No capítulo anterior

                 Soul Society - Departamento de desenvolvimento tecnológico

Aizen Sousuke observava a cidade de Karakura, centenas de monitores indicavam pontos distintos da cidade, no entanto apenas duas imagens recebia a atenção do capitão do quinto esquadrão.

A imagem de Rukia ainda no cemitério, ela permanecia imóvel durante horas, apenas observando o túmulo a sua frente, não conseguiu localizar Renji, ele provavelmente estava fora dos limites da cidade.

E a outra era Ichigo, inclusive era ele que Aizen observava com maior atenção, analisou seu comportamento ao se encontrar com Kurosaki Yuzu, ele pareceu lembrar-se de algo, mais o choque o paralisou por tanto tempo que ele a perdeu de vista, e agora procurava por ela.

Apesar dos imprevistos, o Capitão achou que tudo iria acabar bem.

Isto é, pelo menos até o momento em que ele viu a localização do ruivo.

Isso pode ser um problema, Aizen pensou ao ver por onde ele iria passar.

Ichigo estava caminhando em direção ao cemitério.

Visitando o Mundo Real. Segunda parte: O encontro adiado pelo destino.

                     Cidade de Karakura

Ichigo tinha certeza absoluta de que estava perdido.

Não sabia ao certo por quanto tempo tinha andado a procura de Yuzu, deu uma breve olhada para o céu, já estava anoitecendo, e apesar da sua vontade de reencontra-la, decidiu que seria melhor ir embora, entretanto, no momento em que ia abrir uma Garganta para voltar a Las Noches, observou um lugar que lhe chamou atenção. Havia uma enorme placa em cima que dizia ‘’Cemitério de Karakura’’.

Ao se aproximar sentiu o inconfundível poder espiritual de um Shinigami, rapidamente seu humor mudou, e sua expressão ficou mais dura, sabia que era seu instinto Hollow falando mais alto naquele momento, no entanto, não conseguia deixar de odiar os Shinigamis. Ficou encarando a entrada por alguns instantes.

Não acho que seja uma boa ideia, pensou, consegui chegar até aqui sem ser detectado, no entanto, seu corpo foi mais rápido e em questões de segundos já tinha adentrado o cemitério.

Ao entrar no cemitério teve a estranha sensação de que estava sendo vigiado, olhou para os lados, e encontrou algo estranho, parecia que era apenas um ponto negro, mas de repente começou a se mexer, rapidamente Ichigo o agarrou e viu que se tratava de um inseto, parecia uma mosca, mas os seus olhos brilhavam como se fosse um espelho de uma discoteca, e o mais estranho era que ele não parecia estar vivo, fechou sua mão e esmagou o inseto como se ele fosse, bem... Um inseto e seguiu em frente, se guiando pelo poder espiritual do Shinigami, não demorou muito para encontra-lo, ou melhor, encontra-la.

Se tratava de uma Shinigami mulher, estava de joelhos, e parecia tão distraída que não percebeu que Ichigo estava a poucos metros dela, ela está completamente vulnerável, pensou, eu poderia arrancar a sua cabeça e ela iria para o outro mundo sem nunca saber o que a atingiu, estava prestes a tornar seu pensamento realidade quando foi surpreendido pelas poucas palavras que a Shinigami proferiu.

— Me desculpe, Kurosaki ichigo

Apesar do choque repentino, Ichigo conseguiu dizer com sarcasmo.

— Acho que ele não vai responder.

Rapidamente a pequena Shinigami se levantou, um pouco desajeitada, Ichigo não pode deixar de sorrir por debaixo de sua máscara, ao ficar de pé percebeu que ela era ainda menor do ele que imaginava, e parecia tão frágil, no entanto, o que mais chamou a atenção do ruivo foi o seu olhar, eles transmitiam tanta dor e tristeza que fez com que Ichigo perdesse toda vontade que tinha para mata-la.

— Q-Quem é você? - Ela perguntou receosa – Um Hollow?

Ichigo pensou por alguns segundos no que iria fazer, aquela Shinigami parecia saber de alguma coisa sobre ele, lentamente ele levantou sua mão e a levou até a sua máscara, a retirando, e focou seu olhar para a Shinigami para ver qual seria a sua reação.

