O Diário das Irmãs Martins escrita por sahendy


Capítulo 26
Se lembra do tempo...


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Por favor leiam e COMENTEM? Que Deus e a Virgem de Guadalupe as abençoe. Eu amo vocês.



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"Eu tinha um jogo de memória quando era criança. Várias cartas viradas para baixo e em fileiras…Cada uma tinha um desenho. Você virava uma, olhava…E depois virava de volta. Depois você devia lembrar onde estava a carta par.

[...]

 

Paulina...

Faz uma semana que eu não falo com Jilian, soube pelo Mark que ela já está em casa e vive no quarto dela na cama lendo revista de fofoca e amamentando Emily. E, para a minha surpresa ele me disse que ela gostaria de se mudar e não era de casa, era de cidade, estado. Comentei com Carlos Daniel que me aconselhou a ir conversar com ela.

Paola estava dormindo no quarto da Jilian e saia com Jake Rivers, o clima vivia tenso, ruim, nublado. Sei que não sou tão apegado ao Mark, mas queria vê-lo aguentar Jilian naquele estado não era fácil realmente.

Bati em sua porta duas vezes e ele atendeu, estava com Emily no colo que estava chorando, ele respirou fundo uma vez num tom de "Aleluia" dei um sorriso quando a vi e a peguei no colo, ele abriu ainda mais a porta e disse para eu entrar, tentei acalmar Emily que chorava porque havia feito necessidades e Mark ainda não havia limpado ela. 

Olhei para a sala da casa deles totalmente bagunçada com muitos brinquedos espalhados pela casa e a sopa no fogão, ele caminhou até a cozinha e reclamou que não estava bom sua comida, falei para ele ir limpar Emily enquanto eu terminava a sopa. E ele foi. Demorou uns 15 minutos, eu aproveitei para começar a lavar sua louça e ele apareceu com ela ao colo novamente e um brinquedo em sua mão. Colocou-a na cadeira.

— Paulina, não precisa lavar a louça. - Ele me disse e eu continuei lavando.

— Eu vim para ajudar. Como você está Mark? 

— Sobrevivendo. - Ironizou e se sentou na cadeira ao lado de Emily. - Essa menininha desse tamanho não para de bagunçar e de fazer cocô. 

— Crianças fazem cocô. - Brinquei. Limpei minhas mãos e me sentei ao lado dele.

— Nem ofereci uma bebida, me desculpe. Quer alguma coisa? 

— Não, obrigada... C... Co... Como está a Jilian? 

— Ainda está na cama, só sai para tomar banho e para ir até o quarto de Emily. 

— Quanto custou a cadeira de rodas? Sei que não foi barato. - Emily deixa cair seu boneco e eu pego colocando em sua mão novamente. 

— Não foi barato, mas não importa o preço. Ela... Ela não quer falar comigo direito, mal olha para minha cara e quando fala é para mostrar uma casa que disse que irá comprar logo em Brampton. 

— Bom... É apenas 1h daqui. - Respondo. - Ela está fazendo fisioterapia? 

— Faz, inclusive contratei duas enfermeiras para vir trabalhar aqui enquanto eu trabalho e ela dispensou as duas, agora meu chefe me deu mais duas semanas em casa para cuidar dela e da minha filha... 

— Mark, você pode deixar Emily comigo, você sabe. E eu posso cuidar dela aqui na sua casa, meu curso logo acabará. 

— Obrigado Paulina. Vo- v- você tentou falar com ela? - Se referia a Jilian.

— Tentei, ela não responde as minhas mensagens, não retorna as ligações. Então... - Aquele clima e o silêncio tomou conta daquela cozinha que cheirava a sopa e logo a gargalhada que Emily fazia toda vez que Mark tocava em seu nariz. Sorri a vendo tão feliz. - Posso tentar falar com ela? 

— Pode. Você pode também levar a sopa dela? Se quiser faço um prato para você. - Ele me disse se levantando e colocando o prato dela com sopa de frango e me deu numa bandeja colocando suco de limão. 

— Estou satisfeita já. Almocei com Carlos Daniel antes de vir, mas muito obrigada pelo convite. - Respondi, peguei a bandeja e subi até seu quarto, a porta estava meia aberta e ela na cama assistindo alguma novela idiota. - Jilian? 

