Devaneios escrita por MB


Capítulo 3
Celebridades...


Notas iniciais do capítulo

Voltei, depois de um tempão!
Estou meio enferrujada, mas dei meu melhor nesse cap, espero que gostem:
Boa leitura :)



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— Mason está impaciente. - foi a primeira coisa que o homem que eu supus ser o detetive falou quando nos viu entrando em umas das delegacias de Vegas. Franzi as sobrancelhas.

 - Ainda ouvirá muito disso, Katzen. - Morgan sussurrou para mim. - Sim, os suspeitos ficam impacientes e muitas vezes é nossa culpa.

 Ele estava sendo irônico e não tive tempo de responder antes que o homem de cabelos claramente tingidos de castanho começasse a falar novamente:

 - A imprensa está com tudo em cima de nós e claramente ficará em cima de vocês. Poderão usar aquela sala. - ele apontou para um cômodo no canto da delegacia enorme. Então tudo era assim em Vegas? Ou apenas por se tratar de alguém famoso? - Não consegui impedir que alguns repórteres entrassem e...

 - Achei que fosse uma delegado. - Hotchner franziu as sobrancelhas. - Se tratando de uma celebridade, qualquer informação para a mídia é demais.

 O delegado não soube o que falar, apenas abriu a boca diversas vezes, tentando achar uma resposta plausível. Era evidente que eu estava me divertindo com isso.

 - O drama é ótimo. - Morgan comentou de novo, sorrindo. Fiz o mesmo.

 - Por isso CSI é ótimo. - comentei de volta, e ele acabou soltando uma risada baixa.

 Parte dos agentes acabaram indo para a casa de Dylan e Erick Mason, nos dividindo na metade do caminho até a delegacia. "Se tratando de uma celebridade, quando mais demorarmos, mais complicado será acalmar o público".

 - Katzen. - ouvi meu sobrenome sendo chamado por Hotchner. - Você e Spencer, leiam e pesquisem sobre a vida dos Mason e de Claire Heard, eu e Morgan iremos interogá-los.

 Fizemos que sim e nos dirigimos até a sala onde o delegado havia apontado como nossa.

 - Pode me deixar com as leituras. - o homem com o cabelo bagunçado disse baixo, quase envergonhado. 

 - Por que? - minha intenção não era ser grossa ou ignorante, apenas fiquei curiosa. Ele deu de ombros.

 - Eu leio rápido. - disse por fim. - E eu sei que você não tem uma briga com computadores como eu, então...

 Era uma sala grande, com portas de vidro, porém persianas que poderiam dar uma certa privacidade caso necessário. Tirei um notebook pequeno da minha bolsa e me sentei na grande mesa no meio do cômodo. Franzi as sobrancelhas e olhei de relance para ele. Já estava com algumas pastas na mão, um policial havia entregado para ele. Estava com o pescoço curvado para baixo, lendo realmente rápido.

 - Como sabe? - perguntei digitando a senha do aparelho.

 - Li sua ficha. - respondeu apenas, me olhando rapidamente. Ele deu um pequeno sorriso e se sentou no sofá, lendo a grande pilha de papéis.

 Ficamos em silêncio por alguns bons minutos, quase poucas horas, eu deixando as informações mais importantes separadas e percebi que Spencer fazia o mesmo, deixando uma pilha relativamente grande ao seu lado.

 Desde 2002 o marido de Claire tomava diversos remédios para depressão. Ela trabalhava para os Mason desde 2001 e, dois meses após uma queixa que a empregada doméstica havia feito contra Erick, o marido dela começou a consumir drogas para controlar a bipolaridade. A queixa contra abuso foi rapidamente retirada e Claire recebeu um aumento de dois mil dólares em seu salário.

 No mesmo período em que o marido de Claire Heard começou a consumir os remédios, Erick e Dylan tiveram uma mudança em seu comportamento segundos os colegas de trabalho. A resposta de Erick era a mesma toda vez: Claire estava cada vez mais prestativa. O ator era conhecido pelo jeito mulherengo e "pegador", os colegas apenas se divertiam com isso. Erick passou pela polícia três vezes: duas por acidentes no trânsito e uma que fora apagada de sua ficha criminal por agressão a sua ex-namorada.

