O céu depois de nós escrita por F T


Capítulo 3
Irene


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos. Aqui está mais um capítulo muito grande por sinal. Gostaria de pedir ajuda; preciso saber se acham que eu deveria ter dividido esse capítulo em dois ou é melhor contar essas histórias menores condensadas em apenas um. Eu realmente não sei o que seria melhor por isso postei tudo para que possam me dizer o que fazer da próxima. Já comecei a seguir as sugestões então espero que gostem muito do que lerão e tomara que não me matem pelo enredo. Me digam se gostaram dessa segunda aventura e eu coloquei um P.S. no fim da nota para quando lerem o capítulo não se chocarem muito.
Por favor comentem, falem comigo, favoritem, recomendem...enfim se manifestem.
Boa leitura queridos.

P.S. Nem o Doctor nem a Clara tem suas lembranças reais como vimos no capítulo anterior. Então por favor dissociem as ações do John Smith homem do Doctor que é Time Lord. Sei que é difícil mas a proposta é também colocar o Doctor na carne de pessoas e personagens que ele nunca seria.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682472/chapter/3

3. Irene: significa "a pacificadora". (Dicionário dos Nomes)

Sherlock Holmes detestava a sensação da espera. Odiava permanecer sentado no luxuoso escritório ao lado de um John Watson que mal poderia acreditar que após resolverem um mistério haviam decidido pedir ajuda para aprisionar o verdadeiro culpado. O fato é que muitas vezes as deduções de Sherlock ultrapassavam a capacidade humana usual de conclusão e ele era capaz de descobrir o autor do crime com absoluta certeza e precisão mediante pequenos detalhes, fatos e circunstancias. Isso não é o bastante para o tribunal, o juri e os promotores do século XXI, logo ele precisava de uma prova irrefutável.

Portanto, rendido ao fato de que uma prova mais contundente deveria ser apresentada decidiu que precisava elaborar um plano para obter a dita evidência, infelizmente a primeira ideia pertinente havia surgido de John e obviamente nenhuma idéia oriunda de John Watson poderia não envolver terceiras pessoas, traição e meretrizes.

—Holmes - Uma mulher irrompeu pela porta. - Vejo que trouxe seu parceiro.

Sherlock conhecia Clara há muito tempo. A conhecia dos tempos sombrios da adolescência quando ela era muitas coisas, contudo não uma prostituta. Não ainda. Agora, ela mantinha os cabelos castanhos nos ombros, batons provocantes, postura altiva e quase todas as suas palavras, gestos e ações emanavam uma confiança e uma sensualidade que a elevaram ao status de uma das meretrizes mais caras e desejadas de Londres.

—Clara - Respondeu Sherlock assentindo levemente.

A mulher caminhou até Holmes com as sobrancelhas arqueadas em desafio e em seguida se aproximou de John oferecendo uma de suas mãos e ele a cumprimentou ainda a fitando. Finalmente, Clara se colocou do outro lado da mesa e se sentou na cadeira principal, visto que ela mantinha um escritório particular onde os clientes mais ilustres poderiam ser conhecidos, fariam os pagamentos e ajustariam os detalhes.

—O que deseja essa noite Holmes? - Perguntou Clara estreitando os olhos - Tenho certeza que precisa dos meus serviços.

—Creio que em todos os sentidos possiveis - Respondeu John recebendo um olhar cheio de acusação por parte de Holmes.

—Estamos em uma investigação muito importante. - Começou Holmes deixando um envelope cheio de notas altas sobre a mesa - Acreditamos que tenhamos encontrado o nosso assassino, contudo apenas poderemos provar se roubar um relógio.

—Não vejo como um relógio poderá ajuda-lo, mas o que acha de deduzirmos? Tem certeza que deseja que eu compactue com um assassino? - Clara provocou com um leve sorriso. - Me convença a ajuda-lo Senhor Holmes.

—Primeiro erro de sua dedução senhorita: o homem que irá seduzir não é o assassino. - Sherlock mantinha o tom sério e agora unia as mãos perante o desafio.

Clara sorriu mais amplamente e se colocou de pé. Retirou o pesado casaco que usava e revelou o vestido negro que batia nos joelhos e se sentou na mesa com as pernas cruzadas entre as cadeiras dos dois homens. John Watson a considerava parecida com Irene, não fisicamente e sim no que diz respeito a sensualidade, ao desafio e ao segredo que parecia esconder em suas belas feições. Já Sherlock tinha discernimento o bastante para reconhecer que a única semelhança entre Clara e Irene é que ambas são notáveis.

—Devo crer que o assassino deu o relógio para o homem que deseja acusar de assassinato, contudo não quer avisar o homem que será seduzido sobre sua desconfiança porque teme que ele revele isso ao assassino. Creio que ambos estão diretamente conectados…talvez sejam parentes - Clara disse agora séria fitando Sherlock e notando que havia sido certeira em sua fala.

