Proibido Amar escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 2
Capítulo 1




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Alguns meses antes...

— Eu sinto muito, senhorita. Nossas vagas já estão preenchidas — a mulher dizia para a ruiva à sua frente.

— Tudo bem! Eu entendo — Lily tentou não demonstrar sua decepção.

As duas levantaram-se ao mesmo tempo, e compartilharam uma sacudida de mãos, antes que Lily saísse da sala, com rapidez.

Assim que viu-se livre do ar de Beauxbatons, respirou fundo, de olhos fechados, tentando recuperar-se daquela reunião. Assim que conseguiu, tirou o celular do bolso de trás da calça, abriu suas anotações, e digitou um “X” ao lado do nome da instituição.

— Com licença, é Beauxbatons? — uma adolescente loira perguntou a ela.

— As vagas já estão preenchidas — disse Lily, sorrindo debochadamente para ela.

— Eu não perguntei sobre as vagas — a garota olhou-a de cima a baixo, deixando escapar uma risada enjoada.

— Sim, é aqui — Lily esforçou-se para não dar um tapa na cara da loira, evidentemente, oxigenada.

— Certo, obrigada, querida — ela sorriu falsamente, antes de entrar por onde ela saiu.

Lily bufou, guardando o celular de volta no bolso, e indo em direção ao ponto de ônibus.

— As vagas já estão preenchidas — resmungou, amargurada.

Ela sabia bem que aquilo não era verdade, ou teriam retirado o aviso do lado de fora do lugar. A verdade era que, naquele país, era muito difícil conseguir entrar em uma universidade com bolsa se o aluno não fazia nenhuma atividade extracurricular.

— Como foi, filha? — sua mãe perguntou-lhe, assim que ela chegou em casa.

— Bem — mentiu Lily, se debruçando sobre o balcão da cozinha.

— Ouvi dizer que eles ensinam francês por lá — sua mãe comentou — Língua chique...

— Acho língua de gente metida — retrucou Lily, apoiando o rosto com a mão.

Doralice Evans era o tipo de mãe que identificava o que você sentia antes mesmo que você sentisse. Por isso, deixou a panela de lado, e virou-se para a filha.

— Tem certeza de que foi bem? — perguntou, desconfiada.

— Você sabe: não tem como saber se fui bem até o resultado sair — brincou Lily, evitando o olhar dela — É como quando faço prova.

— Querida, você visitou cinco faculdades essa semana, e em todas você se deu “bem” — a mulher estendeu a mão, cobrindo a da filha com a dela — Não minta para mim, conte-me o que aconteceu.

Lily suspirou, ela não conseguia esconder as coisas, era muito invisível.

— Eles dão preferência para estudantes que participem de algum esporte ou grupo — disse, frustrada.

— Mas você tem as melhores notas! — disse Doralice, indignada.

— Mas as coisas são assim. Eles devem pensar que, como não tenho o que fazer durante a tarde, sou uma desocupada, que fica no computador pelo resto do dia.

— E o quê eles têm com a sua vida?

Lily deu de ombros, desconfortável.

— Podemos não falar desse assunto, por favor? — perguntou, delicadamente, afastando as mãos da mãe das dela.

— Certo — Doralice assentiu com a cabeça, voltando para o fogão — Quais são as outras da lista?

— Não muitas... Deixe-me ver — ela ajeitou-se no banco, para pegar o celular.

— Querida, não se preocupe. Se não conseguir, nós daremos um jeito! — tentou confortar-lhe.

— Que jeito? Nós não temos tanto dinheiro! E Petúnia ainda precisa terminar a faculdade.

— Deixe que os adultos se preocupem, pode ser?

Lily revirou os olhos, como se ela fosse assim. Sua irmã era mais de deixar de lado, não preocupava-se com essas coisas, mas não tinha com o quê se preocupar. Afinal, ela fazia ballet, tinha uma bolsa garantida.

— Durmstrang — ela começou a ler a lista.

— Só aceita garotos — ouviu sua mãe dizer.

Bufou, apagando o nome do colégio.

