Never Let Me Go, Peter II escrita por Barbs


Capítulo 19
Baralho.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas aqui está mais um dos escritos recentemente.
Beijos.



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— Ela ainda dorme.

— Espero que o tranquilizante não tenha sido tão severo.

— As ordens foram claras: ela tem que estar viva.

— O que farão com ela?

— Não tenho ideia – o garoto loiro de sardas a fitou caída no chão – mas não queria ser essa garota.

— O que você acha que ela fez? – a garota ruiva terminava de amarrar a corrente em suas mãos frias.

— Matou alguém que não devia?

— Acho que ela irritou o chefe por não ter cumprido uma missão.

— Por que ela não cumpriria uma missão? – o garoto observava a ruiva quem agora estava parada de seu lado fitando Maya caída no chão.

— Não sei – ela deu de ombros – não faz sentido, não é?

— Nenhum.

A porta se abriu em um único estalo, ambos ficaram em silêncio e curvaram seus corpos na direção do homem quem entrava na sala com o rosto erguido, não os fitou e apenas fez um sinal com a mão direita para que eles voltassem às suas posições normais. Ele parou ao lado da garota ruiva deitada no chão com os pés e as mãos algemados e presos ao chão, ela parecia mais tranquila que quando a encontrou. Ele soube, no exato momento, que ela o reconheceu mesmo que nunca tivessem visto um ao outro anteriormente.

Novamente fez um sinal com sua mão direita e os dois garotos compreenderam do que se tratava, ambos se retiraram da sala subindo as escadas em direção à sala de jantar da casa, deram de cara com dois homens enormes com sobretudos que os cobriam do pescoço aos pés, abaixaram os olhares desviando dos mesmos e indo em direção a mesa de jantar que já estava posta. Um único prato estava sujo, os demais estavam postos em meio a talheres em seus devidos lugares, seus irmãos estavam em pé atrás de suas respectivas cadeiras tão calados quanto famintos. Amma e Razek se posicionaram um ao lado do outro fazendo com que o irmão mais velho tocasse o sino de prata central que indicava que estavam prontos para comer.

Ambos sentaram junto com seus irmãos mais velhos e mais novos e serviam suas comidas trocando olhares. Não era permitido conversar na sala de jantar e muito menos durante o jantar e quem não obedecesse sofria um castigo misterioso no porão onde nenhum dos que foram jamais tinham voltado.

O barulho de água foi audível o suficiente para que ela abrisse os olhos assustada e sentindo dificuldade de respirar, pensou que estivesse se afogando, mas no instante em que se sentou no chão sujo sentindo o fedor e olhar ao seu redor notou que seria melhor estar no fundo do mar do que ali. Não sabia onde estava, mas sabia que não estava em bom estado, pois se encontrava de mãos e pés atados, com o rosto molhado e em um lugar precário.

Fitou o homem a sua frente. Sua expressão parecia de prazer onde ele continha um sorriso em seus lábios finos. Seus olhos estavam escondidos por um brilhante óculos escuros com as lentes redondas, seu nariz pontudo e fino parecia uma arma letal pronta para matar alguém, se necessário. Ele usava um sobretudo preto e mantinha as mãos dentro do mesmo que avantajava sua barriga para frente, ele era tão pequeno quanto gordo e Maya não o reconhecia de lugar algum, mas ele parecia conhece-la muito bem.

Ela se manteve em silêncio logo pensando em uma maneira de sair dali. Não sentia seus telefones em seus bolsos traseiros, sabia que eles não facilitariam as coisas para ela e por mais que ela estivesse curiosa para saber quem ele era e ganhar mais tempo preferiu manter-se em silêncio, apenas o olhando e sentindo o olhar do homem em cima de si. Foi quando o homem se virou em direção a uma porta e logo saiu após dois homens enormes abrirem a porta para ele e segui-lo logo em seguida.

Maya relaxou-se um pouco, observava cada parte do lugar procurando por falhas, algo que pudesse ajuda-la a sair daquele lugar, mas simplesmente não conseguia ver nada, nem mesmo uma misera janela que poderia fugir ou chamar por ajuda. Sentia vontade de chorar tamanho era seu desespero, mas se segurava de modo que não perdesse o controle.

Assustou-se no instante em que a porta abriu mais uma vez. O homem entrava mais uma vez acompanhado dos dois homens grandes e uma mulher loira com os cabelos na altura dos ombros, Maya prendeu a respiração tentando parecer tranquila, mas com todos aqueles rostos estranhos lhe encarando estava um pouco difícil manter-se calma. Maya encolheu-se no canto da sala à medida que o homem se aproximava, prendia a respiração de modo que não demonstrasse o quão nervosa estava por estar presa em um local que não conhecia e de cara com aquele homem estranho. Não se lembrava de como tinha chegado ali, mas aquela era a menor de suas preocupações.