Os olhos da pequena Shinigami se arregalaram tanto que Ichigo pensou que eles iriam saltar para fora das orbitas a qualquer instante, o seu semblante era de descrença absoluta, seus lábios tremiam ligeiramente, havia ficado completamente paralisada, aos olhos de Ichigo, parecia que ela tinha visto um fantasma, porém rapidamente admitiu que esse não era uma boa comparação, por ela ser um Shinigami, ver fantasmas não deveria ser algo que iria causar tamanho impacto.

— Você... Você – Ela falava com a respiração pesada.

— Você deveria morto – Ela disse por fim.

             Soul Society - Departamento de desenvolvimento tecnológico

Aizen Sousuke estava em um dilema.

Ao ver Kurosaki Ichigo entrando no cemitério sabia que teria que tomar alguma providência, já tinha presenciado o quanto ele era violento quando se tratava de Shinigamis, e se ele matasse Kuchiki Rukia, não sabia o que poderia ocorrer, na pior das hipóteses, o corpo espiritual da Shinigami iria se dissolver em partículas espirituais junto com o Hougyoku e ele se tornaria irrecuperável, e para piorar ele tinha perdido o sinal do monitoramento do cemitério, provavelmente seu aparelho de transmissor de imagens tinha sido destruído, e como cada um deles é programado para monitorar um ponto especifico da cidade, não poderia enviar outro para lá, pensou no que deveria fazer, seu olhar disperso indicava que ele estava trabalhando com milhares de possibilidades em sua mente, e após alguns segundos, finalmente tomou sua decisão.

Não tenho outra escolha.

Aizen agitou sua Zampakutou, Kyouka Suigetsu, e no mesmo instante, o Shinigami que estava monitorando a cidade se levantou em sobressalto.

— O sinal do Vasto Lorde... – Ele disse – Voltou.

— De novo com essa história? – Repreendeu seu superior se virando para o monitor – Volte ao...

O Shinigami parou no meio da frase, olhou o enorme ponto vermelho no monitor.

— Impossível – Ele murmurou, em seguida saiu em disparada em direção à porta.

— Senhor? – Chamou – Para onde vai?

— Isso é obvio – Ele disse – Isso está muito além de nossas funções, tenho que relatar isso ao Capitão Kurotsuchi imediatamente.

Aizen notou como as coisas estavam andando, apesar do ocorrerem imprevistos, achou que seria interessante observar como essa situação iria se desenrolar.

                   Cidade de Karakura, Cemitério.

— Você deveria estar morto.

A declaração da Shinigami fez Ichigo ficar em silêncio por alguns minutos nada confortáveis, várias coisas passavam por sua cabeça nesse tempo, uma delas era o fato de sentir uma sensação nostálgica desde que entrou no cemitério, como um Déjà Vu, e nesse momento teve a certeza de que já tinha estado aqui antes, várias vezes,  também pensou no significado das palavras ditas pela Shinigami, Você deveria estar morto, ela disse, por que ela diria isso? Realmente, tinha muitas coisas que ele queria perguntar para a pequena.

Mas o que realmente o incomodava era o fato de não querer mata-la, nem mesmo feri-la, ela era uma Shinigami, e todos os Shinigamis que conheceu anteriormente só queriam usa-lo a seu bel-prazer, tinha uma opinião muito sólida a respeito deles, eles eram arrogantes, cruéis, e não se importavam com os seus companheiros.

Na verdade, para Ichigo eles não sabiam o significado dessa palavra, ainda se lembrava do olhar que Aizen lhe deu quando o ‘’convidou’’ a fazer parte de seu exercito, aquele não era o olhar de quem estava vendo um futuro companheiro, e sim de quem acabou de conseguir uma nova ferramenta e estava ansioso para descobrir o quanto ela seria útil até o momento dela se quebrar, não era diferente do Shinigami que o atacou quando ele ainda era um Adjucha, e sempre achou que todos eles eram iguais, novamente deu uma olhada para a Shinigami a sua frente.

Será que eu estava errado?

Balançou a cabeça, como se isso bastasse para afastar esse pensamento que tomou conta de sua mente, não, ele pensou, ela não é diferente dos outros, olhou por cima da Shinigami e observou algo que chamou sua atenção, deu um passo a frente, o que fez com que a Shinigami ameaçasse sacar sua Zampakutou, porém Ichigo a ignorou, ficando de frente para o túmulo, e por algum motivo não ficou surpreso ao ver o seu nome escrito nele.

Eu sabia, então esse é o meu túmulo.

— Ei... – A Shinigami chamou timidamente.

— Então o meu cabelo era curto? - Observou Ichigo um pouco surpreso ao ver sua foto, juntamente com sua família – E o meu sobrenome é Kurosaki? Até que soa legal.

