Hollow's Brotherhood M.C. escrita por Will Snork


Capítulo 2
Capítulo 2 - Hollow's Brotherhood


Notas iniciais do capítulo

Capítulo não revisado.



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Enfim a quinta-feira chegou, eu voltava do trabalho, e pensava seriamente se iria ou não até a sede do clube. Mas as coisas não estavam favorecendo minha ida até lá. Minha sogra pediu que eu cuidasse do Tommy, pois ela precisava fazer algumas coisas, e além do fato de que nesta quinta-feira era seu aniversário, e ele estaria completando sete anos. E como um péssimo pai que sou, havia esquecido e não comprado presente algum.
                Eu estava ao meio de um transito desgraçado, os carros não andavam e minha paciência estava começando a se esgotar, então ao meio dos carros, algumas motos começaram a passar livremente, e ao mesmo tempo em que isso me deixou frustrado me deu inveja, pois chegariam aos seus destinos muito mais rápido do que eu; e isso me deixou com uma sensação de que eu estava preso, e o que realmente era verdade, pois eu estava preso ao trânsito.
                Tommy estava ao banco de trás do carro, era facilmente visível em seu rosto que ele estava irritado, pois seu aniversário estava sendo uma verdadeira merda.

— Você está bem filho? – perguntei.

Ele não respondeu.

— Eu sei que você está irritado por eu ter esquecido seu aniversário, mas eu posso fazer algo para te compensar, é só dizer.

Ele continuou em silêncio.

— Tommy, me desculpe.

— A mamãe não teria esquecido. – ele disse, e isso foi como um soco em meu rosto.

Após isso, novamente outras motos passaram ao meio do corredor de carros, motos grandes e barulhentas, e nesse momento percebi que Tommy observava elas, como se achasse aquilo a coisa mais incrível do mundo.

— Gosta de motos filho? – eu perguntei.

— Sim, eu acho legal. – ele respondeu com um tom de voz baixo, mostrando que ainda estava triste.

— E porque não? – eu disse a mim mesmo. – Filho, o que acha de ver essas motos de perto?

Ele abriu um sorriso. – Sério? Eu ia achar o máximo! – ele respondeu.

Finalmente o transito começou a andar, e ao invés de ir para casa, dobrei na rua que se dirigia até a Sede dos Hollow’s.
                Pouco antes de chegar, percebi que várias motos estavam estacionando em frente ao local, e várias já estavam paradas ali. Enquanto me aproximava, meu filho olhava admirado pela janela o grande número de motos customizadas e com pinturas diferentes.

Encontrei uma vaga próximo ao portão do local, mas quando eu estava estacionando o carro, um rapaz coletado veio até mim.

— Hei velho. – disse ele um pouco sério. – Aqui é só para motos e trikes, carros não podem parar aqui em frente, se quiser estacionar para o evento é ali na outra rua.

— Certo, desculpe. – eu disse a ele, e então retirei o carro e coloquei na rua ao lado, onde haviam alguns carros já estacionados.

Seguimos até a frente do local, muitos dos homens ao ver-me, me olharam de cima a baixo, como se eu fosse um verdadeiro forasteiro, e estivesse em um lugar que não deveria estar. Meu filho nem percebeu isso, pois continuava olhando admirado paras as motos e apontando com o dedo para às que achava mais interessantes. Logo em cima do portão de grades percebi que havia uma placa grande de madeira esculpida que dizia “SEDE Hollow’s M.C. – Seja bem-vindo, mas não se sinta em casa.”.

Eu estava um pouco intimidado pelo local, pelo fato de realmente TODOS me olharem como se eu não fosse bem vindo, o som não era tão alto e tocava clássicos do rock, o local era um campo aberto com o chão feito de concreto, vários desenhos pelas paredes do escudo do clube, e várias motos dentro do local também.
                Ao entrar eu procurava por James, mas estava realmente difícil de encontrar alguém ao meio de tantas pessoas com coletes. Percebi também que não eram apenas coletes dos Hollow’s, mas vários outros clubes com nomes e escudos diferentes. Porém ao meio, eu encontrei um homem que usava um escudo dos Hollow’s, igual ao que James e os outros usavam, e assim fui até ele para perguntar.

— Com licença. – eu disse a ele um pouco sem jeito ainda. Estou procurando o James.

O homem se virou para mim, ele um pouco menor do que eu, careca e sem tatuagens.

