Allison, quantas vezes eu preciso lembrar você que a senhora Rachel já ligou avisando que a Zoey está muito bem? – Liam fala de boca cheia, estava comendo seu cereal. – Para de ser paranoica!!!

— E quantas vezes já te disseram o quanto você é irritante? – Pergunta Allison encarando o irmão.

— Essa é a primeira. – rebate Liam.

— Acredito que já chega!!! – O senhor Argent repreende os dois assim que chega à mesa, olhando de cara feia para os dois. – Liam, você está atrasado!!! E você Allison...

— Eu tenho mais 20 minutos. Mas como o senhor está com uma cara bem assustadora, eu dou carona para o Liam. – A garota fala já prevendo o que seu pai iria falar, ela retira-se da mesa, olha-se no espelho e pega as chaves do seu carro.

— Vamos anãozinho!!! – Liam a olha de cara feia, pega sua mochila e segue junto com a irmã em direção a porta.

                                                             ***

É mais um ensolarado dia em Beacon Hills, a rotina da cidade acabara de começar. Kira aprontava-se para ir a clínica, até que seu celular começa a tocar. Ela olha para a tela do aparelho.

— Zoey?! – fala Kira sorrindo e tratando logo de atender.

— Oi Zoey!!

— Oi Kira!— Zoey falava, mas o barulho intenso do trânsito atrapalhava a voz calma da garota.

— Não consigo ouvir você!! O barulho está horrível!!!

— Estou a caminho do departamento, estou presa no trânsito enorme de Nova York! Eu só liguei porque queria que você avisasse pra meninas que eu estou bem e viva!

— Assim que a Allison souber que você ligou primeiro pra mim e não pra ela...— Kira fala um pouco preocupada.

— Ela supera.— garante Zoey – Talvez eu consiga uma folga no final de semana, provavelmente a chance disso acontecer é uma em um milhão, mas eu vou tentar. Eu preciso desligar agora, tenho que ir!

— Tudo bem! Estou com muitas saudades Zoey, muitas mesmo!

— Também estou Kira! Até mais!

— Até!

Zoey escuta as últimas palavras de Kira e desliga o celular, estava na hora de voltar para sua nova realidade. A agitada cidade de Nova York é o seu lugar agora, precisava se acostumar com aquela fumaça, aquele trânsito e o maldito barulho.

Ao chegar no departamento a garota se dirigi para sua sala, minutos depois avista Theo entrando sem bater na pequena sala que estava sendo o local de trabalho de Zoey.

— Raeken!! – Zoey fala um pouco sem graça, o encontro anterior com o colega de trabalho não tinha sido um tanto amistoso.

— Craford a chama. – ela fica sem entender.

— Entreguei o relatório na mesa dele faz 10 minutos e eu preciso ir para Eichen House daqui a pouco.

— Sobre isso... Bom, talvez você precise mesmo passar no escritório do chefe. – Zoey assenti, se levanta da cadeira onde estava indo em direção a porta, porém antes de abri-la sente a mão de Theo em seu braço. A garota surpresa olha para o agente que também olhando para ela começa a falar.

— Sinto muito, já estive na sua posição e também odiava quando me tratavam como um novato. – Theo continuava encarando Zoey com aqueles olhos azuis. – Também foi um erro tentar de certa forma prejudicar sua entrada no FBI, e eu espero que possamos esquecer isso.

Zoey o encara, ele parecia está sendo sincero, mas ela não confiava nele. A garota se afasta dele, suspira um pouco e se pronuncia.

— Eu sei que quer ser o policial prestativo Raeken e aprecio isso de verdade, você parece ser uma boa pessoa. Mas... – ela abre a porta da minúscula e apertada sala – eu posso aguentar tudo isso sozinha. – Fala de forma firme fechando a porta e andando pelos corredores do departamento.

Estava sendo um dia agitado no departamento, os corredores estavam acumulados de funcionários, o que dificultava a chegada da garota ao escritório de Craford. Então, no meio daquela gente toda, para infelicidade de Zoey, Malia aparece.

Uma cara de poucos amigos surgi e toma conta da expressão da garota sem que ela desse conta disso.

— Eu não vim para brigar. Vim para falar sobre o caso e sobre sua visita a Eichen House.

—Achei que Craford falaria comigo sobre isso. – Malia a olha com cara de tédio.

— Craford teve que resolver outros assuntos sobre outros casos, mas ele deixou um recado. Heinfield, o doutor paranoico proibiu suas vistas a Eichen House, ao menos que elas sejam supervisionadas por ele. – Zoey fica indignada.

