— Liam!!! Está atrasado!! - Allison grita do final da escada. Geralmente a rotina era sempre a mesma, quando a senhora Argent tinha plantão no hospital, era Allison que cuidava do irmão.

— Allison, eu definitivamente odeio você! - Resmungava Liam enquanto descia o último degrau da escada.

— Bebezão! Vem, vou te levar pra escola.

— Sinceramente, não precisa e você sabe disso.

— Está rejeitando sua irmã? Está com vergonha de mim?! - Allison fingi está chocada com as palavras do seu irmão. - Oh! O líder do time de lacrosse está me desprezando!! - A garota ri com o próprio comentário. - Acorda pirralho! Quando a mamãe está fora,eu que mando aqui!

— Grande coisa. - Responde Liam emburrado enquanto sua irmã o empurra para fora de casa.

— Anda! Anda! Entra no carro. Acredita que a Zoey ainda não me ligou de volta?

— Grande surpresa! - Liam fala colocando o cinto de segurança. - Ela nunca retorna.

— Sabe, até que você tem razão! - Diz Allison ligando o carro logo em seguida.

                                                      ***

Zoey prende os longos cabelos castanhos, quase nunca os deixava soltos, pega sua bolsa e sai de casa pronta para dirigir até a Eichen House. Não tinha nenhum discurso pronto e muito menos sabia como ou o que falar para Roman Warner, tudo o que sabia era que precisava obter algum tipo de informação com ele.

— Nada demais, apenas falar com um psicopata Zoey! Apenas isso! - Apesar da insegurança ela tentava se convencer que seria uma tarefa fácil. - Não entre em pânico! Relaxe! Foco! Seja segura, otimista!

Ela entra no carro, coloca o cinto de segurança, respira fundo e fecha os olhos. "Será uma tarefa fácil Zoey, o segredo é não se distrair." Com esse pensamento em mente a garota liga o carro, acelera e segue a estrada. O GPS é a salvação para a garota que vivia perdendo-se nas ruas de Nova York até mesmo para comprar um leite no mercado.

"Vire a esquerda." O dispositivo fala orientando-a. "Siga em frente." Zoey segue as instruções, tentando chegar na hora marcada. Ao que tudo indicava, chegaria a tempo. Cinco minutos depois ela avista o portão da Eichen House.

— Uou!! - Exclama Zoey admirada com as dimensões do local. Ela estaciona o carro, pega sua bolsa e sai do veículo. A garota caminha em direção ao enorme portão de ferro e para bem na frente dele.

"Identificação, por favor." Uma voz vinda de um interfone localizado do lado esquerdo do portão fala.

— Ah, certo! - Fala Zoey. - FBI. Agente Zoey Starling. - A garota espera durante alguns minutos até o portão se abrir, fazendo um barulho relativamente grande.

"Entrada autorizada." Zoey entra no local e segue até a entrada principal, no caminho ela avista os guardas da Eichen, eles a cumprimentam e ela faz o mesmo. Zoey já conhecia a Eichen House, pelo menos a de Beacon Hills. Comparada a de Nova York, a Instituição de Segurança Máxima da pequena cidade natal de Zoey era bem menor, sem contar o fato de que os criminosos mais perigosos de Nova York ou até mesmo dos Estado Unidos estavam ali, onde Zoey se encontrava.

A garota continua andando e finalmente chega ao salão principal. Ela observa o ambiente, percebe que aparentemente o local não possui quase nenhum tipo de decoração, as paredes são todas brancas e bem ao fundo do salão ela avista a recepcionista. Ela se aproxima da senhora de cara amarrada sentada em uma cadeira atrás de uma mesa.

— Boa tarde, Sou a agente Zoey Starling, FBI. Tenho hora marcada com o...

— Doutor Thomas Henfield? Sim, isso nos foi informado. Pode entrar na sala dele, ele está lhe esperando. - Fala a senhora de cabelos brancos. - Não temos muitas visitas aqui na Eichen House. - Zoey apenas assenti. - Vire a esquerda,você encontrará um corredor, é a primeira porta do lado direito.

— Ok, obrigada!!

Zoey segue o caminho no silencioso e solitário corredor, finalmente ela avista e bate na porta.

— Entre. - Uma voz estridente e velha fala, Zoey abre a porta e avista o doutor Henfield.

