Devaneios escrita por MB


Capítulo 2
Minhas Memórias


Notas iniciais do capítulo

Obrigada para todos que favoritaram só pelo prólogo! Realmente, significa muito!!
Espero que gostem e não fique confuso:



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Eu poderia começar descrevendo minha vida desde o primeiro dia que nasci, mas ela não foi tão interessante até o momento que vou começar a narrar. Essa é a época que quero lembrar quando já não tiver minhas memórias em outro lugar além desse papel. Não quero obrigar alguém a me contar o que aconteceu, e suponho que ainda serei capaz de ler daqui alguns anos.

Era 2008 quando meu pai foi diagnosticado com Alzheimer. Ele não era um idoso, como aqueles em que vemos em comerciais para doar dinheiro para ONGs e clinicas de pesquisa. Quando ele descobriu, a primeira coisa que fez foi me ligar. Eu tinha acabado de desligar a ligação com Erin Strauss – e, surpreendentemente, ela tinha interesse no meu currículo -, quando ele me contou.

Alzheimer é uma doença que atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos, mas atingiu meu pai, que não estava perto dos 50.

A família dele já desconfiava. Depois que ele e minha mãe se separaram, meu pai foi morar por algumas semanas na casa do irmão dele, até achar um lugar. Foi quando ele começou a trocar o nome do meu priminho, esquecer para onde ia quando pegava o carro, e tinha que ficar no acostamento por um tempo até se recordar, guardar o telefone fixo em sua pasta do trabalho e, quando ele esqueceu o aniversário do meu irmão mais velho – o que ele nunca fazia -, meu tio pediu para ele ir a um médico depois de pesquisar esses sintomas no Google. Ele demorou mais do que alguns anos para ir nesse especialista.

Eu estava no metrô, a caminho da minha entrevista com Agente Hotchner quando meu pai me ligou, alguns meses depois de ser diagnosticado.

— Emma. – pelo seu tom, conseguia perceber que sorria, o que me fez relaxar um pouco. – Tudo bem?

— Tudo bem, pai. – respondi um pouco baixo. Sempre ficava meio envergonhada quando falava no celular em público. Quando você começa a conversa, quem está em volta te olha como se você estivesse falando sozinha e, quando percebem um aparelho em sua orelha, só fazem um “ah” e voltam para suas vidas. – E você?

— Também, meu amor. Está em casa?

— Tenho uma entrevista com o FBI, lem... – me interrompi. Não, ele não lembrava. – Eu te conto como foi. Estou um pouco nervosa. Sabe como eu sou quando estou assim, ou não abro a boca ou falo tudo o que eu sei de uma vez só.

Ele riu um pouco.

— É, seu sei. Só não sei o que vai ser melhor pro FBI.

— Tem razão.

— Depois eu sou o louco, Emma. – ele brincou, o que me surpreendeu. Meu pai sempre fazia piadas em momentos inapropriados. Inapropriados mesmo. Uma vez, no funeral da minha vó materna, ele comentou algo sobre o chapéu de uma senhora para mim e meu irmão. Claro, era para nos fazer sorrir, mas ele ficou com má fama na família da minha mãe depois daquilo. – E como está o apartamento?

Tinha me mudado há algumas semanas. Era pequeno, com dois quartos – já que minha meia irmã de 17 anos disse que não iria sair de lá um minuto, o que ela cumpriu –, mas ficava a cinco minutos do metrô e isso já o classificava como um dos melhores lugares, já que quase dois pontos para frente, ficava o centro da cidade.

— Ainda estou arrumando. – respondi verificando se tinha trazido meus fones de ouvido. – Na verdade as coisas ainda estão praticamente em caixas. Hanna não sai de lá e acha que Joey pisou o pé para me ajudar?

— Seu irmão é assim, você sabe. – meu pai riu. Olhei para o relógio em meu pulso e percebi que era hora dos remédios dele. Já havia decorado a programação.

— Pai, pode ir. – sorri minimamente ao perceber que ele queria ficar o máximo de tempo conversando. Eu também queria. – Daqui a pouco já estou na sede...

— Boa sorte, Emmy. – ele era a única pessoa que me chamava de Emmy.

— Obrigada, pai. Te amo.