— E o que você quer com o Presidente?

— Eu preciso falar com ele. – respondi.

— Falar o que? Quem é você? – ele respondeu rudemente.

— Kalo. – disse Fishe, que apareceu ao meio de nós. – Esse ai é convidado do James.

Ao dizer isso, ele mudou o rosto totalmente e estendeu a mão para mim. – Então você é o Bonnie. – disse ele com um sorriso.

— Venha comigo. – disse Fishe. – Trouxe seu filho com você?

— Não Fishe, ele achou essa criança na rua e trouxe para cá para ver se alguém adota. – disse Kalo. – Claro que é o filho dele.

Ele me levou para dentro de uma casa, havia muitas pessoas dentro do local, bebiam, conversavam e riam. Logo ao lado vi que havia alguns fliperamas onde algumas crianças jogavam, e Tommy se interessou muito.

— Se quiser deixar seu filho ir até os fliperamas, será até melhor. – disse Fishe, e Tommy nem questionou e correu até para se juntar as outras crianças.

Passamos por uma mesa de sinuca e o bar do local, até entrarmos em uma sala vazia, onde sentado em uma mesa estava James. A mesa era grande e de madeira, porém ao centro havia um vidro com o escudo esculpido. Junto a James havia outro homem, loiro de cabelos curtos e um cavanhaque, que demonstrava uma expressão de preocupação em seu rosto.

— Bonnie! Que bom que você veio. – disse James sorrindo para mim, interrompendo o que conversava com o homem.

— Essa é o rapaz então? – disse ele.

—Sim. – respondeu James. – Bonnie, este é Seco, nosso Diretor Disciplinar, e meu braço direito.

— É um prazer. – eu disse a ele, estendendo a mão.

— Certo, então vamos direto ao assunto. – disse James. – Você sabe qual o motivo de eu ter lhe chamado até aqui hoje?

— Eu imagino que seja para fazer parte do clube. – eu respondi.

— Sim, mas não é simplesmente isso. – disse ele. – Ser do clube não é apenas vestir o colete e sair por ai. Temos regras que devem ser seguidas, obrigações para serem cumpridas e uma hierarquia que deve ser respeitada.
                Eu vi muito potencial em você, pois te conheço há muitos anos, e quando descobri que sua mulher havia partido dessa, eu imaginei que estivesse precisando de pessoas com você, que estivesse se sentindo vazio.

Mantive-me em silêncio, parecia que James estava me observando, pois ele sabia exatamente como eu me sentia.

— Você tem toda razão. – eu respondi. – Depois que Susane partiu, eu me senti oco, vazio, sozinho. Eu precisava de algo para me apoiar, mas ninguém estava comigo, nem mesmo meu filho, que me culpa pela morte dela.

— Ele te culpa? – perguntou James.

— Sim. Eu mesmo me culpo na verdade. Foi em um acidente de carro, estávamos voltando de uma festa na casa de uns amigos, eu havia bebido um pouco, mas o suficiente para me distrair na hora em que não deveria. Tudo que me lembro é de acordar no hospital com poucas feridas, mas Susane, ela não teve a mesma sorte que eu.

— Eu sinto muito. – disse Seco, que estava apenas escutando até o momento.

James então se levantou e colocou a mão e meu ombro.

— Você, Bonnie. – disse ele olhando em meus olhos. – Quer se unir a nossa família?

— Seria uma honra! – eu respondi.

— Primeiro de tudo! – disse Seco ao meio. – Você tem uma moto?

— Bom... – eu respondi. – Ainda não.

— Então vá arrumar uma. – disse ele. – E volte aqui com um colete liso.

— O Sr.Disciplina falou então está falado. – disse James sorrindo.

James então me disse para encontrar com alguém que me ajudaria com essas duas coisas. Deu-me um endereço e então sai da sala, já estava ficando tarde e precisava levar Tommy para casa antes que eu tivesse problemas sérios com sua avó, que já não gostava que o garoto ficasse muito em minha casa, imagine se ela descobrisse que o levei até uma sede de Moto Clube. Porém ele não estava mais nos fliperamas. Comecei a procurá-lo pelo local, até mesmo comecei a me desesperar e pensar mil coisas. Até que finalmente o encontrei. Ele estava em cima de uma moto, fingindo que a pilotava, usando um capacete maior que a cabeça, enquanto ao seu lado um homem com uma barba um pouco grande e usando uma touca, ria ao seu lado.

