Guerra dos Seres - volume1 escrita por Pedro Teressan


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, me desculpem pela demora para a postagem, eu queria ter postado mais cedo, porém veio o famoso Bloqueio e, bem, vocês sabem como essa coisa de falta de criatividade funciona. Como eu já disse, essa história é meu projeto do ano então, quem tiver um amigo que gosta de contos medievais, mostre essa minha história para ele! Obrigado!



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2º REINO 

 

O medo já estava expandido por todo o Segundo Reino, e a responsabilidade jogada nos ombros de Dann, o Segundo Rei. O dia de ontem fora tomado por medo e pavor vindos dos cidadãos quando avistaram cinco Dragões-de-bico indo na direção dos Gigantes. 

Era de conhecimento de todos, os desastres causados pelos mesmos há dois mil anos, na Primeira Guerra de Gigantes. Se a Pangeia encontrava-se naquele estado, era por causa dessa grande guerra que se alastrara pelo mundo. Uma das lendas mais conhecidas pelo mundo, quando se tratava da Primeira Guerra de Gigantes, era a lenda do Lago Rico que dizia que o Lago apenas surgiu após a mistura de sangue de dragão e águas limpas que nasciam naquela região. 

O povo já sabia o que esperar daqueles dois seres que viviam brigando. 

Dann encontrava-se na Sala de Reuniões, junto com o general Karl, o sacerdote Jer, o Fiscal-de-comércio Baurin, a Fiscal-de-alimentos Rosh, o Fiscal-da-Água Buhr, o escriba Zalhe, e o conselheiro e braço-direito do rei, Austin. 

Aquela era uma sala pequena com uma mesa retangular no centro, tochas presas na parede iluminavam a sala escura. Dann estava sentado na ponta da mesa com um ar de sério. Na ponta oposta estava o escriba com uma pilha de papel à sua frente e um pote com pena mergulhada na tinta negra que servia para escrever nas folhas de papel. Em volta da mesa sentavam os fiscais, o general, o conselheiro e o sacerdote. 

Dann inspirou profundamente antes de começar a falar, então ele se ergueu. 

— Primeiramente, bom dia, senhores. Como sabem, os Dragões e os Gigantes estão, nesse momento, guerreando entre eles. Assim que recebemos a notícia, eu e Austin começamos a conversar e a discutir sobre essa situação. Veio a nós, então, a pergunta: "E se os Dragões recuarem para cima de nosso reino?". Logo, pedi para Austin anotar alguns tópicos que conversamos sobre essa possível ameaça. Austin, por favor! 

Austin ergueu-se da cadeira enquanto o rei se sentava. 

— Bom dia, senhores — o conselheiro pegou uma folha de papel que encontrava-se à sua frente — Como o Rei Dann já disse, escrevi nesse papel alguns tópicos sobre possíveis resultados caso nos tornemos um campo de batalha entre Dragões e Gigantes. Bem, acredito que possamos fazer da seguinte forma: eu digo o tópico e depois criamos um debate em cima dele, aqueles que quiserem falar, eu peço que se levantem para organizarmos melhor a situação, certo? 

Todos assentiram com a cabeça, mas não disseram nada. 

— Então vou começar. Primeiro tópico: incêndio. Basicamente, se os Dragões ficarem nos sobrevoando, no meio de uma batalha, eles lançarão fogo, e é muito provável que faíscas voem em plantações. A preocupação fica maior quando descobrimos que as plantações que ficam nas fronteiras dianteiras do reino são  plantações de trigo, plantas altamente inflamáveis. Esse incêndio pode gerar grande desperdício e uma crise de alimento em todo o reino, como consequência, teríamos que decidir entre abastecermos o exército ou a população, visto que não haverá comida suficiente para alimentarmos todos. Caso abasteçamos o exército, a população pode se revoltar e muitos irão morrer, mas caso abasteçamos a população, não vamos conseguir manter o exército, o que é algo péssimo nessa situação de paz instável. 

Austin se sentou. Houve um breve silêncio que foi quebrado pela Fiscal-de-alimentos Rosh. Essa se levantou e tomou a palavra. 

