PARADISE - Crônicas de um mundo perfeito escrita por Lourenço O Jhonatan


Capítulo 8
Capítulo 8 - A Cidade Dos Anjos Caídos


Notas iniciais do capítulo

As coisas não aconteceram, nem um pouco, como Azazel imaginava.

Depois do fatídico fim do capitulo capítulo 7 finalmente chegamos a metade do primeiro arco(A expectativa é que sejam 3).

Como será que Samyaza viverá a partir de agora?



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Depois da queda de Azazel, as coisas na cidade dos anjos começaram a mudar.

O anjo que permanecia na sala de espera junto de Azazel, após presenciar de perto toda aquela fuga insana, fugiu do palácio real assustado. Tendo sua ida ao Paraíso, por hora, interrompida, voltou à cidade e não se conteve em espalhar tudo o que havia visto aos outros anjos. Todos os estranhos movimentos, toda a destruição, toda a loucura... Contou tudo que presenciou, detalhe por detalhe, para seus amigos, pouco antes de retornar ao palácio e seguir novamente ao Paraíso. Sem volta desta vez. Ele, Para alívio de Samael, não havia visto a sala com seu segredo.

Graças a este anjo, com o tempo, os métodos usados por Azazel em sua fuga começaram a se espalhar por toda a cidade dos anjos. Como um vírus. E os anjos, pouco a pouco, começaram a tentar imitar seus curiosos movimentos.

É claro, também houveram os anjos que por estarem ligadas à um traidor rejeitaram essas praticas com todas as forças. Porém nada podia ser feito. Toda a confusão criada por Azazel já havia impactado, irreversivelmente, em toda a sociedade dos anjos. A corrupção que residia no fundo do coração de cada um dos seres desta raça, começava a desabrochar.

Um ciclo após aquele fatídico momento, Samyaza permanecia lamentando em sua casa, enquanto encarava, com desanimo a pouca carne que restava em seu prato.

Samael o visitou, fingiu consolo e o liberou do trabalho por um tempo. Mencionou também a chegada de um novo anjo que seria colocado para viver com ele a partir de agora. Seria colocado para substituir Azazel. Como se isso fosse resolver algo.

Kesabel, que não o encontrava por bastante tempo, também surgiu para consola-lo. Mas conversar com Samyaza era como conversar com uma parede. Não esboçava uma reação a não ser continuar a comer com o olhar vazio digno de um humano.

Também, não poderia haver outra forma de reação. Vivera com Azazel a maior parte de sua vida. Por mais que provavelmente não tivessem o mesmo sangue, Eles eram os anjos que mais se aproximavam do real conceito de irmãos.

Mal conseguiu dormir sabendo que nunca mais voltaria a ver Azazel. E tudo porquê não foi forte o suficiente para notar que havia algo de errado com ele. Tudo porquê não foi forte o suficiente para impedi-lo.

TUDO PORQUÊ NÃO FOI FORTE O SUFICIENTE PARA PARAR SAMAEL.

Não era como se ele não quisesse salvar Azazel. Não era como se ele não quisesse impedir Samael. Não. Ele desejava agir.

Mas diante da ordem do inigualável líder dos anjos, o que ele poderia fazer?

Não fez nada por medo. Ele, assim como a maior parte dos anjos, era um grande covarde. Sempre vivendo em sua zona de conforto, sem precisar correr riscos. Sem precisar lutar pelo que tem.

Esse sentimento de impotência, esse sentimento de fraqueza, o atormentava o tempo todo. Mais que qualquer coisa. Não conseguia acreditar que nunca mais veria seu irmão.

No fundo, queria ser forte, ou idiota o suficiente, para agir como seu irmão, ir contra o senso comum. Mas não conseguia.

Só restava a ele, a eterna lamentação.

***

A escuridão tomava conta do céu com o tocar do terceiro alarme. E no momento em que todos os anjos do céu deveriam estar dormindo, Samael saía do palácio real caminhando à passos lentos. Ia em direção à casa do anjo marcador. Ia acertar as coisas.

