1 semana depois...

Acordei com as persianas aberta pela minha mãe, a querida e estimada Effie, radiante e com uma animação e uma boa disposição invejável.

—Vamos lá Katniss, hoje é um grande, grande dia! - quem me dera estar com o mesmo estado espírito que ela.

—Quero dormir mais um bocadinho, vá lá! - insisti pondo a almofada em frente aos meus olhos.

—Não, não, não! Tens de te levantar e tomar o pequeno-almoço rapidamente porque a tua equipa de preparação deve estar prestes a chegar para te transformarem completamente! - tirou-me a almofada e descobriu-me, ela é que parece a noiva, não eu.

—Vê lá, não me transformem tanto, não quero correr o risco de o Peeta não me reconhecer! - não era bem uma piada, mas a minha mãe interpretou assim, deixa estar, acho que nada que eu possa dizer lhe vai tirar aquela alegria.

—Vamos deixar-nos de brincadeiras e passar a coisas sérias! - bateu palminhas, eu não compreendo, mas pronto.

Acabei por descer depois de me despir, estava apenas com uns chinelos e um  robe de ceda. A Prim, o meu pai, o Finn e a minha madrasta já lá estavam. Todos estavam altamente ansiosos, exceto o Finn e a Prim, e obviamente eu.

Subi e esperei sozinha no meu quarto, mas o Finn e a Prim vieram ver-me.

—Estás nervosa? - perguntou-me a Prim.

—Não - respondi.

—Estás estranha. Estás com dúvidas? - questionou o Finnick, e o pior é que tinha razão, eu não me quero casar.

—Não, eu estou bem! É só que acho tudo muito exagerado! - confessei, o que em parte nem era mentira, aqueles dois cérebros queimados denominados de Claire e Effie, por outras palavras, sogra e mãe, exageraram em tudo! Só a lista de convidados, maior parte nem os conheço!

Eles deram-me a mão em forma de apoio e foram-se embora, tinham de arranjar-se.

Pouco tempo depois a minha equipa de preparação chegou, o Cinna, o estilista, e a Octavia, a Venia e o Flavius.

De todos o menos espalhafatoso era sem dúvida o Cinna que não fez comentários absolutamente sobre o meu casamento altamente precoce, aliás, preferiu referir que o facto de ter escolhido um vestido simples era muito incomum, o que me distinguia das outras miúdas todas.

Ao final da manhã já estava pronto, chegamos à quinta da família Mellark, eu já atrasada, muito atrasada. Quando cheguei começou a tocar a música dos funerais... quer dizer... marcha nupcial!

Olhei para o Peeta que me esperava no altar, sorria-me e eu retribuí o sorriso, cheguei perto dele, que me deu imediatamente as mãos.

O padre disse umas palavras que eu desconheço porque não prestei atenção, só me toquei quando chegou à pergunta decisiva.

—Peeta Mellark, é de livre e espontânea vontade que aceita Katniss Everdeen como sua legítima esposa? - ele olhou para mim e sorriu.

—Sim, eu aceito - sorri também, eu só queria que aquele fosse apenas mais um daqueles sábados normais.

—Katniss Everdeen, é de livre e espontânea vontade que aceita Peeta Mellark como seu legítimo esposo? - era o momento que iria mudar a minha vida, ainda não era tarde para voltar atrás, de todo. Olhei para o Finn, para a Johanna, para a Prim, e por fim para o Peeta, respondi por fim.

—Sim, eu aceito - todos suspiraram de alívio, e eu sorri.

—É então que ao olhos de Deus e com o poder que me foi conferido, eu vos declaro esposo e esposa. Pode beijar a noiva - declarou por fim e eu e o Peeta beijamo-nos enquanto os nossos pais choravam de emoção e todos nos aplaudiam.

—Vamos começar a festa? - este era o Peeta a safar-me de um discurso que eu não queria ouvir.

Toda a gente começou a dançar ao som da música presente no local e eu agradeci-lhe sussurrando.

—Pois seja então muito bem-vinda à família, Katniss Mellark - gozou a Johanna.

—Por momentos pensei que fosses recusar - confessaram a Annie a Prim em simultâneo e elas conheciam-me bem, mas mesmo assim resolvi negar.

—Não, eu só queria fazer os vossos e os meus pais sofrerem um bocadinho - humorizei, porém ao olhar para o Finn percebi que ele sabia, maldição de um irmão!

—E já sabem qual é o nome que vão dar à criança? - indagou a Johanna metendo-me a mão na barriga, fazendo o Peeta e eu entreolharmo-nos com cara de "Ups! Esqueci-me completamente desse pormenor!". - Não me digam que ainda não falaram sobre isso!

—Não, e sinceramente eu só quero revelar no dia do parto, quando vocês me forem visitar! - decidi e o Peeta sorriu.

—Mas a minha irmã tem razão, temos de pensar o nome que vamos dar à minha filhinha - falou pondo-me a mão na barriga.

—E quem te disse que vai ser uma filha e não um filho? - interroguei cruzando os braços na cintura.

—Vejam só, ainda nem sequer nasceu e ela já está a treinar para a posse que vai fazer quando se chatear! - brincou o Finn arrancando gargalhadas de todos.

—Nem me fales disso, eu só quero que a gravidez passe rápido, não gosto nada da ideia de ter de ficar com um barrigão gigante! - exclamei amuada.

—Oh, tenho a certeza que vais dar uma grávida linda, tão linda como és agora! - nunca vi o Peeta tão terno comigo, portanto vou aproveitar e beijo-o.

—Hey! Temos aqui crianças! - alertou-nos a Johanna apontando para a Prim que revirou os olhos. - Além do mais, a lua de mel ainda não começou!