— Tommy! – eu gritei e fui até ele. – Eu disse para você ficar nos fliperamas, eu procurei você por toda parte.

— Desculpa pai. – disse ele. – Mas é que o “Tio” me deixou subir na moto dele.

Olhei então para o homem, e percebi que ele também era dos Hollow’s.

— Me desculpe se ele te incomodou. – eu disse ao homem.

— Está tudo bem. – disse ele. – Eu também tenho um garoto nesta idade. E adoraria muito se ele gostasse de motos também como o seu. Ele ainda será um grande motociclista. – disse ele batendo com a mão na cabeça de Tommy.

— Filho. Temos que ir, antes que sua avó me mate. – eu disse a ele.

— Mas já pai? – disse ele emburrado.

— Sim, mas não se preocupe. Voltaremos da próxima vez.

Levei Tommy para a casa da avó, e em seguida fui até a minha. No dia seguinte eu não conseguia pensar em mais nada, ao entrar no carro tudo que eu mais queria era que ele se transformasse em uma moto. Fui para o trabalho, e ao sair, tentei ir o mais rápido possível até o endereço que James havia me passado. Demorou um pouco para chegar devido ao transito durante a tarde.
                Bati na porta e apertei a campainha, a casa era de madeira com uma cobertura sobre a varanda. E de dentro da casa, saiu o mesmo homem dono da moto que Tommy estava em cima na noite anterior. Fiquei surpreso ao ver que era ele, mas percebi que ele não ficou surpreso comigo.

— Bonnie. – disse ele. – Está atrasado.

— Desculpe. – eu disse um pouco sem jeito. - O transito estava um inferno.

— Espere aqui fora, vou pegar minha jaqueta e o colete.

Ao voltar, eu comecei a observar os Patchs bordados que ele carregava. Consistia em um escudo do clube pequeno com apenas o brasão do meio, sem as faixas em cima, isso ao lado esquerdo em cima do coração, e do outro lado, havia apenas o número 01.

— Está procurando meu nome? – disse ele.

— Não, eu apenas estava observando.

— Ah, entendo.

Ele subiu na moto, e então eu o segui de carro, o sol ainda estava alto, ele me levou até um grande barracão, que ficava a poucas quadras da Sede do clube, desci do carro e me juntei a ele.

— Vou encontrar minha moto aqui? – perguntei olhando em volta, o local parecia um ferro velho, várias peças de motos e carros enferrujadas aos cantos.

— Sim. – disse ele. – Temos uma moto especialmente para você aqui. – Ele apertou uma campainha, e após isso um homem veio abrir o portão. Ele era magro, com um cabelo até o ombro amarrado, e seu rosto estava todo sujo de graxa.

— Bode. – disse ele. – Você não vendeu aquela moto, não é?

— Não. – disse ele. - Ela está aqui ainda.

Caminhei ao meio de peças de carros e motos jogadas aos cantos, o loca realmente era um ferro velho, então comecei a imaginar que tipo de moto eles haviam separado para mim, ou se talvez aquilo fosse algum tipo de piada por eu ser um novato.
                Chegamos a um local aberto, onde havia algo coberto por uma lona preta, então Bode retirou a lona, e em baixo dela estava uma moto, ou se é que dava para chamar aquilo de moto.

— Mas que merda é essa? – eu perguntei um pouco frustrado.

— Acalme-se, ela só precisa de alguns reparos. – disse Bode, enquanto o homem que me levou até lá ria.

— Isso não vale meu carro! – eu respondi.

— Meu amigo. – disse o homem um pouco sério. – Essa é uma Harley Davidson Fatboy, ela vale muito mais que seu carro velho. Arrumamos um bom negócio para você, nós temos as peças para arrumar ela, e também temos o mecânico. Falta só você querer.

Fiquei em silêncio.

— É, novato. – disse o Bode. – Bem vindo à família.

— Você também é membro do clube? – perguntei.

Então ele esticou a regata que usava, e mostrou que em suas costas havia um pequeno escudo do clube tatuado próximo ao ombro direito, e ao lado havia um número 12, próximo à outra tatuagem de um crânio de Bode.

Montei em cima da moto, ela estava bem empoeirada.

 - Como se sente? – perguntou Bode.

— Bem... É difícil dizer. – respondi um pouco sem jeito, pois a moto realmente parecia uma lata velha, mas eu não poderia voltar atrás com o negócio, pois isso ficaria feio para minha imagem com o clube.

