Roda do Tempo escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Galera, desculpe! Tentei deixar menor mas não consegui encontrar um ponto de ruptura. Espero que não se cansem demais.



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Draco encarou o jornal com assombro. Fechou-o e atravessou a passos largos diversos cômodos da mansão até entrar na sala de estar na ala da esposa. Astoria e Narcisa estavam conversando e tomando chá, mas com a entrada tempestuosa de Draco, se calaram e o encararam, surpresas.

— Draco? Que modos são esses? – Narcisa perguntou, torcendo o delicado nariz.

A magia do bruxo oscilou perigosamente e quadros caíram da parede. Narcisa se levantou e olhou o filho, assombrada.

— Draco...

Ele estendeu o jornal e lançou um olhar terrível para a esposa, antes de aparatar. A bruxa mais velha engoliu seco e abriu o jornal amassado, empalidecendo ao ver a manchete. Apesar da vontade de jogá-lo longe, passou os olhos pela matéria, sentindo o chão faltar a seus pés.

— Mamãe... o que foi agora? – Astoria perguntou, se levantando.

A mulher encarou a nora e então, estendeu o jornal aberto. Astoria o pegou e assim que leu, empalideceu e cambaleou. Depois de longos minutos, ergueu os olhos, mas não conseguiu encarar a sogra.

— Eu... eu não... – balbuciou, os nervos descontrolados.

Narcisa se virou e deixou a sala. Percorreu a mansão e soube que Draco não estava em parte alguma. Scorpius também não estava em casa e Lucius, fechado no escritório como sempre.

A mulher entrou em seu quarto e fechou a porta, lançando feitiços para se isolar de tudo e de todos. Sentou-se na ponta da cama e fechou os olhos, o coração apertado.

****



Andrômeda observou o neto e Harry espalharem feitiços de proteção e aviso por todo o seu quintal. A casa e ela mesma passaram pela mesma coisa, mas a bruxa não reclamou. Vendo os dois juntos, suspirou ao pensar que devia ser Remus ali, e não Harry. A névoa azul desapareceu e Harry se concentrou em invocar sua magia para proteger Teddy. Dois escudos protetores permanentes e pelo menos três de aviso depois, o ex-auror estava exausto.

— Teddy, leve seu pai para descansar no sofá. – ela orientou, levantando-se.

O olhar da bruxa cintilou quando o jovem ajudou Harry a subir os degraus e entrou com ele, sem reclamar ou sequer estranhar a frase.

— O burro do lobo está perdendo a melhor parte... – murmurou, balançando a cabeça com resignação.

****

Sirius e Lupin se encararam depois de ler a matéria e pela primeira vez, o animago não fez nenhum comentário cáustico. O lobo se levantou e jogou o jornal no fogo, balançando a cabeça.

— Acha que Harry leu isso? – Sirius perguntou baixinho depois de algum tempo.

— Não sei. – o professor se virou e se abraçou, com um suspiro – Até onde Dionísius é capaz de ir em sua vingança?

— Pelo menos o homem tem alguma honra e trata de dar nome aos bois. Tem nomes e datas aqui que podem ser checadas... e foi ele que acabou ajudando Harry com a dúvida sobre o caso dos dois... – Sirius deu de ombros, servindo-se de mais café – Não sei se lamento ele estar jogando toda a lama dos Malfoy no ventilador.

— Mas isso... fazer isso com Draco, que no fim, é tão vítima do pai quanto ele mesmo... – Remus se aproximou do marido – Não é justo com o...

— Justo com quem? – o animago interrompeu o marido e elevou uma sobrancelha – O Malfoy filhote destruiu a vida do Harry! Destruiu! Não passa dele ter sido o responsável, se insinuando para o Harry até que não teve outro jeito e...

Parou ao ver o olhar gelado de Remus.

— Então agora Harry é um retardado que pode ser transformado em gay por insistência do pervertido! Levado pela cabeça dos outros como um bebê... – elevou uma sobrancelha e encarou o outro de maneira terrível – Me espanta a forma como o vê... Bem, tenho que trabalhar.

Lupin se ergueu, vestiu o casaco, pegou a pasta e se dirigiu para a lareira. Sirius o acompanhou, meio sem jeito.

— Isso tudo é muito para mim... antigamente as coisas eram mais fáceis... – murmurou, observando o marido desaparecer nas chamas esverdeadas.

*******

Harry observou os membros da banca debruçados sobre o relatório que compilou de poções. O mago sorriu minimamente ao notar a hora pelo relógio grande na sala. Já marcavam 18:15h e logo, todos estariam deixando o prédio.

— Senhor Potter... – desviou os olhos, encarou o mago idoso que se aproximou e se levantou, respeitoso – Podemos marcar o teste das poções para amanhã?

— Claro! Devo trazer meus ingredientes ou o ministério fornecerá?

O homem tirou os óculos e encarou o outro com curiosidade.

— Estamos um pouco perplexos, senhor Potter. Algumas das poções que listou são bem antigas e por isso, quase não são usadas. O senhor listou trinta poções, mas posso presumir que seu conhecimento é mais vasto, não?

O ex-auror sequer piscou.

— Tenho muitos livros de poções, como quase todo mago. – respondeu, evasivo.

O outro encolheu os ombros e anuiu, balançando a cabeça.

— Claro! Isso é verdade. Bem, o ministério fornece o material para a confecção das poções. Espero que às 10h esteja bom para o senhor.

— Está ótimo!

Com um cumprimento, o senhor deixou a sala e logo, Harry estava sozinho. Saiu também e se sentou no banco do corredor, exausto. Chegou ali logo no fim da manhã e passou pelas provas de identificação de ervas, raízes e sementes e depois, de instrumentos e técnicas. Quando pensou ter acabado, teve que identificar outros elementos usados nas poções, e alguns foram bem difíceis.

— Ainda bem que não eram pior que Urick... – murmurou, com um suspiro.

A tatuagem em seu pulso esquentou, dando o sinal e Harry se levantou, cumprimentando um segurança com a cabeça. Andou a passos largos até o corredor para os elevadores e no caminho, bem discretamente, tirou a capa de invisibilidade. Vestiu-a com destreza e quando o segurança virou o corredor, viu apenas a porta do elevador se fechar.

Harry o observou passar e se virou, voltando seus passos até a escada. Raramente usada, a torre comprida, cheia de teias de aranha e outras coisas medonhas, escura e mal cheirosa, fez o mago franzir a testa. Usando um feitiço simples, correu os degraus acima até o andar dos aurores e empurrou a porta com cuidado. Ficou um pouco preocupado ao ver pessoas ainda circulando, mas passou por elas e entrou no antigo escritório.

O mago arregalou os olhos ao ver a quantidade de pastas e papéis sobre a antiga mesa de Hilda, e também no chão, em pilhas oscilantes. Franziu ainda mais a testa e abriu a porta do próprio escritório, reprimindo um som de incredulidade diante de tanta bagunça.

“Impossível dar uma busca nessa confusão!” pensou, pela primeira vez incerto do que fazer.

Os armários no canto estavam tão cheios que algumas gavetas sequer fechavam.

“Está bem... vamos por partes...” tirou um papel dobrado do bolso e o abriu. Releu os nomes e então o fechou de novo e o guardou. Fechou os olhos por alguns segundos e invocou uma névoa cinzenta que se espalhou por todo o lugar.

