Hollow's Brotherhood M.C. escrita por Will Snork


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Vazio


Notas iniciais do capítulo

Capítulo não revisado.



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Geralmente livros começam com palavras descrevendo o lugar, a data, horário ou o tempo, porém não começarei desta forma; é apenas uma questão de ideologia, não vou descrever de onde somos. Imagine o lugar que quiser.
                 Começarei falando sobre a “razão de viver”. Quem nunca se perguntou qual é a razão da vida, ou tentou buscar dentro de si mesmo, em algum lugar, algo ou alguma razão, geralmente em trabalho, ou alguém que você realmente ama acima de tudo; eu espero realmente que você já tenha parado para pensar nisso algum dia em sua vida – ou eu serei o único idiota que talvez tenha um cérebro.

No motociclismo podemos encontrar diversas coisas diferentes, diversas essências e gostos, pessoas boas e pessoas ruins. Os ideais variam desde querer se mostrar por usar um colete de couro com um brasão nas costas, há simplesmente ligar sua moto e ouvir o som do motor rasgando longas estradas para lugares inimagináveis, com pessoas que estarão ao seu lado, as quais você possa chamar de irmãos. Eu posso dizer que até eu entrar no clube que mudou a minha trajetória de vida, eu pouco conhecia sobre o mundo dos Moto Clube’s, e não imaginava como minha vida era vaga, sem propósitos concretos. Todos nós temos propósitos em nossas vidas; queremos um dia casar com uma linda mulher, ter um filho ou dois, comprar um automóvel, ter uma casa própria, e simplesmente viver da forma mais simples e pacata que existe. Eu posso dizer que eu já havia alcançado quase todos esses objetivos comuns, porém sempre senti dentro de mim que faltava algo, que eu precisava viver, precisava sentir honra. E a honra é o que da vida a todos os homens.

Todo homem busca algo dentro de si para levar a vida toda, muitos procuram honra ou pelo menos algo parecido com isso; não sei o que me levou a fazer este livro, talvez por insistência de James, que vivia dizendo que eu levava jeito para a coisa; ou talvez para simplesmente registrar nossa história. Quem somos nós? Porque estamos aqui? – Eu encontrei essas respostas junto aos meus irmãos; não aqueles de sangue, mas aqueles de união.

                E porque escolhi começar questionando a razão de viver? – Pelo motivo de que; nesse dia eu estava perdendo a minha. Agora começarei descrevendo o que me lembro, como um livro de verdade.

Já era tarde, o sol descia e só restava eu e meu filho de apenas quatro anos de idade ao meu lado, e em nossa frente um túmulo.

“Descanse em paz, Susane Sullivan.” É o que estava escrito na lápide. Meus olhos inchados depois de muitas lágrimas derramadas, escondidos por detrás de óculos escuros. Meu filho continuava abraçado em minha perna, e apenas dizia: – Quero ir para casa.

Sonhos perdidos e estraçalhados pelo destino, a dor da solidão é intensa e o destino é cruel, palavra nenhuma descreveria minha dor, palavra nenhuma se encaixaria para responder ao meu filho quando ele dizia que a culpa era minha.
                O destino foi cruel comigo, ele pisou em cima de meus planos, que eram simples; casar, dar um lar para meu filho, ter um trabalho digno; coisas normais, coisas simples, coisas que lhe tornam um simples e digno cidadão de merda.

Eu estava totalmente desmotivado a continuar uma vida, meus planos haviam sido destruídos. Após isso, meu filho passou a morar com a mãe de minha ex-mulher, e assim alguns meses começaram a vir e ir, meu trabalho me sufocava, eu já não aguentava mais olhar todos os dias para a cara de merda do meu chefe, o trânsito todos os dias até minha casa era infernal, e tudo que eu queria era encontrar uma razão para continuar com tudo isso.
                Eu continuei com meu infeliz trabalho e levava Tommy, meu filho, todos os dias de manhã para a casa de sua avó, que ficava em outra cidade. A vida precisava continuar, não é verdade?
                Todas as noites eu tinha um sério problema com o sono, mal dormia, devido a um vazio monstruoso que havia crescido dentro de mim. Meu filho com certeza completava grande parte deste vazio; mas não era só isso, eu precisava de algo ha mais. E o dia em que as coisas estavam prestes a mudar estava mais próximo do que eu imaginava.

Nesta noite chovia muito, relâmpagos cortavam o céu, e eu estava deitado no sofá, esticado como uma lombriga de ponta a ponta e com um cigarro que nem mesmo estava aceso em minha boca. Eu havia chegado do meu infeliz trabalho há algumas horas e tudo que eu queria era sentar meu traseiro no sofá e ficar ali por pelo menos a noite toda, pensando o quanto minha vida era infeliz e que eu estava somente desperdiçando ela, enquanto os dias passavam e minha barriga aumentava de tamanho.
                Enquanto isso, na Tv, eu assistia o jornal local, onde falava sobre o aumento da criminalidade no bairro, assaltos e assassinatos estavam cada vez mais constantes; porém o sono estava me pegando e meus olhos quase se fechavam, quando escutei um barulho em frente minha casa, roncos de motores para ser mais exato. Levantei minha bunda e fui até a janela ver o que podia ser, e descobri que se se tratava de três motos.

Mesmo com uma chuva forte, três homens desceram de suas motos e um deles me chamou pelo nome. No começo eu não entendi porque três homens pararam suas motos em frente minha casa. Eles perceberam que eu olhava pela janela, então um deles, um homem loiro com o cabelo por de trás da orelha, novamente me chamou, mas dessa vez por um antigo nome, que não me chamavam há muito tempo.