— Quem é você realmente? – Perguntou a Shinigami, dessa vez em um tom mais alto.

— Essas são Yuzu e Karin, são iguais aos dos meus sonhos - Franziu o cenho ligeiramente ao ver um homem de meia idade, com a barba mal feita e um sorriso idiota no rosto, de repente uma imagem veio em sua mente, não foi nada muito revelador, no entanto, foi suficiente para reconhecer o homem da foto – Acho esse deve ser o meu pai – Falou baixinho, ignorando a pequena.

— Ei, você me ouvin...

— Acho que você sabe – Falou Ichigo de repente, ainda sem se virar.

— V-Você virou um hollow? – Ela perguntou, hesitante.

— Isso mesmo – Confirmou.

— Como conseguiu ter essa forma humana?

— É uma longa historia – Disse entre dentes – E não quero falar sobre isso.

Uma inexplicável onda de irritação começou a tomar conta do ruivo, era ele que deveria fazer perguntas, não ela, estava prestes a interrogar a Shinigami quando ela disse algo que ele realmente não esperava ouvir.

— Então você veio me matar?

Como ela chegou a essa conclusão? Pensou Ichigo incrédulo com que a pequena Shinigami disse.

— E por que eu te mataria? - Perguntou Ichigo, tendo consciência de possíveis respostas, por que eu sou um Hollow, e ela é uma Shinigami, e também... hum... Pensando bem, esse é um ótimo motivo.

— Isso é obvio – Disse a pequena – É por que...

— Porque eu...

— Eu Deixei você morrer - Disse por fim.

Ichigo viu a dor nos olhos dela enquanto falava, que Shinigami estranha, pensou, no entanto, respondeu num tom frio.

— Faz sentido, você esta pronta?

— Sim – Ela confirmou, fechando os olhos e aceitando seu destino, estava esperando o golpe fatal, achava que seria indolor, mas ao invés disso sentiu uma dor muito forte em sua testa.

— Aí, isso dói – Resmungou, colocando a mão no local onde agora estava latejando.

— Você é patética - Zombou o ruivo – Uma Shinigame que choraminga com uma coisa dessas quer que eu a mate? Que piada.

A Shinigami ficou encarando aquele sujeito por alguns segundos, ele era um Hollow, certo? Então por que ele estava hesitando em mata-la? No entanto, antes que pudesse pensar mais a respeito disso, ele começar a falar novamente.

— E então, como foi?

— O que? – Rukia perguntou confusa

— Como foi que eu morri – Respondeu, a encarando como se ela fosse uma idiota.

— Porque quer saber? – Ela perguntou evasiva

— Você disse que a culpa foi sua, não é mesmo? – Ela assentiu - Eu quero ouvir a verdade de você para poder tirar minhas próprias conclusões.

— Mas... - Tentou argumentar, mas sabia que seria inútil, e desistiu da ideia – Muito bem eu vou contar.

                           Rukia

O dia de Kuchiki Rukia havia ficado muito estranho.

Tinha ido ao Mundo Real apenas para visitar o túmulo do jovem que não pôde salvar, e agora estava diante dele, bem pelo menos parecia ser ele, exceto pelo fragmento de máscara Hollow que ele tinha no lado superior direito de seu rosto, e pelo fato dele possuir uma vasta cabeleira laranja, ainda por cima agora estava contando tudo o que aconteceu no dia de sua morte, sua mente estava muito confusa, tudo isso aconteceu muito rápido, porém não omitiu nenhum detalhe, não achava necessário, após terminar o seu relato, ficou em silêncio, esperando Ichigo se pronunciar, ele parecia imerso em pensamentos, então ele finalmente respirou fundo antes de dizer.

— Como você soube de todos esses detalhes? – Essa pergunta a pegou desprevenida – Se eu já estava morto quando você chegou como poderia saber de tudo isso?

— Bem, na Soul Society temos o departamento desenvolvimento e tecnologia, entre suas varias funções, está o monitoramento do Mundo Real, e como a cidade de Karakura tem um nível incomum de poder espiritual, ela é monitorada mais fortemente que em outras cidades.

— Então você viu o vídeo que mostra a minha morte? - Perguntou Ichigo, apesar de já saber a resposta.

— Sim, apesar de não querer, eles me obrigaram a assistir como punição pelo meu fracasso - Revelou, pôs as duas mãos sobre a cabeça, tentando inutilmente afastar de sua mente as terríveis cenas daquela noite que sempre a assombravam.