— Isso é inaceitável!! Thomas Heinfield possui um interesse particular no paciente e logo ele vai comprometer as investigações!!! – Malia a encara e fala – Odeio quando você fala como uma psicóloga!!

— Achei que você me odiasse bem antes disso!! – Malia sorri sarcasticamente e fala

— Nisso você tem toda razão. Anda, temos umas cópias para tirar. – A agente segue andando em direção a sala de arquivos.

— Cópias?! – indaga Zoey que logo acompanha Malia. Enquanto andavam, a garota percebe o quanto mais alta a agente ao seu lado era, sem contar na forma confiante que ela andava. Elas andam mais um pouco e chegam ao local. Ela odiava aquele lugar, ele cheirava a mofo! Malia pega uma papelada, dá uma olhada e antes de fechar os arquivos que havia pego, dirige seu olhar para Zoey.

— O que você falou para ele? – Zoey a encara, não estava entendendo a pergunta.

— Como? Do que você está falando Malia? – Malia mantêm seu olhar firme na garota e continua.

— O que disse para Roman Warner responder as perguntas?

— Ele não respondeu lembra? Por isso preciso ir lá outra vez. – A policial bufa, impaciente.

— Você entendeu o que eu quis dizer!! Ele falou com você e eu quero saber o porquê!!!! – o tom de voz dela era uma mistura de impaciência, raiva e urgência. No fundo Zoey também detectava um pouco de medo nas palavras dela.

— Talvez você deva controlar seu temperamento Malia, isso é só uma dica. – declara a garota, talvez se ela tivesse sido educada ou até fingido ser Zoey prolongasse o assunto da conversa dela com Warner, mas não suportava a grosseria daquela agente. Ela não sabia ao certo o porquê de tanto ódio em cima dela.

— Depois que entregou seu relatório ao Craford, ele solicitou o pedido para a segunda visita a Eichen. O problema é tentar negociar com o Heinfield. – Malia falava olhando para Zoey e sua cara não era nada boa. – O outro problema é que você deve conseguir mais do que aquela pista medíocre sobre as vítimas que frequentam ópera, Starling. – diz Malia sarcástica.

— Foi um começo, e eu consegui a lista das vítimas de Roman Warner assim como também possuo a lista das pessoas que foram recentemente assassinadas.

— Que animador!! – Malia fecha com força a gaveta de onde tirou as papeladas. – Tente convencer o diretor da Eichen e traga algo útil!!! – Malia anda até a porta e a fecha, saindo do local, deixando Zoey sozinha.

— Que animador!!— a garota repete as palavras de Malia, estava irritada com a agente. Ela pega as papeladas que Malia havia deixado e sai da sala, pronta para voltar a Eichen House.

                                                         ***

É horário de almoço e como sempre Lydia e Kira comiam em um restaurante perto da prefeitura. Lydia usava o notebook, enquanto Kira comia sua salada.

— Quando me chamou para almoçar perto do local onde sua mãe trabalha, não sabia que teríamos a companhia do seu notebook!! – Fala Kira tentando parecer irritada, mas sua voz doce atrapalhava sua tentativa.

— Vejamos... – começa Lydia, ignorando o comentário da amiga. – quando a Zoey ligou para você Yukimura, ela mencionou que está em um dos casos mais famosos de Nova York? – Kira olha para Lydia , dá de ombros e nega logo em seguida.

— O quão famoso esse caso é? Aposto que está exagerando! – Fala a morena que coloca mais uma garfada da sua salada na boca.

— Não estou não!!! Olha essa reportagem. – Lydia vira o notebook na direção da amiga que logo começa a ler manchete.

      "Imitador de Roman Warner a um passo de ser descoberto?”

— Quem diabos é Roman Warner? – Kira faz uma careta

— Só continue a ler Yukimura!! – Ordena a ruiva!

— Tudo bem!! – kira lê em voz alta.

"O FBI divulgou que o caso está sendo novamente investigado com mais profundidade. Novas evidências podem ser reveladas pelo próprio Roman Warner, que concordou fornecer informações após uma conversa inédita com a Agente Zoey Starling.“

Kira arregala os olhos surpresa!!

— Ainda acha que estou exagerando? – perguntava Lydia olhando para a morena.

— Você sabe como a Zoey é. Ela é reservada e ...

