Guerra dos Seres - volume1 escrita por Pedro Teressan
Notas iniciais do capítulo
Era pra ter saído domingo, mas acabou saindo segunda. O que importa é que saiu.
6º REINO
O reino estava uma bagunça desde a noite anterior. Homens e mulheres passavam correndo por dentro das muralhas do castelo. Corpos eram arrastados, homens feridos eram levados para a enfermaria. Alguns soldados patrulhavam pelo reino agitados.
Sevengardh, rei do Oitavo Reino, chegou ao Sexto montado em um cavalo. Journ o recebeu de braços abertos e com um sorriso no rosto.
— Sevengardh! — disse o rei do 6° Reino.
— Journ! — respondeu o rei do Oitavo — Há quanto tempo, amigo!
— Cinco anos!
Sevengardh desceu de seu cavalo, uns guardas do Sexto Reino levaram o equino para os estábulos. Os dois reis se abraçaram.
— O que o traz aqui, velho amigo? — perguntou Journ.
Sevengardh aproximou-se do amigo e sussurrou:
— Preciso falar com você. Em particular!
— Está a fim de tomar um vinho? Acho que você não conheceu minha adega. — disse Journ.
— Claro! — respondeu o outro rei.
O rei do Sexto Reino conduziu o amigo para dentro do castelo. Entraram no Grande Salão: um cômodo grande, um candelabro suspenso tinha suas velas apagadas, na parede oposta a da porta de entrada, havia uma porta que levava à sala do trono, havia mais algumas portas espalhadas pelas paredes do salão. No canto do Salão, uma escada descia levando até uma outra porta, a entrada da adega. Os reis desceram pela escada.
A adega estava cheia de barris de vinho e iluminada por tochas. Havia um cheiro de mofo no ar, misturado com o cheiro do álcool do vinho.
— Diga, Seven, o que o traz aqui? — Perguntou Journ.
— Fiquei sabendo da sua conversa com Ortis. — Respondeu Sevengardh.
— As notícias correm rápido pela Pangeia, não é?
— Você não tem ideia — Sevengardh deu um sorriso ao falar isso — O que vou te falar, Journ, envolve essa sua "discussão" com Ortis.
— Diga logo, Seven, estou ficando ansioso!
— Certo. Eu e Mitte, rei do Primeiro Reino, estamos pensando em formarmos uma aliança.
— Mas já temos a Liga.
— A aliança visa acabar com a Liga!
Silêncio. Os dois reis continuaram andando, com passos curtos, pela adega.
— Mas isas isso... é crime! — Disse Journ — Alianças em Segundo Plano é crime.
— Quando acabarmos com a Liga, não será mais um crime.
— Por que acabar com a Liga?
— São muitos motivos! Mas posso explicá-los. Primeiramente, estamos todos envolvidos em casos de corrupção! Veja, Journ, você mesmo acaba de envolver-se em um crime, segundo as leis da Liga; eu estou envolvido naquele assunto de conspiração; Regën está envolvido naquele assassinato de traidores; até Ortis está envolvido naquele crime sobre abuso de poder, lembra?
— Claro! Foi um escândalo quando descobriram.
— Daqui cinco dias acontecerá a eleição no Nono Reino, você vai?
— Vou como réu.
— Entendo. Se não acabarmos com a Liga nessa eleição, a Pangeia acaba. Todos serão presos!
— Vendo por esse ponto...
— Mas não é só esse ponto, amigo! Diga-me, qual é a primeira lei da Liga?
— A lei de que nenhum reino deve ser favorecido.
— E é isso o que ocorre?
Journ não falou nada, estava pensando na resposta.
— Vamos lá, Journ. Você sabe a resposta! — Insistiu Sevengardh.
— O Nono Reino é favorecido. — Disse o rei do Sexto Reino.
— Exatamente! Veja, desde o início da Liga, o Nono Reino vem sendo favorecido. A Lei do Comércio foi criada pelo Nono; a Lei dos Impostos e Taxas foi criada pelo Nono Reino; a Lei de Regulamentação Real foi criada pelo Nono; são tantas, Journ, e todas favorecendo um único reino.
— De fato... mas não acha que o Nono Reino merece isso? Digo, Ortis foi mais esperto, criou isso primeiro, qualquer outro poderia ter criado essas leis mais cedo.