O homem curvou o corpo parando com seu rosto em frente ao de Maya, sua expressão era séria e ela notou que uma faísca vermelha formava em seus olhos completamente pretos. Por um instante lembrou-se de Ália, do dia em que ela revelou, pela primeira vez, a verdadeira cor, vermelho sangue, de seus olhos.

— Maya Mase – o homem disse com sua voz aguda e com o sotaque russo.

Ela não respondeu.

— Bem vinda.

Maya apenas o fitava nos olhos.

— Agora você encontrará a morte.

Ele ergueu seu corpo mudando o olhar de direção, Maya sentiu seu coração palpitar aceleradamente e tentou soltar-se das correntes que prendiam seus pulsos chamando, novamente, a atenção do homem quem virou para trás para fitá-la. Maya soltou o ar de seus pulmões mostrando sua respiração ofegante, sentia seu pulso latejar e então observou algo escorrer por seus braços, era seu sangue que saia de seu corpo pelo corte recém feito em seu pulso devido a força em que ela tentava se soltar.

— Quem é você? – ela perguntou tentando manter o tempo.

O homem soltou uma breve risada jogando seu rosto para trás.

— O que você quer de mim?

Ele abriu a boca de modo que fosse falar algo, mas hesitou e então tornou a andar em direção a mesma porta pela qual havia entrado. Os seguranças e a mulher que haviam entrado com ele minutos atrás não saíram, permaneceram em seus postos alguns segundos após o homem sair pela enorme e pesada porta, mas logo se moveram em direção a Maya. A garota os fitava assustada.

— Olá, meu nome é Yvert e serei sua companheira hoje. Maya fitou a mulher de cabelos loiros e curtos, ela era tão musculosa que Maya se perguntava o quão doloroso seria um golpe dela. A mulher prosseguiu em russo:

— Eu tenho um trabalho aqui, assim como você tinha antes de se tornar a traidora que vem sendo – ela desabotoava o sobretudo lentamente alternando o olhar dos botões para o rosto pálido de Maya – acho um pouco surreal que você essa ruiva esmirrada tenha conseguido, sozinha, acabar com a maior Corporação do Baralho.

“Corporação do Baralho”? Maya a fitou sem entender, mas, obviamente, não perguntaria nada. A mulher desamarrou a parte debaixo do sobretudo preto enquanto mantinha toda sua atenção para sua peça de roupa límpida e cheirosa, abriu o sobretudo mostrando a Maya seus brinquedos que ficavam encaixados em diversas partes do tecido. Maya contraiu o maxilar olhando as facas, flechas e todas as outras inúmeras armas que ela conhecia e outras que nunca tinha visto em sua vida.

A mulher deu um passo para frente puxando uma faca dourada de dentro de seu sobretudo e tornou a falar olhando Maya:

— É inacreditável, sabe? Foi tão fácil te pegar. O que houve com a grande traidora que passamos um tempo enorme planejando prender? Acho que você não passou de uma lenda, querida.

— Tente me desamarrar e fazer disso justo que eu mostro a verdadeira “eu” – Maya respondeu em russo fazendo com que a mulher abaixasse a faca – não acha um pouco injusto me trazerem para cá, me amarrarem enquanto estou descordada e me torturarem enquanto estou completamente presa?

— Não se faça de boba – a mulher soltou uma breve risada – você foi avisada.

Maya recordou-se as ligações recebidas.

— Sorte sua que pegamos apenas você.

— Porque o problema de vocês é comigo. Pelo menos o problema mais grave, afinal, eu acabei com a Corporação.

A mulher a fitava completamente séria.

— É, o mérito é meu. Mas vocês sabem que não fui eu quem matei a Ália, eu queria... Acredite em mim, eu quis e muito. Mas infelizmente foram mais rápido do que eu e vê-la morrer foi gratificante, não tanto quanto eu mesma tirar a vida dela, mas foi. Mas tenho que dizer que estou surpresa com outra Corporação aparecendo, não pensava que existia uma sombra de Ália e seus peões.

Um sorriso surgiu nos lábios da mulher. Ela novamente ergueu a faca andando em direção a Maya, soltou seu sobretudo fazendo com que suas armas, novamente, ficassem pela parte de dentro e então, com sua mão esquerda, puxou o cabelo e Maya para trás deixando seu pescoço em evidência. Posicionou a faca afiada cortando levemente a pele pálida de Maya fazendo com que ela segurasse a respiração de modo que não se machucasse mais. A mulher sussurrou no seu ouvido:

— Por isso somos chamados de Paket, querida.

Maya gritou no instante em que sentiu a faca descer de seu pescoço para a sua barriga tão rapidamente que, em segundos, sentia o sangue molhar sua camisa e grudá-la em seu corpo.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será maior, prometo. O próximo será o penúltimo capítulo da fanfic que já está acabando.
Beijos!



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