— O que faz na minha casa?

— Mark mandou sua sopa, vai comer agora ou depois?

— Depois. Deixe na cama e pode sair. - Ela respondeu, coloquei a sopa lá e virei para sair, mas ali naquela cama apodrecendo aos poucos estava minha melhor amiga. 

— Como pode ser tão maldosa a ponta de quase não olhar para Mark que tudo o que faz é cuidar da Emily, da casa, de você...

— Isso mesmo, de mim!! - Ela aumenta o tom de voz. - Ele tem que cuidar de mim, era para ele trabalhar agora e eu cuidar da Emily, mas eu vivo nesse inferno de cadeira de rodas, esperando ele vir me ajudar a fazer tudo. Isso não é justo, não é. Quer saber? Saí daqui Paulina. 

— Não, eu não vou sair. - Grito também e me aproximo dela na cama até o seu lado, pego o controle da televisão na sua mão e desligo a tv. - Vem! Vamos. - A pego no colo. 

— O que está fazendo? Para, me solta.

— Você vai tomar banho agora. Você está fedendo e precisa de um banho. Vamos. 

— Não! Não! - Ela gritava.

— Vai sim, você ainda tem pessoas ao seu lado Jilian, agora você tem opções ou se ajuda e vai logo no hospital para colocar as próteses, ou vai viver dependendo de enfermeira. Vamos comigo tomar um banho. - Respondo e a pego no colo colocando-a até a cadeira de rodas destravo as rodas e a levo para o banheiro que ficava ali ao lado. 

Jilian lutava contra retirar a roupa e eu a forçava, tranquei a porta do banheiro e me ajoelhei até ela. Ela segurou as lágrimas e não me disse mais nada, Mark bateu na porta e ela cobriu os seios rapidamente.

— O QUE ESTÁ HAVENDO AÍ? DEIXE-ME ENTRAR! - Mark gritava e batia na porta, ouço Emily chorar. 

Corro para a porta e não abro tudo, só um pedaço. 

— Emily está assustada, para de chorar. Eu vou ficar com Jilian já disse, ela irá tomar banho agora. E quer privacidade. 

— Ela quer privacidade? Privacidade? Ok, ótimo. Privacidade então. - Ele respondeu e Emily continuou chorando. - Calma filha, vamos brincar. - Ele disse a ela e desceu as escadas reclamando "Privacidade, eu não tomo banho faz 2 dias, troco fraldas o dia inteiro, não a beijo há 1 semana e nem converso na minha própria casa." fechei a porta novamente e olhei para ela que chorava, porém tentava esconder.

— Não é justo, não é justo. - Ela repetia cobrindo os seios e com a cabeça baixa chorando. 

— Fala com ele Jilian, Mark não merece seu silêncio. Ele quer falar com você. 

— Só me ajude a tomar banho Paulina. - Ela me pediu e eu ajudei.

Paola...

Ontem a noite fui até a sorveteria com Jake, o nosso terceiro encontro juntos, tudo o que eu pensava sobre Jack Rivers o famoso Rivers era mentira, pensava que ele era um idiota total, "fresco" e burro até. Mas, estava enganada.

Na empresa via Douglas saindo com Marissa e então não via problemas em poder sair com ele, que dizia estar apaixonado por mim. No nosso segundo encontro ele me apresentou sua prima que estava andando pela cidade e trombamos com ela por acaso no meio do shopping. 

Seu nome era Luna. Luna Miranda Rivers, loira, peitos enormes, sorriso encantador, cintura fina, olhos azuis e estudante de Relações Internacionais, 24 anos e solteira. Mexendo uns pauzinhos adivinha quem está hoje no primeiro encontro com meu irmão Peter? 

Jeremy...

No dia 30 desse mês fui buscar um amigo no aeroporto que ficaria no meu apartamento por 3 dias até se encontrar com a namorada e logo voltaria para sua casa, mas já faz 1 semana que ele está comigo. Nesse dia 30 no aeroporto eu conheci Megan ela havia pego uma folha e escreveu com batom o nome "Jeremy Passkinson" peguei a folha que caiu ao chão quando o vento soprou e ela correu atrás da folha. 

