Wanheda Scream escrita por Leonardo Franco


Capítulo 5
Interrogatório




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682620/chapter/5

Geovanna estava sentada na delegacia, com os cotovelos apoiados nos joelhos e pensando sobre a cena que presenciara algumas horas antes. Ela ainda tinha sangue seco em algumas partes do seu corpo, mas ela não ligava. Ela estava muito traumatizada para ligar para qualquer coisa.

Brenda andava para lá e para cá, em um ritmo constante, sem saber o que fazer. Mais cedo, ainda no hospital, foi ela quem ligou para a polícia. A situação toda ainda corria nos seus pensamentos, e ela sabia que ficar remoendo tudo aquilo era perigoso para sua saúde mental, mas ela não conseguia parar. O sangue esguichando do pescoço de Stephanie, o assassino pulando pela janela, Yury correndo para tentar estancar o sangue, Geovanna aos berros, tudo aquilo parecia apenas um sonho. Mas ela sabia que não era.

— Dá para você aquietar essa xana por um minuto, por favor? – disse Geovanna, com a voz trêmula.

— Quando eu fico ansiosa eu preciso me mexer, não consigo controlar. E minha xana nunca se aquieta, honey.

— Por que será que estão demorando tanto?- Yury perguntou, bufando de frustração.

— Eu sabia que isso ia dar em nada – disse Jacobs.

— Melhor que não fazer nada, babaca – respondeu Brenda.

— Acho que tem alguém vindo – disse Glay diva, que estava com os olhos grudados em uma janela de vidro que dava para dentro da sala de reuniões, coberta com uma persiana pelo lado de dentro. Geovanna, Jacobs e Yury se levantaram e todos olharam para a porta.

Uma mulher usando um uniforme mais formal que o da polícia entrou na sala de espera, com uma prancheta em uma mão e uma caneta na outra.

— Obrigada por esperarem. Meu nome é Giovanna Britto, eu sou a Chefe desse departamento. Eu preciso que a pessoa que ligou para a polícia venha comigo – ela disse, e voltou pela porta. Brenda olhou para os outros com um ar de preocupação, mas a seguiu mesmo assim.

Elas passaram por um corredor repleto de portas fechadas, o que fazia o local parecer vazio. Mas os sons que vinham de dentro das portas, por mais estranhos que fossem, mostravam o contrário. A mulher entrou por uma porta à direita e deu espaço para Brenda entrar, fechando-a logo em seguida.

— Por favor, sente-se.

— Vocês encontraram alguma coisa? – Brenda perguntou, enquanto sentava-se na cadeira de plástico. A sala estava má iluminada, e sobre a mesa estava uma luminária que ajudava a moça a ler os papéis.

— Ainda não. Estamos com homens procurando aos redores do hospital por qualquer coisa suspeita, e dentro dele também. Ninguém se lembra de ter visto alguém com o capuz mencionado, só a enfermeira que vocês falaram, a Loany. E mesmo ela não foi capaz de nos dar nenhuma informação relevante.

— Que droga... Mas e agora?

— Eu quero que você descreva o que aconteceu.

— De novo? – Brenda pareceu chocada. Ela não queria ficar repetindo tudo aquilo.

— Sim. Quero que me diga por que você estava no hospital, quem eram as pessoas na sala no momento do ocorrido, quem mais estava no hospital com vocês naquela hora, tudo.

— Tudo bem. Mas acho que você não vai querer saber por que eu estava lá.

— Eu preciso saber – Giovanna disse, com um olhar desconfiado.

— Certo. Eu tive um incidente durante... Bem, você sabe. Durante o sexo – Brenda corou levemente, não por que sentia vergonha, mas por que começou a ficar excitada. Giovanna, que estava escrevendo algumas coisas na sua prancheta, levantou o olhar levemente, encarando Brenda, que riu.

— Com quem você estava? – Giovanna perguntou, com uma sobrancelha levantada.

— Com Yury. E... Glayson – ela respondeu com um sorriso safado.

— Dois de uma vez, certo – Giovanna disse, enquanto voltava a anotar.

— Da próxima vez podem ser três – Brenda falou, colocando a mão sobre a prancheta, fazendo Giovanna levantar o olhar mais uma vez. Foi a vez da outra corar. Ela forçou uma tosse e prosseguiu.

— Continue, por favor.

