Knight of Night escrita por Marcelo Albuquerque


Capítulo 3
Submundo


Notas iniciais do capítulo

Voltamos para mais um capítulo. O medo do comissário começa a se mostrar verdadeiro, o submundo do crime está em ruptura.



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Era inacreditável, o maior assassino da história do estado de Star sairia da prisão, digo, do manicômio, mas o pior, pela porta da frente. Ao receber a notícia, Cat ligou para a procuradora-geral da cidade, no caso, sua filha, Marina Dunquerque. Na conversa, Marina ficou surpresa e esbravejou total repúdio à Risada. Por sua vez, Cat montou uma grande equipe de jornalistas, a manchete será enorme, o povo vs Risada, o povo vs o sistema. Cat mandou jornalistas para todos os cantos, para o Manicômio D'avilla, o DPSC, a procuradoria, as prefeituras do estado, o palácio do governador e para o tribunal regional. O povo merece total cobertura, e o News Now dará essa cobertura.

Tribunal Regional de Star City (15:30)

A juíza Noemi Barbosa está sentada em sua bancada de frente para as advogadas e a plateia, constituída por jornalistas. O tribunal e seus detalhes são totalmente a madeira de carvalho, a cima da juíza tem o selo da cidade em azul, trata-se de uma estrela sobre as 10 ilhas da cidade, com o nome da cidade em volta. A direita está Marina Dunquerque, representando o povo. A esquerda está a advogada de defesa do Risada, Izabell Faria, a ruiva nunca pisou em Star, era o seu primeiro julgamento no estado. O falatório dos jornalistas é enorme, a juíza bate o martelo três vezes e perde ordem.

— Parece que todos aqui sabem o motivo de todo esse escarcéu, menos eu. Agora, sem falatório, me expliquem, o que diabo está acontecendo. – Exclama a juíza.

Ambas as advogadas começam a falar junto, uma mais alta que a outra, a juíza bate o martelo e dá a palavra a procurada.

— Meritíssima, há algumas horas, o diretor do Manicômio D'avilla, Walter Collin, deu alta para o maior criminoso do país... Marina esperava um protesto pela contraparte, mas nada ocorre – Risada, conhecido pelos longos anos como um dos grandes mafiosos que denegriu essa cidade, – Estranhamente a advogada contrária não protesta, não exclama nenhum repúdio aos comentários difamatórios da procuradora, onde a própria entende como uma carta branca e continua a deliberar – causou a morte de quase 100 mil pessoas há alguns anos em Black Island, atentado ao qual ficou conhecido como a Sexta-feira Sangrenta por todos. A procuradoria da cidade, em nome do povo, pede que a alta seja retirada imediatamente, levando em conta todos os anos de desordem, perseguição, angústia, dor, medo e caos que Risada trouxe as pessoas de bem dessa cidade. – Completa Marina, tornando a sentar.

— Advogada...? – Pergunta a juíza se referindo à defesa.

— Izabell Faria, meritíssima. – Diz a Advogada levantando.

— Senhorita Faria, percebo claramente que é uma advogada do continente, uma advogada acostumada com a constituição brasileira e o seu tribunal, onde é tudo mais no papel e menos na ação, então, encare isso como um aviso, apesar de Star fazer parte do território brasileiro, nós não damos a mínima para a Carta Magna, temos nossas próprias leis, a nossa própria constituição. Logo, mais ação, advogada, a promotora deu-lhe trocentos motivos para protestar, e você nada. – Diz a Juíza minuciosamente. Ela faz parte da grande maioria dos cidadãos que apoiam a independência do estado, por isso seu repúdio.

— Peço desculpas, meritíssima, ainda estou pegando o jeito. – Izabell dá um sorriso de lado. – Mas, como a procuradora-geral havia dito, o paciente em questão recebeu alta. Alta médica. Ele foi julgado há anos pelos seus crimes, onde ficou claro seu desequilíbrio mental, logo, precisaria de ajuda médica. Ajuda, meritíssima, ajuda a qual recebeu no D'avilla, onde passou longos e incontáveis anos de total ajuda psiquiatra. Se o seu psicólogo, o diretor da instituição, deu alta para o paciente, logo, chegamos no real fundamento da sentença que, Risada, recebeu oito anos atrás, curar-se para voltar a ser um cidadão de bem.

— Infelizmente, procuradora, as leis me impedem de tomar parcialidade em quesito médico, onde o especialista da área, no caso o diretor, tem mais voz do que a qualquer juiz e júri. – Diz a Juíza.