Já sabia que Kasyade fazia as marcação falsas, se recompensado, Azazel não era o primeiro a ir ao Paraíso assim afinal. Mas como esse tipo de coisa era rara e nunca alcançava tais proporções, Samael sempre o ignorou.

— Huh...? — O líder dos anjos finalmente chegava à porta da casa do anjo marcador. — a porta esta trancada, e a casa parece estar vazia... Será que ele saiu?

Bom, as coisas são diferentes agora.

Por mais que doa em seu coração ter que acabar com a vida de um anjo tão útil, Era impossível ignorar Kasyade desta vez, já que planejava ao máximo evitar que outra confusão como aquela ocorresse novamente.

— Anjo marcador! — Tentava chama-lo, a fim de saber se estava lá dentro. — Anjo marcador!

— Bom... Não é como se ele fosse responder...

Num rápido movimento o anjo de asas negras destroçou a porta e entrou como se nada tivesse acontecido.

— Eu sei que você está aí! — Gritou enquanto andava lentamente em direção a um dos quartos. O único que permanecia com a porta fechada. — Você é péssimo em se esconder... Ouvi sua respiração de longe! Agora abra essa porta... Os organizadores tem muito trabalho para consertar essas coisas quando quebram!

Ele realmente estava lá. Além de covarde, não era muito inteligente...

— Samael...!? — A voz chorosa de Kasyade ecoou de dentro do quarto — Me perdoe...!! P-por... Por favor!! E-ele-- Ele me obrigou!!!

— O anjo marcador suplicou — N-não me... Não me jogue no Éden...!! Não me rebaixe à humano!!! P-por favor...! Por favor!!!

— Tudo bem, tudo bem... Eu não vou te enviar ao Éden. Sério. — Samael adotou uma provavelmente falsa voz calma. — Só vim aqui para conversar com você.

Essas poucas palavras bastaram para fazer Kasyade abrir a porta do quarto, onde permanecia ajoelhado ao chão. Isso só fez com que Samael sentisse ainda mais nojo daquele anjo.

— M-m-me perdoe!!

— Levante-se... — O líder dos anjos ordenou agora com sua voz imponente, e ele acatou.

— Afinal... — Samael sentou-se em uma das cadeiras da sala enquanto observava Kasyade de pé. Ainda permanecia um pouco assustado. — O que levou você à ajudar Azazel...?

— Eu, eu... Eu já disse, ele me... — Kasyade engoliu em seco — Ele me ofereceu sua carne de bebê...! Eu... Eu não consegui recusar... Por favor...

— Como? — Refutou. — Já se passaram muitos ciclos desde a ultima distribuição.

— Ele a guardou... Pelo que parece... — Kasyade engolia o choro.

— Hmm... — Samael, por sua vez, parecia um pouco pensativo.

— E-eu... Eu-- Me perdoe...

"Será que ele planejava isto desde aquela época...?" Pensou. — Bom, de qualquer forma não é sobre isso que eu vim aqui falar com você. O problema de Azazel já esta resolvido afinal... Já quanto a sua situação...

— ...?

— Chegue mais perto... — Ordenou o líder dos anjos.

— Vou te contar uma coisa... — Sussurrou para Kasyade. — Sabe aqueles humanos que vocês tanto odeiam...? Pra mim vocês são tão patéticos quanto eles.

— Huh...?! — se jogou no chão e se arrastou para longe dele sem acreditar no que ouvira.

— Eu havia dito que não te jogaria ao Éden não é? — Se aproximava cada vez mais de Kasyade que permanecia se arrastando pra longe. — Não... Eu realmente não vou fazer isso...

— S-S-Samael...?!

— Não... Vou fazer algo pior...

— Não... Não, não, não! Não, Samael... Me perdoe... Por favor Samael...

"NÃO!!!"

***

Com a iminente chegada de um novo anjo, um emaranhado destes lentamente se formava na porta da sala de reprodução A. E por mais que ainda estivesse mal pela queda de seu irmão, Samyaza havia ido até lá, tentando em vão, voltar ao seu normal cotidiano.