—De fato…o homem que deve seduzir e o assassino são irmãos, logo ele poderia se recusar a entregar o relógio. Seria mais fácil para todos se ele apenas perdesse…afinal é um relógio de família, uma relíquia inestimável e não há duas - Assegurou Sherlock ainda seriamente. - Quero que o faça “perder” esse relógio. Ele não deve notar que se trata de um furto.

Clara voltou os olhos para Watson que contou tudo sobre o caso. Havia sido a princípio a descoberta do corpo de uma mulher morta três anos antes, logo investigaram as conexões mais imediatas da mulher e então chegaram até o primeiro suspeito - um dos amantes da mulher assassinada - que após a polícia executar um mandado se descobriu - na casa do amante - que ele possuía roupas repletas de sangue, sangue pertencente a essa mulher assassinada. Durante a execução do mandato o homem foi descoberto morto. O caso poderia se encerrar nesse ponto, entretanto Holmes notou que as roupas encontradas não poderiam pertencer ao homem recém assassinado, contudo eram trajes comuns incapazes de denunciar o verdadeiro culpado; havia um mistério. Afinal por que roupas cheias de sangue de um homem estariam na casa de um homem inocente, mas que conhecia e dormia com a mulher assassinada? Descobriram que tal homem tinha contatos estreitos com o possuidor de uma grande corporação e que repentinamente suas dívidas haviam sido quitadas o que levou Sherlock a investigar aquele que havia pagado todas as dívidas, contudo constatou-se que o responsável pelo pagamento não poderia ser responsável porque era canhoto portanto não poderia ter deixado as peculiares marcas no homem assassinado. Foi Watson a descobrir que as peculiares marcas deixadas eram de um relógio de bolso que provavelmente se entrelaçou ao braço do assassino. Isso os levava diretamente ao homem que havia finalmente recebido o pagamento do débito, ele era dono de uma grande corporação e se livrou do relógio o dando ao seu irmão. Afinal o relógio sempre foi tradicionalmente transferido de geração para geração.

—Apenas pelo relógio podem afirmar que o homem é assassino? - Clara não gostava da fraqueza do argumento - Ele havia recebido o pagamento, não havia motivos para matar o amante da vítima. E se ele não assassinou a mulher por que haviam roupas masculinas cheias de sangue?

—O relógio apenas nos faz ter certeza que o homem que acusamos é o assassino, as marcas deixadas quando comparadas com a evidencia serão capazes de coloca-lo na cena. Temos certeza que se trata dele porque as roupas cheias de sangue não serviam na segunda vítima, contudo servem no nosso suspeito atual. Além disso acreditamos que ele tinha outro motivo para assassinar a segunda vítima que havia pagado a dívida: ambos tinham um caso extraconjugal com a mesma mulher. - Explicou Sherlock muito rapidamente.

—Ele deu o relógio para o irmão para que quando o interrogassem não houvesse um relógio, ou seja, um sinal evidente que lembraria o desenho peculiar na cena do crime - Completou Clara impressionada - Querem que eu seduza o irmão do assassino para pegar o relógio, apenas isso?

—Sim, contudo o Sr. Smith é um homem muito reservado - Assinalou Watson com tranquilidade - Tentamos nos aproximar suficientemente para roubar o relógio, mas foi impossível.

***

Clara adentrou o luxuoso clube que o Senhor Smith frequentava. Sherlock havia pagado uma alta quantidade para que ela fizesse qualquer coisa para obter o relógio e ela faria, afinal isso colocaria um assassino na prisão. A mulher se sentou no bar, pediu um martini e observou o taciturno Senhor Smith: feições rígidas, cabelos brancos, olhos azuis. Absolutamente muito mais velho do que ela poderia esperar, contudo talvez dobrável o bastante para que a conquista não fosse muito difícil. Pela marca da aliança no dedo ele havia se divorciado recentemente, logo poderia ser um alvo fácil desde que ela fosse todas as coisas que ele nunca pôde ter antes. Clara pediu uma taça de um caro vinho, aproveitou a música que tocava com a banda no palco e se aproximou da solitária mesa do Senhor Smith.

Ele observou a aproximação de Clara de modo inalterável. A mulher colocou o vinho sobre a mesa, ele a fitou por um instante e então a mulher, ainda seriamente, se sentou no canto da mesa com as pernas cruzadas e bebeu de repente o que sobrara do próprio martini que ainda segurava. Ela jogou a cabeça levemente para trás e se inclinou na direção do Senhor Smith.

—Clara - Disse a mulher em um leve sorriso cheio de confiança - Me diga o seu nome.

—E por que eu diria? Não estou interessado Clara - Rebateu ele convicto retirando o relógio do colete e olhando as horas rapidamente antes de guarda-lo novamente.

—Porque sou a maior aventura que poderia ter e algo me diz que o senhor aprecia aventuras - Ela agora tinha a face a centímetros da dele - Escolha um nome Senhor.