— Sou eu, Bonnie. – disse James Eagle.

Fui até a porta da frente, e pedi para que os três entrassem. Eles usavam coletes de couro, e em suas costas estava estampado um brasão de um clube de motociclistas.

— James. – eu disse ao mesmo que havia me chamado de Bonnie. – Já faz um bom tempo.

James Eagle era um antigo colega do tempo do colegial, ele era conhecido por ser um dos durões, e vivia se metendo em brigas por pequenos motivos, e é claro, eu estava no meio de quase todas ao seu lado. Uma época boa, onde tínhamos um grande número de pessoas que andavam conosco, quase uma “gangue” de colégio, que matava aula para beber e arrumar confusão na rua.

— Fiquei sabendo do ocorrido com sua esposa, eu sinto muito. – disse ele.

— Não se preocupe com isso. – respondi a ele, em seguida arrumei algumas toalhas para se secarem. – Querem entrar? Eu tenho umas cervejas na geladeira.

— Cervejas? Seria ótimo eu estou morrendo de sede. – disse um dos que estava com James, ele era um pouco moreno, e exibia uma tatuagem de um corvo em cima de uma caveira em seu braço esquerdo, e no peito estava escrito “Freedom”. – Ao dizer isso James chamou sua atenção.

— Seja educado, você não está em sua casa. Então, Bonnie, esse é Fishe, um dos membros do Clube, e este aqui é o Zed. – disse ele apontando para o homem que estava logo atrás.

Zed era muito maior que James e Fishe, ele tinha cabelos longos e uma grande barba ruiva, seu rosto permanecia sério desde o momento que chegou. Ele me estendeu a mão, e eu a apertei. Em seu braço percebi que havia uma tatuagem de um dragão que se enrolava do seu pulso até o ombro.

Entramos e eles se sentaram a mesa, enquanto abria a geladeira e pegava quatro cervejas. Ao retornar, percebi que Fishe já estava sentado e mexia em um vaso sob a mesa.

— Como andam as coisas, James? – perguntei.

— Vão bem, algumas viagens para lá e para cá. – respondeu ele abrindo a lata e dando um bom gole. – Mas na verdade, eu vim aqui mesmo para saber de você, como estão as coisas após a morte de Susane? Que Deus a tenha. – disse ele complementando.

— Sinceramente James, de mal a pior. Eu só trabalho e trabalho, meu filho passa a maior parte do tempo na casa da avó, já faz alguns dias que ele está dormindo lá. Ela não acha saudável ele passar a maior parte do tempo com seu pai alcoólatra em uma casa que fede a cigarros. Eu sinto falta dos tempos do colégio, dos amigos, das brigas. – um sorriso vago aparece em meu rosto. – Acontece que não me sinto mais vivo, está tudo sem emoções, eu me sinto...

— Vazio? – concluiu James. – Oco por dentro?

— Isso, exatamente isso. – respondi, e percebi que Zed soltou uma pequena risada.

— Bonnie, talvez eu possa ajudá-lo, se quiser.

— Como? – perguntei com um pouco de brilho no olhar.

— Você já ouviu falar sobre motociclismo certo?

— Com certeza. – respondi.

— Parece algo simples, mas não somos apenas um bando de bêbados que viajam por ai aterrorizando os outros. – disse ele rindo. – Vai muito além disso, desde o começo, quando os primeiros clubes de motos apareceram com os antigos veteranos de guerra, eles sentiam nisso, um “algo a mais”, pois eles não se encaixavam mais na sociedade normal, e precisavam de algo para preencher o vazio que a guerra deixou em seus peitos. A amizade, a união, que eles encontravam apenas no exército, eles encontraram no motociclismo. – ele concluiu bebendo a cerveja. - O fato é que, nosso Clube está aberto. E estamos procurando boas pessoas para levantarem essa idéia conosco.

— Um Moto Clube? Isso melhoraria minha auto-estima?

— Você pode não entender agora. – disse James. – Mas um Clube vai muito além de uma moto e um colete. Ele é baseado na irmandade, na comunhão com os irmãos. É movido pela união e pela honra. Uma idéia simples, que te dará asas, te dará um motivo para querer ser livre. É por isso que somos os “Hollow’s”, pois somos vazios e ocos por dentro, e o que nos preenche é a nossa liberdade e nossa vontade de defender algo e uns aos outros.

Eu percebi que o que James dizia era de extrema importância para ele. Que o Clube era algo que ele estaria disposto a defender com a própria vida. Mas seria isso mesmo que eu gostaria de levar como a minha motivação?

— Eu vou pensar no assunto James. Eu não sei se tenho tempo para ser de um clube.

— Eu entendo Bonnie. – ele respondeu. – Pense melhor, e visite nossa Sede. Ela fica aberta para os civis todas as quintas-feiras. – em seguida se levantou da mesa e chamou os outros que rapidamente terminaram as cervejas e deixaram as garrafas ao lado para se juntar ao lado de James. – Agradeço as cervejas, e pense bem nisso. – concluiu me dando um abraço.

A última visão que tive dos três aquele dia, foi de seus escudos, que representavam uma caveira e um corvo com asas abertas. Fechei a porta, juntei as garrafas vazias e após isso voltei ao meu sofá. Acendi um cigarro, e comecei a pensar em que moto eu poderia ter em troca de meu carro.


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