Desabafo escrita por AliceDracno


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Para quatro pessoas lindas! Aline, Gabbs, Beta e Isis (que tá dodói e resolvi postar hoje por causa disso), eu tava devendo uma fic dramione a tempos, já que estou sem postar algo só do casal a tempos. Beijos, e espero que gostem e comentem!



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Desabafo.

 

“19 de setembro de 1999, Londres.

                Não sei bem porque escrevo isto; não é como se você fosse ler, já que jamais chegará a suas mãos. Mas é um meio rápido e eficaz de apaziguar minha tormenta interna, já fiz uma carta dessas para minha falecida mãe e deu certo. Eu escolhi esta data pra escrever para você, já que é seu aniversário. Mas não é como se eu não tivesse tempo de sobra nos outros dias do ano. Sou um homem condenado a solidão eterna causada por minhas ações e escolhas, tanto as ruins quanto as boas, e como um Homem devo enfrentar essa dura realidade.

                E o que é você além de uma mulher livre em todos os aspectos da palavra? Não sei ao certo quando isso –este sentimento– começou, só sei que foi em algum momento de minha pré-adolescência conturbada e fria. E este sentimento sempre foi contrário a tudo o que me foi ensinado. Você sempre foi o contrário do que me foi ensinado, o que te torna a melhor coisa que já me aconteceu.

                Já tive o prazer de encostar em você – de forma mais íntima ou não, de ansiar por tua atenção, de ficar horas e mais horas contando os segundos para te ver, tive o prazer de ficar à procura de seus belos olhos castanhos mel. E quando finalmente pude te ter, deixo-te ir para não mais voltar. Te deixo escapar por entre meus dedos como água. Quase esqueço-me do quão feliz fui ao teu lado naquela época nem tão distante.

                Mesmo sabendo que não irá ler, me sinto na obrigação de te dizer o motivo deu ter lhe deixado. Por isso seguro as lágrimas, para que elas não caiam e borrem a tinta fresca deste desabafo. Prometa-me, Hermione, que não vai querer me matar ainda mais depois de ler isto. Eu não aguentaria mais de seu ódio.

                A verdade é que eu não poderia macular a tua pureza com minha alma suja. Eu nunca mereci a menina de ouro que você é. Nem nunca vou merecer.

                Vivi no erro, um erro pelo qual agora tenho de pagar com minha solidão e dor. E eu mereço pagar, purgar por me ter deixado levar pelas palavras preconceituosas de um líder caído. Porém, a triste realidade é que nunca poderei pagar por meus erros – que são muitos, e por isso não mereço estar ao seu lado, ou sequer estar do lado de alguém.

                O que eu mereço é a solidão. Por mais arrependido de tudo eu esteja, não há volta, não há perdão; tudo que há é mais um copo de uísque de fogo e mais uma noite de tormenta ou pesadelos.

                Amaldiçoo-me toda noite pelos xingamentos que proferi a você. Como eu era tolo. Como eu era orgulhoso...

                Peço que entenda a minha lógica distorcida: a cada xingamento que eu lhe dirigia, a cada ato de nojo e desprezo, era na verdade uma jura de amos, que para mim era um ato profano aos Malfoy –pra mim era errado amar uma sangue-ruim. Entenda que, todos esses atos, era uma maneira tola e inconsequente de tentar matar o sentimento que me mantinha vivo.

                Suprimi meu amor por você, o enterrando o mais fundo que pude em meu coração; e coloquei pra fora –cobrindo todo aquele sentimento bom que você me causava – todo o ódio, rancor e a inveja aos quais fui treinado a sentir. Apenas uma amostra da jovem e amargurada alma que eu tinha. Não, ainda tenho. As únicas coisas que deixei para trás foram: meu coração e minha felicidade, que ficaram com você naquela noite morna de junho.

                Convivi por tempo demais com o ódio e a indiferença, tanto tempo que não soube lidar com o amor e o carinho que você me causava. Eu estava acostumado com a frieza glacial de um iceberg, não com o calor aconchegante do pôr-do-sol.

                Peço-te perdão, mas sei que jamais conseguirei me desculpar o suficiente com você. Quantas vezes não fui eu o causador de um sorriso seu que desapareceu? Muito mais do que criei um sorriso. Quantas vezes não fui eu a te fazer chorar? Mais vezes do que te beijei.

                Fui a causa de parte de seu inferno.

                Porém, não te esqueças que te amei. Na verdade, não esqueça que ainda te amo com tudo o que sou – o que não é lá muita coisa, mas que é o suficiente para me manter vivo. Tudo o que ainda me faz querer acordar todas as manhãs, é a possibilidade de que eu tenha –algum dia, coragem de te entregar essa carta e dizer-lhe o quanto eu te amo. O quão arrependido de tudo estou.

                Encerro este desabafo com um clichê romântico de todo homem errante e apaixonado: mil desculpas pelo, esperando apenas que me desculpe uma vez.

                               —Draco B. Malfoy, ou quem sabe: o idiota que um dia já te fez chorar.”