— Este, é o novo anjo que viverá aqui conosco a partir de agora! — Samael, novamente estava à porta da sala de reprodução apresentando o anjo recém chegado.

— Uau! — Alguns anjos conversavam em meio à animada multidão. — Ultimamente tem surgido muitos anjos novos não é? Bem que Samael havia dito!

— Graças a Deus. — Continuou outro. — Já estava começando a ficar preocupado. Só via anjos indo ao Paraíso à todo momento, nenhum novo chegando...

— Eu disse a vocês que Deus ia dar um jeito nisto!

Em meio à toda essa agitação, apenas Samyaza permanecia imóvel e em silêncio. Escutando toda aquela falação.

— Seu nome é Pazuzu, dêem boas vindas a ele! Vai morar na casa de número 7, a partir de agora, junto de Sameoza, — Samael continuou com um falso tom cabisbaixo. — Que infelizmente, perdeu seu irmão ciclos atrás...

Se direcionou para Samyaza que ainda permanecia sem reação no meio da multidão. — Sei que ele era importante pra você... Também era importante para nós... Era um reprodutor afinal... Mas você precisa esquecer ele agora.

— Como você está liberado do trabalho por um tempo acho que não terá problemas em mostrar o lugar a ele e explicar sobre as nossas regras, não é?... Não é...?

Sem resposta.

— Pazuzu! — Samael Virou-se para o novo anjo. — Este aqui é Sameoza, ele vai te mostrar como as coisas funcionam aqui. Espero que vocês possam se dar bem.

Samael já se preparava para ir embora com sua pressa rotineira. Porém enquanto a multidão se aprontava para ir cumprimentar o novo anjo, ele cessou seus movimentos e voltou-se novamente aos anjos:

— A propósito...

— ...?

— ...Se vocês notarem a falta do anjo marcador, saibam que ele foi mandado ao Éden.

— ...???

— Eu descobri que foi ele o responsável pela marcação falsa que ajudou Azazel à entrar no Paraíso.

O silêncio reinou por uns segundos na porta da sala reprodução.

— E então... O que acontece com o seu cargo? — Perguntou um anjo bem ao fundo multidão.

— Sobre isso... Seu cargo está vago. Quem desejar tomar seu lugar como anjo marcador, apenas se pronuncie agora.

Todos silenciaram-se enquanto um outro anjo, após olhar de um lado pro outro, se pronunciou. — Eu! Aqui!

— Mais alguém...? Pelo visto não, — Apontou para o anjo. — Você a partir de agora ficará encarregado da marcação. Acredito que já saiba como tudo funciona, então é só pegar o equipamento na casa do antigo anjo marcador. Adeus.

— E vá logo Someaza. — Se direcionou à ele e ao anjo recém chegado. — No próximo ciclo terá que voltar ao seu trabalho normal.

Junto à a multidão se esvaindo após as boas vindas ao novo anjo, Samyaza permaneceu lá, junto de Pazuzu, sem sequer esboçar uma única reação.

— Uau... Tudo aqui é tão diferente do lugar de onde eu vim! — Animado, anjo recém chegado passava o olho por cada canto do local. — Ei, pelo que me disseram você é meu irmão a partir de agora... Não é? E então Sameoza... Onde vamos ir primeiro, em?

— É Samyaza... — Respondeu pausadamente, deixando visível em seu rosto que ainda não esquecera de seu antigo irmão. — O meu nome... É Samyaza...

Animação dava lugar ao silêncio.

— Huh... Me perdoe...

Pensativo, Samyaza começou a caminhar de volta para casa, ignorando completamente a presença de Pazuzu.

— Ei... E-espere...!


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Notas finais do capítulo

Finalmente estamos chegando no clímax deste primeiro arco.

Quais são as suas espectativas para os próximos capítulos? Samyaza vai conseguir viver normalmente sem o seu irmão? E quanto a Azazel? Teorizem ai. Mas não esperem que as coisas aconteçam como você imagina. muahahaha.

A propósito, alguém gostava do Azazel? Ficou triste pelo que aconteceu? Comentem!

Adios, e até o próximo ciclo!



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