— Então ligue ela e sinta. – disse Bode.

Eu tentei ligar uma vez, e nada, novamente, e nada, porém na terceira vez ela ligou, e o que eu senti foi indescritível.
                A moto batia como um coração vivo, ao acelerar, ela gritava como se estivesse desesperada para rasgar a estrada, ela parecia um touro indomável, meu coração começou a bater junto com ao dela, foi como um amor à primeira vista. Todo o sentimento ruim que eu estava sentindo antes desapareceu, e naquele momento eu sorri como uma criança, tudo que eu queria era acelerar, matar a sua sede de estrada que ela tanto me pedia.

— Criança mija na cama com um brinquedo desse. Não é Will? – disse Bode rindo para o homem, que neste momento descobri o nome.

— Cara, eu estou sem palavras. – eu disse a ele.

— Certo. – disse Will. – Va dar uma volta com ela.

Acelerei a moto e ela gritou, comecei a andar devagar, e ela pedia mais e mais para que eu atendesse seu desejo de estrada. Arranquei, comecei a andar em volta do ferro velho, eu comecei a sentir pela primeira vez o que é pilotar um cavalo de aço, eu senti como se asas estivesses prestes a se abrir, e que os limites do horizonte poderiam ser tocados, porém em uma curva, a moto derrapou na terra e cai, ralei alguns metros para frente junto com a moto que eu não conseguia largar por nada.
                Os dois correram até mim e me ajudaram a levantar a moto, que por sinal era extremamente pesada, coisa que eu ainda não havia percebido.

— Eu disse que criança se mija inteira com essa maquina? – disse Bode rindo de mim.

Ao me levantar, percebi que minha calça estava rasgada e que havia aberto uma enorme ferida no joelho, e meu braço estava todo ralado.

— Você está bem. – perguntou Will.

— Estou ótimo! – eu disse, olhando a moto para ver se estava tudo no lugar. Eu mal estava preocupado comigo, tudo que queria saber era se a moto estava inteira.

— Primeira queda. – disse Will com um sorriso. – Agora você é um motociclista de verdade!

Bode disse que era para voltar no outro dia no mesmo horário, que o mecânico do clube iria até lá e arrumaria a moto para mim, e eu iria sair com ela de lá nova em folha.

No dia seguinte, eu sai do trabalho correndo, dessa vez como estava sem o carro e utilizava uma bicicleta velha, no trabalho perguntavam o que havia acontecido com meu carro, e eu apenas respondia        “fiz um bom negócio”.
                Eu estava realmente desacostumado a andar com uma “magrela”, em apenas duas quadras meu folego já estava esgotado, e ainda faltavam muitas até chegar ao ferro velho. Eu sentia os músculos da perna latejarem, mas eu não parava por nada.

Cheguei ao ferro velho no fim da tarde, o sol já estava começando a descer ao horizonte em tons amarelados, minha camisa estava toda suada e eu mal tinha folego. Encostei a maldita bicicleta ao lado, e entrei no ferro velho, que ao primeiro momento parecia vazio, estava bem escuro, comecei até mesmo a achar que ninguém havia mexido na moto. Aproximei-me do barracão, e percebi que havia uma luz acesa, então corri até lá para observar.

A moto estava limpa, o tanque estava polido e o tom de preto agora era bem visível, porém ela estava com algumas peças ainda jogadas ao chão, o que mostrava que o trabalho ainda não estava completo. Me aproximei dela para observar, e então uma voz surgiu atrás de mim.

— Não mexa em nada, cara.

Eu me virei, e percebi que era um garoto jovem, aparentando ser menor de idade ainda.

— Olá. – eu disse a ele. – Eu sou o dono da moto. Eu vim ver como ela está.

— Se já olhou pode sair, pois ainda tem trabalho a ser feito. – disse ele um pouco rude se dirigindo até a moto e agachando perto dela.

— Eu queria falar com o mecânico do clube, para saber se ela está boa.

Ao dizer isso, o garoto jogou as chaves que segurava  e se levantou.

— Você tá zombando da minha cara? – disse ele. – Eu sou a porra do mecânico.

— Isso é sério? – eu disse um pouco surpreso.

Então ele pegou uma das chaves de roda e a ergueu contra mim, ele realmente queria jogar ela na minha cabeça, porém ele foi impedido por Will, que entrou nesse exato momento no barracão.