— Certo! Então temos Mahoutokoro e Uagadou — ela jogou o celular por cima do balcão, cruzando os braços.

— Vamos deixar Uagadou como última opção, certo? — sua mãe parecia receosa.

— Se nem essa me aceitar, eu juro que me mato — Lily choramingou.

— Não seja dramática, Lily! — ela pôde ouvir sua mãe bater o nó do dedo na porta de madeira do armário.

Nesse momento, elas começaram a escutar vozes animadas.

— Petúnia — murmurou Lily.

Logo depois, ouviram a porta da frente se fechar, e  viram a loira aparecer.

— Oi, gente! — ela cumprimentou, aproximando-se da mãe para dar-lhe um beijo, e sentando-se ao lado da irmã — Como...?

— Sempre — completou Lily, antes que ela terminasse de falar.

Petúnia pareceu constrangida, mas disfarçou enchendo o copo com um pouco de suco, e bebendo-o, em seguida.

— Certo! Quantos você já tentou? — ela recomeçou, depois de um tempo.

— Já perdi a conta — respondeu Lily.

— Não estou falando das faculdades, estou falando das atividades.

— Tuney, não adianta! Eu não levo jeito para isso!

A loira olhou-a incrédula. Claramente, Lily Evans era uma anormalidade da natureza.

— Vôlei — disse Petúnia.

— Eu não acertava a bola uma vez e, quando saquei, bateu na cabeça da menina — disse Lily.

— Isso acontece! — ela fez pouco caso.

— Ela ficou em coma por uma semana!

Petúnia arregalou os olhos, surpresa, mas recuperou-se, quando viu o olhar cortante da mãe.

— Olha! Você é forte! — ela pulou no banco, animada — Tente boxe! Ou alguma outra forma de luta.

— A única equipe de boxe por aqui é a de Durmstrang, e eles riram da minha cara quando pedi para participar — Lily rosnou.

— Judô? — perguntou Petúnia, começando a ficar receosa.

— Eu torci o braço da garota.

— Karatê?

— Quebrei a perna da garota.

— Como você fez isso?

— Eu chutei.

Lily tentou ignorar como sua mãe parecia prestes a cair na gargalhada, concentrando-se unicamente na irmã assustada.

— Certo! Nada de luta! — exclamou Petúnia.

— Decisão sábia — Lily fez uma careta.

— Ballet?

— A professora disse que tenho panturrilha demais para dançar. Além do mais, nenhuma meia-calça coube em mim.

— Que professora vadia!

Doralice virou-se rapidamente, com as mãos na cintura.

— Petúnia! — esbravejou.

— Desculpe, mamãe! — disse Petúnia, sem parecer abalada — Natação?

— Eu não conseguia prender a respiração por muito tempo — respondeu Lily.

— E deixa as mulheres muito ombrudas — a mãe completou.

— Fala sério! Não conseguiu outro lugar para praticar ginástica olímpica? — Petúnia desistiu.

— Não — disse Lily, deprimida e nostálgica — Só existe esses cursos? Não tem mais nada?

— Teatro: você é uma péssima atriz — disse a loira.

— Verdade — admitiu a contragosto.

— Suponho que basquete e futebol deem o mesmo resultado que o vôlei — disse Petúnia — O resto são os próprios cursos da faculdade: fotografia, pintura... Isso não dá bolsa!

— Vou ter que arrumar trabalho — decidiu Lily.

— Não seja ridícula! O melhor trabalho que vai conseguir, estando na faculdade, será garçonete ou vendedora, e o salário não é suficiente nem para comprar seus livros — disse Petúnia.

— Escute sua irmã — Doralice interviu — Deixe, que eu e seu pai cuidaremos disso.

— Como? Fazendo mil horas extras? Vendendo doce na rua? Deixando de pagar contas? Pedindo favor? — Lily explodiu — Não tem jeito!

As duas mantiveram-se caladas, surpresas pelo surto, olhando-a fixamente. Levantou-se de seu lugar, e saiu da cozinha, sem dizer mais nada.


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