— E ela ligou para você e não disse que estava entrevistando um psicopata que já esteve na lista dos 10 mais procurados do FBI?!! – fala Lydia encarando Kira com aqueles olhos verdes   que só ela tinha.

— Como você sabe tanta coisa sobre um cara que eu nunca sequer ouvir falar?! – A morena tinha um olhar interrogativo no seu rosto. Lydia pega seu notebook e digita alguma coisa que Kira não consegue ler.

— Além do mais, isso não faz diferença. São informações secretas do estado Lydia, Zoey não pode sair falando disso por ai. – falava Kira, tentando defender Zoey. Ignorando a amiga Lydia vira novamente o notebook na direção de Yukimura.

— Este é Roman Warner. – fala Lydia direcionando o dedo indicador para a foto presente na tela do notebook. – Também conhecido como o assassino mais lindo dos Estados Unidos!

— Lydia!! – Kira a repreende e a ruiva dá de ombros.

— É o que está escrito nesse blog e cá entre nós, ele é bonito!! – argumentava Lydia enquanto mostrava a Yukimura o texto sobre Roman Warner no tal blog que ela mencionou.

— Essa foto pode ser antiga e segundo a reportagem, ele está preso numa tal de...

— Eichen House! E a nossa amiguinha Zoey Starling está indo para lá, fazer entrevistas com esse maníaco psicótico gato!!! – A ruiva tinha um certo tom de urgência em suas palavras, porém Kira não entendia a razão.

— E por quê tanto desespero? Ele está preso!! Nada vai acontecer com a Zo! Além disso ela sabe se defender, sabe lutar e também sabe como usar uma arma. Ela sabe se cuidar muito mais do que nós sabemos cuidar do jardim lá de casa. – A morena fala num tom divertido.

— Eu sei cuidar muito bem de um jardim. Já cuidei da sua plantinha enquanto você não podia lembra? – falava Lydia  com cara de indignada fazendo Kira sorrir.

— Mas essa não é a questão!!! – Lydia se remexia na cadeira sem parar, estava preocupada!  - a questão é que ele viu a Zoey! Ele viu o rosto dela!!!

— Claro Lydia, seria meio impossível ele não vê! – fala Kira ainda não entendendo aonde ela queria chegar.

— Você já percebeu o quão linda é aquela pele tom de oliva da Zoey, que a propósito todas as garotas que vivem em Beacon Hills têm inveja?

— É verdade. A pele dela é linda! Nem tão pálida, nem tão bronzeada. Mas o que está insinuando? Todo mundo sabe que ela é linda!

— Todo mundo, menos ela!! – enfatiza Lydia. – Estou te dizendo Yukimura, existe uma coisa dentro de mim, uma sensação que talvez esteja fazendo com que eu me arrependa de tê-la deixado ir.

— Tipo, uma sensação ruim?

— Isso!! Uma sensação ruim, bem ruim!! – As duas se olham, ambas com expressão de preocupação.

Um barulho na porta é ouvido, Kira olha para a entrada do restaurante e avista Liam e seu amigo Manson. Lydia segue o olhar da amiga e percebe a chegada dos meninos, que já estavam se dirigindo para onde elas estavam.

— Fugindo da escola? – Lydia indaga, brincando com Liam.

— Treino, largamos mais cedo. Escuta, o que as duas estão fazendo aqui sem a chata da minha irmã? – Liam segurava a alça da sua mochila com as duas mãos e encarava as duas garotas esperando uma resposta. As amigas se entreolham, não podiam falar para Liam sobre o que elas estavam conversando. A ruiva sempre esperta soube logo o que dizer.

— Estamos comendo. Por que você e seu amigo não se juntam a nós?

—  Por mim, tudo bem. – fala Liam.

— Por mim também! – concorda Manson.

Assim os quatro almoçam juntos. O assunto anterior foi encerrado, Lydia e Kira não queriam contar para Liam, pois sabiam que ele contaria para a irmã e elas não queriam alarmar Allison, pelo menos não agora. Na hora certa as duas conversariam com Allison, informando o envolvimento de Zoey em um dos casos mais famosos do FBI e sem contar que teriam que  mencionar o fato de que a garota havia ligado para Kira primeiro em vez de ligar para melhor amiga. Fato bobo para Zoey, mas trágico para Allison. E Lydia e Kira saibiam disso.

                                                                           ***

   Zoey esperava sentada em um dos bancos ao lado da porta do escritório do Doutor Heinfield, ela já estava impaciente quando avista Barney segurando algumas anotações médicas que precisava entregar para o doutor.