—Meu nome é John Smith, não há um nome para escolher - Assegurou ele finalmente interessado em Clara.

—Tenho certeza que dirá o meu nome muitas vezes essa noite - Clara sussurrou essa frase no ouvido do homem.

A mulher não esperou mais para beija-lo. O beijou porque precisava leva-lo para outro lugar, precisava pegar o relógio e não poderia parecer um roubo e sim um acidente. Seria uma longa e difícil tarefa que talvez incluísse mais horas do que Sherlock havia lhe pagado. John Smith correspondeu o beijo e seguiu Clara quando ela se colocou de pé e o puxou pela lapela do casaco rumo ao quarto que ela tinha direito no clube como sócia. Ele seguiu a beijando com uma hesitação que a mulher não conhecia, Smith era um homem experiente demais para hesitar perante a sedução de uma mulher jovem e bonita. Ainda assim quando adentraram o quarto ele a colocou contra a parede.

Clara retirou o casaco dele e enquanto os beijos dele agora atingiam outras partes de seu corpo ela pôde ter mais certeza quanto a como retiraria o relógio da roupa do homem. Foi então que ele a surpreendeu e a colocou de frente a parede e abriu o zíper de seu vestido que caiu no chão.

—Uma noite impossível para uma mulher impossível - Disse John Smith afastando o cabelo da garota e beijando seu pescoço.

Clara fechou os olhos e os abriu novamente e foi então que se lembrou. Se lembrou que mais uma vez haviam se esquecido, que estavam presos e que agora participavam de um sórdido enredo de Sherlock Holmes, contudo John Smith, vulgo o Doctor, estava a mantendo contra a parede, beijando seus ombros e por isso não havia notado o despertar de algo diferente. Clara se lembrou que era Clara Oswald, ela teria que despertar o Doctor de seu sonho.

—Corra, corra - Sussurrou Clara fechando os olhos e se mantendo imóvel incapaz de parar as ações dele - Lembre-se.

De repente John Smith a soltou, de repente o Doctor estava de volta e agora caminhava assustado para trás se afastando dez passos de Clara que apenas se virou para ele constrangida. O Doctor pegou o próprio casaco que estava agora no chão e colocou nos ombros da Garota Impossível com sua postura altiva e sua evidente culpa. Ele se sentia culpado, estava sempre se culpando e talvez fosse um hábito enraizado o bastante para que nunca parasse. Havia um constrangedor silêncio entre eles.

—Será uma prova de amizade superar isso - Disse Clara sorrindo e começando a rir.

O Doctor permaneceu sério por alguns segundos diante das risadas da garota e logo em seguida também começou a rir. Logo em seguida a garota narrou tudo que havia ocorrido com ela desde que aquele enredo havia começado e basicamente tudo começara já no fim, mais uma vez, e ela era apenas a fase final para o encerramento daquele mistério. Faltava apenas o relógio ser entregue a Holmes para que a história chegasse ao fim.

—Entregue o relógio para Sherlock Holmes e então essa história poderá ser concluída e continue se concentrando sobre o fato de que nada aqui é real - Pediu o Doctor enquanto Clara se vestia e ele permanecia com os olhos nos olhos dela.

Clara Oswald assentiu, deixou o aposento sozinha e caminhou até um dos quartos mais distantes atravessando vários corredores pelo percurso no qual não haviam câmeras e onde Sherlock e Watson deveriam estar esperando. Ela bateu na porta, adentrou o local e entregou o relógio apressadamente mesmo que seu coração disparasse diante de duas das principais figuras com as quais já havia se deparado. Clara deixou o quarto e quase imediatamente trombou com o Doctor que corria em disparada fugindo de dois perseguidores.

—O que está acontecendo? - A voz de Clara era urgente.

—O irmão de John Smith parece ter mandado capangas contra o próprio irmão para que o relógio não seja entregue! - Exclamou o Doctor segurando a mão de Clara enquanto corriam em disparada pelo corredor.

A garota percebeu que logo atrás corriam também Sherlock e Watson que os alcançaram. Ali estavam o Doctor, Clara Oswald, Sherlock Holmes e John Watson correndo em disparada até que despistassem seus perseguidores. Eles ainda corriam quando a força das memórias do Doctor e de Clara venceram mais uma vez as criaturas e tudo se dissipou, tudo desapareceu diante deles e ficou branco. Ao menos até que algo novo surgisse. Sempre haveria algo novo para mulheres notáveis e Clara havia se tornado uma das mulheres notáveis de Sherlock Holmes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Foi uma boa aventura? Deveria ter dividido? O que gostaram mais para que eu repita? Enfim a fic é feita por vocês então não me esqueçam. Já agradeço muito mesmo todos que estão me motivando a continuar e a escrever, cada palavra de vocês tem sido fantástica. Beijos queridos.

P.S. Sim, cada capítulo terá o nome de uma mulher notável advinda dessas histórias de ficção, afinal elas não devem ser esquecidas.