—E agora Katniss? O que é que eu faço? Ela está grávida, os pais dela vão passar-se, assim como a minha mãe e o nosso pai! - neste momento estou em casa do meu pai com o Finnick, estamos sozinhos, já que a Kate e o nosso pai foram viajar e a Greasy Sae está de férias.

—Finnick! Acalma-te, vocês têm 18 anos, é verdade! Mas o certo é que tenho a certeza que o nosso pai, apesar de chocado, vai apoiar-vos, assim como a Kate, e além do mais, os pais da Annie adoram-te e vais ver que vai correr tudo bem! - tentei tranquilizá-lo, e isso é o que tenho tentado fazer nas últimas horas, no entanto, tenho falhado à grande.

—Eu não estou pronto para ser pai! Eu mal sei tomar conta de mim! Como é que vou ser o exemplo para alguém? Como é que vou cuidar de um ser tão pequeno e inocente que não teve culpa de eu ter cometido um erro fatal? - ele ia fazer um buraco no chão de tanto caminhar e arrancar os próprios cabelos de tanto os puxar.

—Sabes o que é que te digo quanto a isso? - levanto-me e levanto-lhe a cabeça agarrando lhe nas bochechas para que ele me olhe olhos nos olhos. Eu estava séria, era importante que as próximas palavras lhe cheguem lá dentro e que reproduzam uma atitude digna e responsável, já que a responsabilidade nunca foi o forte dele, apesar de ter de passar a sê-lo, neste momento. - Eu fui mãe aos 16 anos e como tu bem sabes eu era inconsciente, irresponsável, um exemplo da delinquência adolescente em pessoa, o diabo, a revoltada, o que quiseres e mais um bocado. Como tu bem sabes, eu não estava pronta para ser mãe, eu não estava pronta para ser um exemplo e tão pouco para crescer, mas sabes o que aconteceu? Eu tive de crescer rapidamente porque oito meses depois eu tinha dois bebés à minha responsabilidade! Se eu não sirvo de exemplo por ser mulher e porque vocês homens dizem que as mulheres têm mais facilidade com estas coisas, faço-te o retrato do Peeta. 16 anos, capitão da equipa de basketball, o mais desejado, o mais inconsequente, o mais popular, o mais despreocupado, o que quiseres e mais um bocado, mas por um mínimo descuido tudo isso foi por água abaixo, deixou imensa coisa para trás, casou-se e oito meses depois teve de deixar tudo para trás, e agora olha para ele? Ele não é o pai perfeito, ele não é o rapaz perfeito, mas é um bom pai! E tu vais ter de crescer, amadurecer, e absorveres a ideia de que a tua vida vai mudar e vais ser pai em breve!

—Estás para aí a falar Katniss, mas sabes que as coisas não são bem assim, nomeadamente com o Peeta, ele deixou-vos durante um bom tempo, não foi lá muito bom pai no início! - retorquiu.

—Pois não, e é isso que tu queres para ti? É esse tipo de pai que queres ser para o teu filho? Aprende que não existe o pai perfeito, o que importa é dares o teu melhor, e se isso não chegar, dá o resto! E aproveita para te conformares com a ideia de que não é tudo um mar de rosas e que vais errar muitas vezes, porque eles não vêm com um manual de instruções, mas faz parte, porque enquanto os acompanhas no crescimento deles, cresces também! - ele abraçou-me em seguida.

—Isso foi tão maternal, a Riley e o Josh mudaram-te mesmo! - sorriu assim como eu.

—Sabes como é que é, tens de te adaptar à situação por mais complicada que ela seja! - rimos os dois e nesse momento o meu telemóvel toca, é o Gale.

Chamada ON

—Olá Gale! - cumprimentei bem disposta.

—Katniss, a Johanna fugiu de casa e ninguém sabe nada dela! - o meu semblante mudou logo e comecei a arrumar as minhas coisas dentro da mala, enquanto o meu irmão me olhava confuso.

—Calma Gale, eu e o Finnick estamos a ir para aí! - assegurei e ele desligou-me.

Chamada OFF

—Que se passa, KitKat? - interrogou o Finnick enquanto eu metia o telemóvel na mala e a colocava no meu ombro.

—A Johanna fugiu de casa, temos de ir para casa do Gale já! - ele apressou-se a pegar no telemóvel, nas chaves de casa e do carro e fechou a porta, fomos a correr para o carro.

—Porque é que achas que foi? - quebrou o silêncio.

—Aposto que foi a bruxa da minha sogra, deve ter começado com a história do casamento e devia estar a tentar obrigá-la a casar! - reclamei, eu odeio aquela mulher!

—Tu pensaste em fugir quando foi contigo? - de repente lembrei-me de uma coisa.