— Agente Starling, muito prazer! - Doutor Henfield levanta-se da sua mesa para cumprimentá-la.

— Starling. Apenas Starling. - Ela estende a mão o cumprimentando.

— Bem, eu espero que esteja ciente de que 10 agentes já tentaram falar com Warner e falharam. Talvez sua viagem até aqui seja um desperdício de tempo.

— Sim, estou ciente. - Afirma Zoey - Vejo que o senhor tem um interesse enorme no paciente e grava sessões com ele. - Ela tira as papeladas de Roman Warner da bolsa e mostra para ele, a garota tinha passado algumas horas lendo aquele material e sabia que o doutor tinha um grande interesse por Roman.

— Warner, é um dos pacientes mais irritantes e intrigantes daqui, como você mesma irá descobrir. - O doutor a olha de forma indiscreta. Zoey pigarreia e fala novamente.

— Podemos prosseguir? - Pergunta ela já um pouco irritada, aquele velhote já estava a incomodando.

— Sim, vamos lá. - Os dois saíram da sala. - O elevador está temporariamente quebrado, então teremos que descer alguns vãos de escada. Espero que não se importe. Roman Warner fica na ala dos mais psicologicamente instáveis, lá embaixo. Eu sugiro que tome cuidado, ele pode confundir sua cabeça.

— Experiência própria? - Indaga a garota. Pelo visto Roman tem uma "ótima" reputação a zelar. Os dois continuam a descer as escadas, até chegarem ao local. Uma grade de ferro separava a pequena sala onde eles se encontravam do corredor onde Warner e os demais pacientes estavam.

— Boa tarde, poderia colocar tudo que possa ser utilizado como arma nesse recipiente? - Pergunta um enfermeiro negro de aparência muito simpática que mais tarde Zoey descobriria que se chamava Barney.

— Ah, claro. - Zoey tira seus brincos, o celular e sua arma. - Acho que é só isso. - O enfermeiro assenti. - Última cela, no final do corredor. Qualquer coisa é só nos chamar. Vai dá tudo certo! - O enfermeiro Barney sorri para Zoey e logo abre a grade de ferro.

— Boa sorte Agente Starling. - Doutor Henfield fala e se retira do local. Zoey suspira e segue o caminho.

Em silêncio a garota segue rumo ao final do corredor, ao longo do caminho ela percebe que as celas eram feitas de vidro reforçado,possibilitando que ela visse os pacientes, com exceção de algumas que estavam fechadas quase por completo.

— Carne nova!!! - Um dos pacientes fala, Zoey prossegue andando.

— Enfermeira?

— Olha só que gracinha! - A garota escuta diversos comentários, na maioria maldosos, mesmo assim continua andando e chega na última cela.

Roman Warner não estava a vista, está deitado na cama, seu braço em cima do rosto. Zoey suspira, tira seu distintivo da sua bolsa e fala da forma mais alta e clara possível.

— Agente Zoey Starling, FBI. Poderia colaborar conosco senhor Warner? - Minutos se passam e nenhuma resposta vem da cela, nenhum movimento. Isso faz com ela fique inquieta.

— Gostaríamos que colaborasse. - Mais um minuto de silêncio. Roman se mantinha calado e estava claro que ele pretendia permanecer assim.

— Não falou com os 10 agentes, porque de alguma forma comigo seria diferente? - Zoey fala para si mesma. A garota estava quase desistindo, era evidente que ele não falaria com ela. Por que ela pensou que seria capaz de executar tal tarefa? Seus pensamentos são interrompidos quando ela avista Roman se levantando da cama e andando em sua direção. Agora que ele estava de pé, ela podia vê-lo melhor. Ele é alto, esguio, possuía cabelos castanhos muito escuros, quase pretos. Estava usando o uniforme da instituição, camisa cinza e calças da mesma cor.

— Ouvi um ar de insegurança vindo de sua parte, senhorita Starling. - Zoey aproxima-se do vidro.

— Então o senhor fala?! - A pergunta de Zoey é uma mistura de ironia e surpresa, não esperava que ele falasse com ela. Ele se aproxima mais do vidro.

— Posso vê seu distintivo, por favor? - As voz dele soava de forma calma e educada.

— Ah, claro. - A garota mostra novamente o distintivo, um pouco nervosa.