 Dylan nunca teve papéis importantes como o do primo, mas os filmes e programas de TV que dirigia e produzia eram sempre um sucesso, a maioria das vezes as temáticas eram as mesmas: drogas, assassinatos, detetives caricatos e mocinhos que ganhavam no final. Sua produção de mais sucesso fora uma série com cinco temporadas sobre seres místicos. Reconheci que era essa a que Hanna tanto falava. Dylan tinha passado pela polícia duas vezes, ambas por agredir a namorada, Michelle Hewitt. 

 - O que acharam? - ouvi a voz do agente Hotchner vindo da porta.

 Contamos o que sabíamos sobre os três.

 - Erick passou duas vezes pela polícia. - Reid terminou.

 - Três. - o corrigi. - Apagaram dos papéis. Ele agrediu fisicamente a ex-namorada.

 O Doutor me olhou com as sobrancelhas franzidas. 

 - Não dá pra apagar coisas dos sistemas e da internet. - respondi.

 Morgan sorriu um pouco e pegou as pastas que Reid tinha separado.

 - Claire virá para cá daqui vinte minutos. – agente Hotchner comentou. – A mansão dos Mason é gigante, e a imprensa também, vocês podem ter uma noção. A equipe está lidando com isso. Katzen, não deixe Reid dirigir até o legista. 

 Franzi as sobrancelhas. Os três homens sorriam um pouco.

 - Eles estão brincando... – Spencer murmurou.

 - Oh, KitKat, não... Não estamos. – Morgan sorriu também e jogou para mim a chave do carro no qual viemos até lá.

 - Obrigada. – sorri. – Vamos ver uma celebridade morta, Doutor! 

 Ele apenas sorriu um pouco e colocou o cabelo para trás da orelha, abrindo a porta de vidro e esperou que eu saísse para fazer o mesmo.

 - Hm... Está uma bagunça lá fora. – Spencer disse, guardando o celular antigo no bolso de sua calça cinza escura.

 Ele estava certo. A porta da delegacia estava rodeada de polícias armados, dando limite para os jornalistas com suas câmeras, flashes e microfones. Assim que abri a porta, o Doutor passou um dos braços ao redor de mim, fazendo com que as câmeras não ficassem no meu rosto e que os jornalistas não tentassem agarrar meus braços, como ele disse que muitas vezes já acontecera com ele. 

 Os repórteres disparavam perguntas. “Quem fez isso?”, “Dylan está preso?”, “A empregada é culpada?”. O pior eram as afirmações: “É inútil chamá-los”, “Duas crianças para resolver isso!”, “Erick mereceu morrer”. Essa em específico nos fez procurar a fonte da frase. Spencer tinha tirado o braço de mim e foi quando um repórter puxou meu braço com toda a força que ele tinha.

 - Ainda sou do FBI, filho da mãe. – falei para o jornalista. No mesmo momento ele arregalou os olhos e pediu desculpas tantas vezes que perdi as contas. Não demorou muito para todos os jornalistas começarem a colocar os microfones em nossos rostos e os flashes começarem a ficar mais brilhantes e recorrentes. 

 Finalmente chegamos até o carro e eu entreguei a chave para Reid. Ele não teve tempo de perguntar, eu apenas andei rapidamente até o banco do passageiro.

 Saímos do tumulto rapidamente. Reid não precisou de um GPS, mapa ou endereço.

 - Eu sou daqui. – explicou. Fiz um “ah”.

 - Não gosto de dirigir. – expliquei. Ele fez um “ah”.

 Ficamos o resto do caminho sem falar nada, em um silêncio um tanto quanto desconfortável. Eu via ele abrindo a boca, mas desistindo de falar várias vezes. Então finalmente chegamos.

 O tumulto era realmente menor.

 - Você se acostuma com Vegas. – ele comentou, sorrindo um pouco. Tirei meus óculos de sol, assim como Spencer, e coloquei na minha bolsa, entrando no prédio em seguida.

