Angelus escrita por Herme Lispector


Capítulo 2
Vestido Vermelho


Notas iniciais do capítulo

O fim do túnel não está próximo para Anastácia, mas uma luz já é visível,-esperança. Não aguentei até domingo para postar, boa leituraaa!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682924/chapter/2

  Saí do auditório estagnada, com a dúvida da minha vida pesando, será que meu segredo viria à toa? O segredo de todos seria revelado, entre todas às pessoas que mantive contato, Cristian Gray, foi o único que tocou no assunto, ele não precisava ser direto, eu o entendia. Seu sorriso carnudo que revelava dentes brancos de marfim, seu brilho perturbador que brotavam dos olhos frios da Sibéria, sentia-me desbravando centro da Antártida Oriental de Gelo, como o ponto de sol que tirava a força dos portões congelados, com interior que ardia. Para entender o desfecho dessa história tão confusa, precisava ficar firme, para não ser levada pela escuridão interior, que gritava na madrugada, o sentimento de impotência é um triste fardo, que rasga meus ombros adormecidos pela dor. O silêncio do meu quarto era onde a tranquilidade estava, - no canto esquerdo do cômodo exagerado, percebia a área desnecessária que me rodiava, quando apenas um pequeno canto de 2 metros quadrados bastava. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas só de saber que era temporário à alegria voltou aos meus olhos. Uma batida leve na madeira maciça das florestas russas polares da minha porta me fez abrir os olhos simultaneamente. Levantei-me, para abrir a porta, em minha frente estava Camille, sempre adorável com seu sorriso espontâneo torto, olhos profundo que mostrava o cansaço de uma mulher com mais de 30 anos e cabelos presos em um coque alto dava um aparência de sabedoria, acho que nunca pedi obrigada a ela por tudo, sempre tão boa comigo, desde que me mudei para cá aos sete anos.

— Senhorita! – ela disse fazendo uma reverencia, como se eu fosse algo mais que a bastada da rainha.

— Já disse Camille, só Anastácia – sorrindo, percebi que ela iria protestar, mas se calou – Entre!- virei-me deixando a porta aberta para que passasse.

— Só vim avisar que a Apresentação será às 8 horas, já são 7 horas – virei-me surpresa, tinha esquecido totalmente, ela ainda não tinha saído da linha entre o corredor e o quarto.

— Entre Camille! Me ajude a procurar O VESTIDO. – entrou empolgada, adorava quando ela me arrumava, mamãe era tão ocupada, às vezes passava em meu quarto para dizer que eu estava linda, eu queria ser apenas metade do que ela era, estaria muito feliz.

— O que vai usar hoje, Anastácia? – Camille me tirou dos pensamentos, quando olhei para ela percebi os olhos fundos que estava antes se suavizaram. Eu gostava tanto dela, tudo que não dei valor agora parecia diferente, olhava de outra forma, com se a lamparina precisasse de uma faísca. – Anastácia? – repetiu

— Oi – saí da minha realidade alternativa – Não sei, quero ir de vermelho hoje. – atravessando minha suíte, entra em meu closet, e volta trazendo o vestido mais perfeito para aquela noite. –Perfeito! Perfeito! – disse saltitando – Não sabia que existia – era muito lindo

— Há dois meses, renovei seu guarda roupa – ela se sentiu orgulhosa por sua competência, eu também fiquei.

— Verdade– sorrir – confio em seu gosto impecável – pisquei para ela.

— Obrigada, você vai ficar linda, - quando cheguei à Crista, ela era tão jovem, não tinha percebido que o tempo também tinha passado para ela, rugas graciosas se formavam ao redor dos olhos verdes acinzentados, que se acentuavam na presença de seu cabelo loiro escuro marrom acinzentado, que nunca mudaram desde que a conheci.