— Um pouco mais perto, agente. - Zoey avança novamente, fazendo seu rosto ficar bem mais visível e muito mais próximo do vidro. Roman olha seu rosto de forma curiosa e dá um sorriso reprimido logo em seguida. Ele volta seu olhar para o distintivo.

— Sua carteira é provisória, senhorita Starling. Me enviaram uma novata dessa vez. - Ele coloca suas mão para trás e olha para ela. - Há quanto tempo entrou na academia?

— Há dois dias. Senhor Warner, estaria inclinado a colaborar? - Ele a olha com interesse.

— Colaborar com o FBI? Talvez. Colaborar com você? Bom, de fato eu esteja mais interessado, isso vai depender do que tem a me dizer. - Zoey assenti.

— Minhas perguntas são referentes aos assassinatos. Como já deve saber, o FBI está tendo dificuldades na captura do assassino, o senhor poderia nos fornecer informações. - Enquanto Zoey falava, Roman a olhava de forma analista e detalhada. Ele volta a falar.

— Seu tom gentil é uma raridade no FBI. Sabe, todos os outros 10 agentes que vieram aqui usaram um tom patético de intimidação e ordem, a qual eu não apreciei nem um pouco. Agora, antes que pergunte algo,vejamos a grande questão. O que o FBI trocaria para obter tais informações?

Zoey fica surpresa, mas logo volta a falar.

— O senhor quer uma troca? Ok, acho justo. Que tal respostas hoje e ganhos amanhã? O que me diz senhor Warner? - Ele levanta sua sobrancelha direita. - Roman. Me chame de Roman.

— OK. Roman. - Fala Zoey um pouco relutante, não queria ter esse tipo de intimidade com ele, mas precisava prosseguir com a tarefa, precisava obter algum tipo de informação. Se esse era o jeito de avançar com o caso, que assim fosse, ela o chamaria de Roman.

— O que sabe sobre esse novo assassino? Dizem que ele é seu imitador, o que sabe sobre ele? - Indagar Zoey, ela segura firmemente sua bolsa, uma forma de esconder seu nervosismo.

— Eu sei o que dizem os jornais. - Fala Warner a olhando de maneira minuciosa. - Sabe, ás vezes quando o enfermeiro Barney liga a TV da sala que você acabou de passar, ele aumenta o volume para que eu possa escutar melhor. Algumas vezes ele até traz uma TV para perto da minha cela. Ele sempre foi muito gentil comigo.

Enquanto Warner fala, seu olhar permanece focado em Zoey. Ela nunca gostava quando as pessoas, principalmente os homens, a encaravam, porém dessa vez era diferente. O modo como Roman a olha não a incomoda, é um olhar diferente. Zoey chegava a ter a impressão de que ele a observava com um certo ar de admiração e não apenas como um objeto, como acontecia algumas vezes. Ela não conseguia identificar o porquê das pessoas a alertarem sobre ele, talvez ele estivesse esperando o momento certo para ser descortês e maldoso. Tinha passado tanto tempo lendo sobre o psicopata frio e sanguinário que assustava a cidade que esperava encontrá-lo ali naquela cela. Em vez disso, o que via era bem diferente. Será que as pessoas haviam exagerado, ou ele já estava manipulando sua cabeça?

A garota resolve sair dos seus devaneios e quebrar o silêncio que ecoava no ambiente.

— Senhor Warner, o que acha dos crimes? Acha que esse novo assassino é realmente um imitador? Ou apenas alguém tentando disfarça um outro objetivo? - Roman estreita os olhos, olha Zoey por um estante e em seguida começa a andar de um lado para outro na cela, parecia estar pensando. Ele para no meio da cela, olha para Zoey e dá um pequeno sorriso.

— Eu acho que com certeza ele não poderia ter uma motivação comparada a minha, muito menos seus métodos podem se igualar aos meus. - Warner olha sério para Zoey. - Creio que o que os jornais dizem não condizem com suas avaliações criminais não é?

— Não, não condizem senhor Warner. - ela fala olhando para ele.

— Roman. Por favor, me chame apenas de Roman, senhorita Starling. - Ele insistia para que ela o chamasse apenas pelo primeiro nome, embora Zoey não conseguisse fazer tal coisa, mesmo tentando. Warner se posiciona de modo que ele fique de frente para Zoey.

— Então, acredita na segunda possibilidade? Acredita que ele não seja um imitador? 

