Diferentes mas iguais escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 17
1º dia de aulas


Notas iniciais do capítulo

Oii! E agora voltamos para as aulas, que acontecerá neste primeiro dia?



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E mais três meses de verdadeiro descanso acabaram, fomos para a Austrália, ou melhor, o grupo (incluindo o Peeta) foi todo para a Austrália, os meus pais preferiram ir para a Tailândia! Foi muito divertido, deixamos os miúdos com os pais do Peeta que esfregaram as mãos perante a situação. No entanto, já acabou o verão e amanhã começam as aulas, eu estou a fazer os dois anos num, ou seja, continuo na turma do Finnick, mas tenho aulas por fora até acabar o 10º ano, assim como o idiota e o imprestável do Mellark!

Fui dormir. Esta semana é a do Peeta, felizmente! Eu vou poder ambientar-me sem ter de parecer uma zombie devido às noites mal dormidas! Acordei com muita preguiça, mas ainda assim fui tomar o meu banho e fui vestir-me, tomei o pequeno-almoço rapidamente e quando desci já tinha o Finnick à espera.

—Voltamos aos velhos tempos! - sorri assim como ele, a minha casa ainda é mais próxima da escola, o que é fixe para o caso de me atrasar por causa das criancinhas.

—Yup! Mas desta vez vamos de carro e não a pé! - observou ele. Entramos dentro do colégio, as pessoas olhavam para nós, velha rotina, a diferença é que comentavam a minha presença, que arranjem uma vida!

—Cunhadinha! - saudou-me a Johanna.

—Johanna! - saudei-a e ela riu. -O imprestável do teu irmão está com muitos problemas com o Josh e com a Riley?

—Não gozes, além de que ele já chegou, está com o Cato - explicou e eu assenti nada interessada, eu só queria que ele estivesse no inferno.-

Vou aturá-lo o dia todo! - queixei-me. - Temos aulas do 10º mais tarde, ainda por cima na mesma turma.

—Vai ser tão giro ver-te a ti e ao meu maninho juntos outra vez a aturar o Haymitch! - gargalhou. - Ele é o diretor de turma este ano, de novo!

—Só pode ser brincadeira! - bufei e o Finnick tocou-me no ombro, eu entendi logo o que ele queria dizer. - É este ano Finn?

—Podes crer que sim, tem de ser! E tu vais ajudar-nos! - apontou para a Johanna que esfregou as mãos como uma vilã de desenhos animados.

—Conta comigo! - neste momento ouve-se uma voz nos corredores, Snow!

—Bom começo de ano e que a sorte esteja sempre a vosso favor! Este ano espero que as tragédias e os descuidos sejam menores. Quero desejar a todos um bom começo e também quero convocar alguns alunos para irem ao meu gabinete neste preciso momento. Clove Furhman, Cato Ludwing, Peeta Mellark e Katniss Mellark, quer dizer, Everdeen, peço desculpas! – todos se riram do engano do Snow e eu estava praticamente a passar-me e a perder a classe toda e a responsabilidade que adquiri durante este tempo enquanto mãe e pregar-lhe um soco ou com alguma coisa na cabeça que o incapacitasse de ser diretor!

—Ai cunhadinha, vais ser sempre uma Mellark! – gozou a Johanna e eu virei-lhe as costas indo para o gabinete do diretor e sendo a última a chegar, o que o fez olhar para mim com cara de “Ainda o ano mal começou e a menina já chega tarde, sempre em problemas, será assim tão difícil ser igual aos outros e cumprir uma regra ou uma ordem que seja?”.

—Bem, agora que estamos todos podemos começar. Devem estar a perguntar-se a razão pela qual os chamei aqui, pois bem… - lá vamos nós outra vez aturar aquele discurso secante.