  Enquanto Camille fazia, um coque baixo preso com grampos frouxos, para dá um ar casual e formal, perfeito para a noite de apresentação, aonde representantes de todo o mundo vinherão para assistir a grande cerimônia, que seria daqui a 3 dias, já que amanhã era o dia que mamãe me apresentava ao mundo(cerimônia de iniciação), no ano que “A concorrente ao trono era exibida pela primeira vez”, com mais cinco famílias reais. Foi uma forma que o governo escolheu para não haver discórdia, como uma consequente guerra. As cinco famílias, Torre Castell, Dragomir, Lightwood, Wayland e Malfoy, criaram um acordo em 2800 correspondente a 200d.C no calendário dos sigis, desde de então não houve discórdia, como diz a mamãe “A constante é a paz”.

— Adoro esse penteado! – disse Camille virando a cadeira para que eu conseguisse olhar o espelho, onde refletia minha imagem, primeiro instante não me reconheci, o que a fez gargalhar baixo, como sempre fazia, sua tranquilidade me acalmava. – Não percebi que também tinha feito à maquiagem – meu rosto sombreado exaltava as linhas naturais, meus olhos levemente espumados no canto com um dourado, que destacava o dourado do centro dos meus olhos verdes esmeralda, como uma plantação da primavera sendo queimada no seu núcleo, o batom vermelho fosco é da mesma cor do vestido, daria uma harmonia ao conjunto, Camille era uma artista, com pouca coisa conseguia fazer muito, uma qualidade admirável.

— Não gostou? – indagou aflita.

— Claro que gostei! – senti o alívio tomar seu rosto. Então me apressei para colocar o vestido, Camille se afastou depois de fechar o zíper para admirar, como todos faziam com a mamãe, essa sensação era tão estranha. Corri para frente do espelho, fiquei boquiaberta ao perceber o vestido. A alça estava 12 centímetros do meu ombro em um caimento perfeito, com seu decote acentuado que fazia uma curvatura em meus seios volumosos, justo até o joelho e se abrindo sutilmente até o chão, me sentia tão exposta, quando não estava mostrando nada, então eu lembrei que há 10 anos Lissa e eu nos conhecemos e ficamos ouvindo o barulho da na área norte, onde fica a família real anfitriã, que hoje é minha casa, eu nunca imaginária que iria morar nesse lugar mágico. A família Torre Castell é a única com apenas dois membros, mamãe pensava que não tinha chance, pois suas influências diminuíram, mas hoje ela é a rainha mais amada, porém ainda os mistérios da minha família estão guardados dentro de uma entrada secreta que levava à biblioteca das trevas, como Lissa e eu gostávamos de nomear, pois ninguém entrava lá, era como um cofre. Festas, mistérios, Cristian Gray, cerimônia de iniciação... Tudo ao mesmo tempo, eu vou fazer esse tempo valer à pena ou não me chamo Anastácia Torre Castell, será mesmo que esse era meu verdadeiro nome?

 - Minha menina – disse Camille, com lágrimas nos olhos

— Obrigada por tudo! – levantei para abraçá-la, tive que abaixar um pouco Camille tinha um 1,55cm eu era maior apenas 10 cm, mas naqueles braços pequenos me sentia segura.

— Tá bom... Não quero que chore e borre a maquiagem, quero você perfeita - dando aquele sorriso de até logo, ela vai embora, passando pelas portas duplas do meu quarto.

  Peguei o celular, tinha 5 mensagens de Lissa “Cadê você?”, “Só falta você”, “Jace que você ficou no verão passado tá aqui!”, “Sua mãe também não chegou”, não deu tempo de ler a última mensagem, mamãe entrou no meu quarto e olhou para mim de cima à baixo, nunca à vi tão emocionada, acho que ela não esperava, seu olhos encherão de lágrima, depois de muito tempo consegui ver o coração de minha mãe pulsar freneticamente sobre sua roupa de Dama de ferro “Rainha de Crista, primeira em seu nome”, títulos não eram nada, porque no fim somos todos iguais, mesmo sabendo disso era difícil acreditar. Ela se aproximou me abraçando e dizendo – Minha preciosa menina de cabelos ruivos. – como ela me chamava na infância, então eu tinha que dizer que não era como ela, e que talvez não consiga passar pelo desafio, que hoje era só o começo.