— É minha! - Ela gritou e tentou puxar da minha mão. 

— Meu nome é Jeremy. - Disse a ela que sorriu e me abraçou. - Mas, eu não sou o Passkinson. 

— O que? Que doidera é essa? 

— Não é. Só queria entregar a folha e dizer que meu nome é Jeremy.

— Tá eu já ouvi seu nome. Que coisa mais estúpida, por que não me convidou logo para um café? Um sujeito como você eu teria dito sim rápido. - Ela me respondeu e saiu dali indo procurar o tal sujeito Jeremy Passkinson. 

A segui e antes que pudesse falar com ela, meu amigo Brian apareceu, o nerd de óculos, baixinho que usa coletes e calça jeans com all star. Fã de guerra nas estrelas. Pedi um minuto para ele e fui até ela. 

— Com licença. - Cutuquei seu braço e ela se virou para mim abrindo um sorriso grande. - Quer tomar um café comigo? 

— Ah não me desculpe, agora é tarde. - Ela respondeu. 

— Mas, você acabou de dizer que...

— Eu sei, mas você é meio lento, e... é gay! - Ela disse apontando para Brian que me esperava e num momento colocou sua mão na sua calça apertando o seu testículo e apertou uma vez e logo segurou a mala, ela caiu na risada.

— Eu e ele somos amigos desde muito tempo e eu nem sei porquê... Bom, naquela hora eu fui trouxa, podemos voltar há 5 minutos atrás?

— Olha, foi trouxa por 5 minutos. - Ela brinca e sorri. - Claro! Vamos voltar. 

Sorri e dei dois passos para trás e respirei fundo chegando mais perto dela. 

— Oi! Estava te observando e já te disseram que essa cor do batom no papel fica muito radiante? - Brinquei.

— Ah, muito obrigada. Tenho bom gosto para isso. - Ela respondeu.

— Meu nome é Jeremy. E o seu? - Estendi minha mão.

— Ah... - Ela me cumprimentou. - Muito prazer, meu nome é Megan. 

— Quer sair comigo para tomar um café Megan?

— Que rápido. Mas, sim eu quero! - Ela me respondeu.

Paulina...

 - Foi horrível - Gritei ao Carlos Daniel que tomava banho, e eu retirava minha maquiagem. - Eu tentei dar banho nela, conversar, ajudar e depois que Mark apareceu ela só conseguia chorar e me expulsou literalmente. Mark quem a ajudou a tomar banho depois enquanto eu limpava xixi da Emily.

— Ela não te disse mais nada? 

— Disse... Me perguntou como eu conseguia viver numa cidade que só ocorria tragédias, e disse que eu precisava viver longe dali e não em Toronto. 

— Dê mais um... 

— ... Tempo a ela, eu já sei. - Respondo, e Carlos Daniel abre o boxe me olhando. 

— Quer tomar um banho comigo? - Ele pergunta. Olho para ele e sorrio fazendo um não com a cabeça. - Vem aqui vai. - Ele me pede e eu cedo, logo retiro minha blusa jogando-a no chão e ele me puxa para dentro do boxe.

Mark...

 

Eu continuo olhando para a foto que tirei da Jilian no momento que ela menos esperava foi naquele jantar de ação de graças, um pouco mais cedo quando estávamos nos arrumando para ir até a casa de Carlos Daniel e onde eu a pedi em casamento.

Mas,  deitado naquele sofá me lembrei de quando ela chorou pela primeira vez na minha frente, e aquilo era um segredo nosso nem mesmo sua melhor amiga Paulina sabia. Quando eu soube da gravidez e ela me contou. 

Sou apaixonado por Jilian desde a primeira vez que conversamos, desde o primeiro beijo, o primeiro contato, a primeira briga, o casamento, a nossa "não" minha filha, sou apenas apaixonado por ela. E agora, ela mal olha no meu rosto. 

Paola...

No apartamento de Jilian, Paulina e Carlos Daniel estavam assistindo filme no quarto e logo Jack iria chegar, eu pensei que talvez pudesse fazer uma surpresa para ele e então retirei minhas roupas e fiquei deitada na cama o esperando. 

