P.V.O Lucy

  Era mais um dia normal na guild Fairy Tail. Tudo estava agitado como sempre, mesas voavam de um lado para o outro e claro, como de costume, Natsu estava no meio da confusão. Acho até engraçado esse jeito ativo dele.

  Não tinha visto a Erza desde cedo, ela devia estar ocupada fazendo outra coisa em outro lugar, ou talvez não. Gray estava conversando alguma coisa com Juvia. E eu, bem... Eu estava sentada em uma mesa um pouco afastada das outras pessoas.

  Por algum motivo eu não estava muito animada naquela manhã, sentia-me um pouco estranha, sem contar que quase não havia dormido na noite anterior pó conta de alguns sonhos que venho tendo ultimamente, e o mais estranho em tudo isso é que mesmo sendo sonhos diferentes toda a noite é como se eles representassem a mesma coisa, como se todos eles estivessem ligados para formar um só final.

  De repente fui tirada de meus devaneios por uma voz me chamando. Virei meu rosto para o lado instantaneamente, para encontrar o dono da voz.

  Natsu.

  – Luce. Você está bem? – Perguntou sentando-se ao meu lado. Sua expressão claramente exibia preocupação.

  – Estou. Por que não estaria? – Menti forçando um sorriso. Eu não estava me sentindo bem, mas também não queria deixar os outros preocupados por uma coisa boba.

  – Porque eu te chamei umas três vezes e você não respondeu. E você também não parece estar bem.

  – Eu estou bem Natsu, é sério. Só estou meio distraída hoje, mas está tudo bem!

  Ele não pareceu acreditar muito no que eu disse – não o culpo, minha atuação foi péssima – mas mesmo assim assentiu e logo se levantou. Fiquei observando-o se afastar e ir à direção de Gray e Juvia.

  Decidi ir para casa já que não estava me sentindo muito bem, minha cabeça tinha começado a doer.

~~. ~~

  Estava em casa deitada na minha cama, minha cabeça não parava de doer, e parecia que quando mais eu tomava remédio mais a dor aumentava.

  Amaldiçoei mentalmente o criador daquele remédio idiota que não estava ajudando em nada.

  Por Kami! Como aquela maldita dor de cabeça podia estar tão forte até aquele ponto. E para piorar eu estava muito zonza, como se eu pudesse desmaiar a qualquer momento.

  Tentei várias vezes levantar da cama para tomar um banho, na esperança de aliviar pelo menos um pouco da dor. Tentativas falhas. Mexer-me só piorava tudo. Sinceramente, aquilo estava sendo horrível demais.

— O que aconteceu criança?— Ouvi uma voz feminina sussurrar em meu ouvido.

  Tomei um leve susto e por impulso pus-me sentada na cama. Tive como consequência uma forte pontada na cabeça por conta do movimento rápido. Levei a mão a cobeça e soltei um gemido de dor.

  Depois de um tempinho esperando a dor aliviar um pouco olhei em volta do meu quarto para tentar achar a dona daquela voz, mas não vi simplesmente ninguém. Decidi ignorar aquilo e voltei a me deitar.

  Achei melhor tentar dormir pouco. Ajeitei-me na cama para me afundar em um sono profundo, mas, assim que fechei os olhos, ouvi a mesma voz de antes sussurrar novamente em meu ouvido:

  — Está sentindo muita dor?— dessa vez a voz pareceu sair mais como um eco do que um sussurro.

  Rapidamente abri meus olhos. Passei meu olhar por todos os cantos do meu quarto várias vezes para ter certeza, mas além de mim não tinha mais ninguém naquele lugar.

  – Olá? Tem alguém aqui? – Tentei, mas não obtive resposta alguma.

  Talvez eu estivesse delirando por causa da dor de cabeça, sem contar que tinha quase certeza de que estava com febre também. Sim, era isso mesmo. Estava delirando por causa da dor de cabeça e da febre.

  Achei melhor tentar dormir de novo, só que dessa vez eu não daria atenção caso ouvisse aquela voz de novamente. Quando eu acordasse com certeza estaria me sentindo melhor.

  Ajeitei-me na cama e fechei os olhos esperando o sono chegar, o que não demorou muito, afinal eu já estava bastante cansada.

  Depois de um tempo fui retirada do sono – mas não quis abrir os olhos - ao sentir muito frio em todo o meu corpo. Imediatamente estranhei. Lembro-me perfeitamente de ter-me cobrido com meu edredom antes de dormir, como podia estar com tanto frio? E além do mais não me sentia deitada sobre a superfície macia da minha cama, eu estava deitada sobre algo duro e úmido.

  Abri os olhos lentamente e meio vacilantes, temendo pelo que poderia encontrar no ambiente a minha volta quando minhas pálpebras não estivessem mais fechadas.

  Nada. Eu não conseguia enxergar nada, tudo a minha volta estava completamente escuro.

  Pus-me de quatro naquela superfície gélida e comecei a tatear o lugar para ver se encontrava algo, mesmo que fosse algo insignificante, mas não encontrei nada, eu estava sozinha naquele imenso breu.

  Senti uma pontada de desespero em minha mente, afinal, não é fácil ficar calma quando você acorda do nada em um lugar totalmente escuro e sem nenhum sinal de vida por lugar algum!

  Tentei me levantar e caminhar um pouco para ver se encontrava algo mais à frente, mas tudo que consegui foi uma quase queda por tropeçar em meus próprios pés.

  De repente, uma pequena luz de cor azul surgiu na minha frente. Seu brilho não iluminava muito, só o suficiente para eu conseguir ver um pouco dos meus pés.

  Quando tentei toca-la ela começou a se mover, afastando-se de mim em certa velocidade. Não pensei duas vezes, comecei a correr atrás dela, pois – por algum motivo – não queria e tinha medo de fica na escuridão novamente.

  Não demorei muito para conseguir alcançar a pequena luz azulada e então estendi minha mão para tentar toca-la novamente. Não sei muito bem o porquê, mas eu queria muito fazer isso. Só um simples toque, era tudo o que eu queria, tudo o que eu – estranhamente – desejava naquele momento.

  Quando eu finalmente senti o calor daquela luz algo começou a esquentar dentro de mim e junto com ele a luz, antes pequena, agora estava ficando maior e seus brilho azul cada vez mais forte até eu na conseguir enxergar mais nada.

  – Te achei... Criança de luz.

  Foi todo o que eu consegui ouvi antes de ser engolida pela luz e por fim cair novamente em um abismo de escuridão.