir uma portinha para ver algo, mas falta a chave. Seguindo, tinha muitas páginas brancas, talvez como se fosse um diário)**

Deixei o livro para lá e prestei atenção ao que estava a dar na TV.

(...)

Que secante vida, voltei a pegar no livro misterioso e com uma caneta tentei desenhar algo... mas logo se apagou.

— Que bruxaria é esta?! - assustada, deitei o livro imediatamente ao lixo e não foi do da minha casa, foi no caixote que estava mesmo ao lado da minha casa, saíasse da porta do meu apartamento, atravessava-se a rua e já está, livro no lixo.

Fiz um lanchinho, torradas com recheio de manteiga e leite achocolatado. Satisfeita, fui tomar um banho e seguidamente, vesti o pijama. Não ia sair nem nada, por isso não fazia mal, certo?
Com a toalha no meu cabelo que ainda estava molhado, fui hidratar a minha pele. Não queria secar o cabelo, o meu cabelo já estava muito estragado e, mesmo tendo o spray protetor do calor, preferi não arriscar.
E agora? O que faço?
Voltei a pegar em folhas brancas e comecei a desenhar borboletas. Eu gosto muito delas, e gosto de as desenhar bem delicadas. Fui buscar a borracha ao meu quarto e, em cima da minha cômoda, deparo-me com uma chave muito pequena, com um pequeno coração rosa e asas douradas. A chave era prateada.

— Mas... Como vieste aqui parar? - dei de ombros, se calhar sou sonâmbula... espera, o livro!

Desci imediatamente a correr para o lixo, quem visse pensava que eu estava mesmo no limite da minha vida e não tinha nada para comer. O que vale, é que tudo estava dentro de sacos e o que eu procurava estava mesmo no cimo. Eu tive um pouco de receio, afinal, eu comecei a desenhar e aquilo apagou-se sozinho, como "magia".
O livro continuava limpo, mas mesmo assim levei-o até à cozinha onde o limpei cuidadosamente. Sentei-me no sofá, eram 19h da noite. Coloquei o livro à minha frente, abri-o e peguei na chave. Hesitei por momentos, e se aquilo fosse alguma maldição ou assim? Agarrei com a minha mão esquerda o terço que levava no pescoço e com a mão direita, fui abrindo devagar a caixa que logo saiu do livro. Num impulso, eu caí para trás do sofá, completamente assustada. Era uma caixa muito requintada e elegante. Parecia um objeto a qual apenas os maiores ricos poderiam comprar.

— Oi? - Porque eu disse isto? Estava com a esperança que algo me respondesse. As pulsações do meu coração estavam ao máximo e estava a começar a ter suores frios. Estarei a sonhar?
A caixa, lentamente, começou a abrir-se e de lá saíu uma criatura muito pequena, quase como uma fada.

— Finalmente! - uma vozinha muito fininha falou. Era voz de bebé, mas as suas palavras percebiam-se muito bem - O meu nome é Annenya!

A única coisa que eu fazia, era estar a olhar do canto do sofá e apenas piscava os olhos, paralizada.

— Não fiques assim, Koharu, eu é que preciso de ti! Tu foste a escolhida!

— E-Escolhida p-para quê? - eu só gaguejava, estupefacta.

— Para salvar o ódio de dark blood, trazendo paz a este mundo! - levantou os seus pequenos bracinhos para o ar, animada.

Ela era muito fofa, seu cabelo era rosa juntamente com os seus olhos, pele super branca e um vestidinho pequenino rosa.

Eu acho que desmaiei... O meu coração não aguentou e eu só me lembro de abrir lentamente os olhos de manhã por causa da luz do sol que iluminava o meu quarto.

— Bom dia!! Finalmente acordas-te! - aquela voz fininha outra vez. Não é um sonho, é realidade... Este é o momento para a enfrentar.

— Q-Quem tu és? - eu não paráva de gaguejar - Como vim aqui parar? - Eu recordo que a última divisão que vi foi a sala, não o meu quarto.

— Dás-me tempo para explicar? - Eu suspirei e dei movimento com a cabeça dizendo que sim - Se não te recordas, eu chamo-me Annenya e sou uma fada. Eu nasci com o objetivo de encontrar a minha companheira neste mundo humano! Deixa-me mostrar-te - ela foi buscar a caixa que estava em cima da minha cômoda, com muito esforço e pousou-a em cima da minha cama, mais exatamente, no meu colo - Esta caixa tem aqui o que precisas, abre-a!