Flashback ON

Tenho a mochila pronta, dinheiro, carteira, cartões, o telemóvel está desligado, tenho uma muda de roupa, e uma escova de cabelo básica. Estou pronta para me lançar nesta coisa que pode ser uma loucura, mas que é a única forma de continuar a ter uma vida razoável.

Desço as escadas em silêncio, não quero que alguém me apanhe, estou atenta e conto todos os passos que dou, é então que caio dos últimos dois degraus da escadas, tento levantar-me e começo a sentir umas dores insuportáveis no ventre.

—Kat? Onde é que estavas a ir com essa mochila? Estás bem? - era a Prim que corria para minha beira, aparentemente ela estava em casa e eu achava que estava sozinha por conta do silêncio existente.

—Ah! - gemi com as dores. - Prim, estou cheia de dores! 

—Nós temos de ir hospital! Mas porque é que tinhas essa mochila cheia de... espera lá, tu ias fugir! - concluiu e eu fechei os olhos com muitas força e gritei por causa das dores.

—Isso não importa agora! - desviei o assunto.

—Vamos Katniss! Temos de ir para o hospital AGORA! - ela ajudou-me a levantar e foi comigo à rua, por sorte passou logo um táxi que parou imediatamente.

—Boa-tarde! Leve-nos para o Hospital, a minha irmã está grávida e está cheia de dores, rápido, é urgente! - ordenou e o táxista obedeceu-lhe imediatamente. Saímos mais à frente e eu paguei o táxi com o dinheiro que tinha vivo. Entramos nas urgências e logo a seguir entrei para a sala onde o obstetra estava, o Dr. Aurelius. Ele fez-me uma ecopélvica enquanto eu agarrava a mão da Prim.

—Foi apenas uma pequena hemorragia, está tudo bem com o bebé, mas por agora é necessário haver repouso ABSOLUTO! Vou só mandar fazer umas análises para despistar qualquer possibilidade de uma anemia e já se vê livre de mim! - concordei com a cabeça e mais tranquila depois do analgésico que ele me deu. - Quero vê-la daqui a três semanas!

Mais tarde saímos e quando chegamos a casa a Prim fez-me prometer que não ia voltar a tentar fugir, e para pensar mais um bocadinho no meu filho e deixar de pensar tanto em mim.

Flashback OFF

—Já, mas nunca cheguei a conseguir - confessei e quando reparei estávamos à porta da casa do Gale. Tocamos à campainha e logo a seguir a porta foi-me aberta pela Clove, depois de a cumprimentar, e de cumprimentar a Annie, a Sophie, a Madge e de ter dado um olá aos meus filhos e ao Cody, beijei o Peeta e abracei-o e abracei o Gale com muita força, eles precisavam de apoio.

Passaram-se horas e nada da Johanna, a polícia não sabia de nada, o Cato e o Peeta foram fazer uma patrulha, assim como o Finn e eu, ninguém sabia de nada, ninguém a tinha visto.

—Temos de lhe localizar o telemóvel! - pronunciou-se o Gale angustiado.

—Não vai servir de nada, - todos olharam para mim - ela não é estúpida, já desligou o telemóvel para não a localizarem, e mesmo que não o tenha feito a esta hora já deve tê-lo atirado a um lago ou coisa assim, já se livrou dele!

—Então vamos bloquear-lhe os cartões! - os olhares desviam-se para o Peeta.

—Não, ela é mais esperta que isso, a esta hora já levantou o dinheiro todo e deve estar em breve e comprar umas passagens para algum país, por isso podem é entrar em contacto com os serviços de transporte, camionetas, autocarros, aviões, barcos se for preciso, táxis também ajudaria! - agora arregalam-me os olhos.

—Como é que sabes disso tudo? Quem te ouve parece que já planeaste uma fuga! - observou o Cato e eu atirei a cabeça para trás. - Espera lá, tu também tentaste fugir quando te obrigaram a casar, não foi?

—Foi, a Johanna ia ajudar-me, ela era a única que não me repreenderia e eu precisava de um plano, precisava de ajuda para fugir, de alguém que me informasse do que se passava - admiti e todos abriram boca com surpresa.

—Espera lá, então ela vai contactar-te, ou pelo menos, vai fazer um trajeto igual ao teu! - afirmou a Annie.

—Resta esperar que ela me procure, ela é esperta demais para fazer um percurso igual ao meu, ela vai querer encontrar-me sozinha e pedir-me ajuda, e eu não vou poder negar-lhe, estou em dívida com ela! - deixei clara a minha posição.

E agora estou numa posição complicada, cheia de "se's" e tenho de escolher um lado, por um lado tenho a minha cunhadinha grávida que esteve disposta a ajudar-me na fuga toda, por outro tenho o meu namorado e o meu cunhado que estão preocupadíssimos e a querem apoiar a não casar, o que é que eu faço se a Johanna me procurar e pedir ajuda?