— Acalme-se Ted. – disse ele, pegando a chave de suas mãos.

— Esse garoto ia atacar a chave em mim mesmo? – eu disse indignado.

— Quem você está chamando de garoto seu babaca? Quer que eu destrua essa porcaria de moto?

— Acalme-se Ted. – repetiu Will. – E Bonnie, eu pararia de irritá-lo se fosse você, pois ele é o mecânico do clube, e eu não duvidaria nada se ele sabotasse sua moto para você sofrer um “acidente”.

— Desculpe. – eu disse. – Eu não sabia. Peço desculpas, de verdade.

O garoto então se virou ainda com a cara amarrada, mas respondeu: - Tranquilo.

Então Will me chamou para ir até outro lugar, pois Ted não gostava que pessoas ficassem ao seu redor enquanto ele trabalhava. Ele me levou até uma espécie de sala, havia alguns sofás velhos e remendados ao meio do local, com uma pequena mesa empoeirada ao meio. Ele foi até o canto onde havia uma geladeira e de lá trouxe umas cervejas.

— Que garoto louco. – eu disse a ele abrindo minha cerveja.

— O Ted é um pouco temperamental. – ele respondeu. – Mas é um garoto que vale ouro.

— Ele é realmente o mecânico do clube? – eu perguntei para ter certeza.

— Sim. – ele respondeu. – Pode parecer piada, mas o garoto entende absolutamente tudo de motos, ele é nosso prodígio, e, aliás, ele é do clube sabia?

— Mesmo sendo menor de idade?

— Sim. Ele ainda não usa os brasões e nem um número, porém quando ele for maior de idade, já terá mais tempo que muitos dos outros, afinal ele já está conosco desde os seus 15 anos.

— E que idade ele tem agora?

— Acho que 17. – disse ele. – Parece que foi ontem que adotamos a criança.

— Adotaram? – eu perguntei.

— Pois é. Não é atoa que ele tem um temperamento forte, ele passou por algumas dificuldades, seu pai era violento, batia sempre nele e sua mãe, até que ele não aguentou mais e acertou a cabeça do velho com uma marreta, o pai quase morreu e depois disso o expulsou de casa. Então o garoto começou a se desvirtuar, mexer com drogas e roubos, acabou sendo preso e foi para a casa de menores. Então nós demos um jeito, e agora ele está aqui conosco.

— Vocês que o ensinaram a mexer em motos?

—Não, ele já sabia de tudo isso. Seu passa tampo era montar “mobiletes” e sair andando por ai, antes mesmo de encontrarmos ele.

Conversamos por algum tempo, a história de Ted e como o clube o encontrou era realmente interessante. Meu conceito sobre o garoto mudou totalmente, tudo que ele tinha agora era o clube, era realmente a sua família e sua casa, e eu estava prestes a fazer parte dela.
                Depois de algum tempo, Ted apareceu na sala onde estávamos limpando suas mãos com um pano.

— Está pronta. – disse ele.

Fui olhar como estava minha moto, e realmente o garoto tinha feito um ótimo trabalho nela. Ela estava limpa, peças novas; e ele se deu ao trabalho de colar um adesivo do clube em sua lateral.

— Está... Perfeita! – eu disse ao Ted. – Meu obrigado mesmo. Quanto eu lhe devo?

— Você diz em dinheiro? – ele perguntou.

— Sim.

— Não me deve nada. – ele respondeu ainda limpando as mãos. – O clube é minha família, então o mínimo que posso fazer é contribuir com os irmãos. Mas aprenda isso, aqui uma mão lava a outra, uma hora você que terá que fazer algo por mim.

Levei a moto até a frente do ferro velho, e então a liguei. Que saudade imensa que eu já estava de ouvir o seu motor funcionando. Fui junto com Will até sua casa, que era o mesmo caminho que a minha, e lá nos despedimos.

— Já escolheu o nome para ela? – disse Will me cumprimentando antes de ir embora.

— Nome? – eu perguntei.

— Sim. É uma tradição do clube cada moto ter um nome, a minha, por exemplo, chama-se Asenur. Dar um nome para a moto faz você ficar ainda mais intimo com ela. – disse ele.

Despedi-me dele e segui caminho até minha casa, eu me sentia livre com a moto, e além de tudo me sentia feliz, completo, como nas épocas em que Susane estava viva e ao meu lado.

— Susane, esse será o seu nome. – eu pensei comigo mesmo.


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