 Eu tinha oito anos quando vi um corpo pela primeira vez. A babá de Hanna foi essa pessoa. Ela teve um ataque cardíaco bem no meio da nossa cozinha. Lissa faleceu enquanto Hanna chorava no berço, com um ano. Meu pai havia me deixado em casa depois de um final de semana inteiro com ele e meu irmão, e eu a vi, caída e fria. Corri até Hanna depois de ouvir seu choro e desci as escadas da pequena casa que eu morava com meu padrasto, mãe e irmãos. Foi quando andei até a cozinha que vi Joey parado, sem reação. Ele me mandou sair de lá e logo o ouvi pedindo uma ambulância.

 Foi a primeira vez que vi olhos abertos e mortos, foscos, já sem emoção. Parecia impossível para mim na época, mas eu via a expressão de terror ainda congelada no rosto de Lissa.

 Agora, ouvindo o que o legista falava sobre o corpo e morte de Erick Mason, com Dr. Reid ao meu lado, eu havia perdido as contas das vezes que já tinha visto alguém naquela situação.

 - Ele estava sob efeito de bebidas e remédios. – o doutor com jaleco disse. – O que o tornou um alvo fácil.

 - Ele sempre misturava medicamentos e álcool. – eu falei, lembrando-me das informações que Garcia havia conseguido e me passado. – Não o suficiente para deixá-lo em risco, mas o corpo já estaria acostumado, não? Como quando usamos sempre o mesmo remédio e já não faz tanto efeito.

 - Então foi algo mais forte dessa vez. – Reid concordou. – Não há sinais de luta, então ele mal conseguiu se proteger e ficou parado ao ponto de um corte limpo e aparentemente rápido desse jeito... Ele nunca havia usado algo como dessa vez.

 - Desculpe, agente, mas há sinais de luta. – o legista virou o rosto de Mason para a direção oposta de nós e mostrou alguns hematomas.

 - É doutor. – Reid o corrigiu rapidamente, um pouco tímido, e se inclinou para analisar o corte e marcas. Sorri minimamente e também coloquei uma luva,  verificando o corte.

 - Isso não é uma faca de caça como achamos. – eu disse. No avião, olhando para as fotos, todos podiam ter certeza que era um corte rápido, exatamente como os dos animais que Dylan caçava, por isso ele era um dos primeiros suspeitos. – É uma faca cega, de cozinha.

 - Então o assassino não planejou? – o legista questionou, olhando para os arquivos em sua mão, como se procurasse algo. – Alguém dentro de casa?

 - Ou alguém que quer fingir ser de dentro de casa. – Reid me olhou.

 - Não há sinais de invasão. – pensei alto, o olhando também e encolhi os ombro. 

 - Mas não podemos provar, já que as câmeras foram todas desligadas.

 - Se não foi um amigo de Erick, talvez Claire ou Dylan deixaram o suspeito entrar.

 - Talvez alguém que faça serviços domésticos. – ele sugeriu. – Podemos pedir para Garcia informações sobre os serviços solicitados.

 - Podemos? – perguntei surpresa. Ingênua.

 - “Caverna da sabedoria”, é a primeira coisa que ela fala quando atende o telefone. Ou algo assim. – ele deu de ombros e agradeceu o legista, se despedindo. Fiz o mesmo, e Spencer tirou o telefone do bolso. Entramos no carro e ele deixou no viva voz. Não demorou muito para ela atender.

 - Batcaverna. – a loira cantarolou.

 - Eu disse. – Spencer sussurrou, antes de falar alto para o telefone: - Ei, Garcia, algum serviço foi solicitado nos últimos... Três meses?

 - Que tipo...? – ela questionou.. 

 - Qualquer tipo. – ele confirmou.

 - Uau. – consegui ouvir as teclas do computador de Garcia sendo pressionadas ferozmente.

 - Aparentemente, meus Sherlock, era Dylan que consertava luzes, e fios e todas essas coisas. Ele realmente gostava disso. – a loira nos informou.

 - E amigos de Claire ou Dylan que tinham algum tipo de rixa com Erick? – perguntei, sabendo que era vago. – Brigas, ou discussões que vizinhos já ouviram...?

 - Hm... – ela voltara a digitar. – Não, KitKat. Sim, Derek já me informou sobre seu novo apelido. – sorri um pouco. Era um apelido criativo, afinal. – Mas um dos vizinhos deles afirma ter visto um Ford prata dando algumas voltas discretas na quadra.

