Guerra dos Seres - volume1 escrita por Pedro Teressan


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Era pra ter saído domingo, mas acabou saindo segunda. O que importa é que saiu.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683958/chapter/5

6º REINO 

 

O reino estava uma bagunça desde a noite anterior. Homens e mulheres passavam correndo por dentro das muralhas do castelo. Corpos eram arrastados, homens feridos eram levados para a enfermaria. Alguns soldados patrulhavam pelo reino agitados. 

Sevengardh, rei do Oitavo Reino, chegou ao Sexto montado em um cavalo. Journ o recebeu de braços abertos e com um sorriso no rosto. 

— Sevengardh! — disse o rei do 6° Reino. 

— Journ! — respondeu o rei do Oitavo — Há quanto tempo, amigo! 

— Cinco anos! 

Sevengardh desceu de seu cavalo, uns guardas do Sexto Reino levaram o equino para os estábulos. Os dois reis se abraçaram. 

— O que o traz aqui, velho amigo? — perguntou Journ. 

Sevengardh aproximou-se do amigo e sussurrou: 

— Preciso falar com você. Em particular! 

— Está a fim de tomar um vinho? Acho que você não conheceu minha adega. — disse Journ. 

— Claro! — respondeu o outro rei. 

O rei do Sexto Reino conduziu o amigo para dentro do castelo. Entraram no Grande Salão: um cômodo grande, um candelabro suspenso tinha suas velas apagadas, na parede oposta a da porta de entrada, havia uma porta que levava à sala do trono, havia mais algumas portas espalhadas pelas paredes do salão. No canto do Salão, uma escada descia levando até uma outra porta, a entrada da adega. Os reis desceram pela escada. 

A adega estava cheia de barris de vinho e iluminada por tochas. Havia um cheiro de mofo no ar, misturado com o cheiro do álcool do vinho. 

— Diga, Seven, o que o traz aqui? — Perguntou Journ. 

— Fiquei sabendo da sua conversa com Ortis. — Respondeu Sevengardh. 

— As notícias correm rápido pela Pangeia, não é? 

— Você não tem ideia — Sevengardh deu um sorriso ao falar isso — O que vou te falar, Journ, envolve essa sua "discussão" com Ortis. 

— Diga logo, Seven, estou ficando ansioso! 

— Certo. Eu e Mitte, rei do Primeiro Reino, estamos pensando em formarmos uma aliança. 

— Mas já temos a Liga. 

— A aliança visa acabar com a Liga! 

Silêncio. Os dois reis continuaram andando, com passos curtos, pela adega. 

— Mas isas isso... é crime! — Disse Journ — Alianças em Segundo Plano é crime. 

— Quando acabarmos com a Liga, não será mais um crime. 

— Por que acabar com a Liga? 

— São muitos motivos! Mas posso explicá-los. Primeiramente, estamos todos envolvidos em casos de corrupção! Veja, Journ, você mesmo acaba de envolver-se em um crime, segundo as leis da Liga; eu estou envolvido naquele assunto de conspiração; Regën está envolvido naquele assassinato de traidores; até Ortis está envolvido naquele crime sobre abuso de poder, lembra? 

— Claro! Foi um escândalo quando descobriram. 

— Daqui cinco dias acontecerá a eleição no Nono Reino, você vai? 

— Vou como réu. 

— Entendo. Se não acabarmos com a Liga nessa eleição, a Pangeia acaba. Todos serão presos! 

— Vendo por esse ponto... 

— Mas não é só esse ponto, amigo! Diga-me, qual é a primeira lei da Liga? 

— A lei de que nenhum reino deve ser favorecido. 

— E é isso o que ocorre? 

Journ não falou nada, estava pensando na resposta. 

— Vamos lá, Journ. Você sabe a resposta! — Insistiu Sevengardh. 

— O Nono Reino é favorecido. — Disse o rei do Sexto Reino. 

— Exatamente! Veja, desde o início da Liga, o Nono Reino vem sendo favorecido. A Lei do Comércio foi criada pelo Nono; a Lei dos Impostos e Taxas foi criada pelo Nono Reino; a Lei de Regulamentação Real foi criada pelo Nono; são tantas, Journ, e todas favorecendo um único reino. 

— De fato... mas não acha que o Nono Reino merece isso? Digo, Ortis foi mais esperto, criou isso primeiro, qualquer outro poderia ter criado essas leis mais cedo. 