— Esperava que nos esclarecesse sobre todas as reais possibilidades. Não temos um perfil totalmente formado e muito menos encontramos alguma impressão digital. - Zoey fala o encarando, ela estava por dentro de todas as informações do caso, mesmo estando nele somente a dois dias. Roman umedece os lábios, preparando-se para falar novamente.

— O que sabe sobre ele? - Pergunta ele, começando a andar novamente pela cela. Parecia agitado enquanto andava, olhando-a de diferentes ângulos.

— Bom... - começa a garota. - Suas vítimas possuem características físicas semelhantes. Possuem aproximadamente a mesma altura, idade e sexo,todos são homens. Até mesmo as cor dos cabelos é muito semelhante. Ele segue um tipo específico de pessoas, o mesmo tipo que o senhor seguia durante sua primeira fase de assassinatos.

— Primeira fase! - Roman sorri de modo sarcástico. - Supondo que ele seja mesmo meu imitador genuíno, quais são os passos dele? - Pergunta ele curioso. Zoey o encara, pensando sobre sua pergunta, franzindo a testa.

— Leu sobre mim em suas papeladas Starling? - Fala Warner usando pela primeira vez somente o sobrenome da garota. Zoey detecta o tom de sarcasmo em sua frase, o olha e finalmente responde.

— Depois que captura suas vítimas, as tortura durante dois dias, no máximo. Assim como você fazia.

Roman caminha até o fundo da cela, encosta-se na parede e senta-se lentamente no chão. Joga a cabeça para trás, apoiando-a na parede e fecha os olhos.

— Pulou diversos detalhes da tortura, embora saiba cada um deles.- Ele fala,  como uma observação silenciosa que por descuido saiu de sua boca. Zoey espera enquanto ele abre  os olhos novamente. - Espero que tenha mais alguma informação, posso ficar desapontado com muita facilidade.

— Creio que desapontado é um coisa que você não está agora. - comenta a garota. - Já que está falando muito mais agora do que falou nos longos 3 anos que está aqui na Eichen House. - Fala ela de forma firme e tranquila. 

— Gosto de músicas tranquilas, principalmente clássica e você? - Zoey a princípio não entende, até que observa com mais atenção a cela de Warner. Vê desenhos de castelos e notas musicais pendurados na parede, o modo como a cela estava organizada de modo impecável. Com certeza era a cela mais limpa da instituição, Zoey estava no mínimo impressionada.

— Starling? - Zoey volta sua atenção para Roman, que em vez de sentado no chão no final da cela, estava muito próximo do vidro a encarando. Com a proximidade, ela percebe que Roman é muito mais alto do que ela. Sua palidez também é um fator que chamava sua atenção, sua pele pálida ajudava a destacar a cor âmbar dos seus olhos, que agora olhavam diretamente para os da garota.

— Eu nunca ouvi. - Ela responde de forma sincera. Mas logo em seguida Zoey entende aonde ele queria chegar. - Suas vítimas, ela gostavam de música clássica. - ela raciocinava. - Suas vítimas frequentavam a alta sociedade e também ouviam esse tipo de música. Logo, se o assassino for realmente seu imitador, frequentará esses mesmos locais para achar a próxima vítima. - Roman dá um meio sorriso. - Não se esqueça de uma coisa, meus ganhos. Nosso acordo, lembra agente? 

— Não foram muitas informações, foram absurdamente escassas. - Afirma Zoey. Warner dá de ombros, virando-se de costas. O silêncio volta a ocupar aquele local, até a garota falar.

— Eu vou cumprir com nosso acordo, mas preciso de mais pistas. - O enfermeiro abre a grade de ferro e olha para a garota, sinalizando que o tempo da visita tinha acabado. Como 30 minutos tinham acabado de maneira tão repentina? Zoey não sabia. A garota suspira, Barney sinaliza novamente para que  ela se retire. 

— Obrigada pela cooperação, senhor Warner. - Roman vira-se e a encara. A garota caminha em direção a saída, não olhando para trás. Enquanto segue seu caminho, escuta Roman falar:

— Aguardo ansiosamente seu retorno, agente Zoey Starling.

                                                 ***

No carro, Allison, Lydia e Kira conversam juntamente com Liam, que aliás, estava detestando está sentado no banco de trás do carro com sua irmã como motorista e suas amigas, ouvindo aquela conversa.