 - Sem o nome do carro? – Spencer perguntou, também achando estranho.

 - Sem o nome, gênio... Mas Hotch e Morgan tem novas informações. E Claire já está na delegacia. – ela disse, um tanto quanto receosa.

 - Obrigada. – cantarolei, assim como ela no começo da ligação.

 - De nada! – ela se despediu, claramente sorrindo. 

 Chegamos na delegacia em alguns minutos, e os jornalistas já tinham se afastado. Spencer me disse que JJ sempre fazia milagres para se livrar de todas aquelas câmeras.

 - Não conseguimos manter Dylan por mais tempo. – Rossi falou assim que nós entramos na sala. - Eles conseguem escapar fácil das regras.

Consegui não revirar os olhos. Sempre tive um pouco de raiva desse tipo de pessoa. Minha melhor amiga, Lila, sempre dizia que eu deveria conhecer mais seus amigos, que assim como ela, também eram celebridades. Dizia que eles não eram os babacas que víamos na TV.

 - Por que? – o homem ao meu lado perguntou, colocando o cabelo para atrás do cabelo.

 - O celular dele foi rastreado até a casa de uma amigo durante toda a noite. – o mais velho respondeu. – Isso não diz que ele não esteve na casa, só seu celular que não.

 Prentiss e Morgan não estavam na sala, provavelmente falando com Claire.

 - O que descobriram? – Jennifer perguntou.

 - Foi alguém da casa. – respondi. Eu e o Doutor tínhamos discutido sobre isso no caminho. – A faca usada não foi uma de caça, como havíamos deduzido...

 - Analisando as fotos da casa de Mason, a da cozinha principalmente... – Reid me interrompeu. Os outros agentes apenas sorriram, percebendo que ele não sabia que fazia isso. – é possível perceber que foi uma faca da própria casa, então o suspeito conhecia lá. Apenas Dylan e Claire estavam na casa aquela noite, mas outros funcionários poderiam entrar, já que alguns têm a chave.

 - Por que não alguém de fora que decidiu pegar uma faca da própria casa para incriminar outra pessoa? – Hotchner perguntou. – Emma?

 Spencer franziu as sobrancelhas, só então percebendo que havia me interrompido antes. O tom do mais velho o fez entender isso. O gênio pediu desculpas, eu apenas sorri.

 - Analisando o corpo, é possível perceber que o suspeito esperou Mason não ter como se defender ou lutar, e o modo como escolheu matá-lo, mostra que o assassino não queria sofrimento, já que o corte na jugular é uma das maneiras mais “humanas” de matar um animal, e ele reproduziu isso na vítima. – falei um pouco rápido. - Ele não quer culpar ninguém, só não quer que descubram que foi ele. 

 - Onde você esteve todo esse tempo? – Morgan estava parado na porta, de braços cruzados. – Você está certa, Katzen. Acho que as mulheres deveriam falar com Claire. Ela tem um problema em confiar em homens.

 - Por que diz que ela está certa? – Rossi perguntou.

 - Claire deixou claro. – o moreno respirou fundo. JJ olhou para mim e apontou com a cabeça para a porta, nós duas indo até a sala.

~*~

A mulher tinha os cabelos curtos e pretos, que ela deixava preso em um rabo de cavalo. Estava sentada de frente a Prentiss, sem falar nada, apenas batendo os dedos na mesa de metal.

 - Ela não fala. - a agente disse para nós, quando entramos na sala.

 - O que sabe? - a loira perguntou.

 - Erick tento abusar sexualmente dela. - Emily disse baixo. - Ele estava bêbado, mas nada aconteceu porque Dylan chegou na hora. Claire limpava a sala quando Erick tentou agredi-la. Ela diz que não deu queixa pelo aumento em seu salário, mas eu duvido.

 - Ela é mãe? - perguntei, sendo essa a primeira hipótese que passou pela minha cabeça. Proteger alguém que ama.

 - Oh, Katzen, bem pensado... - Jennifer disse, franzindo as sobrancelhas.

 - Obrigada, agen...

 - JJ. - ela me interrompeu e sorriu antes de se sentar à frente de Claire. A loira se apresentou e logo a empregada doméstica pareci mais à vontade. - Ele tem nove anos. - JJ falava sobre seu filho. - Quantos anos tem o seu?