“Mordred Williams...  Dekell Lutt... Janus Easter... Harry Potter… Arkyn Solmon…Tek Ingel…Andreas MacMurdo… Teodoro L. Tonks…” murmurou, observando a sala atentamente. Pontos de luz se acenderam no meio das pastas e Harry se aproximou. Puxou a gaveta de baixo e se espantou com o volume grosso que trazia seu nome na capa. Sem tempo para analisar, fez um feitiço copiador em todos os arquivos que encontrou, reduzindo-os e guardando-o nos bolsos.

“Relatórios de missões no norte... bruxos das trevas... Lucius Malfoy...”

Recolheu todos os documentos no escritório e na sala contígua, ajeitando a capa para sair, quando percebeu que o feitiço identificador se concentrou na porta, iluminando mais quatro pontos. Harry seguiu a trilha do feitiço até o departamento de arquivo sobre a ascensão e teve trabalho em juntar tudo. Acelerou e passou pelo departamento de mistérios e em outras duas salas que sequer sabia para o que serviam. O último ponto estava no escritório do próprio ministro.

Havia feitiços de segurança que Harry teve trabalho para suspender. Sequer pensou em desfazer algum, para o caso de haver algum alarme. Os arquivos estavam num cofre disfarçado na parede.

“E agora?” pensou, sem saber o que fazer.

Ficou alguns minutos parado e então, se lembrou de um feitiço estranho do livro de Urick. Incerto, tirou as luvas e o executou, murmurando as palavras enquanto fios finos e prateados saíam de seus dedos. O mago sorriu quando conseguiu duplicar os arquivos dentro do cofre e fazê-los atravessar a parede, envoltos pelos fios.

“Isso foi muito legal!” Comemorou, guardando seu saque.

Quando estava saindo da sala para deixar o prédio, uma bolha azul clara apareceu na sua frente e o fez parar abruptamente.

“Mas que idiota! Quase esqueci!” Harry recolocou as luvas e invocou sua magia, fazendo-a se concentrar até assumir um brilho vermelho e então a guiou pelos lugares onde passou em todo o prédio. Enquanto descia as escadas, a rede vermelha o acompanhou e apagou a assinatura da sua magia em todo o prédio e quando chegou à última lareira do canto, o mago entrou e aparatou.

Harry teve que se escorar à parede para conseguir ficar de pé e logo, Teddy veio correndo e o amparou.

— Foi muito para um dia, padrinho... – murmurou, preocupado.

— Foi mesmo. – o outro concordou, exausto. O mago respirou fundo e soltou o ar lentamente, segurando o braço do afilhado – Vamos para casa.

Com suas últimas reservas de energia, o ex auror os transportou para casa.

*****

Na manhã seguinte, o grupo de ex-aurores se reuniu na casa de Harry, em um anexo que foi construído especificamente para isso e cercado com feitiços de defesa e disfarce.

— Temos uma quantidade enorme de documentos para analisar. – Harry comentou, encerrando o feitiço redutor e observando as inúmeras pastas – Tem duas específicas com meu nome... – parou e encarou Teddy – Quero que as analise.

— Devem ter coisas pessoais... – o jovem murmurou, sem jeito.

— Nada que já não saiba ou que não possa saber, Teddy. – olhando os outros, sentou-se com um suspiro – Vamos começar.

Só então notou o clima estranho entre os amigos. Andreas e Tek olhavam Arkyn, que estava nitidamente nervoso.

— O que aconteceu? – Harry perguntou, olhando-os.

— Não leu o jornal nos últimos dias, não é? – Tek perguntou, baixo.

— Mais algum escândalo Potter? Eu sinceramente não...

O ex auror foi interrompido por Arkyn, que ergueu a mão e balançou a cabeça vigorosamente.

— Não é nada com você, mas devia ler. – tirou o jornal diminuto do bolso e o fez voltar ao tamanho normal, entregando-o a Harry – Vamos checar os arquivos, enquanto lê.

Andreas pegou uma pasta e a encantou para ficar na altura dos olhos de Tek, movendo-se ao comando da voz do ex auror. Ele mesmo puxou uma para si e Arkyn fez o mesmo. Teddy sentou-se ao lado do padrinho e pegou a maior pasta, mas nenhum deles começou o trabalho, observando Harry atentamente.

O ex auror empalideceu, mas continuou a ler até terminar.

— Dionísius? – perguntou, a voz rouca.

— Parece que ele manteve a família Malfoy sob observação durante muito tempo... tudo o que ele está dizendo, pode provar com fotos e outras coisas. – Arkyn respondeu, encolhendo os ombros.

— Isso é... Por Merlim! Isso é muito! – o ex auror comentou, olhando as fotos – Como um pai pode fazer isso? E fazer uma matéria com tanto sensacionalismo...

— Não é diferente do que fizeram com você antes, e conosco quando fomos demitidos. Eles desenterraram coisas e distorceram outras... fomos o alvo por semanas! – Tek protestou, os olhos faiscando.

Harry levantou os olhos e o encarou por alguns minutos.

— Tem razão. Tivemos nossa cota de imprensa... Vamos trabalhar!.

Deixando o jornal de lado, Harry puxou uma pasta para si e mergulhou na leitura. Os outros se entreolharam, mas não disseram nada e o imitaram. Depois de alguns minutos, uma coruja piou à janela, fazendo todos erguerem a cabeça. Arkyn se levantou e pegou a mensagem.

— É da Luna... – disse, entregando o envelope a Harry.

O ex-auror abriu a mensagem e depois de ler por alguns minutos, franziu a testa.

— Um amigo do Rolf precisa de escolta para transportar pedras preciosas... está vindo do norte para Londres... – olhou os presentes – Ele quer nos contratar e paga bem.

Arkyn arregalou os olhos. – Como?

— Se aceitarmos seremos o quê, algum tipo de segurança privada? – Andreas perguntou, confuso.

— Eu não sei. Se vocês aceitarem, eu também aceito. – olhou o afilhado – Está dentro, Teddy?

— Claro! – o jovem se animou – Um grupo de segurança privado? Legal!!

A animação diminuiu e olhares foram lançados. Tek sorriu e balançou a cabeça.

— Sem essa, pessoal! Vou ser a âncora... o porto seguro para onde vocês sempre devem voltar. – disse, sem nenhum traço de constrangimento – Preciso apenas de pelo menos mais dois, se algo der errado e vocês precisarem de reforços.

Andreas baixou a cabeça, os lábios comprimidos.

— Ei... – Tek chamou baixinho e quando Andreas o olhou de volta, sorriu – Por causa do nosso feitiço de ligação, ainda que não esteja fisicamente a seu lado, vou estar lá para garantir que volte para mim. – respirou fundo e desviou o olhar – Mesmo sendo totalmente egoísta.

— Já falamos sobre isso... – Andreas rebateu, sério.

— Falar não vai mudar os fatos. – Tek olhou Harry – Estou dentro, chefe.

Arkyn observou os dois e não teve ânimo para dizer nenhuma piadinha. A tristeza estava estampada no rosto de Andreas e no de Tek, apenas resignação. Estava claro que não estavam bem. O silêncio se prolongou e o clima ficou tenso e pesado.