— Ela não me ligou! - Allison fala de maneira rápida e melodramática. - Simplesmente não retornou! Estão vendo?! Só dois dias em Nova York e ela esquece das 3 melhores amigas.

— Alli!! - Kira bufa. - Acho que o FBI não permitiria que ela vivesse nos telefonando e contando todos os detalhes das investigações que ela participa! Seja razoável com a Zo!

— Yukimura tem razão. - Lydia finalmente fala, seus cabelos ruivos estavam trançados de lado. - Allison, Zoey tem 23 anos e finalmente conseguiu o que ela queria. Convenhamos que ela merece um pouco mais do que seu egoísmo! - Lyidia fala em um tom de brincadeira, zombando da amiga. Liam porém, não perde a oportunidade e ri com com comentário de Lydia.

— Não ouse rir de mim, seu capitãozinho anão. - Protesta Allison enquanto dirige pelas ruas de Beacon Hills. - Só espero que ela não esqueça seu jogo! - Fala ela se dirigindo a seu irmão. - É daqui a 3 semanas, eu ainda não avisei a ela. Relaxa, ela não vai se esquecer. - Liam falava calmamente.

— Vocês só estão sentindo falta dela, admitam! - As três suspiram, Liam acabara de dizer toda a verdade, o mau humor e o silêncio de Zoey faziam falta.

— Ok, chega! Sem tristeza! - Lydia fala e logo depois liga o rádio do carro. A música Hello de Adele começou a tocar e com certeza ela não estava  ajudando. 

— Acho melhor o rádio permanecer desligado. - Diz Lydia.

— Seria melhor mesmo. - Kira diz por fim. - Alli, poderia acelerar? Tenho jantar com meus pais, lembra? - Eu sei Kira, eu sei. - Allison pisa fundo no acelerador.

Estava quase anoitecendo, as luzes da cidade aos poucos começavam a  acender, enquanto as três amigas e Liam seguiam caminho. Geralmente Allison oferecia carona para as meninas, chegava um pouco mais tarde em casa, porém ela não se importava. 

                                               ***

No departamento, Malia, Theo e Craford aguardavam a volta de Zoey.

— Aposto que ela se perdeu no caminho. -Malia diz sarcasticamente.

— Tate! - Fala Theo censurando-a. Ele era o típico agente do FBI, gostava de servi e obedecer a lei. Não descumpria as ordens que lhe eram dadas e muito menos desobedecia Craford. Sua parceira, ainda que dedicada, não controlava seu gênio, o que ás vezes colocava os dois em situações delicadas com o chefe.

— Eu apenas estou dizendo que uma novata nunca conseguira fazer Roman Warner falar. - Assim que Malia termina sua afirmação, Zoe aparece na sala.

— Sinto despontar, mas ele falou e creio que falou muito mais que eu! - Fala a garota de forma decidida encarando Tate, logo volta-se para o chefe. - Sinto o atrasado, o trânsito horrível e o doutor Henfield tentando descobrir sobre o que se tratava as investigações me fizeram chegar agora.

Craford dá de ombros. - Sente-se, agente Starling. - Zoey senta na cadeira que estava vaga entre seu chefe e Malia. - Quero detalhes da sua conversa com Warner e espero que me entregue um relatório amanhã ás 07 sete horas da manhã.

— Sim, senhor! - Zoey olha para Theo que a cumprimenta com a cabeça, Zoey repete o gesto, em seguida relata de maneira mais detalhada possível sua conversa com Warner e fala sobre as dicas que ele lhe ofereceu, claro que omitiu seus comentários pessoais sobre Roman, apenas foi objetiva.

— Mais uma coisa, acho que se negociarmos ele vai nos oferecer mais informações. - Malia sorri após a fala de Zoey.

— Perdão? Você foi ingênua! Negociar exatamente o que com Roman Warner? Não vê o que fez? Acha que o FBI vai sujeitar-se a esse tipo de coisa?

— Tate! - Craford a repreende. - Finalmente Roman está inclinado a colaborar, não posso deixar de considerar essa possibilidade.

— Com todo respeito senhor, o caso não é mais prioridade! Praticamente tínhamos desistido dele, o deixado de lado. - Malia já estava irritada.