— Porém não seriam tão favorecidos quanto Ortis é atualmente. Sabe o que esse crescimento do Nono Reino pode causar? 

— O q- O que? — Journ engasgou com a própria saliva enquanto tentava perguntar, depois começou a tossir. 

— Isso pode resultar em... está tudo bem? — Perguntou Sevengardh. 

— Claro — respondeu o amigo ainda tossindo — Só engasguei com a saliva. Continue, por favor. 

— Certo. Bom, como eu dizia, esse crescimento pode levar a uma ditadura? 

— Isso já é exagero, Seven. Uma ditadura? 

— Claro! Imagine que Ortis começa a fechar as entradas comerciais que levam ao seu próprio reino. Os reinos, sem conseguirem comercializar com os outros, vão ficando pobres e recursos vão faltando, mas não para Ortis; todos os impostos pagos pelos reinos para que Ortis deixasse seus produtos lá estão sendo acumulados, o Nono Reino sobreviveria facilmente por dez anos apenas com tudo acumulado dos impostos. Mas sabe o que aconteceria se fechássemos nossas Rotas-Principais primeiro? O Nono Reino não atinge o número suficiente de impostos, logo, o plano de uma dominação acaba. Mas fechar a Rota-Principal é crime. Entende? 

Journ conseguiu parar de tossir. 

— Até que faz sentido, mas como você sabe que esse é o plano de Ortis? 

Sevengardh tirou, do bolso, um pergaminho dobrado. Não parecia velho e não cheirava a mofo. Era feito com uma folha grossa e resistente, parecia algo nobre, uma carta talvez. 

— Isso, meu amigo, é uma carta escrita por um espião que eu enviei para o Nono Reino. Ele conseguiu um cargo no castelo como Supervisor de Limpeza, mas isso é o suficiente, pois dá a ele acesso, mesmo que secretamente, aos documentos reais. Leia a carta e tire suas conclusões. 

O rei do Oitavo Reino deu o pedaço de papel dobrado na mão de Journ. O rei do Sexto Reino desdobrou a folha e começou a ler. As letras já estavam com a tinta seca, o espião tinha uma grafia muito boa, Journ não deve problemas em ler. 

Dia 5. Registro 3. 

Destino: Rei Sevengardh. 

Assunto: Documentos. 

Envio-te essa carta, senhor, para relatar o que vi essa manhã. Estava eu passando pelo castelo como sempre  até que encontrei uma porta pela qual eu nunca tinha entrado, peguei a chave-mestra que levo no bolso e destranquei-a, entrei. Era uma sala grande, tinham estantes com livros e papéis, muitos outros papéis jogados no chão e duas pilhas de papel sobre uma mesa que ficava no fim da sala, sobre a mesa havia um vitral que era o que permitia a sala ficar iluminada. Aproximei-me da mesa, curioso, para ler os documentos. 

Peguei o documento do topo da pilha esquerda, era uma análise dos recursos, deixo no fim da carta os dados dessa e de todas as folhas que eu li. Fui olhando mais papéis até que encontrei uma lista de projetos que vou deixar no fim da carta. 

 

ANÁLISE DOS RECURSOS 

ALIMENTO: SUFICIENTE (2 ANOS) 

MADEIRA: SUFICIENTE (2 ANOS) 

FERRO: INSUFICIENTE (1 ANO) 

 

PROJETOS: 

1- ESTOCAR RECURSOS 

2- CONTROLAR O CRESCIMENTO POPULACIONAL 

3- FORTALECER O EXÉRCITO 

4- IMPEDIR QUALQUER CHANCE DE ACABAR COM A LIGA 

5- FECHAR, AOS POUCOS, LIGAÇÃO COM OUTROS REINOS 

6- PREPARAR PARA UMA GUERRA 

7- NÃO ATACAR, FICAR NA DEFENSIVA 

8- DOMINAR, AOS POUCOS, OS OUTROS REINOS. 

 

Agradeço a atenção e fico no aguardo de ordens. 

Journ devolveu a carta para Sevengardh. 

— Então é verdade. — Disse o rei do Sexto. 

— Claro que é! — Confirmou o outro — Eu nunca mentiria pra você, Journ. 

— Quais reis estão nessa aliança que você quer formar? 

— Por enquanto, apenas eu e Mitte, mas pretendemos falar com Regën e os outros reis. 

— Eu estou dentro. 

— Ótimo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente, por favor, tenho que saber o que vocês estão achando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guerra dos Seres - volume1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.