—Sim, já todos sabemos que nos chamou aqui porque somos os únicos alunos que vão estar a fazer o resto do 10º ano que deixamos a meio e o 11º, que é o que nos compete. Tudo isto também para alertar que não quer mais ninguém na mesma situação do ano passado e que vai estar de olho em nós porque somos os únicos nesta escola que tiveram filhos aos 16 anos, isto apesar de a Clove ser nova por aqui. Finalmente também está a tentar provocar-me com o tratamento e com as indiretas do discurso que fez, só pelo facto de me tratar por Mellark, quando que eu saiba aqui estou divorciada e o meu nome é Katniss Everdeen. Para juntar o assunto da escola, quer que nós sejamos o exemplo, logo vão andar em cima de nós e ser muito exigentes, nomeadamente comigo e com o Mellark, que como tivemos aquele lamentável episódio ano passado e fomos alertados, estamos mais risco, sem contar com todas aquelas que nós já fizemos! Além disso vão dar mais uma revisãozinha nas aulas porque este ano é mais puxado e precisamos do outro que não completamos. Já todos sabemos isso, Snow, e claro, se precisarmos de mais alguma coisa falamos com o diretor de turma e vice-diretor, Haymitch Abernathy! – expliquei tudo e ele riu sarcasticamente.

—É basicamente isto, mas não só! – surpreendemo-nos. – Queremos que acalmem os alunos, desde que souberam da vossa situação, nomeadamente falo dos divorciados, os alunos têm vindo a revoltar-se, pensam que são invencíveis e que podem fazer o que quiseres porque não serão punidos!

—O que está tentar dizer com isso? – aquilo era receio na voz do Mellark.

—Vão fazer comunicados e participar da medida que tomei quanto ao vosso lamentável caso! – não estava a gostar disto nem um bocadinho. – Queremos que vocês façam comunicados e liderem qualquer atividade para onde irão todos os alunos que desobedecerem, melhor, sabem que mais? Vou chamar mais uns amiguinhos vossos para se juntarem à festa! – ele carregou no botãozinho que fazia todos os altifalantes transmitirem o som e chamou quem eu estava à espera, não estou surpreendida, honestamente. – Johanna Mellark e Finnick Odair, no meu gabinete, imediatamente.

Eles apareceram, o Finnick a olhar para mim com cara de “O que é que fizeste?” e a Johanna com cara de “Vamos embora ou não, é tudo tretas o que dizes, bem podias morrer que ninguém sentia falta!”.

—O que é que queres, Snow? – perguntou a Johanna impaciente e ele revirou os olhos.

—Vocês vão todos ser todos punidos, e como tal vão liderar atividades e participar em algumas também. Já destinei o que cada um de vocês vai liderar, Clove vais para as facas, Cato para as espadas, Johanna para os machados, Finnick para os tridentes, Peeta para os pesos e como esquecer, Katniss para o arco e flecha. Vão todos fazer natação, tecnologia, pintura e design, basta um dos engraçadinhos fazer mais alguma e as consequências vão refletir-se! – ameaçou e eu tive vontade de rir na cara dele, não resisti e fi-lo.

—Eu não sou domável, devia saber disso! E ao contrário de si, que não tem nada para fazer, eu tenho filhos, nós temos para criar e estamos a fazer dois anos ao mesmo tempo, portanto esqueça, e eu não vou acalmar miúdos nenhuns, não me pode obrigar e se for necessário eu ponho-lhe um processo em cima por coação e chantagem, nem pense que vai conseguir alguma coisa de nós! – argumentei levantando-me.

—Aqui está a Rapariga em Chamas, e sabe que mais? Eu não vou permitir o mesmo! – apoiou o Peeta levantando-se comigo assim como todos os outros. Viramos-lhe as costas e fomos para a aula da Enobaria, Inglês.

—Bom-dia e bem-vindos! Estou a ver que o ano ainda mal começou e vocês já estão em sarilhos, típico. Como hoje é a primeira aula, que foi desta vez? – aquela professora devia estar num muito bom dia, ela é sempre tão severa e antipática, parece que nos vai comer vivos, que nos vai rasgar a garganta a qualquer momento e que vamos morrer afogados no nosso próprio sangue.

—Não fizemos nada demais, o Snow queria falar connosco sobre o facto de fazermos o 10º ano ao mesmo tempo do 11º ano e esteve a dar-nos instruções sobre o que vai acontecer daqui em diante. E a Johanna e o Finnick foram lá para me acalmar pelo facto de ele ter dito o meu nome de forma errada para me provocar! – menti e ela pareceu não engolir a história.

—Os dois? Acho que bastava ir o Finnick para se encarregar disso! – ela estava desconfiada e parecia não saber de nada, mas contar-lhe no momento e no local onde nos encontrávamos não era de todo boa ideia!

—Só que eu também fiquei alterado por ele estar a usar isso para nos fazer pagar pelos anos de angústia e de trabalho que teve connosco! – apoiou o Peeta e a Enobaria voltou às apresentações que eram necessárias devido aos alunos novos.