— Claramente temos uma possibilidade de solucionar esse caso, eu posso fazer isso. - Argumenta Zoey. Ela encara o chefe - Sei que odeia a imprensa alegando a incompetência do FBI, também sei que não esperavam muito de mim. Eu posso fazer com que ambos mudam de ideia. Peço que considere a proposta de Warner, senhor. - Craford olha para os três agentes.

— Concordo com Starling, posso auxilia-la. Acredito que podemos finalmente obter algo de Warner, ele não vai conseguir manipular o FBI, senhor. Acho que a novata possui uma vantagem sobre ele. - Declara Theo.

— Tate? - Indaga Craford. Malia por sua vez, olha irritada para Zoey, levanta-se da cadeira, se dirige para a porta, a abre e deixa o local. - Isso definitivamente foi um voto negativo. - Declara o chefe. Ele se levanta de sua cadeira e anda em volta de Zoey e Theo. - Acho que Warner com certeza será muito útil nas investigações, porém foi ousado de sua parte fazer um acordo com Warner sem me consultar. - Zoey fica apreensiva, sentiu o fracasso vindo a tona, tinha falado demais, ela sempre cometia erros quando falava demais. - No entanto, aprovo sua continuidade no caso, assim também como aprovo as negociações com Warner. A garota suspira aliviada.

— Mas quero que me entregue relatórios de cada visita sua a Warner, novata. - Ela assenti, um pouco irritada. Odiava ser chamada de novata.

— Esta dispensada. - Zoey sai da sala, para no meio do caminho e respira fundo, o cansaço do dia a estava invadindo.

— Starling! -Theo a chama. Ela se vira para encarar Theo andando em sua direção.

— Raeken? - Ele se aproxima, sorri para ela de forma natural e prestativa.

— Eu sinto muito pela Tate, ela só está frustrada. - Zoey franzi o cenho.

— Desculpas?! Sério mesmo Agente?! Depois do que ouvi naquela sala, posso muito bem deduzir que você e Tate sabiam que eu estava sendo usada apenas como uma última alternativa para essa caso. Você só me apoiou para tentar fazer as pazes comigo. - Declara Zoey olhando para Raeken com raiva. - Vou ser bem clara agente Raeken, eu vou conseguir resolver esse caso. - A garota estava pronta para ir embora do local, porém volta-se para Theo e fala. - Mais uma coisa, não seremos parceiros nesse caso. - Dizendo isso, Zoey sai do local pisando firme, deixando Theo frustado para trás.

— Droga! - Fala Raeken enquanto coloca suas mãos na cintura, era claro que estava chateado. Malia surgi no corredor, Theo dirigi-se para ela.

— Belíssimo trabalho Tate!!! O que estava pensando?? Craford vai nos matar! 

— Não fui eu quem estava tentando impressionar a novata. Você sabia desde o início que ela só está no caso como última alternativa. - Theo balança a cabeça negativamente.

— Não está certo Malia! Só porque não solucionamos o caso e praticamente desistimos dele, não significa que devemos jogar nossa frustrações nela. Starling só está aqui há 2 dias e...

— E? - Malia interrompe Theo, já estava cansada de ver o parceiro do lado de Starling. - Não me diga que quer defendê-la! Como você disse, ela está aqui há 2 dias, somos parceiros há 3 anos!! Depois de todo esse tempo, é isso que tem a dizer sobre minhas atitudes?

— Não é a primeira vez que você nos coloca numa situação dessas!!! Quer que fiquemos mal visto pelo nosso chefe? E aquele comportamento na sala? O que queria que eu lhe dissesse? queria que eu lhe desse os parabéns? - Raeken sai de perto da parceira bufando.

— Theo!! Theo!! - A agente é ignorada e deixada falando sozinha no corredor.

                                              ***  

A sala de arquivos era escura, quente e solitária. Zoey tentava encontrar mais arquivos sobre Roman Warner, precisava obter mais informações sobre as vítimas do psicopata. Quando Roman lhe deu a dica sobre suas vítimas gostarem do mesmo tipo de música que ele, Zoey não poderia deixar de pensar que precisava obter o máximo de informações que conseguisse sobre as pessoas assassinadas. A quantidade de arquivos era enorme, caixas armazenadas com papéis repletos de textos e fotos pareciam não acabar nunca. Depois de uns 10 minutos revirando as papeladas, ela encontra os documentos que queria.