— Existe um feitiço... – Harry começou, baixo e hesitante – Antes de sairmos posso realizá-lo... mas existe um preço.

— Feitiço? – Andreas deu um pulo – Que feitiço?

Os olhos de Harry não deixaram os de Tek.

— Qual o preço? – o último perguntou.

O mago se levantou e passou a mão pelo cabelo. Tek e todos os outros o acompanharam com o olhar.

— Uma troca equivalente. – Harry deu a volta na mesa e se sentou ao lado de Tek – Quando voltar a ter os movimentos do corpo, vai perder alguma coisa dele.

— O quê? – Andreas perguntou, olhando de um para outro.

— Tek deve escolher o que dará pela volta dos movimentos. – explicou, olhando Andreas – Mas deve ser tão importante quanto ou o feitiço não se realizará.

— Por Merlim! – Arkyn murmurou, espantado.

— Por isso não disse nada sobre o feitiço até agora? – Teddy perguntou, a testa franzida.

— Eu sabia que conhecia alguma coisa... conferi quando separei as poções para o teste... – o mago balançou a cabeça – É um feitiço das trevas.

— Isso é loucura! – Andreas protestou, olhando de um para outro – Mesmo que o feitiço funcione e ele volte a andar o que poderá ser equivalente? Algum sentido? Um órgão? Não pode simplesmente desistir de nada assim!

— Andreas... – Tek tentou fazer o outro se acalmar – Estamos só...

— Não! Sei que está considerando por que nos últimos dias está me enchendo com esse assunto! – irritado, se virou para o ex-auror na cadeira – Você está pintando o quadro do jeito mais negro que pode imaginar e não aceita nada que não confirme isso.

— Estou pensando em você, caramba! – Tek rebateu, irritando-se também – Está preso a mim! Por enquanto está tudo bem, mas e daqui a algumas semanas ou meses, quando você se lembrar que é um homem e que precisa do que não posso te dar? Vai me trair e piedosamente não me contar ou transformar a vida dos dois num inferno?

Andreas, chocado, recuou e colocou a mão na boca. Harry se levantou e Teddy também, mas nenhum conseguiu segurá-lo antes que aparatasse.

— Isso foi cruel, Tek. – Arkyn se levantou e respirou fundo – Não vejo Andreas fazendo nenhuma das duas coisas. O cara é leal. – virou-se para Harry – Vou atrás dele.

Arkyn aparatou e Teddy se sentou, colocando a cabeça entre as mãos. Harry encarou Tek, agora pálido.

— É apenas a verdade... cruel ou não... – baixou a cabeça e fechou os olhos.

Harry suspirou e seus olhos caíram sobre o jornal dobrado sobre a mesa.

— Me pergunto até quanto podemos aguentar...

******

A sala de jantar na mansão Malfoy estava silenciosa. Narcisa, aristocrática como sempre, estava sentada dura de frente para Scorpius, pálido e silencioso. Lucius, à cabeceira, fingia não perceber que sua família estava prestes a explodir. Astoria estava encolhida ao lado do filho, pálida e tremendo levemente.

Um estrondo soou perto da porta e Draco aparatou, despenteado. Narcisa e Scorpius se ergueram de uma vez, mas o bruxo estava encarando o pai. Depois de alguns minutos tensos, que pareceram semanas, ele estendeu a mão.

— Filho... – chamou, a voz rouca.

— Draco, eu não vou permitir...

Lucius se ergueu, mas Scorpius foi mais rápido. Ele simplesmente correu para os braços do pai e o abraçou apertado. Draco ainda lançou um olhar gelado e sombrio para a esposa, antes de aparatar de novo.

— Não fui informado que as proteções anti aparatação foram retiradas dessa mansão! – o patriarca reclamou, metálico – Quem autorizou essa infâmia?

Narcisa o olhou, pela primeira vez demonstrando desprezo no olhar. Lucius ergueu uma sobrancelha.

— Não sei, senhor meu marido. Talvez o último escândalo tenha minado sua autoridade... – ela respondeu, afastando-se da mesa – Com sua licença...

— Não permito que se vá. – ele rebateu, sentando-se.

Ele voltou a comer como se nada estivesse acontecendo e Narcisa sorriu de forma fria.

— Não vou ficar aqui e fingir que Dionísio não nos contou que Scorpius é seu filho com essa...  – parou e comprimiu os lábios – Devia ler, senhor meu marido... foi muito esclarecedor a parte em que explica que você ficou com medo de que Draco nunca fosse homem o suficiente para fazer um filho e então tomou seu lugar na cama da esposa.

O olhar terrível de Narcisa caiu sobre Astoria, que se encolheu ainda mais.

— Ainda mais quando sabemos que ele a engravidou depois do nascimento de Scorpius, mas que você a fez tomar uma poção específica e...

Lucius se ergueu e se aproximou como um raio da esposa, erguendo a mão. O olhar de Narcisa cintilou, perigoso.

— Se acha que pode me bater vá em frente! – ela o desafiou sem desviar os olhos – Isso não vai apagar o que foi capaz de fazer com seu próprio filho, na cama dele!

O patriarca hesitou e então, deu um passo para trás.

— Esse homem está determinado a me destruir! Não devia...

Narcisa o interrompeu, altiva.

— Não devia acreditar nele? Quando sua própria nora está toda encolhida e hesitante deixando claro que é culpada? – a expressão dela congelou – Então é fácil resolvermos isso. Iremos ao Ministério amanhã e faremos o teste de reconhecimento de magia.  Scorpius terá a magia residual de Draco, não é?

Lucius encarou a esposa e ficou em silêncio. Ela respirou fundo e ergueu a cabeça.

— Bem. Isso responde tudo. – lançando um olhar cheio de desprezo ao marido e à nora, a bruxa deixou a sala de jantar sem olhar para trás.

Astoria finalmente encontrou forças para se erguer e deu a volta à mesa. Antes que alcançasse a porta de acesso, foi parada pela voz fria do sogro.

— Deve manter a versão de que tudo não passa de mentiras deslavadas... e corrija sua atitude! Não vou permitir que lance sombras de dúvidas com seu comportamento ridículo!

Ela se virou e o encarou pela primeira vez no dia.

— Eu não preciso me preocupar com isso. Draco, Narcisa e Scorpius sabem bem a verdade. Sobre tudo agora... e se por algum milagre Draco conseguir me perdoar sobre Scorpius, nunca o fará sobre o filho dele, legítimo, que eu matei. – a voz dela tremeu levemente.

— Não faça drama! Meu filho sabe bem o que deve ser feito e fará! – o homem rebateu, irritado.

— Não viu o olhar dele sobre nós? Não ouviu Narcisa agora há pouco? – ela respirou fundo – E o silêncio de Scorpius, gritando mais que tudo?

Lucius voltou a se levantar.

— Astoria, não me faça...

— Não me ameace! – o protesto dela o fez franzir a testa, surpreso – Já me ameaçou o suficiente para me fazer aceitar suas ordens, essas sim ridículas! – a bruxa perdeu o controle, apesar de não erguer a voz – Eu fiquei com medo! E estava apaixonada por Draco! Eu temi que você o tiraria de mim e então eu não poderia tentar fazê-lo se apaixonar!