Saímos da aula tranquilos e felizes da vida, até que reparamos que íamos ter Filosofia, e isso é sinónimo de aturar mais bebedeiras do Haymitch, ou então o mau humor dele devido à minha mãe, quer dizer, tia.

Tocou e foi um inferno verdadeiro, mal chegámos à sala o Haymitch apresentou-se aos alunos novos e riu a olhar para a turma.

—Vejam só quem temos por cá este ano outra vez… Katniss Everdeen, Peeta Mellark, Cato Ludwing, Johanna Mellark e Finnick Odair… - observou ele. – Já sei que estão na esperança de me levar a um esgotamento nervoso, mas fiquem sabendo que não vão conseguir, quanto à Katniss basta dar uma palavrinha e pronto, amansa logo!

—Não me testes Haymitch, não é porque sou a sobrinha da tua namorada que podes fazer tudo o que quiseres, porque se pensas assim vai tirando o cavalinho da chuva, eu não sou domável, já deverias ter aprendido isso! E nada de esquemas, eu não vou cair outra vez nas tuas armadilhas, já aprendi com os erros! – falei irónica e todos ficaram a olhar para mim.

—Primeiro, aqui eu estou acima de ti, ou seja, se não fazes o que eu te digo as coisas não vão correr bem para o teu lado, segundo a minha vida amorosa não vem para aqui chamada, e terceiro ela é tua mãe, legalmente está comprovado! – rebateu e eu sorri-lhe irónica, estávamos num bate-boca e eu não queria deixá-lo ganhar-me. – Então, voltamos todos para esta prisão durante mais um ano letivo, sei que estão desanimados, mas não pensem que aturar adolescentes que tresandam a hormonas à flor da pele me deixa feliz, pelo contrário, vocês são dramáticos e verdadeiras esponjas de emoções! Mas mesmo assim, e como há membros novos na turma vamos falar sobre nós, o essencial, o que fazemos, com quem vivemos… esse tipo de coisas que preciso de preencher.

Foram começando por uns alunos que eu nunca tinha visto na vida, deviam ser novos, eram particularmente altos, loiros e de olhos verdes. Até se pareciam com uma mistura do Finnick e do Peeta.

—O meu nome é Finnick Odair, tenho 16 anos, vivo com a minha mãe e o meu padrasto, tenho duas irmãs, a Prim e a Katniss – apresentou-se o Finn e todas as miúdas se derreteram por ele.

—O meu nome é Johanna Mellark, tenho 15 anos, entrei um ano mais cedo na escola, vivo com os meus pais e um dos meus dois irmãos, o Peeta. O meu outro irmão é o Gale, tenho três sobrinhos lindos e duas cunhadinhas que adoro – contou a Johanna e eu sorri e revirei os olhos.

—O meu nome é Cato Ludwing, tenho 16 anos, vivo com os meus pais e tenho um filho, que tem neste momento 4 meses – as meninas derreteram-se todas pelo facto de ele ter um filho bebé, isto é, algumas, porque houve também alguns comentários maldosos.

—O meu nome é Clove Furhman, tenho 16 anos, vivo com os meus pais e tenho um filho, que tem também 4 meses neste momento – revelou e todos lançaram sorrisos maliciosos e comentários do tipo “Fiquem juntos de uma vez”.

—O meu nome é Peeta Mellark, tenho 16 anos, vivo com os meus pais e com a minha irmã, Johanna. Tenho outro irmão, o Gale, dois filhos com 5 meses, um rapaz e uma rapariga. Tenho uma sobrinha – era eu a última, bolas!

—O meu nome é Katniss Everdeen, tenho 16 anos, vivo sozinha e tenho um irmão, o Finnick, e uma irmã, a Prim. Tenho dois filhos, sabem que mais? Já todos sabem a história da minha vida, inclusive todos os novos, porque depois da chamada do Snow já deve ter sido espalhada a história! – todos os meus amigos sorriram, assim como o Haymitch que abanou a cabeça negativamente, mas no fim deixou-me estar.

A aula passou rapidamente, o problema é que eu ia ter sociologia, isso equivalia mais uma aula com o bêbado! Irónico foi o tema da aula, gravidezes na adolescência, bastante gente falou, eu estava caladíssima no meu canto a fingir que não ouvia nada.