— Como eu disse, eu tive um incidente durante o sexo. Não precisa de detalhes, certo? Então, depois disso, nós três fomos ao hospital. Mas não fomos àquele hospital aleatoriamente, não. Stephanie, a garota que morreu, era minha amiga, e ela estava tendo seu filho lá. Por isso fomos àquele.

— E quando vocês chegaram ao hospital, o que aconteceu?

— Nós fomos até o quarto de Caio, um amigo nosso que foi atacado pelo mesmo homem que assassinou Stephanie. Lá encontramos Maria Paula, que é a irmã do Caio, e também Geovanna. E logo depois disso, Jacobs chegou. E então Yury viu o homem com o capuz preto, e nós fomos atrás dele. A enfermeira tinha dito que ele queria saber onde era o quarto 297, e era o quarto de Stephanie. Quando chegamos, o homem já estava lá, e com uma faca no pescoço dela. Max, o marido dela, estava dormindo no chão, e Ste estava drogadona. Acho que ela nem viu o que aconteceu.

— Certo – Giovanna anotou mais algumas coisas. – Então repete pra mim o nome de todos que estavam no hospital.

— O Caio e sua irmã, Maria Paula, que ficaram por lá. Que vieram comigo, Geovanna, Glayson, Yury e Jacobs. Ah, e tem o Max, que ficou lá também, com o filho dele.

— Tudo bem. E eu ouvi um comentário seu sobre esse tal Jacobs ter te atacado?

— Sim. Algumas horas antes de tudo isso, eu fui assaltada por um homem com o mesmo capuz preto, e era o Jacobs. Eu fui atrás dele, e foi quando nós encontramos... – Brenda parou. Como eles não tinham chamado a polícia, o fato de eles terem encontrado um corpo poderia parecer suspeito.

— Encontraram o quê?

— Isso vai parecer estranho, mas nós encontramos um corpo, de outra amiga minha.

— Quem?

— O nome dela era Larissa Magistris.

— E vocês chamaram a polícia?

— Bem... Não – Giovanna olhou desconfiada.

— Posso saber o por quê?

— Eu estava bêbada na hora. E o Jacobs estava chapado, então decidimos que seria melhor não envolver a polícia.

— Uma decisão errada. Seria prudente terem nos chamado.

— Eu sei. Mas nós deixamos um aviso, pelo menos – Giovanna remexeu em seus papéis, procurando alguma coisa.

— Aqui, Larissa. Sim, nós encontramos seu aviso. “Mossa morta ali ó”. Deplorável. Mas prossiga, por favor.

— Certo. Jacobs estava chapado, por isso não liguei tanto para o fato de ele ter me assaltado. Afinal, eu o conhecia. Mas depois ele me apagou e me deixou lá. E, como eu disse, era o mesmo capuz do assassino, por isso eu desconfiei. Mas depois nós vimos outra pessoa com o capuz. Jacobs estava do meu lado naquela hora, então eu o tirei da minha lista de suspeitos.

— Mas nós não o tiraremos da nossa. Certo, Brenda, muito obrigada. Por favor, mande Glayson entrar.

Brenda se levantou e saiu da sala. Ela passou pelo corredor e chegou até a sala de espera. Yury e Glayson conversavam, sentados nas cadeiras. Jacobs estava fumando um cigarro perto da janela, e Geovanna andava para lá e para cá.

— Veja só quem não conseguiu deixar a xana quieta – disse Brenda, rindo de Geovanna.

— A piranha sabe fazer piada, ótimo. O que aconteceu lá?

— Ela só me fez um monte de perguntas. Glay, é a sua vez.

— Eita Giovanna – ele disse, e se dirigiu ao corredor.

— Pessoal, eu acho que eu vou embora. Não aguento mais isso tudo. Qualquer coisa vocês me liguem, ok?

Geovanna acenou com a cabeça, e voltou a andar. Brenda saiu.

Ela entrou no primeiro ônibus que passou, sem se preocupar para onde ia. Por sorte, era o ônibus que passava pelo seu bairro. Ela desceu em uma rua movimentada, e caminhou em silêncio até sua casa. Ela pegou a chave na sua bolsa e abriu o portão pichado. Ela viu uma luz acesa na cozinha da casa, e ela sabia que era Paulo, seu namorado. Ela abriu a porta da sala e caminhou pelo escuro até a cozinha. Quando ela chegou, derrubou sua bolsa no chão, de espanto.

Paulo segurava um capuz preto escrito “BALADINHA TOP”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eita Giovanna



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wanheda Scream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.