— Seu sentimentalismo barato é exasperante.

O patriarca deixou o guardanapo sobre a mesa e se afastou, a coluna reta. Astoria o observou deixar a sala e se encostou à parede, trêmula.

— Por Merlim! O que eu fiz? – perguntou-se, os olhos cheios de lágrimas.

****

Teddy encolheu os ombros e ergueu as mãos.

— Não sei, pessoal. Ele anda estranho até para mim! – disse, olhando os outros ex aurores.

— Bem... – Arkyn começou e então Harry aparatou no meio do celeiro, o cabelo revoltado.

Respirou fundo e apoiou as mãos nos joelhos, erguendo um dedo.

— Um minuto, gente! – abriu a bolsa que trazia a tiracolo e bebeu de um frasquinho minúsculo. Tampando-o, rolou os olhos – Estou com tanta fome que comeria um boi... Estão prontos?

— Prontos para quê? Nem lemos os arquivos ainda! – Andreas protestou, exasperado – E o trabalho de transporte de valores, vamos fazer ou não?

Harry o encarou por alguns minutos e então encolheu os ombros.

— Tudo bem, Andreas. Vamos fazer tudo, mas primeiro, vamos fazer alguns feitiços.

O mago passou pelo grupo e se ajoelhou frente ao amigo. Tek o encarou, confuso.

— Tenho poções e um feitiço para fazer. Não posso devolver todo o movimento do seu corpo, é muito perigoso, mas posso fazer algo a respeito. É um feitiço das trevas e eu e Andreas pagaremos o preço em sangue normal, vindo de um corte na mão. Aceita?

O silêncio caiu entre os homens, tenso.

— Aceito. – a voz quase não saiu.

— Ok. – ergueu-se e tirou uma pequena caixa da bolsa, abandonada no chão – Frasco com tampa vermelha, azul e cinza, nessa ordem. - estendeu os frascos e sorriu – Vou desenhar o círculo para o feitiço.

Andreas se sentou ao lado de Tek e o observou tomar as poções, fazendo uma careta. Logo, os bruxos observavam Harry, de pé no meio do celeiro, desenhar o círculo a fogo no chão sem usar a varinha. Símbolos estranhos e itens surgiram invocados pela magia do ex-auror, e Arkyn franziu a testa, tenso. Teddy se recostou à parede e observou o padrinho, os olhos faiscando em um misto de orgulho e fascinação.

— Andreas, traga o Tek. – pediu, sem tirar os olhos de uma parte específica no círculo.

Os dois ex-aurores trocaram um olhar enquanto Andreas fazia o que foi pedido com cuidado. Mais cuidadosamente ainda, deitou Tek onde Harry indicou e se ergueu. Estava quase chorando.

— Harry... – começou, sem saber como se expressar.

— Ele não corre nenhum risco, eu garanto. – o mago se debruçou e pegou uma adaga, cortando a mão direita num golpe preciso.

O sangue escorreu e parou no ar, logo acima do coração do ex-auror deitado. Harry estendeu a adaga a Andreas, que fez o mesmo sem hesitar. O sangue dos dois aurores se misturaram e torceram-se como uma trança. Harry começou o feitiço baixinho, a voz levemente enrouquecida murmurando palavras de sons estranhos.

Tek arregalou os olhos, parecendo engasgado. Andreas fez menção de se abaixar, mas a voz imperiosa de Harry o impediu.

— Não! Fique onde está! – orientou, observando a trança de sangue se esticar logo acima do auror, copiando sua forma física – Tek, isso vai doer.

O sangue baixou subitamente e Tek gritou ao absorvê-la. Os gritos se elevaram a berros doloridos e Harry invocou uma bolha prateada transparente, voltando a murmurar as palavras estranhas, enquanto com uma mão segurava Andreas no lugar com magia. O ex-auror não conseguiu conter o desespero com os gritos de dor do companheiro no chão.

Teddy se aproximou, cuidando para não pisar no círculo e se surpreendeu ao ver que Tek não estava coberto de sangue. Arkyn, ao lado dele, franziu a testa, agoniado.

— Por Merlim! – murmurou, sem querer desviar a atenção de Harry.

Levou bons minutos até que Tek desmaiasse e a bolha prateada ficasse mais e mais grossa, até que se tornou opaca.

— Prepare-se. – Harry olhou Andreas – Vamos ser jogados...

Não terminou a frase. A bolha prateada explodiu e os dois magos foram lançados contra a parede. Teddy foi jogado no chão e rolou alguns metros, o mesmo acontecendo com Arkyn. Treinados, logo os quatro estavam de pé.

— Tek! – Andreas correu para dentro do círculo, que se desmanchava em fumaça – Tek!

O bruxo abriu os olhos e o encarou com estranheza, mas então sorriu.

— Olá... – disse, erguendo uma mão para segurar a cabeça – Acho que bati a cabeça.

Chocado, Andreas o observou mover os braços e a cabeça.

— Caramba! – Arkyn murmurou, sorrindo surpreso.

— O que foi? – Tek ainda estava meio fora do ar, mas pareceu bem.

Trinta minutos depois, Tek estava mais desperto e sorriu ao se mexer na cadeira. As pernas ainda não funcionavam, mas podia mover os braços, o pescoço e o tronco.

— Isso é incrível! – comemorou, olhando Andreas parado à sua frente.

— Não tem nada doendo? Quero dizer... – o homem sorriu, incerto – Está tudo bem?

— Não testem aqui! Procurem um quarto!- Arkyn protestou, olhando de um para outro – Já estamos nesse lesco lesco há horas... Não aguento mais!

— Devia agradecer que eles não se pegaram... – Teddy comentou, encolhendo os ombros.

— Nem pensem em fazer isso! – Arkyn ameaçou, puxando a varinha.

— Recalque é triste, não é? – Tek comentou, inclinando-se e puxando Andreas pela mão.

Os dois ficaram lado a lado, os dedos entrelaçados. Harry invocou sua magia e retirou uma boa camada de terra onde estivera o círculo e mudou a disposição do celeiro. Uma mesa grande, cadeiras e estantes flutuaram e foram para seus lugares. Um pergaminho enorme apareceu no canto da parede e se desenrolou, mostrando um mapa detalhado do mundo.

Harry pegou a bolsa e a colocou sobre a mesa, sentando-se pesadamente.

— Mê deem cinco minutos para o resto, ok? – pediu, cansado.

Os outros se sentaram e Teddy invocou refresco e pão de casa. Harry pareceu melhor depois de um longo gole de suco de abóbora gelado.

— Os arquivos estão na bolsa, pode tirar, por favor? – o mago pediu, empurrando a bolsa na direção do afilhado.

Enquanto Teddy ia retirando os itens, Arkyn desfez os feitiços de redução e logo a mesa enorme estava tomada de pastas e papéis.

— Tudo o que peguei no ministério está aqui. – Harry começou, servindo-se de mais suco – Pensei em fazer daqui nosso quartel general e tenho mais alguns feitiços para fazer.

Teddy observou que o feiticeiro estava ofegante e trocou um olhar preocupado com Arkyn.

— Talvez deva esperar, Harry... o que acabou de fazer... – foi Andreas que opinou, sentado à mesa com Tek do lado.

O bruxo o encarou e respirou fundo.