—Bem, precisamos de alguns testemunhos verídicos, como aqui temos dois casos em situações diferentes queremos ouvir a Katniss e o Peeta primeiro, seguidos da Clove e do Cato – eu odeio o Haymitch.

—Sabem que mais? Eu estou cansada de fingir que está tudo bem, cansada! Muita gente me olha de lado, muita gente comenta, comentários verdadeiramente maldosos sobre aquilo que eu passei, mas sabem do que eu tenho a certeza? Eu não fui a primeira, e também não serei a única a cometer erros, é humano! Eu casei-me, fui mãe, divorciei-me, mas eu nunca vou deixar de ser mãe, é para a vida, são as consequências da minha estúpida e incompreensível, mas ainda assim da minha irresponsabilidade, não dormir até tarde, não estar tanto com os amigos, deixar de sair à noite, as prioridades mudam e nós somos obrigados a crescer mais rápido! – explodi. – Há cerca de mais ou menos um ano eu era a Katniss Everdeen, a miúda que se metia em problemas e arrastava o melhor amigo/irmão para os problemas também, era a rebelde, solitária e irresponsável que não queria saber das aulas para nada, eu tinha um futuro feito, não precisava de estudar e nem da escola para nada, tudo na minha vida era garantido. Eu prometia que nunca cairia na lábia do Rapaz do Cesto, Peeta Mellark, mas eu não sabia o quão enganada eu estava. Não só caí na lábia dele, como engravidei dele, casei-me com ele, e por quase um ano eu carreguei o sobrenome dele, deixei de ser a Katniss Everdeen, a descomprometida despreocupada e descontraída, a rebelde e a problemática, passei a ser a Katniss Mellark, a casada preocupada e stressada, consciente e demasiado paranoica com a responsabilidade, passei a ser mãe de dois seres indefesos que neste momento precisam de mim e eu estou aqui para eles incondicionalmente, estou a ser a mãe que eu nunca tive, não sou perfeita, erro muitas vezes, mas ainda assim dou o meu melhor! Eu ainda estou a aprender, há muitos erros que cometeram comigo e que eu não quero cometer com eles! Portanto parem de descriminar, porque não sabem o que é carregar um ser, no meu caso dois, durante nove meses, parecer uma baleia, lidar com a maternidade, terem de se adaptar à nova situação rapidamente.

—Eu concordo com ela. Há cerca de pouco menos de um ano atrás, era o Peeta Mellark, o popularzinho snob e parvo, era um autentico parvo, um idiota que iludia miúdas, dormia ou simplesmente ficava com elas, e as deitava fora em seguida. Tinha tudo o que eu queria, um mundo equilibrado, a sorte estava do meu lado. Foi então que a Katniss me chamou à atenção, aquela revolta, aquelas atitudes e talvez o facto de ela não beijar o chão que eu piso e se rebaixar ao ponto de pedinchar-me atenção, como muitas faziam, atraiu-me de verdade, ainda atrai – ele estava a declarar-se a mim, eu fiquei a olhar para ele surpreendida. – De qualquer forma, eu ia falar com ela, estávamos sempre a provocar-nos constantemente, até que um dia eu e ela fomos para a direção porque uma continua nos apanhou aos beijos na casa de banho. Acho que realmente foi aí que tudo começou, uns tempos depois ela contou-me que estava grávida, da vez que ela foi lá a casa fazer o trabalho de Filosofia que o Haymitch nos obrigava senão perdíamos o ano, o resultado foi o mesmo, mas fazer o quê? Fiquei de cabeça perdida, eu já não era mais o mesmo, eu ia ser pai, por minha culpa a minha vida ia mudar radicalmente para sempre. Os nossos pais forçaram-nos a casar, nós namorávamos na altura, mas eu não a amava e ela não me amava a mim, foi por conveniência. Até que o tempo foi passando, eu tentava apaixonar-me por ela porque seria mais fácil o nosso casamento correr bem. Fiquei ao lado dela durante a gravidez, quando ela passou por complicações no parto e eu ficava lá fora a defendê-la da minha mãe que a culpava, quando todos sabíamos que não era possível haver um culpado. Eu estive com ela lá dentro, durante os dias todos no hospital, em que ela estava naquela cama mais murcha que se sabe lá o quê, cheia de dores, sem dormir, a trocar fraldas e a dar banhos, a aturar choros constantes porque mesmo que um não precise de nada, chora por causa do outro. Eu aturei aquele mau humor todo, mas depois armei-me em parvo, quando ela voltou para casa eu comecei a sair à noite, e tudo levou à traição, que levou a ser passado em televisão, o que teve como consequência o divórcio. E sabem que mais? Mesmo que eu não quisesse eu vou estar sempre ligado a ela, mas eu quero porque inconscientemente eu apaixonei-me por ela, eu estou apaixonada pela Katniss Everdeen, a mãe dos meus filhos e minha ex-esposa! – soltou a bomba toda e eu fiquei estupefacta, a campainha tocou e eu saí rapidamente sem olhar para trás. Dirigi-me para o jardim da escola onde quase ninguém vai, geralmente vão para lá aqueles que vão para os amassos, mas hoje não havia lá ninguém.