Nós afastamo-nos e fomos dançar um bocado, foi mesmo cool, a minha sogra e a minha mãe fizeram alguma coisa jovem, o que me faz respirar de alívio, é que ficar a ouvir o Mozart não ia ser muito boa onda!

Fomos almoçar e eu comi imenso, por mais que comece, a fome não se saciava, maldita criança.

A minha mãe fez um discurso que me fez chorar, fazendo todos olhar para mim, malditos hormônios! A minha sogra fez outro e eu ri ao mesmo tempo que chorava, o que ainda foi mais estranho.

Quando a festa acabou eu fui vestir umas roupas "normais" e desci para a sala. Naquela noite íamos pernoitar num hotel, para no dia seguinte irmos apanhar o avião para a Austrália. Sim, Austrália! O meu destino de sonho!

Sentei-me no sofá com o Peeta, enquanto a minha chata sogra me explicava os planos, essa coisa do hotel não me caiu muito bem.

—Eu não queria ir para um hotel hoje. Queria ir para o meu quarto, em minha casa... - opinei e a minha sogra olhou para mim como se fosse um ultraje o que tinha acabado de dizer.

—Katniss, tem de compreender que a sua vida mudou, agora a sua vida é a dois! - explicou e a boca fugiu-me para a verdade.

—Da maneira como todos se metem, mais parece a quatro ou cinco - o Peeta segurou o riso, assim como o meu sogro, a Johanna, o Finn e a Prim, enquanto os meus pais e a minha sogra me olhavam incrédulos.

—Katniss! - repreendeu-me a minha mãe.

—Que foi? É verdade! - rebati.

—Bom, quando voltarem vão viver para o apartamento que estamos a decorar - revelou a minha sogra e neste momento estou a imaginar mamarrachos por todo o lado, aqueles móveis antiquados que eu detesto!

—Claire, deixe os miúdos em paz, com o tempo eles ficam a saber o necessário. Eles têm de ir embora par ao hotel, têm um avião para apanhar amanhã cedo! - graças ao meu sogro que acabou de subir na minha consideração.

Fomos embora, fizemos o check-in no hotel e fomos para o nosso quarto.

—Vou tomar banho - anunciei.

—Não, tenho uma ideia melhor - sussurrou sensualmente ao meu ouvido quando me puxou para ele.

Naquele momento eu só queria um banho e cama, mas é isto que se faz na lua de mel, além do mais, ele não é dispensável.

Acabamos a dormir abraçados e nus, para mim era estranho fazer estas coisas com um bebé dentro de mim, não é que tenha sido mau, é só que... sei lá, faz-me impressão!

Acordamos muito cedo, fizemos o check-out depois do pequeno-almoço em que eu me empanturrei em comida e vomitei tudo a seguida, é o costume!

Adormeci na viagem, e acordei apenas acordada pelo Peeta quando chegámos, estávamos tão cansados que foi logo dormir!

Os dias seguintes foram divertidos, conhecemos Sydney e visitamos algumas pastelarias conceituadas, onde será escusado dizer que eu provei de tudo, e também vomitei tudo de novo!

Apesar desses entraves, a lua de mel foi perfeita, mas tivemos de voltar rápido porque eu tinha uma ecografia marcada, íamos saber o sexo do bebé, eu digo que é um rapaz, assim como o Finn, a Johanna e a Annie, que já fazem planos sobre o que vão fazer juntos quando ele crescer e fazem competição sobre quem é que ele vai preferir deles todos!

A Prim e o Peeta acham que é rapariga, estivemos a discutir nomes, mas eu não se bem, acho que só vou decidir no dia em que olhar para a cara dele, ou dela, eventualmente.

Chegamos ao aeroporto e fomos recebidos por uma multidão imensa! A minha barriga já estava a ficar grandinha e toda a gente se derretia com isso, enquanto eu quase que "chorava" de lamentação.

Fomos para o hospital, fizemos a ecografia, eu estava a apertar a mão do Peeta, toda radiante quando a médica revela o estado e tudo mais.

—Está tudo bem com os bebés, estão a desenvolver-se bem - anunciou e nós suspiramos de alívio, até que percebemos que não era um, mas dois.

—São gémeos? - perguntei assustada.

—Sim - era o fim do mundo! Não podia haver uma notícia tão má como esta, não podia! Porque é que tinhas de ser tão eficaz, Mellark?

—E dá para saber o sexo? - perguntou o Peeta, apertando-me a mão e sorrindo-me ternamente, acalmou-me ligeiramente e logo comecei a sorrir, porque não? Estava tudo bem!

—Sim, deixem-me ver! - começou a passar aquela coisa estranha na minha barriga - Parabéns, temos aqui a crescer uma linda menina e um lindo menino!

—VOU SER PAI DE UMA MENINA E DE UM MENINO!!!!! - ele estava eufórico e eu ria juntamente com o Dr. Aurelius, o obstetra.

—Tenho pena da menina! Com um pai controlador como este, vai-lhe afastar os pretendentes todos! - brinquei e ele olhou-me feio.

—Claro, não quero aqueles garanhões a encostar um dedo na minha menina! - concordou - Mas também não podes falar muito, quando o nosso filho trouxer as namoradas lá a casa, vou ter pena delas!

—Pois, fala o rapaz que é um autentico garanhão e que vai fazer com que o nosso seja assim, não vou deixar que o faças! Além do mais, não o quero com aquelas galdérias! - rebati e rimos.

Acabamos por sair do consultório muito afetados e chocados, eram gémeos! Mas estávamos decididos a dar o nosso melhor, além do mais, não estamos sozinhos, temos os nossos pais e os nossos irmãos e amigos. Tudo iria correr bem!

Continua...