— Devo mesmo, mas tenho que deixar isso pronto. Posso dormir depois enquanto vocês dão uma olhada nos arquivos antes de sairmos para fazer a escolta.

O jovem abriu a boca para reclamar mas Harry o fez parar com um gesto.

— Vou descansar depois. Prometo. – disse, enfático.

O bruxo respirou fundo e mostrou a tatuagem de corvo.

— Essa é uma tatuagem que funciona como uma chave para minha casa. Que aliás, fica no mesmo lugar da antiga. – explicou, olhando para os bruxos ao redor da mesa – É um feitiço das trevas e funciona como a marca negra – sorriu e encolheu os ombros – mas dei uma melhorada no feitiço. Dá para servir como aviso de perigo e de localização, como a marca negra, mas escondi um feitiço simples de visão. Criei uma palavra que aliada ao nome da outra pessoa faz com que por breves segundos, - ergueu a sobrancelha – breves demais para o meu gosto mas aceitáveis, o bruxo que disse a palavra pode ver o lugar e as pessoas que estão ao redor do outro.

— Por Merlim! – Tek murmurou.

— Não é um feitiço de ligação como você e Andreas têm, e só funciona por um breve tempo, mas pensei que se um de nós estiver em perigo, além de localizarmos podemos ver em que situação está, e evitar armadilhas e perdas desnecessárias.

— E funciona como chave para sua casa. – Arkyn acrescentou, olhando o outro fixamente.

— Sim. Melhor que endereços em papéis. – o bruxo respondeu com um sorriso.

— E um que tiver a tatuagem pode levar outro que não tem? – Teddy perguntou, curioso.

— Não. Só entra quem tem a chave. – Harry rebateu, virando a cabeça para olhar o afilhado – Me lembrei de quando Hermione levou um inimigo sem querer para a casa de Sirius e evitei esse detalhe.

— Eu quero a marca. – Tek estendeu o braço.

— Precisava ser um feitiço das trevas? Não podia ser o feitiço fiel? – Arkyn perguntou, com um suspiro.

— O feitiço fiel é maravilhoso, mas tem esse detalhe que estraga tudo. Além disso, é necessário que o depositante do segredo fale ou escreva e pode ser para qualquer um, o que não acontece com esse feitiço. É uma marca que só pode ser feita por mim com a minha varinha e mesmo que alguém que tenha a tatuagem diga onde a casa está, ninguém vai encontrá-la quando chegar lá.

— E mesmo que queira levar alguém, não vai poder. – Andreas acrescentou, com um sorriso mínimo – Engenhoso e poderoso, Harry. – estendeu o braço.

O bruxo pegou a varinha da bolsa e fez a marca nos ex-aurores. Arkyn ainda estava sério, mas balançou a cabeça e suspirou.

— Acho que vou ter que me acostumar com isso, não é? – perguntou, para ninguém.

— Se está desconfortável, é só dizer. – Harry encarou o outro com atenção – Não quero que se sinta pressionado a nada, Arkyn.

— Sou um dos seus homens por escolha própria, mas seu poder me assusta agora - os dois se entreolharam e Arkyn acabou sorrindo – Antes eu te olhava e pensava: como esse pateta pode ser o salvador do mundo bruxo?

— E agora? – Harry perguntou, inclinando levemente a cabeça.

— Agora eu me pergunto até onde seus poderes vão ou mesmo se tem algum limite.

A resposta sincera fez o ex-auror sorrir.

— Entra para o grupo, Arkyn. Nem eu sei a resposta para essas perguntas.

O mago se levantou e indicou o mapa com a mão.

— Esse é o mapa do mundo conhecido. Indica os lugares bruxos e os não bruxos. – parou e abraçou o estômago – Por Merlim, estou mesmo com fome!

Teddy olhou para a mesa e viu que o pequeno lanche que trouxera já tinha desaparecido.

— Posso trazer mais... – ofereceu, solícito.

— Não. Quero comida.... Luna! – chamou, invocando uma bolha rosa berrante – Luna, tem comida? – ninguém ouviu a resposta da bruxa, mas Harry sorriu – Quando trouxer, traga Rolf, ok? Preciso dele... – o protesto dela o fez gargalhar – Não, pode ficar tranquila. Não dou em cima de homem alheio...

Harry encerrou o feitiço e olhou os presentes.

— Desculpem, mas fome é triste... – balançando a cabeça, indicou o mapa de novo – Como eu ia dizendo, encantei esse mapa para mostrar nossas famílias e amigos. – olhou para Teddy, que se aproximara – Me inspirei no Mapa do Maroto, confesso.

— E como os colocaremos aqui? – Arkyn se aproximou, olhando do mapa para Harry.

— Podemos usar um feitiço de cópia que criei ou então uma gota de sangue. O que ficar mais fácil. – o ex- auror explicou.

— Outro feitiço das trevas?

Harry olhou Arkyn e então respirou fundo.

— Eu não sei se é das trevas, Arkyn. Eu criei esse feitiço.

O bruxo empalideceu e desviou os olhos. Harry encarou o mapa.

— Criei o mapa, o feitiço de cópia e o que usa a gota de sangue. Sou um bruxo das trevas por usar magia das trevas? Não sei a resposta. Só consigo ver a utilidade desses feitiços e como podem me ajudar a conseguir o que preciso.

Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, Luna aparatou no meio do celeiro segurando uma cesta enorme e arregalou os olhos com a mudança. Minutos depois, Rolf aparatou.

— Olá! – o homem cumprimentou todo mundo, olhando em volta – Fez uma bela reforma, Harry.

Luna afastou os papéis da mesa e abriu a cesta, tirando pequenas vasilhas e fazendo-as voltar ao tamanho normal. A bruxa trouxe comida para todos e enquanto os servia, Harry explicou o feitiço do mapa e o da casa, deixando os ex-aurores sem jeito.

A bruxa arregalou os olhos e colocou as mãos no rosto.

— Oh, não! Não! – olhando de um para outro, aparatou.

Harry fechou os olhos, mas os abriu ao sentir uma mão em seu ombro.

— Onde eu assino? – Rolf perguntou, calmo.

— Luna...

A bruxa reapareceu, segurando um gêmeo em cada mão.

— O tio Harry fez um feitiço muito legal para proteger vocês! – explicou, com um sorriso enorme, e então olhou o mago – O que eles tem que fazer?

Harry, pálido, teve que se recostar à parede e respirou fundo para não chorar. Teddy se aproximou, preocupado.

— Pensei que ia brigar comigo, irmã... – a voz de Harry quase não saiu.

Ela se aproximou com os gêmeos.

— Nunca. Confio minha vida, Rolf e meus filhos a você. O que a gente faz agora, meu irmão?

O mago sorriu, ainda tentando se controlar. – Que alívio!

Lysander e Lorcan se soltam da mãe e se aproximam.

— Um feitiço! Que bom! O que é?

Olhando os dois rostinhos curiosos e animados, Harry sorriu e abriu as mãos, invocando magia azul que cercou os garotos, que começaram a gargalhar, os cabelos voando.

Copiae.

O brilho azul se intensificou e então, deixou os garotos, indo para o mapa na parede. Dois pontos luminosos azuis brilharam no mapa, escrevendo os nomes dos garotos ao lado.