 - Enfermeiro Barney, certo? – pergunta Zoey chamando a atenção do funcionário.

  - Sim? Em que posso ajudar? Precisa de alguma coisa senhorita? – Zoey logo sorri, Barney era um senhor muito educado. A garota levanta-se e vai em sua direção.

   - Há quanto tempo trabalha aqui? – indaga Zoey com os olhos cheios de curiosidade.

    - Há 2 anos senhorita. – Zoey dá um breve sorriso.

    - Starling, pode me chamar de Starling. – ele assenti, logo em seguida pega a chave e abre a porta do escritório do doutor. Os dois entram na sala e Zoey volta logo a falar.

     - Bom, ficou esse tempo todo cuidando de Roman Warner. Estou certa? – ele novamente assenti.

    - Como? Como consegue? Em um ano ele teve mais de 10 enfermeiros, alguns ele chegou a machucar seriamente!!

   - Cortou a mão de um enfermeiro, provocou arranhões profundos em outro com apenas um lápis. Sim, foram diversos acidentes durante esses 3 anos desde que ele se estabeleceu por aqui.

    - Até você chegar Barney. O que você fez? Por que Roman Warner não é agressivo com você?

   - Sou educado com ele. – Zoey sorri a princípio, mas logo vê que ele não estava brincando e sim falando a verdade.

   - Roman odeia gente rude!! Ele odiou quando os policiais vieram aqui, odiava quando os outros enfermeiros o tratavam de forma indelicada, assim como odeia o doutor Heinfield. Sinceramente ele também não o trata muito bem!! – Barney falava enquanto colocava as anotações médicas na mesa de Heinfield.

  - Então, Thomas Heinfield é rude com ele. O senhor poderia ser mais específico? – pede Zoey, precisava de alguma informação que pudesse ser usada contra o doutor.

— Desde que ele assumiu o local, os presos são tratados muito mal. Sabe, ele marca os mais violentos de forma pessoal, e um deles é o Warner. Ele odeia o ar de deboche que Roman utiliza perto dele. Sem contar que ele e Heinfield nunca se deram muito bem. Desde que o doutor assumiu esse local Roman nunca mais saiu daquela cela, acho que faz mais de 10 meses que ele está lá embaixo.

— Ele não sai daquela cela a mais de 10 meses?

— Não! Não sai desde que o doutor Heinfield tomou a direção desse lugar. Ás vezes ele até priva Roman de certas refeições.

— Ele é um péssimo diretor!!! – Zoey estava chocada! – Me diga Barney, os detentos participam de terapias, ou praticam atividades que possam distraí-los desse estado permanente de internação? – Como psicóloga, a garota sabia que o detentos precisavam de terapia e de atividades que os estimulassem e ocupassem suas mentes. Além do fato de que eles tinham o direito a banho de sol diário, porém o doutor privava certos pacientes desse direito e um deles era Warner.

— Eu tento Starling, mas o doutor Heinfield é negligente nesse aspecto, ele obriga os funcionários a não oferecerem tais benefícios a certos pacientes, incluindo Roman Warner. – Zoey assenti, ouvindo atentamente as palavras do enfermeiros.

— Além disso, ele odeia minhas conversas com Warner.

—Ele parece confiar em você!                                                                          

— De certa forma sim, ele confia. Sabe, Roman é muito reservado. Até ontem ele só dirigia a palavra a mim, até você aparecer. – A garota é pega de surpresa, não esperava por aquilo.

— Eu?!! – Pergunta ela, não escondendo sua surpresa. Barney assenti, vai até a mesa de Heinfield, pega a jarra com água, enche um copo e oferece a ela. Zoey pega o copo, sorrindo em forma de agradecimento e bebendo de bom grado o líquido dentro do recipiente.

A garota não pode deixar de notar que Barney carregava consigo uma resma, logo Zoey lembra-se dos desenhos de Roman.

— É você que oferece os papéis para ele desenhar. – afirma ela, ainda olhando os papéis que o enfermeiro carregava.

— Ofereço para todos, porém ele é o único que os usa para desenhar. – ela assenti, um pouco pensativa. Ela olha para o enfermeiro e  começa a falar.