— Então peço a opinião de outros especialistas, meritíssima, quantos quiser trazer a banca, mas não podemos liberta-lo. – Fala Marina.

— Meritíssima, está claro a perseguição da procuradora em relação ao meu cliente, se levarmos em conta todo o poder que ela tem em mãos, sabemos que isso não irá terminar aqui. E sobre o prognostico do diretor do Manicômio D'avilla II, seu alto cargo já diz sobre o quão profissional ele é, meritíssima, trazer terceiros a este tribunal fere todos aqueles que já passaram pelo D'avilla, podendo abrir procedentes para futuros julgamentos. – Diz Izabell.

Marina percebe a derrota, com nenhum tramete legal à apoiando... Na verdade, a citação da contraparte sobre futuros julgamentos derruba qualquer argumento que ela tenha.

— O tribunal reconhece que Risada foi um perigo indescritível para a sociedade, mas isso foi há muito tempo. A sentença do último julgamento é o que vale, nesse caso, a lei está do lado do... Paciente. Logo, o tribunal reconhece o prognóstico do Diretor Collin. Sinto muito, procuradora, moção negada. – A juíza bate o martelo

— É um erro defende-lo. – Diz Marina à Izabell.

— Não, a doença dele matou milhares, não ele. Ele está curado promotora, livre para rir. – Diz Izabell pegando suas coisas da mesa.

Na saída Marina e Izabell dão entrevistas separadas, uma defende Risada firmemente, enquanto Marina diz que, nesse caso, a lei é falha.

A liberdade de Risada mexe com todos os cantos da cidade, desde do gabinete do governador ao submundo do crime, esse ao qual já provou da ira de Risada e não gostou nem um pouco.

ASI: Escritório de Lucas (23:00)

Várias caixas com inúmeros arquivos estão espalhadas pelo escritório, Lucas está deitado no chão lendo os arquivos, as persianas estão baixas. Gabriella bate à porta e entra.

— Que diabos está fazendo, Lucas? – Pergunta Gabriella surpresa pela bagunça.

— Eu estou de castigo, preso a missões na droga do estado, sendo que ninguém em Star quer explodir o mundo. – Diz Lucas levantando-se.

Gabriella senta no sofá, e se espanta quando repara um mapa de provas na parede com fotos, documentos, etc.

— Está montando uma investigação?! Diz Gabriella em tom de bronca.

—Me poupe de sermão, sabia que eu iria fazer isso. – Diz Lucas abrindo outra caixa e espalhando os documentos sobre sua mesa.

— Isso não importa, você não pode montar sua própria investigação, Lucas. Não sem autorização.

— Não tem uma única missão em que serei necessário, Gabi, estou apenas matando tempo... E você não deveria está estudando para o exame? Pergunta Lucas espalhando os arquivos na mesa.

— Não tente desviar o assunto, está errado e sabe disso.

— Sinceramente? Não me importo. Os crimes no norte da cidade estão aumentando, a união dos mafiosos está por fio e ninguém se importa. Neste caso, eu começo a me importar.

— Isso não é um caso para a ASI, no máximo a policia federal, não segurança internacional.

— Bom, quando fui rebaixado a nível estadual, qualquer tramete ilegal nos limites de Star se torna minha jurisdição.

— Claro, claro. Só falta se vestir de preto e pular de prédio em prédio atrás de ladrões. – Diz Gabriella indo até a mesa de Lucas.

— Bom, prezamos pela segurança do povo, isso também é segurança. Diz Lucas sentando-se em sua cadeira.

— Ameaças globais, Lucas, caos de verdade, essa cidade não está nem perto disso. – Diz Gabriella passando os olhos nos arquivos.

— Novos corpos aparecem todos os dias ao norte da cidade, crimes hediondos ocorrem a todo momento a mando deles, a policia não se importa por está comprada, como a procuradoria e a prefeitura. O acordo feito por eles há anos está por um triz. O louco do Risada acaba de sair do D'avilla. Só porque não temos homens-bombas não quer dizer que não a caos. – Diz Lucas seriamente.

— Tudo bem, eu não vou ajudar, mas apoio sua decisão.

— Você devia ir estudar paro o exame.

— Eu vou, daqui a pouco. Mas, sabia que existia um departamento voltado para a magia nos anos 50?

— Olha quem está mudando de assunto agora.

— Está bem, está bem. Estou indo estudar, satisfeito? – Pergunta Gabriella indo para a porta.

— Muito. Agora, deixe-me continuar infringindo as regras. – Fala Lucas em tom de deboche.