— Porém não seriam tão favorecidos quanto Ortis é atualmente. Sabe o que esse crescimento do Nono Reino pode causar?
— O q- O que? — Journ engasgou com a própria saliva enquanto tentava perguntar, depois começou a tossir.
— Isso pode resultar em... está tudo bem? — Perguntou Sevengardh.
— Claro — respondeu o amigo ainda tossindo — Só engasguei com a saliva. Continue, por favor.
— Certo. Bom, como eu dizia, esse crescimento pode levar a uma ditadura?
— Isso já é exagero, Seven. Uma ditadura?
— Claro! Imagine que Ortis começa a fechar as entradas comerciais que levam ao seu próprio reino. Os reinos, sem conseguirem comercializar com os outros, vão ficando pobres e recursos vão faltando, mas não para Ortis; todos os impostos pagos pelos reinos para que Ortis deixasse seus produtos lá estão sendo acumulados, o Nono Reino sobreviveria facilmente por dez anos apenas com tudo acumulado dos impostos. Mas sabe o que aconteceria se fechássemos nossas Rotas-Principais primeiro? O Nono Reino não atinge o número suficiente de impostos, logo, o plano de uma dominação acaba. Mas fechar a Rota-Principal é crime. Entende?
Journ conseguiu parar de tossir.
— Até que faz sentido, mas como você sabe que esse é o plano de Ortis?
Sevengardh tirou, do bolso, um pergaminho dobrado. Não parecia velho e não cheirava a mofo. Era feito com uma folha grossa e resistente, parecia algo nobre, uma carta talvez.
— Isso, meu amigo, é uma carta escrita por um espião que eu enviei para o Nono Reino. Ele conseguiu um cargo no castelo como Supervisor de Limpeza, mas isso é o suficiente, pois dá a ele acesso, mesmo que secretamente, aos documentos reais. Leia a carta e tire suas conclusões.
O rei do Oitavo Reino deu o pedaço de papel dobrado na mão de Journ. O rei do Sexto Reino desdobrou a folha e começou a ler. As letras já estavam com a tinta seca, o espião tinha uma grafia muito boa, Journ não deve problemas em ler.
Dia 5. Registro 3.
Destino: Rei Sevengardh.
Assunto: Documentos.
Envio-te essa carta, senhor, para relatar o que vi essa manhã. Estava eu passando pelo castelo como sempre até que encontrei uma porta pela qual eu nunca tinha entrado, peguei a chave-mestra que levo no bolso e destranquei-a, entrei. Era uma sala grande, tinham estantes com livros e papéis, muitos outros papéis jogados no chão e duas pilhas de papel sobre uma mesa que ficava no fim da sala, sobre a mesa havia um vitral que era o que permitia a sala ficar iluminada. Aproximei-me da mesa, curioso, para ler os documentos.
Peguei o documento do topo da pilha esquerda, era uma análise dos recursos, deixo no fim da carta os dados dessa e de todas as folhas que eu li. Fui olhando mais papéis até que encontrei uma lista de projetos que vou deixar no fim da carta.
ANÁLISE DOS RECURSOS
ALIMENTO: SUFICIENTE (2 ANOS)
MADEIRA: SUFICIENTE (2 ANOS)
FERRO: INSUFICIENTE (1 ANO)
PROJETOS:
1- ESTOCAR RECURSOS
2- CONTROLAR O CRESCIMENTO POPULACIONAL
3- FORTALECER O EXÉRCITO
4- IMPEDIR QUALQUER CHANCE DE ACABAR COM A LIGA
5- FECHAR, AOS POUCOS, LIGAÇÃO COM OUTROS REINOS
6- PREPARAR PARA UMA GUERRA
7- NÃO ATACAR, FICAR NA DEFENSIVA
8- DOMINAR, AOS POUCOS, OS OUTROS REINOS.
Agradeço a atenção e fico no aguardo de ordens.
Journ devolveu a carta para Sevengardh.
— Então é verdade. — Disse o rei do Sexto.
— Claro que é! — Confirmou o outro — Eu nunca mentiria pra você, Journ.
— Quais reis estão nessa aliança que você quer formar?
— Por enquanto, apenas eu e Mitte, mas pretendemos falar com Regën e os outros reis.
— Eu estou dentro.
— Ótimo!
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