Ele desligou antes de me responder. Eu não deveria ficar chateada, porque eu sabia que ele também me amava, mas ele nunca fazia isso. Bom, as coisas estavam realmente começando a mudar. Acho que já tinham começado há um bom tempo, mas só quando jogam o que está acontecendo na nossa cara é que começamos a perceber de verdade.

Andei até o prédio já com raiva das botas que escolhi, que machucavam demais meus pés. O inverno estava chegando e estava mais frio do que todos esperavam. Normalmente nunca ficava assim, a neve não tinha nem começado a cair e eu queria ver como ficaria o clima quando isso acontecesse. Bati os pés levemente no chão da calçada – disfarcadamente – antes de entrar no prédio, para que eu não deixasse pegadas de água por todo lugar.

Mostrei para uma das secretárias, a de cabelo curto com pontas azuis, o email que recebi de Erin Strauss e ela me mostrou onde eram os elevadores e o andar que deveria ir para falar com agente Especial Aaron Hotchner. Ela piscou para mim quando eu agradeci e eu sorri de volta.

Cheguei no sexto andar depois de ficar em um silencio constrangedor com algumas pessoas no elevador. Falei um “tchau”, e vi um corredor gigante e uma porta de vidro. Entrei meio receosa. A primeira pessoa que vi foi uma loira com um batom roxo, que eu com certeza iria querer para mim, e óculos rosa.

— Posso ajudar? – ela perguntou simpática. Segurei com mais força a alça comprida da minha bolsa.

— Estou procurando o escritório do agente Hotchner. – pedi e vi que algumas pessoas em um andar mais baixo do que estava com ela me olharam. Uma mulher com cabelos na altura dos ombros e franja, e um homem moreno, que, não posso negar, era lindo.

— Ali, querida. – ela apontou para uma porta e deve ter percebido que olhei de relance para os observadores no andar de baixo. – Nunca vi pessoas mais curiosas, desse ser por conta do trabalho. Vou te acompanhar.

Ela fez isso e eu agradeci. Ela se apresentou como Penelope Garcia. Bom, combinava com ela. Falei meu nome também antes de bater na porta da sala do agente e entrar, cautelosa.

— Agente Hotchner, oi. – falei fechando a porta atrás de mim, fazendo o que ele pediu com um gesto.

— Emma Katzenbach, sente-se. – sério. Ok.

Ele falou um pouco e perguntou sobre minha vida acadêmica, meus resultados na faculdade e trabalhos anteriores. Depois de conversarmos um pouco, ele iria falar algo, mas ouvimos uma batida na porta e a mesma mulher que me levou ali abriu a porta, um pouco receosa.

— Desculpe, senhor, mas temos um caso... – ela falou contraindo o lábio inferior. Olhei rapidamente para minhas mãos, um pouco envergonhada.

— Katzenbach, tem uma mala? – ele sorriu minimamente para mim. Só consegui fazer que sim com a cabeça. Ele apontou de forma simpática para a porta onde a loira sorria super animada. – Bem-vinda.                       

— Parabéns. – Garcia sussurrou quando estava ao seu lado e ela começou a me guiar para alguma sala.

— Obrigada! – acho que fiz uma cara meio engraçada, típica de quando estou com medo e ela riu. – Eu tenho um batom quase igual. – comentei, tentando aliviar a tensão que sentia.

— Me chame de Penelope. Hotch, eu apresento ela! – Garcia virou para trás e falou com Hotchner, que ainda organizava algumas coisas. Ela me disse que a sala para qual estávamos indo, era onde os casos eram apresentados. Garcia abriu a porta, ainda com os braços ao redor do meu ombro. – Surpresa para todos, eu sei, mas essa é Emma...! – ela me olhou querendo saber meu sobrenome. Todos pareciam surpresos, mas sorriram.

— Katzenbach. – respondi sorrindo de volta. O mesmo homem moreno que me olhou curioso antes de eu falar com Hotchner se levantou e estendeu a mão, sorrindo.

— Derek Morgan.

— Oi. – estendi a mão também e sorri um pouco envergonhada com tudo aquilo.

— Eu apresento ela, Derek! – Penelope disse ao meu lado e eu ri. Então ela me mostrou todos da “equipe” ou “gangue” ou “combatentes do crime”.