— Barney, e se eu pudesse ajudar? Você concordaria dá seu depoimento sobre o doutor Heinfield para o FBI se isso ajudasse as pessoas presas aqui? – Zoey ainda encarava Barney quando continua sua fala. – O doutor Heinfield precisa autorizar minhas vistas com Warner e suas informações seriam muitos úteis para fazê-lo colaborar, sem contar no fato que ele está negligenciando o acompanhamento e tratamento médico dos detentos por motivos pessoais. Temos que fazer alguma coisa!!!

— Starling... – Barney apoia sua mão direita no ombro da garota e a olha de forma carinhosa. – Tem certeza de que não está fazendo isso apenas para continuar com suas entrevistas com Warner e obter as informações que precisa? – Zoey desvia o olhar de Barney, refletindo sobre o por que realmente está fazendo isso. Será que ele tinha razão? Novamente foca seu olhar no enfermeiro e fala.

— Eu posso ajudar Barney. Sei que se importa com o bem-estar dessas pessoas certo? O que me diz? – Zoey olha para o enfermeiro, um olhar de "por favor Barney", ele por sua vez olha para ela, suspira e volta a falar.

— Não posso sair prejudicado Starling. – A garota sorri, Barney havia concordado, ele daria o depoimento.

— Não se preocupe, ninguém saíra prejudicado.  Nem você, nem Warner, apenas precisamos expor o doutor Heinfield . -  ela olha seu relógio – Que aliás está atrasado para sua reunião comigo, mas um ponto negativo para ele! – Barney sorri e a garota retribui o sorriso.

— Barney, o que Roman Warner costuma desenhar? – Zoey pergunta novamente curiosa sobre Roman.

— Castelos, notas musicais ,entre outras coisas. – Zoey assenti

— Ele já chegou escrever alguma coisa?

— Não. Mas Roman é tagarela quando quer. Ele sempre fala sobre o que vê e o que pensa. Por exemplo, ele falou muito sobre você ontem.  – ela estreita os olhos, uma expressão de curiosidade e surpresa na sua face.

— Foi só uma conversa de 30 minutos. – diz a garota de forma simpática. Barney por sua vez soltou uma pequena gargalhada com a reação da garota.

— Ele gostou de falar com a senhorita. Sabe, ao contrário da outra agente que veio aqui, você o tratou com civilidade.

— Outra agente? – indaga Zoey

— Sim. Ainda lembro dela. Alta, cabelos curtos e castanhos ... – Zoey sabia muito bem de quem ele estava falando.

— Malia? O nome dela era Malia Tate?

— É, eu acho que esse é o nome dela. – Zoey assenti, bebe um pouco mais de água e logo em seguida prende seus cabelos. – O doutor costuma atrasar- se tanto assim?

Assim que ela acaba de falar, doutor Heinfield abre a porta do escritório, olha para os dois e sorrir cinicamente.

— Ora, ora, ora. São amigos agora? Enfermeiro Barney, que tal você retirar-se para que eu tenha uma conversa particular com a senhorita Starling? – Barney suspira, olha para a garota que pisca para ele, uma forma de selar o acordo dos dois. Assim que o enfermeiro sai, o diretor se pronuncia.

— Então agente, o FBI considerou minha oferta? – A garota o encarou, imitando seu olhar falso, falando logo em seguida.

— Felizmente, eu creio que não!

                                                                           ***

Thomas bate na mesa de frustação.

—Então, declaro fechado o envolvimento do FBI com o paciente Roman Warner e proíbo suas visitas para vê-lo!!! – Zoey o encara e logo se pronuncia.

— Não senhor Heinfield, me escute! Sabemos que possui interesse pessoal pelo paciente Roman Warner e que quer benefícios próprios através de informações sigilosas que não podemos revelar, sugiro que nos deixe progredir com as investigações de forma pacífica ou podemos entrar com uma ordem policial. – Assim que Zoey termina, o diretor solta uma risada de deboche para a garota.

— Língua afiada moça! Escute aqui, eu quero que você e o FBI se danem! Nunca mais pisarão aqui na minha instituição!!! – Zoey não se deixa abalar pelo doutor.

— A Instituição Eichen é propriedade federal, o senhor é um mero funcionário que pode ser demitido a qualquer momento pelo seu comportamento e atitudes inadequadas com seus pacientes. Sugiro que autorize a continuidade das investigações liberando as entrevistas com o paciente Roman Warner.

Thomas Heinfield se levanta e abre a porta.

— Saia do meu escritório agente ou chamarei a segurança do local!! Lhe asseguro que eles não serão tão gentis com você! – Heinfield encara a garota, sua cara não era  muito boa. Zoey suspira, pega sua bolsa e vai me direção a porta, falando uma última frase antes de retirar-se.

