The Reason I'm Still Here escrita por Clever Girl


Capítulo 1
Capítulo 01 - Desperate Times


Notas iniciais do capítulo

Eu não tenho jeito mesmo. Assim que coloco uma história na cabeça, não sossego até escrevê-la. E ao contrario do que diz um certo filme: Três não é demais. Então vamos lá para mais uma fanfic.
Eu espero que gostem. Beijinhos...



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(Caitlin)

 

 

 Eu sou uma morta-viva! E não...Não do tipo zumbi, se é o que você esta pensando. Isso não é The Walking Dead, e zumbis não existem...Se bem que, depois de tudo que aconteceu, não duvido de mais nada.

 Como eu estava dizendo, não sou um zumbi. Não preciso comer cérebros, ou carne humana para viver...Aliás, nem comer preciso. Essa é minha vida agora. Eu não como, eu não durmo, eu não falo com ninguém... Falando assim até parece que estou com sintomas de depressão, exceto que também não é isso.

 Eu não sei o que sou agora. Acho que um fantasma é o termo mais próximo. Ninguém pode me ver, nem me ouvir, muito menos me tocar.

 As pessoas lá fora não fazem ideia do quão sortudas são. Elas vivem suas vidas, conversam umas com as outras, brigam, choram, sentem dor e prazer, e todas as outras coisas que começo a achar que jamais serei capaz de fazer novamente. Hoje eu mataria por um banho quente, para sentir a sensação da água contra a minha pele, do calor. Ah, outra coisa. Eu também não preciso de banhos, mas também queria o que? Nem um corpo tenho mais.

  Sinto falta de tantas coisas. Pizza, café,sorvete... Chocolate. Sinto falta até da sensação de bater o dedinho na quina dos móveis, por mais irônico que possa parecer. As pessoas normais tem cinco sentidos: Tato,olfato, visão, paladar e audição. Eu...Eu só tenho dois. Posso ver, posso ouvir...E mais nada. "Eu quero a gravidade" Sinto vontade de gritar...E as vezes faço, não é como se alguém fosse me ouvir mesmo.

 No inicio até achei legal. Eu não estava mais presa ao chão. Podia voar e ir a qualquer lugar que quisesse apenas pensando nele. Fui a Paris e sobrevoei o topo da Torre Eiffel; fui á Itália; á Londres, tudo em um único dia. Era capaz de ouvir o que as pessoas falavam de mim pelas costas. Podia entrar em lugares sem ser vista. Vi muitos filmes sem precisar pagar a entrada. Mas aí eu percebi que isso não iria mudar...Eu ainda ficaria assim por muito tempo, para sempre até.

 Meu pai morreu quando eu estava terminando o colegial. A situação entre minha mãe e eu, era no mínimo tensa. Eu tinha...Tenho um irmão, mas nós nunca fomos muito próximos. Depois que papai se foi, a relação que nós três tínhamos, se tornou insuportável. Não falo com os dois já têm muito tempo...Muito tempo mesmo. Quando tudo aconteceu, eles vieram me ver...Ou melhor, não. Eles nunca chegaram a entrar. Falaram com os médico sobre minha situação e saíram. Não sei pra onde, não os segui.

 E eu tenho Cisco. Esse nerd adorável que foi mais meu irmão, que meu verdadeiro irmão. Francisco Ramon é meu melhor amigo em todo o mundo. Com seu humor único, ele é capaz de transformar todo o ambiente a seu redor. Ele sempre esteve ao meu lado. Quando meu noivado se desmanchou, quando eu precisei de um ombro para chorar, ele me estendeu o dele. Por esse motivo, ele é uma das pessoas que mais confio no mundo inteiro. Tanto que eu assinei uma procuração dizendo que se eu não fosse mais capaz de tomar minha próprias decisões, ele poderia fazer por mim.

 Escutando isso, parece até que eu sabia o que aconteceria, mas a verdade é que não, eu não sabia. Na ciência, nada é 100% seguro, há sempre alguns riscos; e como eu sou uma pessoa realista, achei melhor prevenir que remediar.