— Senhor — Rosh fez uma reverência ao rei abaixando a cabeça — Senhores — dessa vez a fiscal olhou para todos e parou em Austin — Entendo sua preocupação, mas devo dizer que a situação não é tão crítica quanto o senhor disse. A verdade é que há um grande rio cortando parte das plantações, digo, as plantações de trigo, não abrangem todo o reino, em certo momento elas param e dão espaço a outras. No caso, as plantações de trigo acabam na beira de um grande rio. Esse rio é largo e profundo, acredito que, Buhr me corrija se eu estiver errada, é desse rio que tiramos grande parte da água que abastece o reino — Rosh olhou para o Fiscal-da-água, esse assentiu com a cabeça — Então, esse rio, por ser grande, poderia impedir que o fogo se alastrasse para o resto das plantações, que, no caso, são as plantações que ficam depois da Colina. Porém, se o fogo acabar danificando as outras plantações, voto em darmos preferência à população, não ao exército. 

Karl se levantou quase de imediato e, antes que Rosh pudesse sentar, começou seu discurso contrário à opinião da fiscal. 

— Eu respeito sua opinião, Rosh, mas não concordo com ela. Acredito que a preferência tem que ser dada ao exército, pois é ele que defende e honra a nossa bandeira. Os soldados treinam dia e noite consecutivamente, todos os dias, para conseguirem lutar no campo de batalha, enquanto o povo não honra o Segundo Reino. É claro que muitos trabalham duro para conseguirem um sustento para a família, mas os soldados morrem. Muitos homens são perdidos em campo de batalha, é de direito deles terem uma refeição saudável, pelo menos por uma última vez. Na minha sincera opinião, os recursos deveriam ser dados às famílias de soldados e ao exército. Aqueles que também quiserem alimento, mandem os filhos ou o marido para lutar. 

Jer, o sacerdote, assentiu com a cabeça mostrando claro apoio às ideias do general. Rosh, por outro lado, parecia insatisfeita com a resposta do general. 

— Mas e se o filho ou o marido tiver uma deficiência de nascença? E se ele nasceu cego ou sem uma perna? 

Jer fez uma cara de impaciência, bateu a mão na mesa e levantou-se. Todos se mexeram assustados na mesa. 

— Como ousa tentar defender um pecador? — gritou o sacerdote para Rosh, o homem olhou em volta e viu que o rei o fitava com um olhar de desaprovação — Desculpa. Eu dizia que você não pode defender os deficientes, pois eles são pecadores, pelo menos é o que diz a nossa deusa Tânaide, estou errado, senhores? 

Ninguém negou nada, nem ao menos moveram suas cabeças. Jer pigarreou e continuou: 

— Permitam-me recitar um ensinamento de Tânaide que diz algo a esse respeito: "Aqueles que têm a ausência da normalidade em seu corpo ou cérebro, tem ausência da normalidade em sua alma também. Isso não é o acaso agindo sobre os corpos dos falhos, essa é a forma de resposta às cobranças de pureza por vidas anteriores que foram respondidas com falhas. Não tenham pena deles, muito menos os deem privilégios, trate-os como os normais que viram o escuro chegar em suas mãos, logo, merecem mesmo é um recomeço e esse sim será definitivamente salvo de anormalidade. Aqueles que põe suas vidas em frente às desses falhos devem aceitar o recomeço também. Eu lhes garanto que essa é a única forma de salvação." Entende que os deficientes são responsáveis pelos seus defeitos? Tânaide ainda diz que eles merecem a morte, assim como os assassinos, compreende o que eu quero dizer? 

Rosh rapidamente argumentou: 

— Não sei se o senhor sabe, sacerdote, mas o Segundo Reino é um dos poucos reinos laicos! Logo, damos a liberdade para que qualquer um acredite no deus que quiser, ou não acredite em deus nenhum. Eu sou ateia, sacerdote, mas respeito a sua religião. Vejo os deficientes, como pessoas que nasceram com azar e que deveríamos dar à elas alguns benefícios maiores, não importa o que sua deusa disse. A lei pune com a morte, apenas cinco crimes: Assassinato, roubo, abuso (em todos os sentidos), mentiras de grande porte e agressão física desnecessária. O fato de a pessoa nascer com uma deficiência, não é motivo para puni-la com a morte, muito pelo contrário. Se você matar um deficiente, apenas pelo fato de ele ser desse jeito, você torna-se um assassino e deve ser penalizado com a morte. 

O rosto do sacerdote se contorceu numa mistura de raiva e desprezo, Dann interrompeu o clima de desgosto. 

