O Diário das Irmãs Martins escrita por sahendy


Capítulo 11
Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Novidade: POSTEI UMA NOVA FIC "Antes que Termine o Dia" é uma fic SpaniColunga, espero que leiam ela também e comentem. Assim como essa. Obrigada. Que Deus e a Virgem de Guadalupe as abençoe. Eu amo vocês!



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"As pessoas possuem cicatrizes. Em todos os tipos de lugares inesperados. Como mapas secretos de suas historias pessoais. Diagramas de suas velhas feridas. A maioria de nossas feridas pode sarar, deixando nada além de uma cicatriz. Mas algumas não curam. Algumas feridas podemos carregar conosco a todos os lugares, e embora o corte já não esteja mais presente há muito, a dor ainda permanece.

[…]

 

 

Jilian foi para o quarto dela de madrugada, e eu? Bom, só me restou dormir também. Me deitei na cama e rezei para aquela noite ir rápida, pois era isso o que Paola e Jilian iriam querer, e mais uma noite rápida passada significava menos um dia para Carlos Daniel ficar longe. 

Ouvi choros de Jilian ao quarto que ficava ao lado do meu, aquilo estava me doendo. Peguei alguns lenços e levei para o quarto dela, bati na porta. - Entre. - Ela grita, eu abro a porta e coloco os lenços em sua mão, ela olha para mim com o rosto vermelho e cheio de lágrimas. - Obrigada. - Ela responde, eu dou um sorriso e saio do quarto. Volto para a minha cama... Pummm! Apaguei.

Acordei por volta das 10h no domingo e desci para fazer o café, mas ao acordar vi Paola e Jilian a cozinha preparando o café. 

— Bom dia! - Eu digo a elas e pego uma xícara no armário. Elas não me respondem, olho para elas que estão sentadas perto da mesa, mas no banco do balcão. - O que foi? - Pergunto, Jilian empurra o jornal no balcão e eu o pego pronta para ler.

 

— Vocês acham que ele se refere a mim? - Eu pergunto ainda com o jornal em mãos. 

— Se achamos? - Paola pergunta e puxa o jornal da minha mão para ler novamente. - Ele ficou um gato nessa foto. - Ela complementa, eu dou um sorriso e olho para Jilian.

— É... Ele te ama. - Jilian me diz e olha para o lado onde está o jornal na mão de Paola. Tomo um gole do café e penso se devo ligar, mas não queria ligar tão cedo, afinal ele viajou ontem a noite. 

"Oi. Vi a nota que saiu ao jornal. Ficou realmente maravilhosa! (:"

Me sento para tomar café e comer alguma coisa, as meninas deixaram o jornal comigo, o levei por todo o canto da casa. Foi assim, com Charles Bukowski que começou uma pequena história. Só não sabemos como isso irá acabar.

Paola se despediu de nós pouco tempo depois e voltou para entregar a papelada na faculdade, Jilian fez pipoca e colocou um filme de terror para assistirmos, pois ela se recusava a ver romance. Me sentei ao seu lado e o jornal ficou na mesa do nosso apoio, Jilian colocou o suco em cima do jornal. 

— Ei! - Eu digo a ela retirando o suco e pegando o jornal, passo a mão em cima dele e coloco em cima do meu colo. 

— Me desculpe. Cruzes! - Jilian responde e volta sua atenção ao filme. Quando acabou, ficamos sentadas no sofá procurando por algo mais que pudéssemos assistir e a campainha toca, me levanto e abro a porta. É Joe! 

— O que você faz aqui? - Pergunto e cruzo meus braços olhando para ele. 

— Preciso falar com Jilian. - Ele diz e olha para o sofá. 

— Ela está... 

— Ela está ao sofá, estou vendo ela ali deitada. - Ele aponta, Jilian coloca os fones de ouvido, eu olho para ele novamente. 

— Mas, ela não quer falar com você. Acho melhor ir embora. - Eu digo a ele e fecho a porta aos poucos. Logo, me sento ao sofá novamente e Jilian apoia seus pés em cima da minha perna. Olho para ela que tenta me evitar, ela respira fundo. 

— O que você queria que eu fizesse Paulina? - Ela me pergunta e coloca a pipoca na mesa. Ainda fico olhando para ela. - Bom, eu poderia chegar para ele e... Soltar algo que estou segurando. Foda-se Joe! Eu quero que todo mundo e exclusivamente você vá se foder! Meu caro ex amor. Que você se exploda isso tudo, eu sinto que estou perdendo minha essência. Meu melhor ser, está se esvaindo, minha inocência está indo embora, minha pureza, meu sorriso, aquele mais sincero e verdadeiro. Meu olhar, está ficando vago. O meu ser está ficando vazio, as pessoas diariamente estão sugando minha existência. E você Joe, é o principal, me atingiu e continua a fazer isso comigo. Na real, você já não me acrescenta em nada. Só o que vejo é suas fraqueza exposta, sua dor acumulada, sua mente pertubada e fraca, seu orgulho sendo maior que tudo, sua mentira enraizada e seu medo sem sentido. Eu quero sentir aquela emoção que esquenta a alma, é pedir muito?! Não, não é, caro ex amigo e amor. Quero encontrar aquele sentimento bonito, que me faça ver o mundo melhor, as pessoas melhores, os sentimentos verdadeiramente expostos, vendo as coisas bonitas que dizem que existe no mundo ainda, mas não encontro nada. Então, tudo o que tenho a dizer é: Foda-se! E a única pessoa que ainda me importo e amo é meu bebê. Pelo menos isso de bom você deu a mim. - Jilian diz e respira fundo novamente, e então me olha esperando que eu desse um sermão de que o amor está por aí. Mas, nem eu mesma consigo encarar o amor. Eu não gostava mesmo de Joe, mas talvez eu fosse como ele. E talvez estivesse enganando Carlos Daniel. Talvez seja melhor terminar tudo, e viver com Jilian e seu bebê. Talvez quem sabe lá na frente a vida não me dá uma doença ou qualquer coisa? Olho para Jilian e então olho para a televisão e continuo procurando um canal para assistir. - Sei que você não irá falar nada porque normalmente nossa relação é assim. Mas, me fale algo. Qualquer coisa Paulina. - Jilian resmunga. Eu olho para ela novamente e dou um tapa no meu ombro, ela se senta e encosta seu rosto em meu ombro. 

