P.O.V Jocelyn

Sinto um cheiro estranho e dor de cabeça, estou deitada sobre um chão frio e úmido, um barulho alcança meus ouvidos... Click, Click, Click... Resolvo abrir os olhos, mas apenas predomina escuridão, exceto por algumas luzes que passam indo para baixo em alta velocidade, não lembro meu nome, muito menos como vim parar aqui.

Tento ficar em pé porém acabo caindo ao lado de algo, me paroximo para ver o que é, vejo uma garota e entro em desespero, tento acorda-la em vão... Então, a "caixa" em que estamos para bruscamente fazendo com que eu perca todo o ar dontido em meu pulmão, a garota acorda e começa a gritar.

— Quem é você?

Ela pergunta.

— Eu faço a mesma pergunta, agora para de gritar que a minha cabeça ta doendo.

Ela confirma com a cabeça e começa a examinar o local, começo a ouvir vozes distantes.

— Quem será o novo fedelho?

— Tomara que o Plong não dê trabalho.

Então, o teto se abre, a claridade ofusca minha visão, fecho os olhos e as vozes se cessam demonstrando curiosidade, um suspiro coletivo demonstrando espanto e, a garota grita, de novo.

— Ei! Tira as mãos de mim!

Sinto uma mão tocar minhas costas, abro os olhos instantâneamente e me deparo com um garoto muito alto e loiro, ele sorri.

— Meu nome é Newt, aqui é a Clareira, mas antes de mais nada, sai da caixa.

Eu obedeço e saio. Percebo olhares curiosos caindo sobre mim e sobre a garota, reparo que só há meninos no local. Minha cabeça volta a doer e sinto minhas pernas fraquejando, me sento no chão e espero a dor passar, a garota vem correndo até mim e pergunta se estou bem, no momento que olho para ela, uma voz ecoa em minha cabeça.

Os resultados do grupo A... Mandaremos ainda hoje...

A voz se cala, não consegui ouvir tudo, apenas algumas coisas sem nexo... A dor passa e percebo que o garoto loiro, Newt, nos olha de modo estranho, um outro garoto, asiátio se aproxima e fala baixo.

— Peitos na área.

Newt o repreende com o olhar e lhe da um soco fraco no ombro. Outro garoto, mais alto e com a voz mais grave aparece.

— Chega seus cabeças de Mértila, Gally, leve as fedelhas para a enfermaria.

Um menino chega e segura a garota com um braço, e, antes que eu perceba já estou sendo carregada também. Começo a me debater e a gritar.

— Ei seu trolho, me coloca no chão!

— Quieta fedelha, se não vou te jogar nos Verdugos.

Eu fico quieta, não sei o que são Verdugos mas não parece coisa boa...

"Verdugos?"

Uma outra voz, porém essa eu conheço, é da garota, eu olho para ela e penso.

"Como assim?"

No mesmo instante ela me encara assustada e eu solto um grito abafado. Gally me olha com raiva e fala.

— Você não tem jeito em novata, espero que Alby joge vocês para os Verdugos. Chegamos, entrem ai e não façam nada.

Ele sai logo em seguida batendo a porta, e deixa eu e a garota sozinhas em uma sala.

— Como você fez aquilo?

Ela pergunta.

— Aquilo o quê?

— O lance de falar mentalmente.

— E eu vou saber, você falou comigo primeiro, perguntando "verdugos?".

Ela se calou e assim ficamos por um tempo... Se passam alguns minutos e a porta se abre nos dando visão do garoto loiro, ele se aproxima e senta em uma cadeira.

— Oi, antes de mais nada, desculpa pelo Minho, ele é um Plong inútil. Enfim, ja se lembram dos seus nomes?

Quando ele fala isso, a garota responde quase que instantaneamente.

— Annebell.

quando ela termina de dizer o próprio nome, um nome vem à minha cabeça.

— Jocelyn...

— Quê? Desculpa, você falou muito baixo, nem parece a garota que quase estourou os ouvidos de todos mais cedo.

Ele fala rindo, sinto meu sangue ferver e falo em alto e bom som para que aquele trolho me escute bem.

— Meu nome é Jocelyn.

— Ótimo, se lembram dos nomes, então fica mais fácil, vou dar uma breve explicação. O Alby é o líder, a confusão que vocês estão sentindo é normal, todos já passaram por isso.

ele faz uma pausa e volta a falar.

— A propósito, ninguém gosta de vocês, nenhuma garota nunca subiu pela caixa, imagina então duas.

— Não me importo que não gostem de mim, não sou obrigada a fazer as pessoas gostarem.

Eu digo interrompendo ele rispidamente, ele me encara com um meio sorriso.

— Jocelyn, você já tá causando problemas pela teimosia, o Gally já chegou reclamando de você, ele é meio temperamental, tenha cuidado. Enfim... Me sigam, vou leva-las para o local que irão dormir.

Quando ele fala isso se levanta indo em direção à porta, Annebell se levanta e o acompanha.

"Você não vem?"

Ela me pergunta mentalmente, a repreendo com o olhar e me levanto os acompanhando. Saimos da sala e damos de cara com um corredor, não muito grande porém com tamanho razoável, saimos por outra porta e estamos do lado de fora, está escurencendo, quase não há Sol, alguns garotos saem de trás de muros altos que ficam em volta da Clareira. Tem muitos garotos trabalhando, quando voltamos a andar, a atenção deles se vira para nós.

— Será que Alby vai bani-las?

— Por que garotas?

No meio das vozes, a voz fanhosa de Gally se destaca zombando de jeito ridículo.

— Newt, virou babá das fedelhas?

— Deixa ele Gally! Newt, mudança de planos, preciso falar com você, Chuck vai leva-las.

Interrompe o garoto da voz grave que penso que é Alby.

— Ta bom Alby. Vocês duas, uma coisa antes de eu ir, amanhã o Passeio de vocês será com o Minho, relaxem ele só fala besteira, não vai tentar nada. E não tentem nada enquanto eu não estiver olhando.

Newt fala isso se vira lentamente e sai caminhado tranquilamente em direção a uma espécie de casa. A multidão que estava se formando se espalha novamente, exceto por um garotinho baixinho e fofucho que nos olha curioso.

— Oi, eu sou o Chuck!