—Posso sentar-me? – era a Clove a olhar para mim com cara de “Este dia está a ser horrível!”.

—Podes – respondi curta e direta. Ela abraçou-me e eu retribuí.

—Este primeiro dia está a ser insuportável, o Snow a azucrinar-me a cabeça, o Haymitch a continuar o trabalhinho, os comentários, agora esta declaração do Peeta! – desabafei e ela olhou para mim. – Calculo que estejas a odiar isto por aqui!

—Eu estou bem. Mas no meio dessas coisas todas que disseste o que me pareceu a mim foi que o que realmente te incomodou foi o facto de o Peeta se ter declarado – por muito que me custasse admitir era apenas aquilo, mentir não resolveria o problema até porque ela sabe, o Finn sabe, a Johanna sabe, o Peeta sabe e talvez seja por isso que fez aquilo à frente de todos!

—Isso é importante! Ele está a mentir na descarada, outra vez! Ele quer castigar-me e confundir-me, as coisas ficaram claras assim que acabou o casamento, assim que ele viu o Finn em tronco nu lá em casa, e antes que penses ele costuma andar assim quando acaba de tomar banho e nós fizemos naquela noite uma festa de pijama como fazíamos antes todas as sextas-feiras. Ele deixou a posição dele clara quando o encontrei aos risinhos com a Glimmer! – expliquei.

—Não, é como diz a Johanna. Tu nunca deixaste de ser a cunhadinha dela porque apesar de terem assinado os papéis, ele ter saído de casa e tudo mais, tu nunca deixaste de ser a cunhadinha, vocês nunca deixaram de estar juntos, vocês nunca se resolveram! O que vocês fazem é precisamente o contrário, continuam a apaixonar-se um pelo outro todos os dias, basta olharem-se! Ele pode ter-te traído e ser um idiota, ele reconhece isso, ele está apaixonado por ti, não é o fim do mundo! – ela tinha razão sobre eu gostar dele e ele de mim.

—Eu não consigo esquecer a angustia que foi não o ter ao meu lado, eu precisei dele sempre. Eu nunca precisei tanto dele como de qualquer outra pessoa, eu nunca senti a falta da presença dos meus pais como senti a dele! – justifiquei.

—Isso só me prova uma coisa. Tu amas o Peeta – a verdade que eu não queria admitir pesou-me na consciência, nunca disse isso a alguém, nunca amei ninguém.

—Não sei se o amo, mas para te ser sincera, gosto tanto dele que até dói, chega a doer-me e é algo tão forte que me dá raiva! – pela cara dela aquilo era a definição pura de verdadeira de amar e estar em negação do sentimento. Fui embora com ela para a beira de toda a gente, fomos todos almoçar ao refeitório e quando lá cheguei todos olhavam para mim com espectativa, ótimo agora eu era popular e nem sabia, obrigada Mellark, arrastas-me para a tua popularidade, era mesmo isto que eu queria! Durante o almoço estava tudo muito calmo, até que sinto uma mão no meu ombro.

—Katniss… - reconheci a voz de imediato, levantei-me e comecei a correr em direção à casa de banho. Enquanto o ouvia chamar por mim de longe, cheguei lá e fechei a porta, sentei-me e passado apenas alguns minutos a porta abre-se. – Preciso de falar contigo – declarou, levantei a cabeça e aqueles olhos azuis estavam a olhar com um brilho diferente, olhavam para mim com atenção. Assenti. – Eu não queria ver-te assim Katniss, eu não sei o que me deu, só saiu, eu não queria ter-te feito passar por aquilo, até porque sei que te custa acreditar numa única palavra do que eu disse que sentia. Eu não me sinto atraído por ti, sinto-me apaixonado, irremediavelmente e irreversivelmente apaixonado por ti.