— Eu voltarei, caso goste ou não. Não importarei em expor o tipo de médico você é!

Assim ela sai da sala decidida a utilizar o depoimento do enfermeiro contra o crápula que se denominava doutor, embora que para Zoey ele era tudo menos alguém qualificado o suficiente para esta nessa posição.

                                                    ***        

Era quase noite quando ainda discutia-se a possibilidade de utilizar as palavras de Barney contra o diretor da Eichen. Zoey permanecia sentada em um banco ao lado da porta da sala do chefe, que estava tendo uma reunião sobre o assunto.

— Pensativa? – fala Theo sentando-se ao lado da garota, que automaticamente afasta-se. Percebendo isso, o rapaz resolve se pronunciar novamente.

— Olha, eu sei que ainda está ressentida com a gente, e novamente peço desculpas. Mas podemos tentar ser colegas de trabalho de uma forma civilizada pelo menos? – Zoey revira os olhos, escondendo sua expressão de irritação com o cabelo. Não estava com paciência para ouvir Raeken e seu segundo pedido de desculpas.

— Estou aqui esperando o veredito da reunião. – fala a garota, mudando completamente de assunto. – Sabe... – a garota cruza a pernas e volta a falar. – consegui um depoimento de um dos enfermeiros que cuida de Roman Warner, ele tem informações sobre a conduta de Heinfield com seus pacientes. – ele assenti, olhando para ela.

— Como conseguiu? – Indaga Theo ainda olhando para ela. – Sabe, eu também tentei falar com o Warner e fracassei. Até a Malia fracassou! Pensamos que ela conseguiria obter alguma informação dele sabe? Afinal, ela sempre foi tão confiante! –  Zoey prestava atenção nas palavras do rapaz, e tinha que concordar com ele. Malia transparecia confiança! Sua postura sempre ereta, seus passos firmes, sem contar sua beleza a altura que chamava atenção.  Zoey sentia-se uma anã perto dela, tirando o fato que também se sentia desprovida de beleza quando estava próxima da agente. Saindo dos seus pensamentos, lembrou-se que tinha que responder a pergunta de Theo.

— Eu não sei! Eu acho que fui educada com ele, só isso! – fala ela sinceramente. – E talvez a Malia tenha que trabalhar o temperamento dela.

— Talvez. – Concorda Theo estendendo a mão para Zoey logo em seguida.

— Uma trégua? – Zoey olha para a mão do rapaz e por mais relutante que ela estivesse, resolve por apertar a mão do agente. Talvez, assim ele parasse de falar um pouco.

— Trégua. -  Responde ela por fim

 Minutos passaram-se até que Craford chama Zoey para sua sala.

                                                              ***                   

  A Eichen House era silenciosa na maior parte do tempo, porém a noite conseguia ser ainda mais assustadora e quieta. A tv no final do corredor estava em seu volume máximo e Roman prestava atenção em cada palavra do jornalista enquanto desenhava, hábito que ele tinha antes de dormir.

"As investigações sobre o caso do imitador de Roman Warner continuam! O FBI afirma que as investigações terão continuidade, mesmo após o risco de serem interrompidas pelo diretor da Instituição Eichen House, Thomas Heinfiled.  Após um depoimento anônimo vindo de um dos funcionários da própria Eichen House, o FBI entrou com uma intimação contra o doutor e diretor da instituição. De acordo com o depoimento anônimo, Thomas Heinfield priva alguns dos seus pacientes a certos tipos de atendimento médico, sendo um deles a terapia. Um desses pacientes é o próprio Roman Warner, psicopata famoso por aterrorizar as ruas de Nova York. Agora sendo intimado pelo FBI, o doutor Heinfield terá que cumprir com suas obrigações para com seus pacientes, assim como permitir que as investigações que ocorrem dentro da Eichen House continuem.”

Roman para de desenhar, direciona o olhar para a tv atrás da parede de vidro de sua cela e sorri logo em seguida. O doutor havia sido prejudicado e isso para Roman era uma maravilhosa notícia. A agente Starling tinha cumprindo sua promessa, embora ele duvidasse disso no início.  Roman tinha ganhado algum benefício em troca da sua pequena informação sobre o caso afinal. Warner continua encarando a tv quando um pensamento vem a sua cabeça o fazendo sorrir ainda mais. Ele a veria, ele veria Zoey Starling novamente.