 Um silêncio ficou na sala durante quase dois minutos, até que Claire respondesse em uma voz baixa:

 - Quatro. Arthur. 

 - Por que escondeu isso? - a loira perguntou com uma voz calma. - Dylan o ameaçou?

 - Eu não posso falar. - ela negou com a cabeça e começou a repetir diversas vezes que não podia falar.

 - Claire? - a chamei algumas vezes, até que ela ouvisse minha voz. - Dylan Mason está morto. Você pode falar, nada vai acontecer.

 Ela olhou para as outras agentes ao meu lado, as duas confirmaram com a cabeça.

 - Meu marido nunca tomou remédios. - Claire contou, sua voz falha e trêmula. - Dylan tomava e colocava no nome do meu Tony.

~*~

 - Dylan era mais preocupado com a vida pública do que achamos. - Emily se sentou em um dos sofás, contando para o resto da equipe o que tínhamos descoberto. - Os remédios que o marido de Claire comprava eram para Dylan, que ameaçava a família de Claire caso não fizessem isso. Era algo exatamente importante para ele que ninguém soubesse sobre isso. Tony também tinha que pagar pelos medicamentos, apesar de quase não conseguir pagar as próprias contas.

 - Isso não explica porque Dylan mataria Erick. - Morgan estava sentado em uma cadeira. - Ele tentou proteger Claire?

 - Não seria o suficiente para um assassinato. - Spencer deu de ombros, não conseguindo disfarçar um bocejo.

 - Não tomou café hoje? - Derek perguntou.

 - Só quatro copos. - o mais novo respondeu rapidamente e voltou a pensar. Só? - Talvez ele sentisse algo por Claire?!

 - Não, ele era o maior pegador daqui. - Prentiss franziu as sobrancelhas e sorriu em seguida. - Está apaixonado, Spencer?

 Ela estava claramente brincando, mas quando ele não respondeu, Emily apenas arregalou os olhos.

 - A gente ainda vai falar sobre isso! - disse rapidamente.

 - Eu não...! - ele tentou se proteger.

 - Oh, Reid...!

 - Em uma das produções de Dylan, Erick atuou como o papel principal e Dylan teve um prejuízo enorme. - eu disse. - Eles brigavam muito por negócios.

 - Mas por que estamos considerando Dylan? - Rossi perguntou. - Ele já foi solto.

 - Não temos mais nenhum outro suspeito. Claire não é e não há mais ninguém para investigar.

 - O marido de Claire. - JJ disse, apenas, mas se interrompeu quando lembrou que ele estava trabalhando na noite do crime. 

 - Mesmo assim deveríamos chamá-lo. - Hotch disse. - Ele mora onde?

 - Em uma cidade há quatro horas daqui. - respondi.

 - Peça para Garcia avisá-lo sobre tudo. Diga para tentar fazê-lo chegar o mais rápido possível.

 Concordei e peguei o celular, já mandado uma mensagem para a loira.

 - Ah, Katzen! - ele me chamou novamente. - Peça para Garcia rastrear o celular de Dylan.

 Em poucos minutos recebi uma mensagem.

 - Está na casa de um dos melhores amigos. - informei-o.

 - Não podemos trazê-lo. - Hotchner pensou por alguns minutos. - Acho mais seguro para Claire passar a noite no nosso hotel, vou arrumar um quarto para ela. Não podemos fazer muita coisa além de esperar... Vou falar com os delegados para tentar trazer Dylan de volta para cá. 

 Ele disse que nos chamaria caso necessário.

 Ninguém o questionou, todos saíram da sala rapidamente e pegaram os carros, não surpresos por já estar  escuro.

 Eu estava conversando com Emily, nós duas indo para o mesmo carro que Morgan, quando Spencer chamou meu nome.

 - Não vai conseguir dormir, não é? - perguntou.

 - Como sabe? – perguntei.

 - Eu sou bom no que faço.

 Ele apenas deu de ombros.

 - Está certo, gênio. - respondi colocando as mãos no bolso. - Não vou conseguir dormir. 