— Somente não seja estúpido, Lucas, não seja o irresponsável de sempre. – Diz Gabriella saindo.

— A gente tenta acabar com o crime na cidade, um bem maior, e já sou taxado de irresponsável, é mole?! – Exclama Lucas tornado a ler as papeladas.

A verdade é que Lucas estava doido para se livrar de Gabriella, em algumas horas ele vai avançar em sua investigação, indo atrás de uma fonte. Talvez, Lucas seja o irresponsável mais responsável que já conheci, enquanto ele começa a engatinhar na investigação que mudará o seu destino para sempre, as coisas do outro lado da cidade começam a se tornar menos hospitaleiras.

Luigi's – Star Island (00:30)

Os maiores criminosos da cidade estão reunidos numa mesa redonda nos fundos de um restaurante na periferia de Star City. O lugar que um dia selou a união do submundo do crime, agora presencia uma ruptura, uma traição, o alvorecer da guerra.

— Andamos nos estranhando nos últimos tempos, mas devemos juntar forças novamente, caso contrário, não iremos sobreviver sozinhos. – Diz Dário Palmiere, chefe da máfia italiana.

— O velho Palmiere está com medo de entrar em guerra por poder? Quando foi que se tornou tão frouxo? – Pergunta Franco Rodriguez, chefe do Cartel Rodriguez, à esquerda de Dário.

— Não é medo, Rodriguez, é sabedoria obtida pelos anos. Uma guerra por território acabará conosco, todos nós estamos em dividas, sem dinheiro, sem armas, sem pessoal, sem clientes. É tolice. – Diz Igor Bóris, chefe da máfia russa, à direita de Dário.

— E o que? Para evitar falência damos as mãos? Faça-me mil favores. Vocês são donos dos maiores territórios dessa cidade, mas não conseguem gesta-los e recorrem a mim, ao Rodriguez? – Pergunta Mauricio Troy, chefe da gangue estrela, de frente para Dário.

— Não! Não vamos ter derramamento de sangue pelas vielas de Star. Vamos agir politicamente, Mauricio, como temos agido nos últimos anos. – Diz Dário.

Dário e Igor estão na vida do crime há quase 30 anos, já viram muito sangue pelas ruas da cidade, desde a sexta-feira sangrenta, eles tentam evitar qualquer tipo de conflito. Mas Mauricio e Franco são jovens, conseguiram chegar no poder há pouco tempo, eles não se contentam com política, eles querem sangue.

— Nós queremos seus territórios, queremos esta cidade. – Diz Rodriguez.

— Não sejam imprudentes. Pensamentos como esses levaram essa cidade ao fiasco – Diz Igor.

— Não importa mais, Risada será solto amanhã, com isso a guerra será restabelecida. – Diz Mauricio.

— Ri-Risada? – Pergunta Dário surpreso – Risada não é ninguém, aquele tolo só trouxe destruição a essa cidade, a nossa cidade, ninguém será tolo de segui-lo.

— Sabe qual é o problema dos jovens? Eles esquecem. Os antigos seguidores dele irão segui-lo, está se formando uma guerra, não irei deixar aquele palhaço conseguir o que tanto almejo. – Diz Mauricio.

— Se o que está dizendo é verdade, é mais um motivo para nos unirmos, para nos ajudarmos. – Diz Igor.

— Não, vocês são o passado dessa cidade, não o futuro. Nós queremos os seus negócios, iremos brigar por ele. – Diz Mauricio levantando.

Rodriguez levanta também, diz umas palavras de ódio e caminha com Mauricio para a saída...

— Vocês não têm noção do erro que estão cometendo, não existe estrutura para uma guerra, todos nós iremos perder! – Grita Dário, em vão

Mauricio e Franco saem do restaurante.

— Não temos condições de brigar, estamos quebrados. – Diz Igor

— Chegou um dia a imaginar que seriamos aliados? – Pergunta Dário refletindo

— Quando? Há 30 anos quando éramos inimigos mortais? Jamais. – Diz Igor rindo

— Podemos pedir ajuda as outras cidades.

— A Yakusa e a Triade? Jamais vão nos ajudar, não depois de 94.

— Então, depois de mais de 90 anos controlando essa cidade, cairemos? – Pergunta Dário frustrado

— Podemos chegar perto, mas ainda somos maiores. – Diz Igor erguendo as sobrancelhas

— Que venha a guerra.

— Que venha a guerra.

Dário e Igor já estiveram de lados opostos por muitas vezes, mas se tornaram amigos aos longos dos anos, essa amizade trouxe a aliança entre os Italianos e os Russos, apenas essa amizade, uma aliança tão frigida quanto a extinta união. No estacionamento, Mauricio e Franco conversam.