Rukia notou que Ichigo a encarava com intensidade, pensou ter ficado louca ao suspeitar que o olhar dele transmitia... Compaixão? Piscou os olhar e viu que o olhar estava frio novamente, talvez tenha sido só impressão, pensou, dessa vez ele parecia estar procurando algo dentro dela, talvez algum indício de mentira? Isso perdurou por alguns segundos até ele dizer...

— Você é uma idiota.

— Como assim? – Indagou Rukia confusa.

— Você não entende? Como a minha morte poderia ter sido sua culpa?

— Mas... – Sua voz falhou.

— As pessoas morrem, simples assim, você não pode assumir a culpa da morte das pessoas, isso só vai fazer com que você se sinta um lixo que nem ao menos é digno de viver, e não tente se fazer de forte sabe... As vezes o melhor a se fazer é colocar tudo o que está sentindo pra fora - Ichigo não sabia de onde tinha tirado essas palavras, mas se lembrava de alguém ter falado isso para ele uma vez.

Rukia chorou, não queria demostrar tamanha fraqueza, mas simplesmente não conseguiu segurar, as lágrimas começaram a cair incessantemente e não parecia que ia terminar tão cedo.

— Ei, não precisa chorar - Disse Ichigo, pelo tom de sua voz Rukia percebeu que ele tinha plena consciência do quão ridículo era a situação em que se encontravam, uma Shinigami chorando na frente de um Hollow em vez de purifica-lo e envia-lo para a Soul Society, e um Hollow que ao invés de aproveitar esse momento de fraqueza e mata-la, estava ali parado, tentando consola-la.

Ichigo não sabia por que, mais algo dentro dele sentia a necessidade de amenizar o sofrimento da Shinigami a sua frente, de repente um lampejo de memória de quando ainda era humano se abateu sobre ele. Nessa lembrança, sua irmã, Yuzu estava chorando, mais ou menos da mesma forma que a Shinigami, e também se lembrou de algo que costumava fazer com que ela parasse de chorar, e refletiu um pouco.

Será que isso realmente vai funcionar? Pensou, por fim deu de ombros e resolveu experimentar.

Rukia estava inutilmente tentando para as lágrimas que insistiam em cair, toda a dor e culpa que tinha acumulado todo esse tempo estava indo embora junto com as lágrimas e ficou pensando como tinha conseguido aguentar aquilo por todo esse tempo, porém retornou a realidade quando dois braços fortes e quentes a envolverem num abraço apertado, não se lembrava da última vez que tinha sido abraçada, por isso se perguntou se era comum se sentir tão segura e protegida, timidamente se aninhou no peito de Ichigo, queira que esse momento durasse para sempre, notou que seus cabelos sendo afagados suavemente e sentiu bochechas esquentaram. E naquele momento Rukia ouviu uma frase que já tinha cansado de ouvir, sabia que não merecia ouvir tais palavras, mas pela primeira vez ela se permitiu acreditar que era verdade.

— Não se preocupe, o que aconteceu não foi culpa sua.

Ichigo tinha a impressão que estava fazendo a coisa certa, a pequena estava quase parando de chorar, decidiu que seria melhor solta-la, porém desistiu rapidamente da ideia ao sentir os braços da Shinigami o envolvendo, numa tentativa de retribuir o abraço, e com os seus braços pequenos quase não conseguiu.

O abraço durou somente alguns minutos, e nenhuma palavra foi proferida, não era necessário, Rukia foi se desfazendo do abraço lentamente.

Rukia ficou encarando Ichigo, não sabia como devia agir e muito menos o que deveria falar, estava esperando ele se pronunciar primeiro, porém ele apenas deu um suspiro exacerbado. Parecia ter concluído algo importante, mas, no entanto, a resposta não o agradava.

— Mas que droga – Ele disse coçando a cabeça – Eu sou um péssimo Hollow – Se virou para a pequena – Ei, qual é o seu nome?

Mesmo estranhando o interesse repentino, ela respondeu.

— Kuchiki Rukia.

— Kuchiki? Hein? – Repetiu em voz baixa, em seguida deu as costas para ela – Até mais, Kuchiki.

— Espere Ichigo – Chamou Rukia, sem perceber que o chamou pelo primeiro nome.

O ruivo arqueou a sobrancelha levemente, mas não disse nada, no entanto, sentiu algo uma Reiatsu de um Shinigami se aproximando, e isso foi o suficiente para fazê-lo ‘’raciocinar’’ novamente.