— Independente de tudo Jilian, somos somente eu e você. Bom, e Paola. - Eu respondo a ela que dá um sorriso com sua cabeça encostada no meu ombro e então voltamos a assistir televisão. Olho para o jornal novamente e já não sei mais o que eu quero para mim. Meu celular toca, eu pego ele que está em meu colo, é uma mensagem. 

"Desculpe, liguei o celular agora. Obrigado. Acho que quinta-feira eu volto. Como você está?" — Nossa, hoje ainda era domingo. 

— Estou bem. Não tem problema! 

— Estou com saudades. - Ele manda de volta em seguida. Jilian que está lendo a mensagem olha para mim de canto depois de se afastar do meu ombro. 

— (: - Mandei um rosto para ele... Merda! Jilian me olha com um olhar "Menina, para de fazer merda" olho para ela também, com um olhar sério. Já está feito.

— Tenho que ir. - Ele me diz. Jilian continua me olhando esperando eu mudar a resposta. Não respondo e desligo o celular focando na televisão.

Paola...

Sai da faculdade agora depois de levar a papelada e Douglas me ligou pedindo para conversar comigo, e então fomos a nossa lanchonete favorita, me sentei no balcão e pedi um milk shake e fiquei o esperando. Ele demorou uns 10 minutos, acho que foi pelo caminho do trabalho até lá. Ouço o barulho da porta pelo sino que ela possuia e olho para trás, é ele que me dá um sorriso e se senta ao meu lado. Ele olha para mim e cruza suas mãos. 

— Como você está? - Ele me pergunta, tomo mais um gole.

— Estou bem e você? - Respondo e replico a pergunta.

— Bem. - Ele responde e dá um sorriso. Logo a garçonete nos pergunta o que desejamos. 

Carlos Daniel...

Estava filmando uma outra entrevista quando pude responder Paulina, e ela estava estranha, fiquei preocupado com o que poderia ser, ela com certeza sabe que o recado ao jornal, foi para ela. Coloquei meu celular ao bolso novamente depois de conversar com ela e pedi para me trazer um uísque. Talvez porque ela seja 7 anos mais nova do que eu, tenha medo de compromisso. 

Eu não sei mais o que fazer para provar a Paulina que eu estou aqui. Eu a quero! E que eu não consigo parar de pensar nela. Mas, ela é tão cabeça dura. Tão boa e tão reservada. E por mais que estejamos num começo de "Eu não sei o quê" conheço pouco sobre ela, e ela me conhece tão pouco. Por isso vamos sair, porque eu quero tentar algo com ela. Nunca sabemos quem irá nos machucar, e talvez Paulina fosse o meu remédio e a minha cicatriz!

Paulina...

Eu e Jilian caminhamos para a cozinha e fomos fazer um bolo pelo desejo que ela estava tendo, o que era mentira, pois os desejos vinham depois na gravidez. Faltando apenas 23 dias para começar minhas aulas com Saul Juanes fiquei pensando na resposta que dei a ele. Foi Carlos Daniel que me ajudou a conhece-lo e a entrar na aula. Senti que devia algo para ele. Mas, não quero que seja só por isso. 

— Eu também estou com saudades. Espero que saiba disso! Precisava falar isso a você. Boa noite! - Respondo. 

Foi ele quem começou com tudo isso, ele quem me conquistou. E ele é a minha cicatriz, minha ferida. Assim como Joe é a ferida de Jilian e possivelmente Douglas é a de Paola. A vida é assim. Os amores são nossas feridas, nossas cicatrizes. Possuía uma enorme já pelo Ian e é isso. Eu sinto medo de compromisso desde que o perdi. Não quero outra cicatriz. Machuca.

"O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram? Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como gostamos de pensar. Mas não é o que acontece, é? Algumas coisas nós apenas temos que aprender de novo, e de novo, e de novo… ”

— Mandei a mensagem. - Digo a Jilian.

— Ebaaaa! - Ela responde e enfia um pedaço de bolo na boca. 

— Agora vá falar com Joe. - Eu respondo a ela que fica me olhando, eu estou na cozinha e ela na porta da sala. Rapidamente Jilian pega o casaco e saí para falar com ele. 

— Preciso que você me ajude a convencer o pai e a mãe a me deixar morar com Douglas. - Era mensagem de Paola... Ela sabia o que fazer com suas feridas e cicatrizes.

Subo para o quarto e fico na minha cama com uma xícara de chocolate quente e um pedaço de bolo com um belo livro ao lado, meu celular e meus pensamentos turbulentos. Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe. E ele conta. Com a calma e a clareza que tem. A minha cicatriz provavelmente e claramente é o meu amor! Carlos Daniel. Eu só preciso me ajustar, ele tem que provar o meu ruim DNA e me amar como sou. 

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Por favor comentem. Obrigada.