 Você deve estar se perguntando, o que aconteceu comigo? A resposta é simples: Eu sofri um acidente. Estava no trabalho analisando os efeitos que uma especifica manipulação celular externa poderia causar ao organismo humano. Não estava fazendo nada perigoso, mas engenheiros de outra sessão daqueles laboratórios estavam. Não sei ao certo o que eles estavam fazendo, Cisco não trabalhava com aquela equipe para poder me informar. Só sei que era algo relacionado com energia. Adiantando a história, a coisa toda explodiu. um terço daquele lugar desabou, dezenas de pessoas morreram, centenas ficaram feridas. Eu não trabalhava tão perto do local da explosão, mas ainda sim, foi perto o suficiente para conseguir me transformar em um dano colateral.

 Então aqui estou. Como eu já disse não estou morta, porém ainda me encontro longe de estar viva. Eu apaguei naquele acidente e meu corpo nunca acordou. Já fazem três anos que eu estou em coma. Cisco se recusou a deixar que desligassem as maquinas. Ele disse que se alguém poderia contrariar o que todos diziam e acordar, esse alguém era eu. Na hora, queria poder abraça-lo e dizer obrigada, mas agora...Se eu pudesse estapea-lo, eu faria.

 Eu quero morrer. Pode parecer algo horrível, mas é a pura verdade. Se for ser sincera, já não estou viva a muito tempo. Estou tão cansada dessa solidão, desse vazio...Desse nada. Eu queria ser vista, escutada, queria alguém para poder conversar, rir...As vezes acho que estou enlouquecendo aqui. Já se passaram três anos...Três anos e nada. Nem um único sinal que eu possa estar melhorando. Nenhum sinal que eu possa vir um dia a acordar. E se por todo esse tempo as coisas permaneceram iguais, elas não vão mudar. Já perdi  minha esperança quanto a isso.

 Não entendo por que sobrevivi em primeiro plano. Não estou indo a acordar; e viver o resto da minha vida assim, esta mais para uma maldição do que qualquer outra coisa.

 Eu tentei ser escutada milhares de vezes. Procurei todo o tipo de médiuns que pudesse encontrar (tempos desesperados...medidas desesperadas) e ninguém...Ninguém. Estou tão cansada, queria ser capaz de decidir o que acontece comigo. Partir ou ficar, mas não...A pessoa aqui não têm essa opção.

 Há quem diga, que cada pessoa nesse mundo tem uma missão a cumprir. Algo a fazer antes de morrer. Eu gostaria de saber qual é a minha. Muitas vezes pensei que se isso fosse verdade, e eu fizesse o que precisava, tudo estaria resolvido e eu poderia partir. Mas também que diferença faria saber? O que eu poderia fazer...Assim?

 Já que não foi me dada uma opção, é assim que eu passo todos os meus dias, nesse monologo eterno. As vezes entro de penetra em algum cinema, as vezes vou a algum lugar bonito, mas na maioria delas, fico apenas caminhando sem rumo pelas ruas.

 Hoje em particular o dia esta lindo. O céu esta nublado e parece que vai chover...Eu gosto da chuva. Parece que esta frio, com base nas roupas que vejo as pessoas usando. Ainda é cedo, o sol mal nasceu, mas já há gente correndo para seus respectivos trabalhos. É aí que um homem passa perto de mim. Confesso que nem reparei nele, e ele seria apenas mais um de muitos, até que ele parou...E voltou.

— Moça você esta bem? - Ele me perguntou aparentemente preocupado. - É que você parece um pouco perdida.

 Eu olho em volta para me certificar de que ele não estava falando com outra pessoa. Não havia ninguém perto de mim, só podia ser comigo.

— Vo...Você...Pode me ver? - Digo em tom incrédulo - Você pode me escutar?

— Sim - Responde hesitante - Você esta se sentindo bem? - Volta a perguntar estranhando a minha reação.

 Eu começo a rir histericamente. Não é a coisa mais racional a se fazer, mas é a minha reação ao que esta acontecendo. Ele pode me ver...Ele pode. Sinto vontade de saltar de alegria ao constatar isso.

 O homem me olha como se eu fosse louca, e eu lhe dou razão. Provavelmente é assim que pareço. Mas ele também não tem ideia do que acabou de fazer. Ele me deu algo que eu tinha perdido a muito tempo: Ele me deu esperança. Então eu paro de rir e com o sorriso mais radiante que dei em todos esses anos, respondo:

— Eu acho que nunca estive melhor


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Notas finais do capítulo

Eu sempre fico um pouco insegura assim que posto uma nova história, então eu apreciaria muito saber o que acharam. Ficou bom?