O voo com saída de San Diego e destino Londres tinha acabado de ser anunciado, as pessoas começaram a se movimentar diante do chamado, entretanto Dakota continuava sentada. Ela só sabia que era o seu voo porque seu pai apontou para o letreiro onde se encontravam as chamadas, então eles sorriram um para o outro e assentiram em silêncio, essa era a deixa. Lá estavam os dois indo em busca de uma nova vida, uma nova história, um merecido recomeço, torcendo para que dessa vez tudo desse certo.

Caminharam lentamente até a área de embarque, entraram no avião e sentaram em suas respectivas poltronas sem trocar uma palavra, não era necessário, os sorrisos em seus rostos já diziam tudo. Estava feito, voltariam para a cidade natal de Sean e assim estariam alocados mais próximos da família. O médico de Dakota havia comentado que estar rodeada de pessoas que a amavam ajudaria na readaptação, então não demorou muito para Sean decidir que era uma ótima ideia retornar para Irlanda do Norte, no entanto, no fundo, os dois sabiam que aquela era só uma desculpa para fugirem de seus fantasmas.

Dakota observou San Diego ficar pequenininha pela janela do avião e não conseguiu segurar algumas lágrimas que teimaram em cair. Limpou rapidamente o rosto com as costas da mão esquerda e respirou fundo. Aquela cidade tinha tantas atrações e as pessoas gostavam de visitá-la, mas para Dakota já não tinha tanta graça assim, não mesmo. Ela viveu sim muitos momentos bons ali, só que a magia parecia ter acabado. Depois da morte da mãe, as coisas não faziam mais sentido e ela não sabia se o que doía mais era a perda da mãe ou a situação em que ela se encontrava. Privada de frequentar suas aulas de canto, de teatro e mais, impossibilitada de apreciar o som emitido pelo piano sob seus dedos. Era difícil para uma garota de apenas 13 anos aceitar algo assim, ela não parava de se perguntar se tinha feito algo para irritar o destino.

Sean percebeu que Dakota estava imersa em pensamentos, a abraçou e a beijou no topo da cabeça sentindo o cheiro adocicado dos cabelos da filha. Ela era tão parecida com a mãe, lá estavam os cabelos loiros de Jane e o seu nariz arrebitado e principalmente, a postura implacável dela. Ele sorriu com as lembranças. Daria tudo certo, esse havia virado seu mantra.

Ambos não sabiam o que estava por vir, não faziam ideia de como a vida poderia ser generosa e ao mesmo tempo engraçada. Se um ano antes disso lhes contassem como se dariam bem em Belfast, nenhum deles acreditaria, muito menos Dakota. Ela já estava cansada de ter fé, de acreditar em melhoras só para depois cair de seu alazão, sim um alazão, porque Dakota nunca foi uma garota qualquer, sempre foi especial, se a bondade fosse uma pessoa ela com certeza teria cachos dourados.

Bom, só estou contando essa história porque achei conveniente compartilhar com o mundo. Seria uma total injustiça ter que guardá-la só para mim, então depois de colher todas as informações de que precisava, aqui estou. Juro que é a história de amor mais linda que já me contaram e tudo bem, sou suspeita para falar, mas quem vive um amor assim? É melhor parar com a enrolação e lhes mostrar de uma vez, então preparem seus corações e deixem os seus preconceitos de lado, porque esse não é um romance qualquer, além do mais será o meu futuro em jogo.