Proibido Amar escrita por nywphadora, nywphadora
Alguns meses antes...
— Eu sinto muito, senhorita. Nossas vagas já estão preenchidas — a mulher dizia para a ruiva à sua frente.
— Tudo bem! Eu entendo — Lily tentou não demonstrar sua decepção.
As duas levantaram-se ao mesmo tempo, e compartilharam uma sacudida de mãos, antes que Lily saísse da sala, com rapidez.
Assim que viu-se livre do ar de Beauxbatons, respirou fundo, de olhos fechados, tentando recuperar-se daquela reunião. Assim que conseguiu, tirou o celular do bolso de trás da calça, abriu suas anotações, e digitou um “X” ao lado do nome da instituição.
— Com licença, é Beauxbatons? — uma adolescente loira perguntou a ela.
— As vagas já estão preenchidas — disse Lily, sorrindo debochadamente para ela.
— Eu não perguntei sobre as vagas — a garota olhou-a de cima a baixo, deixando escapar uma risada enjoada.
— Sim, é aqui — Lily esforçou-se para não dar um tapa na cara da loira, evidentemente, oxigenada.
— Certo, obrigada, querida — ela sorriu falsamente, antes de entrar por onde ela saiu.
Lily bufou, guardando o celular de volta no bolso, e indo em direção ao ponto de ônibus.
— As vagas já estão preenchidas — resmungou, amargurada.
Ela sabia bem que aquilo não era verdade, ou teriam retirado o aviso do lado de fora do lugar. A verdade era que, naquele país, era muito difícil conseguir entrar em uma universidade com bolsa se o aluno não fazia nenhuma atividade extracurricular.
— Como foi, filha? — sua mãe perguntou-lhe, assim que ela chegou em casa.
— Bem — mentiu Lily, se debruçando sobre o balcão da cozinha.
— Ouvi dizer que eles ensinam francês por lá — sua mãe comentou — Língua chique...
— Acho língua de gente metida — retrucou Lily, apoiando o rosto com a mão.
Doralice Evans era o tipo de mãe que identificava o que você sentia antes mesmo que você sentisse. Por isso, deixou a panela de lado, e virou-se para a filha.
— Tem certeza de que foi bem? — perguntou, desconfiada.
— Você sabe: não tem como saber se fui bem até o resultado sair — brincou Lily, evitando o olhar dela — É como quando faço prova.
— Querida, você visitou cinco faculdades essa semana, e em todas você se deu “bem” — a mulher estendeu a mão, cobrindo a da filha com a dela — Não minta para mim, conte-me o que aconteceu.
Lily suspirou, ela não conseguia esconder as coisas, era muito invisível.
— Eles dão preferência para estudantes que participem de algum esporte ou grupo — disse, frustrada.
— Mas você tem as melhores notas! — disse Doralice, indignada.
— Mas as coisas são assim. Eles devem pensar que, como não tenho o que fazer durante a tarde, sou uma desocupada, que fica no computador pelo resto do dia.
— E o quê eles têm com a sua vida?
Lily deu de ombros, desconfortável.
— Podemos não falar desse assunto, por favor? — perguntou, delicadamente, afastando as mãos da mãe das dela.
— Certo — Doralice assentiu com a cabeça, voltando para o fogão — Quais são as outras da lista?
— Não muitas... Deixe-me ver — ela ajeitou-se no banco, para pegar o celular.
— Querida, não se preocupe. Se não conseguir, nós daremos um jeito! — tentou confortar-lhe.
— Que jeito? Nós não temos tanto dinheiro! E Petúnia ainda precisa terminar a faculdade.
— Deixe que os adultos se preocupem, pode ser?
Lily revirou os olhos, como se ela fosse assim. Sua irmã era mais de deixar de lado, não preocupava-se com essas coisas, mas não tinha com o quê se preocupar. Afinal, ela fazia ballet, tinha uma bolsa garantida.
— Durmstrang — ela começou a ler a lista.
— Só aceita garotos — ouviu sua mãe dizer.
Bufou, apagando o nome do colégio.