Havia combinado de 20h no apartamento já que eu não tinha mais para onde ir, ouço passos no corredor e penso que é Jack, arrumo meu cabelo e retiro o lençol dos seios e assim que a porta é aberta levo um susto e me cubro rapidamente. 

— O que está acontecendo? - Paulina pergunta.

— SAÍ DAQUI. - Ela grita. 

— Ah... Sua irmã está pelada na cama é isso o que está acontecendo. - Carlos Daniel olha assustado para Paulina assim que me viu quando apareceu no quarto. 

— Espera, você viu minha irmã pelada? - Paulina pergunta, e eu estava ficando corada.

— Ele não... Bom, viu... Mas, ahhh... ele viu meus peitos ok? Agora saiam. 

— Espera, por que está assim? É pelo Jack? - Paulina pergunta mais uma vez.

— Ah... Preciso sair daqui. - Carlos Daniel responde, eu olho para Paulina mais uma vez que sorri e saí do quarto fechando a porta, coloco a camiseta e fico deitada na cama e logo recebo uma mensagem do Jack dizendo que chegaria mais tarde. Mas, consegui ouvir as gargalhadas de Paulina no corredor.

Paulina...

Eu não estava conseguindo conter a risada por Paola ter sido pega por Carlos Daniel sem sutiã, aquilo era uma coisa que Jilian daria muita risada se estivesse aqui comigo ou falando comigo. E, sim aquilo de certa forma me alegrou.

Ela me fez lembrar do lugar onde Ian morreu, onde descobri ter mais um irmão, onde perdia Paola e saia a procura dela pela cidade, onde Adelina me ensinou a andar de bicicleta e patins, onde meu pai quase agrediu minha mãe verbalmente quando estava bêbado e por todas as vezes que minha mãe fingia que eu e Paola não existíamos e somente seu trabalho.

Carlos Daniel sorriu em seguida e me beijou no corredor e sussurrou em meu ouvido "Agora para de rir" e saiu para o nosso quarto, ele só havia ido perguntar se Paola queria assistir filme conosco. 

Recebi uma mensagem de Mark "Jilian disse que vai ao médico ver as próteses. Obrigado por hoje. Ajudou muito" aquilo sim foi o ponto alto da minha semana, mês e dia. Eu não vou desistir da Jilian... E logo outra mensagem "Porém, ela quer ir embora o mais rápido possível" 

Fui até o quarto onde Carlos Daniel tinha aberto um livro, subi na cama me ajeitei me cobrindo, e deitei sob seu peito. 

— Você tá bem? - Ele me perguntou. 

— Eu amo tanto você. Sabe disso não sabe? - Disse ao Carlos Daniel que fechou o livro e me olhou. 

— Sei... - Respondeu, deitei novamente. - Eu também amo você. - Ele completa e me aperta me abraçando ali na cama. 

— Jilian ainda vai se mudar. Acho que a perdi. 

— Manda somente mais uma mensagem então. - Carlos Daniel me pede.

"Aqui é o lugar onde coisas horríveis acontecem. Você tinha razão em ir embora. Você é, provavelmente, uma sobrevivente. Olhe para mim. Eu praticamente cresci aqui. E você tem razão. Está me fazendo mal. É bem provável que eu nunca supere. Tenho muitas lembranças de pessoas… Pessoas que perdi para sempre. Mas também tenho outras lembranças. Foi aqui que me apaixonei… Foi aqui que encontrei a minha família… Foi aqui que aprendi a ser alguém. A ter responsabilidade com a vida alheia. E foi aqui que conheci você. Acho que esse lugar me deu o mesmo tanto que me tirou. Vivi aqui o mesmo tanto que sobrevivi. Só depende da forma que for analisar. Vou analisar desse jeito. E lembrar de você desse jeito. Espero que esteja bem. Tchau.”

Jilian...

Li a mensagem de Paulina e olhei para o lado da cama onde estava Mark que dormia, sorri e deixei uma lágrima cair. 

— Eu também te amo Mark. - Sussurrei. E não respondi Paulina, decidi lutar por ela e principalmente por Mark e minha filha, Emily.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero que tenham gostado. Obrigada.
Comentem e recomendem!!!