— Acalmem-se, senhores. Vamos decidir isso civilizadamente! — o rei deu ênfase nessa última palavra. 

— Certo — disse Jer — Voto em darmos preferência ao exército. 

— Eu também — concordou o general. 

— Para mim, o povo vem em primeiro lugar — falou Rosh. 

— Concordo com a fiscal! — contou Buhr. 

Dann se mostrou imparcial, mas Austin demonstrou sua opinião: 

— Rosh está certa! 

Zalhe, por ser o escriba, também não se ergueu para nenhum dos dois lados. O escriba era insignificante no reino. Ele era, basicamente, um plebeu que foi escolhido pelo rei para assumir um cargo nobre. Ele não tinha sangue nobre e nem morava no castelo; não tinha fazenda e muito menos escravos; não ganhava tão bem, mas ganhava mais que um leiteiro, por exemplo. Se morresse, não faria falta, o rei mandava trazer outro plebeu e fazia dele um novo escriba. Mas havia um trato, o escriba não podia, de forma alguma, falar sobre os acordos fora da Sala de Reuniões, caso ele fizesse isso, seria sentenciado à morte. Para gerenciar as ações de Zalhe, dois guardas o seguiam eternamente, sempre atentos. 

Baurin, enfim, admitiu concordar com Rosh. 

Com a discussão a respeito do incêndio finalizada, Austin prosseguiu com os tópicos: 

— O outro tópico, senhores, é uma consequência desse primeiro, trata-se de um assunto preocupante também — Austin deu uma consultada no papel — É uma possível crise hídrica. Como Buhr disse em resposta à Rosh, há um grande rio o qual abastece uma parte gigante da cidade, esse rio fica entre as plantações da Planície e a Colina, mas com o incêndio nas plantações de trigo, as cinzas vão cair, inevitavelmente, no rio e pode contaminar toda a água, se essa água for distribuída para a população, haverá uma aniquilação em massa. 

— Antes de iniciar a discussão — interveio o rei — Buhr, a água fornecida para o castelo vem de onde? 

O Fiscal-da-Água ergueu-se. 

— A água do castelo, senhor, vem de uma nascente longínqua, porém muito grande. É uma água bem limpa, confie em mim! Aproveitando a deixa, eu gostaria de sugerir abrigarmos a parcela do povo de maior poder dentro das muralhas do castelo, pois assim ela também receberia água limpa para o consumo. 

— Mas e o resto do povo? — perguntou Rosh em um tom indignado. 

— Não são economicamente interessantes! — rebateu Buhr. 

— Pessoas não são dinheiro! — retomou Rosh com o mesmo tom. 

— Não são dinheiro, mas produzem dinheiro. A parte da população que é escrava ou camponesa, não produz o dinheiro! Comerciantes também nem ligam para nós, vão vender suas coisas no Nono Reino, lá é onde a mercadoria circula e, se voltam, não voltam com muitas moedas. Se os donos de fazenda vierem para as muralhas do castelo, eles vão se sentir na obrigação de nos ajudar, pois eles estão sendo acolhidos por nós. Sem contar que se os camponeses estiverem aqui dentro, não haverá ninguém trabalhando. Querendo ou não, a população tem que ser alimentada! 

— Algum contraposto? — perguntou Dann. 

Ninguém argumentou mais nada, porém a feição de Rosh mostrava que ela não estava satisfeita com o que o Fiscal dissera. 

— Então aqueles que forem a favor ao que foi dito por Buhr, por favor, levantem-se! 

Todos, exceto Rosh, o escriba e o rei se levantaram. Dann nem chegou a perguntar quem se opunha, pois a resposta era clara: Apenas Rosh. A majestade encerrou a discussão sobre a água apenas dizendo: "Votação encerrada". Rosh não ficou nem um pouco feliz com a decisão geral. 

Com uma ordem do rei, todos tornaram a se levantar. Dann agradeceu a presença dos oficiais e se despediu dos companheiros. Ao sair da sala, pediu para o escriba levar todas as anotações para o escritório do rei. 

Repentinamente, um rugido veio da Grande Montanha fazendo as árvores chacoalharem, o coração de Dann veio até a boca. Um Bellator Reptile saiu voando da Grande Montanha na direção da montanha dos gigantes! 


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Notas finais do capítulo

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