— Certo! Então temos Mahoutokoro e Uagadou — ela jogou o celular por cima do balcão, cruzando os braços.
— Vamos deixar Uagadou como última opção, certo? — sua mãe parecia receosa.
— Se nem essa me aceitar, eu juro que me mato — Lily choramingou.
— Não seja dramática, Lily! — ela pôde ouvir sua mãe bater o nó do dedo na porta de madeira do armário.
Nesse momento, elas começaram a escutar vozes animadas.
— Petúnia — murmurou Lily.
Logo depois, ouviram a porta da frente se fechar, e viram a loira aparecer.
— Oi, gente! — ela cumprimentou, aproximando-se da mãe para dar-lhe um beijo, e sentando-se ao lado da irmã — Como...?
— Sempre — completou Lily, antes que ela terminasse de falar.
Petúnia pareceu constrangida, mas disfarçou enchendo o copo com um pouco de suco, e bebendo-o, em seguida.
— Certo! Quantos você já tentou? — ela recomeçou, depois de um tempo.
— Já perdi a conta — respondeu Lily.
— Não estou falando das faculdades, estou falando das atividades.
— Tuney, não adianta! Eu não levo jeito para isso!
A loira olhou-a incrédula. Claramente, Lily Evans era uma anormalidade da natureza.
— Vôlei — disse Petúnia.
— Eu não acertava a bola uma vez e, quando saquei, bateu na cabeça da menina — disse Lily.
— Isso acontece! — ela fez pouco caso.
— Ela ficou em coma por uma semana!
Petúnia arregalou os olhos, surpresa, mas recuperou-se, quando viu o olhar cortante da mãe.
— Olha! Você é forte! — ela pulou no banco, animada — Tente boxe! Ou alguma outra forma de luta.
— A única equipe de boxe por aqui é a de Durmstrang, e eles riram da minha cara quando pedi para participar — Lily rosnou.
— Judô? — perguntou Petúnia, começando a ficar receosa.
— Eu torci o braço da garota.
— Karatê?
— Quebrei a perna da garota.
— Como você fez isso?
— Eu chutei.
Lily tentou ignorar como sua mãe parecia prestes a cair na gargalhada, concentrando-se unicamente na irmã assustada.
— Certo! Nada de luta! — exclamou Petúnia.
— Decisão sábia — Lily fez uma careta.
— Ballet?
— A professora disse que tenho panturrilha demais para dançar. Além do mais, nenhuma meia-calça coube em mim.
— Que professora vadia!
Doralice virou-se rapidamente, com as mãos na cintura.
— Petúnia! — esbravejou.
— Desculpe, mamãe! — disse Petúnia, sem parecer abalada — Natação?
— Eu não conseguia prender a respiração por muito tempo — respondeu Lily.
— E deixa as mulheres muito ombrudas — a mãe completou.
— Fala sério! Não conseguiu outro lugar para praticar ginástica olímpica? — Petúnia desistiu.
— Não — disse Lily, deprimida e nostálgica — Só existe esses cursos? Não tem mais nada?
— Teatro: você é uma péssima atriz — disse a loira.
— Verdade — admitiu a contragosto.
— Suponho que basquete e futebol deem o mesmo resultado que o vôlei — disse Petúnia — O resto são os próprios cursos da faculdade: fotografia, pintura... Isso não dá bolsa!
— Vou ter que arrumar trabalho — decidiu Lily.
— Não seja ridícula! O melhor trabalho que vai conseguir, estando na faculdade, será garçonete ou vendedora, e o salário não é suficiente nem para comprar seus livros — disse Petúnia.
— Escute sua irmã — Doralice interviu — Deixe, que eu e seu pai cuidaremos disso.
— Como? Fazendo mil horas extras? Vendendo doce na rua? Deixando de pagar contas? Pedindo favor? — Lily explodiu — Não tem jeito!
As duas mantiveram-se caladas, surpresas pelo surto, olhando-a fixamente. Levantou-se de seu lugar, e saiu da cozinha, sem dizer mais nada.
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