— Eles podem, verdadeiramente, nos vencer. – Diz Mauricio olhando para o restaurante

— Podem, mas não se estiverem divido. – Diz Franco rindo

O restaurante explode, destroços para todos os lados.

— Como sempre, é ótimo fazer negócios com você. – Diz Mauricio rindo

— Agora não existe mais aliança, não existem mais Italianos e Russos. – Diz Franco

— Nós pegamos o que quisermos, o que sobrar deles será pouco, um pouco divido.

— Agora é entre nós, meu amigo. – Diz Mauricio estendo a mão para Franco

— Que vença o melhor. – Diz Franco apertando a mão de Mauricio

— Que vença o melhor.

O submundo do crime não é fabuloso? Em uma noite uma união respeita por todos teve seu fim, as maiores organizações da cidade acabam, pessoas morrem, uma guerra é instaurada. Sangue, dor e política, isso tudo porquê o louco ainda não chegou.

Mansão Morene – Nice View City (01:10)

Lucas está doido por respostas, ele quer apurar a fundo todas as organizações criminosas da cidade, quer acabar com todas. Ingenuidade da parte dele devemos concordar, mas chega a ser esperançoso. Lucas foi à casa de um antigo mafioso, alguém que já se aposentou há muito tempo.

O jovem agente invade o escritório do antigo mafioso, o lugar está todo escuro, claro, está de noite. Mesmo no escuro, percebe-se as estantes brancas, uma mesa no fim da sala com uma cadeira atrás, sofás no meio da sala, mau gosto o criminoso não tinha. Lucas pega uma lanterna e começa a vasculhar as estantes, quando uma voz calma e grave repercute por todo o cômodo.

— Admito, tem que haver muita coragem para invadir a minha casa no meio da noite. Mãos onde possa ver, vire-se.

— Don Morene. – Diz Lucas vendo a silhueta do homem na cadeira.

Don Morene acende o abajur ao seu lado, Lucas tem a visão de um velho com um revólver prata na mão direita apoiando-a na mesa, ao lado um copo do que parecia ser whisky.

— Ninguém me chama assim a muito tempo, diga-me, quem é você e por que devo poupar sua vida? – Pergunta Morene destravando a arma.

— Apenas alguém interessado por seu antigo trabalho.

— Você é muito jovem para ser da polícia, talvez de um dos carteis. Não, eles não seriam tão estúpidos. Quem é você?

— Você comandou os italianos por muito tempo, por que quis sair?

— Está bem, vamos jogar seu jogo. – Morene larga a arma sobre a mesa - Já estava velho, cansado de ter um alvo na cabeça. Não valia mais a pena. – Completa Morene fazendo um gesto para Lucas sentar.

— Mas a união tinha acabado de ser selada, por que não continuar apenas por aparências. – Pergunta Lucas tentado descobrir até onde o velho Morene ia.

— Não pode ser de nenhuma agência, ninguém contrataria alguém tão jovem. Eu treinei meus maiores aliados para um dia tomarem meu lugar, a lei da vida, os mais velhos saem e os novos continuam. – Completa Morene levando o copo até a boca.

Antes que Lucas faça outra pergunta, alguém bate à porta o que distrai Don Morene, Lucas aproveita a oportunidade e foge pela janela.

— Entre, Pine. – Diz Morene decepcionado por perder o garoto.

Pine é o assessor de Don Morene, é quem cuida dos negócios legais do antigo mafioso.

— Antes que me aporrinhe por beber de madrugada, preciso que descubra por que a ASI está nos investigando. – Diz Morene guardando o revólver.

— Não há tempo, senhor Morene, Dário Palmiere e Igor Bóris estão mortos! Mortos pelas mãos de Troy e Rodriguez. – Diz Pine de frente para Morene.

— O que?!

Don Morene está surpreso, raivoso, triste por perder Dário, seu fiel aliado.

— Por que está me dizendo isso no meio da noite, Pine? – Pergunta Morene calmamente.

— Eles perderam o líder, os russos não querem conversar, uma guerra começou. A máfia pede seus serviços novamente. – Diz Pine.

Morene acaba com o whisky que estava no copo.

— Nunca acaba não é mesmo? – Morene levanta - Diga ao Tom para passar meu terno, arranje uma reunião na antiga sede. Está na hora de voltar à Star City.

— Infelizmente, Don Morene.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais um capítulo, deixe sua opinião nos comentários.
Teremos mais um capítulo no sábado à noite.



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