— Mãe – quebrei o abraço que nos unia, - Acho que não sou o que você espera. – abaixei os olhos, para não ver sua reação

— Não diga isso – sua voz doce me fez levantar o olhar – você é mais do que eu pedi – me abraçando novamente – se você descer lá e for você mesmo, tudo vai dá certo. – disse entre o abraço.

— Te amo!

—Te amo mais que tudo! – disse olhando nos meus olhos – Agora vamos, devem está estranhando meu atraso. – deu um sorriso de incentivo, sua beleza era radiante mostrava traços distintos e únicos, seus cabelos castanho-claros traziam uma confiança, unidos com seus olhos contornados naturalmente com cílios grossos e escuros no fundo com uma estrela única no céu, que conseguia ultrapassar as nuvens densas de um dia chuvoso, vestida de azul ilumina os olhos azuis profundos, mostravam sua firmeza, como uma escolhida de Gabriel.

  Seguimos lado a lado, pelas muralhas antigas pesadas, que desafiavam a lei da natureza com sua beleza, palco de grandes festas. O brilho dourado nas pinturas onde representavam os angelus que enchiam o palácio de pureza, corredores largos faziam parecer que aqueles passos, não eram suficientes. Quando estávamos perto da escada que leva direto para o salão, mamãe me mandou esperar escondida dos olhos do público e disse que eu saberia quando era para aparecer, enquanto ela descia uma salva de palma ecoaram, as palmas continuaram, até que uma voz determinada, forte e doce, diminui minha ansiedade, dizendo: “Anastácia Torre Castell, segunda em seu nome” – aquele era o sinal pra descer, mamãe me conhecia, sabia que se tivesse dito antes, eu não iria aceitar.

  Apareci no topo da escadaria, todos viram o rosto em sincronia, parecia está admirados, dei um passo uma confiança me invadiu e o sentimento que levava agora não era mais uma angústia por ser única em minha família na próxima geração, os meus ombros se aliviam do peso da responsabilidade, que me corroeu por dentro durantes anos, eu parecia outra. Outra que descobriria a verdade e enfrentaria o acaso se por caso acontecesse, enchi-me de coragem, embreagei-me de confiança, mas tudo não tinha mais importância quando meus olhos e o de Christian se encontraram, senti-o desarmar minha alma, penetrar meu coração adormecido que pulsava freneticamente, nada de importante importava o que apenas importava era um homem que tinha conhecido nessa manhã e o sentido perdeu o sentido. Quando cheguei ao último degrau à chuva de palmas inundou o salão, eu não tinha mas a visão de Christian. Então, Adolf conselheiro de mamãe, era a figura paterna mais próxima por ser o amigo que sempre ajudou muito, seus cabelos grisalhos não negavam sua idade, mas também o deixa muito bonito, um metro e noventa faziam muita gente pensar duas vezes antes de mexer com ele, mas doçura nos seus olhos cor de mel tirava toda agressividade do seu porte, me deu o braço para me conduzir até o palanque.  

—Você está linda! – deu-me um beijo na testa 

— Obrigada! – agradeci amarelada, sempre tinha feito o máximo por mamãe, sempre achei que ele tivesse uma quedinha por ela, na verdade um quedão, rir mentalmente. Meus pensamentos foram quebrados quando subia a escadaria do palco, onde mamãe me esperava de braços abertos, ela não era mas a Rainha de Crista, era só uma mãe orgulhosa da filha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O encontro entre Anastácia e Christian é inevitável nessa festa. Próximo capítulo domingo. Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angelus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.