— Agora estão aqui também. – Harry pegou um garoto em cada braço e os ergueu, mostrando suas cópias minúsculas no mapa.

Os garotos apontaram e riram, divertidos.

— Então vai poder nos ver sempre? – Lorcan, perguntou, curioso.

Harry desceu os garotos. – Sempre. E se por acaso acontecer alguma coisa ruim, o mapa vai me avisar.

— Coloque a chave da sua casa neles. – Luna disse, parada ao lado de Harry.

— É um feitiço das trevas, irmã. – ele respondeu sem olhar para ela.

— Não interessa. Você é que está fazendo e você não é um bruxo das trevas. – ela rebateu, enfática.

— A chave! A chave! – os dois começaram a dizer, dando pulinhos.

Harry se ergueu e olhou para Rolf, que os estava observando.

— Está esperando o quê? – o homem perguntou, elevando uma sobrancelha.

O mago marcou a família e copiou Luna e Rolf. O brilho amarelo forte de Luna e o verde calmo e suave de Rolf ficaram ao lado dos azuis dos filhos, no mesmo lugar. Harry explicou os feitiços da marca e ensinou a palavra do feitiço de visão.

— Você criou esse sistema? – Rolf franziu a testa – Magia avançada...

— Isso não foi tudo hoje. Fez um feitiço para mim e olha só! – Tek interferiu, mostrando os movimentos.

— E trouxe todas essas coisas para cá e mudou o lugar. – Andreas acrescentou, com um meio sorriso.

— Mas estava chateado conosco por estarmos duvidando de sua magia boa. – Arkyn comentou, baixo – Eu o fiz se sentir mal por usar feitiços das trevas... e agora me sinto envergonhado.

Luna encarou o feiticeiro com chispas nos olhos.

— Meu irmão nunca usaria um feitiço das trevas para prejudicar quem quer que seja. Como ousa...

Harry segurou o braço da bruxa e indicou a mesa, desviando a atenção dela.

— O que trouxe? Está com um cheiro bom...

Rolf respirou fundo, aliviado, quando a esposa seguiu Harry. Logo, todos estavam sentados à mesa, dividindo a refeição, mas nem comendo os gêmeos paravam quietos. Lorcan subiu em um armário e Luna deu um grito quando ele ficou em pé e o armário oscilou. O garotinho caiu com tudo, mas flutuou antes que batesse no chão. Ainda flutuando, atravessou o galpão e parou em frente a Harry, de cabeça para baixo.

— O que acha que estava fazendo, mocinho? – perguntou, elevando uma sobrancelha.

— Também quero! Também quero! – Lysander reclamou, largando o prato.

— Padrinho, porque não usa sua varinha? – Lorcan perguntou, a expressão atenta.

— Eu não preciso dela para te levar para seu pai. – o mago rebateu, fazendo o garoto flutuante ir para perto do pai.

Rolf encarou o filho com expressão fechada e Lorcan parou de rir. Lysander parou de pular e pedir o mesmo.

— Rolf. – Harry alertou antes de estalar os dedos e explodir a bolha protetora em volta do garotinho, que caiu nos braços do pai.

— Desculpe, papai. – Lorcan, pediu, os olhos baixos.

— Eu também queria... – Lysander murmurou, chateado.

Antes que voltassem para casa, Harry flutuou Lysander até o teto e pediu que colocasse fitas coloridas presas no teto.  Lorcan começou a reclamar, mas parou diante do olhar sério do pai. No fim, acabou ganhando nova chance e pode colocar duas no teto.

— Sua magia é poderosa e boa, Harry. É boa porque você só a usa para ajudar, nunca para prejudicar. – Luna abraçou o bruxo com força – Eu confio em você.

Harry fechou os olhos e devolveu o abraço.

— Te amo, lunática. – disse, encarando-a com um sorriso.

— Também te amo, esquisito. – ela devolveu, com um sorriso.

Rolf acenou antes de aparatar com os gêmeos e a esposa logo o seguiu. Teddy se aproximou do mapa e notou os quatro brilhos ainda perto, então o brilho verde desapareceu e apareceu de novo na Londres trouxa. Os dois brilhos azuis também mudaram de lugar e foram para uma vila perto de Hogsmead e o brilho amarelo, mudou para o Beco Diagonal.

— Funciona... – o jovem murmurou, com um sorriso.

— Sabe o que eu estava pensando? – Andreas se aproximou de Harry – Se um dos nossos inimigos descobrir esse lugar e vir o mapa? Ele vai saber onde estão nossas pessoas preciosas...

— Não vai. O mapa reage à nossa magia e também à magia de quem está no mapa. Se por acaso alguma magia estranha ou diferente chegar aqui. Tudo desaparece. – o mago respondeu, observando o mapa.

— Malfeito feito! – Teddy disse, e então riu – Muito bom, pai!

Harry encarou o afilhado com a testa franzida e Arkyn arregalou de leve os olhos, mas ninguém disse nada.

— Como a gente pode trazer alguém? Tem que vir pessoalmente? E nós, não vamos para aí? – Tek perguntou, olhando do mapa para Harry.

— Não. Nós ficamos apenas com o feitiço na marca. Se algo acontecer a muitos de nós, Rolf é nossa âncora.

— Ele sabe disso? – Teddy se virou, surpreso.

— Entendeu quando eu expliquei. – o mago sorriu de leve – Meu irmão tem o costume de pegar as coisas no ar...

— O sangue só é preciso se a pessoa não puder vir, não é? – Arkyn perguntou, depois de alguns minutos.

Harry concordou com a cabeça e tirou do bolso um pedaço pequeno de tecido. Encostou no mapa e logo o brilho púrpura de Andrômeda apareceu, em casa.

— Minha avó! – Teddy riu – Não sabia! Quando falou com ela?

— No dia em que fomos lá fazer os feitiços de segurança. – Harry juntou os utensílios usados no almoço, reduzindo tudo e colocando de volta na enorme cesta de Luna.

— Exagerada... – murmurou, sentando-se – Agora deu sono e cansaço... acho que vou dormir lá em cima enquanto lidam com o resto. Copiae para o feitiço de cópia ou apenas a gota de sangue no mapa. Os arquivos estão aqui e podem ficar à vontade.

Os quatro observaram Harry subir as escadas de madeira para o pequeno mezanino logo acima e Teddy, curioso, subiu até a metade.

— Camas? – Arkyn perguntou, quando ele desceu.

— Duas. Um sofá enorme e uma estante. Acho que é para momentos como esse, para descansar enquanto trabalhamos. – o jovem explicou, sentando-se.

— O poder dele é espantoso. – Arkyn comentou, sentando-se também.

— Não era sem tempo. Precisávamos mesmo de alguém assim. – Tek se aproximou da mesa e então, empurrou a cadeira para trás e concentrou-se.

A cadeira de rodas elevou-se até o nível de cima e, como não havia barreiras, podia facilmente acessar o lugar.

— Ele pensou em tudo... – Andreas comentou, observando o companheiro descer lentamente.

— Nossa vez, pessoal. Vamos trabalhar. – Tek orientou, usando a varinha para trazer os documentos de volta.