— Ótimo! - fala ela para si mesma. Saindo da sala, ela olha o relógio do seu celular, pelo visto seu turno tinha acabado a 1 hora atrás. Zoey sem dúvida não era pontual quando se tratava de abandonar um tarefa importante.

                                              ***

 Doutor Henfield não costumava descer os vários lances de escada da Eichen House, porém sua vontade de entender e saber o que o FBI  queria com Roman Warner e o por quê dele ter falado depois de tantas tentativas fracassadas do FBI de manter algum tipo de contato com ele, fizeram Henfield descer a  enorme quantidade de degraus.

— Barney? - O doutor chama pelo enfermeiro que prontamente se aproxima dele. - Abra essa grade! - O enfermeiro obedece Henfield e o acompanha até a última cela. Ao chegar avistam Roman de braços cruzados, apoiando seu corpo na parede do canto direito da cela.

— Ora, ora, ora. Parece tão calado outra vez! Estava tão falando esta tarde! Me diga Warner, o que sua mente distorcida e perturbada está tramando? - Roman apenas sorri. - Eu sei que não é do tipo que recebe uma visita tão lindinha quanto aquela. Qual é o nome dela mesmo Barney? - O enfermeiro suspira e logo depois responde.

— Doutor, não acho que seja necessário. O paciente... - Henfield o encara de forma raivosa e repete a pergunta.

— Qual é mesmo o nome dela, enfermeiro Barney?

— Zoey Starling. - Enquanto os dois falavam, Roman apenas revira os olhos, encarava a situação de forma indiferente.

— Não faça essa cara de idiota, não para mim seu metido perturbado! Sobre o que exatamente vocês falaram? - Warner não aguentava mais ouvir aquela voz estridente e irritante, porém ele apenas sorri e diz de forma mais calma possível.

— Falávamos sobre quanto você é medíocre doutor! Agora por favor, faça o pobre Barney ir embora. Garanto que ele almeja parar de ouvir sua voz desesperada tanto quanto eu! - Henfield olha para o enfermeiro e o manda embora, Roman dá um aceno de adeus para Barney, que logo retira-se do local. O doutor olha para Roman, já estava farto do psicopata.

— Posso fazer você em picadinhos Warner! 

— Presumo que não mais. Agora sou muito importante para o FBI, bem mais que você. Isso não é perturbador doutor? Novamente está longe dos holofotes! Isso soa como música para meus ouvidos, de preferência música clássica.

Henfield bate no vidro, irritado com o comentário de Warner. Ele por sua vez apenas o encarava sombriamente, estava se divertimento com a raiva do doutor. 

— Você não é nada Warner!!! Nada!!! - Henfield falava praticamente cuspindo, a raiva evidente em sua face. - Acabarei com você, por pedaço por pedaço!!!

— Oh não doutor!! Na primeira oportunidade que tiver, serei eu que acabarei com você!! - Roman levanta a sobrancelha direita e o olha de forma psicótica.

                                           ***

São 22:00 horas quando Zoey pega os arquivos e se põe a lê-los pela segunda vez. Tinha feito algumas anotações para seu relatório, ela pega uma ficha, a foto de Roman presente nela. Olhando para a foto, Zoey pôde perceber que Warner estava um pouco diferente de quando o viu na Eichen House. Ele não estava tão pálido na foto quanto estava em sua visita hoje a tarde. "Talvez seja devido a falta de sol", pensa Zoey . Porém isso sua palidez não o fazia ficar estranho, Zoey até gostava da sua pele pálida, tinha gostado bastante da cor dos seus olhos também, de fato, ele era bastante bonito para ela.

Zoey olha a foto novamente, até que pula da cadeira, assustando-se com o toque do seu celular.

— Droga!!! - A garota prende seus cabelos em um coque, guardando a ficha com a foto de Roaman e atende a ligação rapidamente.

— Alô? Mãe? Oi !! - Sua mãe falava em um ritmo consideravelmente acelerado e constante, Zoey tentava acompanhar. - As coisas estão ótimas, espera, vou colocar no viva-voz. Só um segundo.

Zoey queria contar os detalhes sobre sua nova vida para sua mãe, a garota procura espantar os pensamentos sobre Roman Warner, apesar de não conseguir tirar da cabeça o fato de perceber que Roman tinha reparado muito nela. Talvez aquilo só fosse imaginação dela. A garota vai para sala e passa o restante da noite conversando com Rachel.