— Não é bruxaria? - hesitei.

— Claro que não! Abre-a Koharu! - a pequenina ordenou. De facto, é verdade que ela parece demasiado angelical para tal coisa, mas nunca devemos ver as coisas só por fora.

Ao abrir, uma pequena luz branca saíu, mas foi apenas de relance, logo se apagou. Lá dentro, estava um medalhão em forma de coração, que era muito bonito por sinal.

— O que é isto? - perguntei olhando para a misteriosa relíquia.

— Cuidado! Ela é muito valiosa e dark blood a procura!

— Dark Blood? ... Esse nome...Ah! - lembrei-me do que Annenya dissera ontem.

— Infelizmente, ele aproveita a infelicidade e a raiva das pessoas! Com essa tristeza que as pessoas estão a possuír, ele tira-lhes esse pedaço de alma e as suga para as pérolas negras que ele guarda.

— Pérolas negras?

— Sim, ele tem muitas, muitas mesmo! Ao sugar-lhes esse bocadinho de alma da tristeza da pessoa, pega numa pérola negra e com o seu bastão, automáticamente a pérola negra quase se transforma no espelho da pessoa só que numa má aparência e meia fantasma... - disse com a voz a tremer.

— Oh! Aquilo que aconteceu na escola! - recordei - É disso do que falas? - olhei para ela seriamente.

— Exatamente! Eles são chamados de Black Pearls, e precisamos de os libertar e devolver o pedaço de alma que falta da pessoa ou se não... - ela fez uma cara triste e de assustada.

— Ou se não...?

— A pessoa irá acabar por se encontrar com Dark Blood, hipnotizada, e irá dar-lhe toda a sua energia, pertencendo ao seu exército e espalhando todo o mal pelo o mundo... Irá desaparecer, pode até acabar por matar pessoas por causa de tanta infelicidade!

Os meus olhos arregalaram por causa do que acabei de ouvir. O meu coração estava com a pulsação a mil, o mundo onde pensei que tal coisa fosse inexistente, é muito diferente daquilo que alguma vez imaginei.

— E... Porquê eu? - olhei para ela - acho melhor entregares isto a outra pessoa - entreguei-lhe o medalhão.

— Mas tu foste a escolhida, apareces-te na bola de cristal do meu mundo!

— B-Bola de cristal? - sem motivo, comecei a rir.

— Ei, não te rias! Apesar de sermos muito poucos, o nosso criador nos ensinou bastante coisas!

— Criador? Bem, há muita coisa interessante por aí... conta-me tudo.- estava a interessar-me bastante no assunto, devo admitir.

Ela se sentou nas minhas mãos.

— O meu criador criou 3 jewels, eu, Edwen e Lyan. Edwen era o único rapaz de lá, ele é tão fofo!! - a pequenina colocou as suas mãos na cara e as suas bochechinhas ficaram rosadas.

— Awn, que fofa! Prevejo uma apaixonada aqui! - Logo que eu disse isso, ela abriu os seus olhos e me encarou seriamente.

— N-N-Nada disso! - cruzou os seus mini bracinhos e fechou a cara.

— Continuas a ser fofinha. - ri. A companhia daquela pequeninha estava a preencher o vazio daquela enorme casa, ter alguém para conversar é muito bom - Mas há mais como tu então... - olhei para a janela e depois voltei a olhar para ela - eles também foram procurar os seus companheiros?

— Ele, correção. Eu não pude ver quem ele foi procurar porque o nosso mestre criador disse que era mais seguro esconder a nossa identidade ... - a rosada baixou a cabeça e logo se animou - Lyan é a fada do mestre. Aceitas-me, Koharu?

É claro que queria aceitar! Quem não quer ter poderes como estes? Mas a situação aqui trata-se de bastante responsabilidade.

— Eu queria ... - ela começou a sorrir - Mas lamento imenso Annenya, eu não posso fazer isso...

— Mas Koh...- interrompi-a.

— Calculo o que vais dizer, mas eu sou muito irresponsável Annenya, simplesmente não dá... Vai ter com a Nana, ela sim, merece ser uma super heroína.

Ela sorriu fraco.

— Eu sei que irás mudar de ideias, Koharu. Quando estiveres disposta, tira-me da caixa.

Ela foi para dentro da caixa

Continua (...)