*****************************

Em meio ao escândalo da paternidade de Scorpius Malfoy, os jornais traziam relatos das façanhas de Harry Potter e sua equipe. Os bruxos, atuando agora de forma autônoma, fizeram transportes de valores e segurança pessoal. Uma foto em especial em que Harry e Teddy, de costas um para o outro, enfrentavam o ataque de ladrões de ouro durante um transporte para Gringotes, correu o mundo bruxo e foi reimpressa várias vezes e quem estava lá e viu, garantiu que nunca presenciou tanto poder.

****

Gina estava com a boca aberta, espantada. O juiz rolou os olhos, um pouco sem paciência.

— Senhorita Weasley... sua assinatura, por favor. – pediu, pela quinta ou sexta vez.

A bruxa encarava o marido com um misto de assombro e desejo. Vestido num terno, Harry estava magnífico. O cabelo curto estava bagunçado ainda, mas o feiticeiro não estava usando óculos e seus olhos, enormes e verdes, cintilavam. Ele não se barbeou de manhã então, bem, Gina nunca vira o marido tão bonito e sedutor, embora estivesse claro que ele não fazia nada para enfatizar uma coisa ou outra.

Rolf se remexeu na cadeira e balançou a cabeça.

— Gina, dá para parar de devorar meu cliente com o olhar? – perguntou, com um suspiro.

Sirius, também impressionado com a figura do afilhado, deu uma leve cotovelada na bruxa, que pareceu se recobrar, mas ainda levou alguns minutos para finalmente se pronunciar.

— Não aceito esse acordo. – ela disse, se recostando e cruzando os braços.

Antes que Rolf pudesse dizer alguma coisa, o juiz puxou o pergaminho e o carimbou com cera. Gina e Sirius o encararam com assombro.

— Posso entender que esteja ferida e querendo se vingar, mas isso já foi longe demais. – o velho bruxo sentenciou, irritado – O senhor Potter está sendo mais que generoso e eu endosso o acordo, que terá validade imediatamente.

A bruxa arregalou os olhos e apertou os punhos.

— Mas ele não aceitou a correção! – ela se levantou, olhando de um para outro – Eu não vou aceitar...

— Senhorita Weasley! – o juiz franziu a testa e observou a mulher se sentar, vermelha – A retirada do sobrenome do senhor Potter foi requerida pela senhorita pessoalmente! Está no processo! E os jovens em questão aceitaram e assinaram, com testemunhas!

— Harry... – ela baixou o tom e estendeu as mãos para o ex marido por cima da mesa – Sei que fiz e disse coisas horríveis, mas nossas crianças não merecem...

O bruxo a encarou com expressão nenhuma no rosto.

— Foi escolha de vocês. Eu apenas aceitei. – ele respondeu, depois de algum tempo.

— Mas eles são seus filhos... não é justo... – ela continuou, começando a chorar.

— Não foi justo com Harry, que nem sabia da sua petição. – Rolf entrou no meio, seco – Ele sequer teve a chance de conversar com os filhos antes de fazerem isso.

— Estou falando com meu marido! – Gina se ergueu – Harry, sei que nós podemos...

— Isso é tudo? – o ex-auror perguntou, olhando de Rolf para o juiz.

—- Harry, são seus filhos! – ela protestou, as lágrimas escorrendo – Sei que eu não...

— Você não tinha o direito. – a voz dele, gelada, a fez parar e o encarar com os olhos arregalados – Você não podia ter feito, mas fez e eles sabiam e concordaram. Agora quem não quer sou eu, e não digo isso escondido ou algo do tipo. Estou dizendo em alto e bom som que não quero.

— Está rejeitando seus filhos? – ela perguntou, hesitante e incrédula.

— Não, senhorita Ginevra Weasley, apenas endosso a decisão que eles tomaram. Eles me rejeitaram e não querem mais serem reconhecidos como meus filhos. Ok. Aceito isso. – Harry deu de ombros e se levantou, acompanhado de Rolf – Podemos ir, senhor?

— Sim, senhor Potter. – o juiz também se ergueu e se despediu dos dois homens com apertos de mão, mas não saiu de pronto. Esperou até que Rolf e Harry estivessem fora da sala para sair também.

Sirius engoliu seco e se levantou, juntando os documentos.

— Podemos entrar contra isso, não é? Podemos fazê-lo voltar atrás e... – ela balbuciou, nervosa.

— Acho que não podemos fazer mais nada, Gina. Você fez uma jogada arriscada achando que ele ia morrer se fosse ameaçado com os filhos, mas não considerou que não lutaria por eles. – o animago soou distante e conformado – E nem posso falar nada, por que isso de tirar o sobrenome dele foi forte.

Ela o encarou, os olhos chispando.

— Seu afilhado não quer a responsabilidade das crianças? Ele...

— PARE!

Gina arregalou os olhos diante da repreensão. Sirius estava sério e pálido.

— Chega, Gina! Chega! Já falou mal dele, fez escândalo, mentiu e enganou! Chega! – se aproximou tanto da bruxa que ficou a centímetros do nariz dela – Foi você que começou esse inferno! Em vez de ficar quieta e tentar consertar o que estava estragado, fez essa tempestade toda! Agora aguenta!

Ele se afastou e ela piscou, confusa.

— Preciso do seu apoio, Sirius... eu não sei o que fazer... – as lágrimas voltaram.

Sirius parou na porta e se voltou, a expressão exausta.

— Aceite que seu casamento acabou, reúna o resto de dignidade que te sobrou, arrume um emprego e tente fazer dos seus filhos pessoas boas. E pela última vez, eles não são mais crianças, pare de usar essa palavra! É ridículo! – sem esperar resposta, o homem saiu sem olhar para trás.

A bruxa voltou a se sentar e ficou ali por alguns minutos, chorando baixo.

****

Scorpius seguiu o pai em silêncio e ficou surpreso com a visão do chalé escondido no meio da vegetação. Draco subiu os pequenos degraus e se sentou no banco suspenso, pousando a cabeça nas mãos. O jovem estava exausto pela viagem, primeiro aparatando em lugares estranhos e depois, pegando trens e carruagens. Estava se sentindo imundo e bem perto do limite, ainda mais com o silêncio ferrenho do pai até ali.

— Pai... – sem coragem de tocar o mais velho, Scorpius se sentou cuidadosamente ao lado dele – Onde estamos?

O loiro se ergueu e se recostou, olhando a paisagem.

— Sempre pensei que tinha sido discreto na minha juventude, quando descobri que sou gay. Na verdade, acho até que concordo com Lucius, eu não sabia que podia me relacionar com uma mulher antes de Astoria. – a voz do bruxo saiu rascante.

Os dois se encararam e então Draco sorriu minimamente.

— Foi aqui que Harry me trouxe no nosso primeiro encontro de verdade. – deu de ombros – Claro que o apartamento em Londres também serviu, mas foi aqui que passamos nosso primeiro final de semana...

Scorpius olhou em volta e se sentiu um pouco intruso.

— O que sente em relação a tudo isso, filho?

A pergunta fez o jovem se voltar, surpreso. Draco o estava encarando, pálido e exausto.

— Não me sinto filho dele, e não quero ser filho dele. Você é meu pai, sempre foi... – o jovem encolheu os ombros – Houve momentos em que desejei que não fosse... principalmente por causa de todas as regras e por deixar meu avô.... – hesitou, fechando os olhos por um minuto – Bem, quando ele me bateu e você deixou, desejei não ser seu filho... – sorriu de leve – Mas passou quando me defendeu da última vez.