Por que diabos eu perguntei o nome dela!? Mesmo que ela seja diferente dos outros, isso não muda o fato de que ela é uma Shinigami, e se eu estou mesmo do lado de Aizen, um dia eu teria que matar todos os Shinigamis, inclusive ela se necessário, por algum motivo pensar nisso fez com que Ichigo se sentisse estranho, um sentimento que só poderia classificar como ''tristeza''.

— É mesmo uma pena – Ichigo se lamentava – Se tivéssemos nos encontrado em circunstâncias diferentes poderíamos ter sido amigos.

— O que quer diz...

Antes que Rukia pudesse perguntar qual era o significado de suas palavras, Ichigo lhe deu um pequeno empurrão, mas que foi suficiente para arremessa-la por vários metros até se chocar com o chão.

— Isso doeu, por que fez isso? – Perguntou irritada.

Só então que Rukia percebeu uma energia espiritual que se aproximava – Essa Reiatsu – Analisou - Renji? Logo agora.

Em questão de segundos o tenente adentrou o local, ao chegar Renji viu Rukia chão, seu rosto estava úmido devido às lágrimas e Ichigo, que havia acabado de colocar sua máscara, imediatamente tirou suas próprias conclusões.

— Seu maldito - Rugiu o tenente – Hoero (Uive) Zabimaru – Disse, chamando o nome de sua Zampakutou

— Espere Renji, ele é... – Rukia parou no meio da frase, só então ela percebeu que não sabia quem ou o que Ichigo realmente era.

Ichigo viu a espada dele mudar de formato – Então essa é a verdadeira forma de sua Zampakutou - Deduziu Ichigo um pouco... Decepcionado? Realmente, já tinha visto algumas liberações de Zampakutou antes e a dele era sem dúvidas a mais fraca entre todos.

O ruivo observou a espada do tenente se esticar, no entanto, diferente da Zampakutou do Ichimaru  o alcance dela era muito limitada, e ao desviar também percebeu que ela era bem mais lenta.

Renji voltou a atacar, porém dessa vez Ichigo parou seu golpe com uma mão.

— Ei Shinigami, qual é a sua posição? – Perguntou Ichigo curioso.

— Por que eu deveria me apresentar para um mero Hollow como você? – Zombou Renji, tentando esconder seu nervosismo

Ele ainda acha que eu sou um simples Hollow? Ele é ainda mais idiota do que eu imaginava, pensou Ichigo, porém em voz alta  disse - Porque se não disser eu matarei essa Shinigami.

Rukia ficou um pouco surpresa com essa declaração, mais ao conseguir captar o olhar de Ichigo por debaixo da máscara imediatamente soube, por algum motivo, que ele estava blefando.

— Tudo bem - Disse hesitante - Sou o tenente do sexto esquadrão, Abarai Renji – Se apresentou de uma forma tão mecânica que  ele parecia estar lendo um trabalho que ainda não tinha estudado.

— Um tenente, é? – Murmurou, soltando a Zanpakutou de Renji.

— Então? Vamos continuar? – Disse Renji indo com tudo para cima de ichigo.

                      Soul Society

— O Senkaimon finalmente esta pronto - Gritou um Shinigami.

— Muito bem, e quanto liberação dos limites?

— Já foi aprovada – Confirmou com um aceno.

— Muito bem, iremos repassar a missão – Disse se virando para o Shinigami de sobretudo – Após sabermos da invasão de um Vasto Lorde ao Mundo Real foi ordenada sua completa destruição, o senhor está liberado para usar todo o seu poder se achar necessário.

— Entendo – Foi tudo o que ele disse em resposta.

— Você tem certeza que quer ir sozinho Capitão Kuchiki? – Perguntou – Essa é uma missão muito perigosa, os dados indicam que se trata de um Vasto Lorde muito poderoso, talvez seja melhor o senhor levar reforços - O Shinigami imediatamente se arrependeu de ter falado aquilo ao ver o Capitão lhe encarando com frieza.

— Com quem você acha que esta falando? Não importa se o Hollow é um Vasto Lorde, eu serei mais que suficiente para elimina-lo.

— Como quiser, Capitão Kuchiki - Disse o Shinigame dando-se por vencido.

Agora eu vou ver pessoalmente do que um Vasto Lorde é capaz de fazer, pensou o Capitão da sexta divisão enquanto entrava pelo portal.