—Porque é que me dizes coisas assim? Porque é que não te consigo odiar? Porque é que a cada dia que passa fazes com que eu goste mais de ti? – estava levantada e ele empurrou-me ao de leves para uma das cabines, entrando e fechando a porta.

—Eu não sei porque é que não me odeias, porque é que gostas de mim, e eu só te digo coisas assim porque quero que saibas que eu sei que fui idiota e que te traí e menti, eu não te mereço e sei disso, eu posso viver mil vidas e nunca vou merecer-te! – comovi-me tanto que as minhas pernas começaram a perder o equilíbrio, ele estava a ser o Peeta de antes, o príncipe encantado.

—Tu amas-me. Real ou não real? – velho jogo que jogámos no ano passado.

—Real – respondeu-me e o meu coração acelerou tanto que pensei que me fosse saltar da a boca a qualquer momento. Ele veio na minha direção, beijou-me e eu correspondi de imediato, ele colocou as minhas pernas na cintura dele e eu deixei, desceu os beijos para o meu pescoço e parecia sinceramente o nosso primeiro beijo, mas quando tudo estava tudo bom aparece a Johanna.

—Cunhadinha? – chamou-me. – Estás bem?

—Sim, cunhadinha eu estou bem! – respondi.

—Cunhadinha? Mas tu chamas-me sempre de Johanna, nunca me chamaste cunhadinha! – desconfiada como ela é isto vai correr mal. Dito e feito, ela abre a porta da cabine e vê-nos aos dois. – Ora eis uma coisa que não acontece por aqui todos os dias, o meu irmão e a minha cunhadinha a agarrarem-se numa cabine da casa de banho das raparigas, eu sempre soube que isto aconteceria, só não sabia que seria tão cedo. Mas agora passando a coisas sérias, voltaram?

—Não fizemos nada de mais, estávamos a conversar apenas! – respondi rapidamente e imediatamente o que a fez rir.

—Claro, estavam a conversar com as línguas, acham que eu não estava aqui há tempo suficiente para ouvir sons de beijos e aquela coisa daquele jogo que vocês fazem, e claro do Peeta a ser um príncipe encantado! – ela sabia de tudo, será que ela nos segue, de vez em quando ela sabe cá cada coisa! – Voltaram ou não?

—Não! – neguei.

—Porque ela não quer – sublinhou o Peeta e a Johanna riu.

—Vais ser assim tão chunga, cunhadinha? – ela não podia estar à espera que eu simplesmente voltasse de braços abertos para o Mellark, pois não? Ela acabou por sair assim que viu um rapaz que aparentemente estava interessado nela, e em quem, pelos vistos, ela também estava interessada.

—Tu amas-me. Real ou não real? – perguntas difíceis a esta hora não!

—Eu… não sei como identificar se amamos alguém – em parte não era mentira. Olhei para o chão e ele puxou o meu queixo para cima.

—Tu gostas de mim tanto que chega a doer? – eu poderia mentir, ou poderia dizer a verdade, agora tinha aqui um dilema. Resolvi não dizer nada e apenas abanar a cabeça negativamente. – Volto a perguntar-te, responde com sinceridade desta vez, sei que estavas a mentir, basta olhar-te para os olhos e dá para ver.

—Eu gosto tanto de ti que me dói gostar de ti, dá-me raiva o facto de este sentimento ir crescendo dia após dia, todo o santo dia, sem paragens. Eu não consigo continuar, seguir em frente, tu marcaste-me… eu acho que te amo – conclui deixando de gesticular e acalmando-me olhando para ele.

—Fica comigo – pediu-me e eu fechei os olhos.

—Não consigo perdoar-te, não consigo esquecer-me, tenho medo de não conseguir passar à frente e ficar agarrada ao passado. Eu não sei se consigo voltar como se nada tivesse acontecido – recusei.

—Eu vou conquistar-te e provar-te que podes voltar a confiar em mim como antes! – definiu determinado, beijou-me rapidamente e saiu em seguida deixando-me com cara de apaixonada.


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Notas finais do capítulo

Que Peeta tão fofo e determinado, eu adoro-o...



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