 - Eu conheço bem aqui. Vamos dar uma volta? - ele estava um pouco nervoso por algum motivo. Concordei com a cabeça e Hotch entregou para ele uma chave, sorrindo um pouco.

 - Então, Doutor... - comecei quando andávamos até o veículo preto. - Está apaixonado, ahn?

 - Ah...! - ele estava envergonhado. 

 - Qual o nome da sortuda? Vamos! - eu dei um soco leve em seu braço, o que o fez rir. - Sortudo?

Ele fez que não, rindo.

 - Maeve. – Spencer sorriu perdidamente. - O nome dela é Maeve.

~*~

Ele dirigia, com certos problemas, mas relevava, eu também não era muita fã disso. Spencer me contava sobre como era viver em uma cidade grande dessas quando pequeno. Eu não iria conseguir, cresci em cidades pequenas.

 - Hotch pediu desculpas depois de me chutar. - ele sorriu um pouco, terminando sua história. Ficava bonito sorrindo. - Mas ele chuta como uma criança. Eu cresci em uma escola pública daqui! Aquilo não foi nada.

 - Deve ter sido uma droga. - comentei, mas ele não parecia de importar muito. - Levar um chute do chefe e crescer aqui.

 - Já passou, não? O Ensino Médio, eu digo. - Spencer me olhou rapidamente, e acabou sorrindo. O sinal ficou vermelho e eu me permiti analisá-lo. O cabelo, a boca, o pescoço e as roupas. Aquele homem era lindo.

 - O que está fazendo? - ele perguntou assim que o sinal abriu novamente.

 - Meu trabalho. - dei de ombros e ele riu. O resto da caminho foi um silêncio aconchegante.

~*~

Ele parou em um lugar um pouco mais afastado da cidade, as luzes não eram tão fortes e era possível ver um pouco das estrelas. A lua estava tão brilhante, eu conseguia ver suas crateras mesmo sem óculos.

 - No que está pensando? - Spencer perguntou ao meu lado, nós dois apoiados no capô do carro, olhando para o céu.

 - Não te assusta? - perguntei.

 - Às vezes. - respondeu. - Mas o que te assusta?

 Sorri um pouco, assim como Spencer.

 - É muita coisa e pouco tempo. Muita coisa pra ver e aprender sabe? Ah, você não sabe! - fingi surpresa. - Já sabia mais coisas com oito anos do que eu vou saber minha vida inteira.

 Ele riu quando percebeu que eu brincava.

 - Mas o que quer ver e aprender que acha que não tem tempo? - perguntou se virando para mim. Fiz o mesmo, mordendo o interior da minha bochecha para pensar.

 - Europa. - respondi depois de alguns segundos. - Aprender e conhecer tudo sobre a Europa. Ásia também é legal. E você?

 - Gosto muito do Oriente. Também queria ir para Marte.

 A melhor parte era que que gênio não brincava.

 - Já imaginou estar em outro planeta?! - ele continuou, animado. Sua voz estava mais aguda em alguns momentos, eu não conseguia não sorrir. - Deve ser ótimo. Mas é idiota.

 Ele acabou falando no fim, um pouco envergonhado. Hora de me envergonhar, então!

 - Idiota é uma criança de seis anos construindo um foguete de Lego, achando que funcionaria. - levantei as sobrancelhas levemente, mostrando que isso realmente me constrangia.

 - Você fez isso? - Spencer sorriu. 

 - Posso dizer que fiquei bem decepcionada quando não saiu do chão. - encolhi os ombros.

 Ele riu um pouco e tirou o cabelo do rosto. Iria falar algo quando seu celular começou a tocar. 

 - Deveríamos voltar. - ele disse. Fiz que sim, percebendo que já era um pouco tarde. 

 Dei meia volta, indo para o banco do passageiro e joguei a chave para Reid.

 - Obrigado, Em. - ele disse, sem perceber que me chamara assim. Eu poderia me acostumar com esse novo apelido.

 - De nada. - sorri, quase abrindo a porta.

 - Oh, e, Em? - ele me chamou novamente, antes de entramos no carro. - Tempo é só um conceito. Você tem bastante dele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Estou mais animada com essa história do que quando comecei, não acho que vai demorar muito para postar os próximos!



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