— Dr. Reid. Ou Spencer. – o que me pareceu ser o mais novo me cumprimentou por último, com um breve aceno e um sorriso depois de um sorriso um pouco tímido. Falei um “oi” silencioso. – Ninguém nos falou que teria mais alguém na equipe.

— Sei que não. – Hotchner disse atrás de mim. – Mas é um cérebro indispensável.

Franzi o cenho e olhei para cima, já que ele era consideravelmente mais alto que eu, e sorri minimamente em seguida.

— Bom, isso é novo. Obrigada.

— Mais um gênio? – Morgan sorriu.

— Psicóloga forense, ma depois discutimos mais isso, temos um caso. – Hotchner disse e Garcia andou até a mesa redonda e pegou um controle. Todos se sentaram e, sem saber exatamente se eles já tinham um costume de se sentar em alguma cadeira especifica, esperei disfarcadamente todos já estarem acomodados e acabei entre a loira, JJ, que se parecia muito com Hanna, e Emily Prentiss, que já era quase minha mãe em sua aparência.

Garcia pegou um controle e andou rapidamente até a frente da TV e começou a falar no mesmo momento em que apertou um dos botões:

— Erick Mason foi achado morto em sua casa – a foto de um homem loiro apareceu na tela, sabia que o conhecia de algum lugar.

— Ei, baby...

— Isso, o ator. – Garcia interrompeu Morgan. – Foi morto com um corte na jugular.

As fotos dele na cama, de olhos abertos com sua jugular cortada fez todos contorcerem o rosto em uma pequena careta. Vi as imagens da minha pasta porque não conseguia ver da tela sem meus óculos e não os colocaria naquele momento, do nada.

— Como o suspeito entrou na casa?- Reid perguntou.

— Não há sinais de invasão nas portas e as câmeras da entrada estavam desligadas. – ela informou mostrando a mansão gigante, que nem juntando dinheiros por três vidas eu conseguiria comprar.

— Há crimes relacionados para sermos chamados? – Prentiss, ao meu lado, questionou.

— Não.

— Estamos sendo chamados porque ele é famoso? – ela levantou as sobrancelhas e eu quase espelhei sua expressão.

— As únicas pessoas na casa eram seu primo, Dylan Mason, e a empregada Claire. Então é como um livro de Sherlock e vocês são meus Watson.

 “Oh, Dupin...” murmurei para mim.

— Dylan Mason já esta sendo interrogado como suspeito, não? – a loira ao meu lado questionou o que eu estava pensando.

— Sim, ele e a empregada, Claire, já estão na delegacia de... – Garcia fez um “uh...!” como suspense. – Las Vegas!

Todos olharam para Reid, que sorriu um pouco.

 - Ele é de lá. – a loira sussurrou para mim. Fiz um “ah” e percebi que ele olhava para o lado, como se fizesse algum tipo de conta ou planejasse algo.

— Dylan e Claire podem pedir advogados e serem liberados caso fiquem tempo demais lá e os policiais locais não conseguiram nada. - Reid falou rapidamente. - Há uns anos, dois exatamente, um assassino foi liberto por pagar suborno para os policiais, e matou Jessie Everly. São historias parecidas... – ele se explicou depois dos olhares. Jessie Everly era uma atriz, eu ainda me lembro, eu vi seu corpo. Estava terminando minha tese e me juntei (por uma semana, apenas) em uma das subdivisões do FBI e acompanhei de perto esse caso. Terminei minha tese, saí da faculdade e fiquei parada por um ano, fazendo algo que ainda era difícil de falar naquela época.

Eu iria dizer que “na verdade, o assassino de Everly foi liberto porque, além de subornar as autoridades, também era irmão do primeiro ator que havia matado, e os policiais decidiram que ele nunca conseguiria fazer isso”, mas fui interrompida antes mesmo de começar, por Hotchner, falando que em 30 minutos pegaríamos o avião.

 Antes de sair da sala, enquanto Penelope se juntou a mim para explicar algumas coisas, ouvi Morgan falando, rindo, para Reid:

— Você entende de celebridades, ahn? 


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Notas finais do capítulo

Espero mesmo que tenham gostado. O começo vai ser mais "light", digamos assim, mas daqui alguns capitulos vou começar o que planejei hehe
O que acharam?



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