— Não gostei do que ele fez, mas na hora, pareceu a melhor saída por que você estava se descontrolando. Agora não sei mais... – o loiro balançou a cabeça e olhou para longe, os olhos enevoados - Sabe que não posso mais seguir as regras dos Malfoy, não é?

Scorpius encarou o pai, e então desviou o olhar, envergonhado. Longos minutos se passaram antes que o jovem respondesse, mudando de assunto.

— Será que ele a forçou? – perguntou, baixo.

— Não sei. – Draco se levantou e deu alguns passos, recostando-se na pilastra de madeira – Antes do nosso casamento eu contei a ela que me relacionava com homens. Contei a ela que me apaixonei por Harry Potter durante a escola e que não me sentia preparado para entregar meu coração para mais ninguém. – o bruxo encarou os pés e perdeu o olhar intenso do filho sobre ele – Ela aceitou... e nos casamos... Tentei ser o máximo do bom marido que pude, mas não podia dar o que ela queria... Me esforcei muito, Scorpius... e honrei meu juramento... até uma tarde louca no ministério.

— Pai... – Scorpius se ergueu também, mas foi impedido por um gesto de Draco.

— Não. – o homem respirou fundo – Ela sabia que eu estava me encontrando com ele. Nunca disse as palavras, mas notei que ela soube no minuto em que me viu depois de estar com ele... Não pude esconder, estava feliz. Morreria antes de admitir, é claro, mas estava. Eu finalmente o tinha...

O silêncio caiu entre eles e então Scorpius se sentou de novo.

— Se ela sabia de tudo desde o início... porque não contou sobre o que Lucius fez? – perguntou, a testa franzida – Vocês conversavam... ela podia ter contado e talvez...

Draco encolheu os ombros.

— Fiz o possível para que eu e sua mãe fôssemos, no mínimo, amigos... não sei... ela podia ter contado e mesmo que escondesse que você não é meu filho... o crime que cometeu depois... Porque Astoria matou seu irmão? Porque era meu?

Scorpius notou a tensão do pai e o observou começar a abrir e fechar o punho. Ele começou a andar de um lado para outro, tenso e agoniado. Tirando a emoção nos olhos quando viu Harry receber a imperdoável no jantar de gala, era a primeira vez que via o pai tão desarmado e vulnerável.

Obedecendo a seus impulsos, o jovem se levantou e interceptou o pai, abraçando-o apertado antes que pudesse reagir ou recuar. Draco enrijeceu o corpo, tenso, mas permitiu a aproximação. Hesitante, retribuiu ao abraço e deitou a cabeça no ombro do filho.

Um plot característico fez os dois se separarem. Draco não demonstrou surpresa ao ver Harry no jardim, encarando-os, mas Scorpius arregalou os olhos.

— Preciso de um pouco de sangue. Dos dois. – o moreno explicou, sem se aproximar.

Draco suspirou e então, olhou em volta. – Não tenho uma adaga.

Harry tirou a que estava na bota e subiu os degraus, entregando-a .

— Pai... – Scorpius olhava de um para outro, confuso.

Draco furou o dedo e Harry estendeu um lenço. Assim que o loiro estendeu a faca para o jovem, este recuou.

— O que vai fazer?  Para que quer nosso sangue? – perguntou, um pouco hostil.

— Para protegê-los. – Harry respondeu com calma.

— De quem? Do quê? – olhou para o pai, balançando a cabeça – Pai... eu não entendo...

Draco respirou fundo e fechou os olhos brevemente. Quando os abriu, passou por Harry e encarou o filho, estendendo a faca de novo.

— Ele provavelmente tem um feitiço, e precisa do nosso sangue. – explicou, aproximando-se – Scorpius, Harry pode nos proteger... e eu preciso que fique seguro.

Vencido, o jovem estendeu a mão e franziu a testa quando Draco o furou. O loiro se virou e entregou a faca e o lenço sujo para Harry, que os guardou de volta. O mago tirou um vidrinho com um líquido amarelo e o estendeu para Draco, que o olhou com expressão confusa.

— Você precisa descansar. – Harry comentou, baixo.

Draco o observou por alguns minutos e então deu dois passos, envolvendo Harry num abraço apertado. O moreno não pareceu surpreso e devolveu o abraço, elevando sua magia para confortar, mas Draco perdeu o controle dos nervos e pela primeira vez desde que se conheciam, Harry o viu chorando. Scorpius se aproximou, mas o olhar do mago o fez parar. Um brilho cinzento cercou os dois bruxos e depois de alguns minutos, Harry conseguiu alcança-lo e acalma-lo.

Com cuidado, o separou de si. Com a ajuda de Scorpius, o levou para dentro da cabana e o colocou sobre o sofá. Antes que apagasse totalmente, conseguiu fazê-lo beber da poção.

— Ele está exausto... estamos viajando a dias... – o jovem, desamparado, olhou para o moreno.

Harry o observou com atenção.

— Vocês tem comido? – perguntou, preocupado.

— Eu algumas vezes... ele quase nunca... – Scorpius passou a mão pelo cabelo – O que eu faço agora?

O mago se aproximou da mesa e invocou comida e outras coisas.

— Primeiro, tome um bom banho e coma alguma coisa. Sabe cozinhar? – o bruxo se virou e encarou o jovem, que negou com a cabeça, incerto – Ok.

— Naevia... – chamou, baixo.

Uma elfa usando uma túnica amarelo claro aparatou e sorriu enormemente ao ver Harry, que sorriu de volta.

— Preciso que cuide de Draco e Scorpius por um tempo, tudo bem? – o mago se abaixou para ficar na linha dos olhos dela.

— Sim, mestre Harry. Naevia cuida. Cuida bem. – ela olhou o bruxo mais jovem e sorriu.

Harry se ergueu e invocou mais algumas coisas e então, virou-se e aproximou-se de Scorpius.

— Cuide do seu pai. Se acontecer algo ou precisar de algo, Naevia me avisará.

— Achei que não tinha mais sentimentos... – o jovem disse, parando o mago no portal.

Harry se virou e olhou Draco no sofá, e dele para Scorpius.

— Quando se apaixonar de verdade. Amor com todas as quatro letras, vai perceber que não dá para matá-lo facilmente. Certo ou errado, ele age como uma entidade diferente e você ou qualquer um tem pouco a dizer sobre isso.

Sem esperar resposta, Harry saiu da cabana e aparatou. Scorpius observou a elfa arrumar as coisas e começar a preparar uma refeição, e se sentou. Não demorou nada para que começasse a chorar baixinho.

Naevia parou o que estava fazendo e se aproximou, estendendo um guardanapo. O jovem quase gritou para que ela saísse, mas aceitou a oferta.

*****

Harry observou os pontos cinza metálico e azul gelo se firmarem no mapa, longe de onde estava.  Recostou a cabeça na parede e fechou os olhos, cansado, confuso e triste.

— Quem vai ser o seu Urick? – perguntou, baixinho


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Notas finais do capítulo

Obrigado por quem chegou até o fim! Ufa! Esse ficou grande mas eu gostei muito do que escrevi. Espero que tenham gostado também!