 

Os olhos de Hermione se fecharam. As lágrimas atingiram aquele pergaminho já um tanto gasto e antigo. Era de um ano atrás. Sendo que havia dois anos que Draco fora solto e se afundou em sua escuridão pessoal na mansão Malfoy.

                Olhou para o elfo Inmi e sorriu triste. Olhou de volta para carta e conseguiu sussurrar: —Pode me levar onde ele está? —Viu de soslaio o elfo assentir e toca-la, num som oco e sonoro, apareceram na sala da mansão Malfoy. Ainda escura, melancólica e com ar pesado, como Hermione se lembrava.

                —Ele está lá em cima, srta. —O pequeno elfo subiu atrás de seu mestre. Ouviu a voz rouca – como se não falasse a muito tempo – de Draco e depois um grito:

                —Seja quem for que estiver aí embaixo, vá embora! Não quero companhia! —Hermione negou com a cabeça e subiu as escadas de mármore calmamente. Quando chegou na porta do quarto, onde Inmi chorava pela reclusão de seu amado mestre, suspirou e disse:

                —Abra essa porta, Draco Black Malfoy! —Ouviu um não pode ser seguido do barulho de coisas caindo e de uma pessoa cambaleando. Hermione riu. A porta se abriu revelando um Malfoy caindo aos pedaços; com olhar vidrado, olheiras, ainda mais pálido que o comum, lábios rachados, fendendo a bebida e com direito a roupa suja. 

—Mestre Draco finalmente apareceu! Inmi fica tão feliz! —A cara de surpresa do loiro ficou ainda mais cômica com a barba por fazer revelando uma brecha, mostrando que estava de boca aberta.

—Santo Merlin, Malfoy! Você precisa de um banho! —Arrastou o loiro para o banheiro do quarto principal, imaginava o estado em que o quarto do loiro estaria. —Inmi, pode arrumar o quarto de Draco, por favor? —Voz dela se tornou afável com o pequeno ser. O elfo assentiu várias vezes e entrou no quarto feliz.

—O que está fazendo aqui? —Perguntou, mas não obteve resposta. Ela, num aceno da varinha, tirou toda aquela roupa fedorenta e mandou-a para a roupa suja. —Hei! —Se virou de costas, corado.

—Como se fosse a primeira vez que te vejo nu —a mulher resmungou. Sem as roupas, Hermione pode ver como ele estava magro. —Precisa se alimentar melhor, Malfoy.

— Quero te fazer umas perguntas. E você não pode ser espertinha e desviar delas —resmungou.

—Tome banho primeiro, responderei a tudo enquanto você come, e não há alternativa. —Ele suspirou e assentiu, entrando na banheira que magicamente Hermione encheu.

O banho era bom, mesmo que se sentisse levemente incomodado com a presença da Granger.

(...)

Em meia hora, Draco estava de banho tomado, roupas limpas, barba feita, cabelo cortado, dentes escovados e comendo. Ainda de boca cheia –só notou estar faminto quando sentiu o cheiro da comida de Inmi, perguntou:

—O que faz aqui?

—Vim te perdoar. —Ela respondeu depois de morder a língua e ficar pensando. —E não fale de boca cheia! —Se zangou.

Ele esbugalhou os olhos, deixou o sanduiche cair de suas mãos de volta para o prato, piscou várias vezes só para perguntar, enfim:

—Como?

—Inmi levou a carta que você me escreveu ano passado, no meu aniversário. —Draco engoliu em seco. Olhou para o nada e disse:

—Tudo bem, eu, eu quero muito seu perdão, e não quero te deixar triste, mas se for só isso, por favor eu...

—Eu te entendo, Draco. Eu entendo porque me deixou, entendo que ainda me ama e entendo que ainda te amo. —Ela virou o rosto dele para ela e o beijou. Foi o suficiente para que Draco abraçasse a nuca dela e se entregasse ao beijo mais delicioso que já teve.

Se separaram ofegantes: —Eu não mereço você. Não mesmo. —Ele encostou as testas e riu.

—Aceite logo que não vai se livrar de mim tão cedo e eu não te irrito até que o faça —brincou.

—Você sabia que quem deveria ter coragem de ir atrás de você era eu, não?

—Coragem é a marca da grifinória, não da sonserina. —Ambos riram.

—Não sinto que isso seja o certo. Vilões não devem ter finais felizes —murmurou.

—Vilões não devem, mas pessoas que tomaram medidas desesperadas sim. E você tomou medidas desesperadas. E eu não posso te deixar pagar por um erro que era de seu pai! —Antes que ele pudesse refutar a ideia, ela o beijou novamente.

E então o feitiço que Hermione exercia sobre Draco fez efeito, ele se sentiu nas nuvens e soube que não poderia deixar ela nunca mais. Não poderia tira-la de seus braços. Se ela o perdoou, estava na hora dele se perdoar.

—Eu te amo —sussurrou contra o ouvido dela, ainda abraço em sua cura.

—É, eu sei. —Respondeu num sorriso e o apertando ainda mais.

 

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mereço comentários? Haha, beijos, e até a próxima!