                              Cidade de Karakura

— Bem... Acho que eu já vou embora – Anunciou Ichigo para ninguém em particular.

— Espere - Disse Renji ofegante - Nossa luta ainda não acabou.

Ichigo o observou por cima do ombro.

— Luta? – Repetiu com ar divertido - Você chama isso que acabou de acontecer de uma ‘luta’? Não me faça rir - Novamente deu as costas para o tenente.

  - Já disse para esperar - Renji berrou enquanto se levantava usando o resto de suas forças.

— Acho que você não entendeu – Disse Ichigo com um tom mais frio, ergueu sua mão direita e segurou o tenente pelo pescoço – Você é fraco, e eu não quero ter a vida de um fracote como você em minhas mãos, se você quer ter uma verdadeira ‘luta’ comigo, torne-se forte, pelo menos o suficiente para que eu considere digno de ser morto por mim - Concluiu por fim, soltando Renji.

— Qual o seu nome? - Perguntou Renji ofegante.

— Tenho a impressão de que muito em breve você saberá - Disse desaparecendo do local.

Que movimento foi esse? Rukia se perguntou, com certeza não foi um Shunpo, porém ao ver Renji caído no chão, sangrando, achou melhor não pensar nisso por enquanto.

— Ei, Renji você esta bem? - Perguntou preocupada.

— Estou – Mentiu - Não se preocupe.

— Precisamos voltar para Soul Society rápido senão você pode... - parou de falar, pois ao verificar os ferimentos de seu amigo percebeu que eram superficiais e que nenhum deles era fatal – Mas o que...

Renji percebeu a confusão de Rukia e disse...

— Sim - Acenou levemente com a cabeça - Parece que aquele miserável não tinha nenhuma intenção de me matar, desde o início.

Apesar de ter ficado aliviada por um momento, pelos ferimentos de Renji não serem graves, ela sabia que apesar de estar vivo, Renji teve seu orgulho destruído, e também tinha consciência de que para o tenente, seu orgulho era tão importante quanto sua vida.

— Ei... Rukia – Chamou Renji.

— O que foi?

— Deixe para lá, não é nada importante.

— Está bem.    

— Mas que droga – Ele murmurou entre dentes – Eu fui completamente derrotado, eu... Quero ficar mais forte.

— Renji?

Batendo com os punhos no chão com força ele gritou, a plenos pulmões.

— EU QUERO FICAR MAIS FORTE.

De repente Rukia fez uma careta de dor, sentiu um desconforto no estômago, a sensação era diferente de antes, não era tão doloroso, algo parecia estar queimando dentro dela.

— Rukia? – Chamou Renji ao ver a careta de dor que sua amiga estava fazendo – Você está bem?      

— Sim – Tentou disfarçar – É melhor voltarmos logo - Continuou Rukia enquanto abria o Senkaemon - Temos que relatar para Soul Society tudo o que aconteceu aqui.

 Sim, vamos – Concordou o tenente, e entraram no portal, porém se tivessem ficado por mais alguns segundos iriam sentir um enorme poder espiritual que ressoou por toda a cidade.

Ichigo estava deitado em um banco de madeira, com os olhos fechados, pensando nas perguntas que tinha quando veio para cá e nas respostas que obteve.

Sabia que as meninas de seu sonho eram suas irmãs, Karin e Yuzu, por isso elas pareciam tão familiares, descobriu que tinha uma família aqui nessa cidade, e imaginou que essa era o motivo de às vezes ele se sentir como se estivesse no lado errado, se ele não tivesse se tornado um Hollow, com certeza estaria aqui, junto com a sua família. No entanto, ainda não tinha obtido a resposta que mais ansiava.

Quem eu sou realmente?

Por mais que pensasse nisso não conseguia uma resposta satisfatória, ele tinha certeza de que não era um simplesmente um Hollow, tampouco era humano, então o que ele era? Estava se sentindo deslocado, e sem um lugar a que realmente pertencesse.

Estava tão imerso em seus pensamentos, que só percebeu que tinha uma espada apontada para sua garganta quando ela encostou-se a sua pele, e pelo canto do olho viu uma figura em pé, parado próximo a ele.

— Então você é o Vasto Lorde que apareceu? Estou um pouco decepcionado - Disse o Shinigami de sobretudo em um tom arrogante.

— E quem é você? – Perguntou Ichigo sem muito interesse.

— Não importa quem eu sou - Ele disse friamente - Você só precisa saber que minha missão é te matar.

                             Continua...