Chloe

Abri os olhos com certa dificuldade, estava me sentindo cansada, mas também como me sentiria diferente depois da noite anterior, havia sido uma das melhores da minha vida, mas pensando bem quase todas as noites ao lado da pequena me passavam essa sensação.

Beca estava envolvida em meus braços e por mais que eu amasse dar aula, tudo que eu menos queria naquele momento era sair dali.

Respirei fundo tentando absorver o máximo daquele momento que estávamos, então levantei, como ela ainda podia dormir um pouco antes de ir para trabalho resolvi por alguns travesseiros em torno dela, para que não sentisse minha ausência. Selei nossos lábios mais uma vez e sai, só naquele momento eu me lembrei das meninas, sim eu era a pior amiga do mundo, me arrumei rápido, e no carro liguei no viva voz para Stacie.

— Alô. Stacie atendeu com uma voz embargada pelo sono.

—Oi Stay é a Chlo. Falei tentando conter o riso.

— Oi ruiva, posso saber por que você ta me acordando agora e atrapalhando meu sono de beleza?

Fiquei um tempo em silêncio, me sentia sem graça em perguntar onde elas estavam.

—Chloe? Stacie me chamou novamente.

— Ah... onde vocês dormiram essa noite? Perguntei finalmente.

—SUA PUTA. Stacie gritou o que quase me fez bater o carro de susto. – Só agora você percebeu que não estávamos em casa?

Stacie ria do outro lado da linha, enquanto eu morria de vergonha.

—Desculpa... é que...

— É que nada não Chloe, você tava tendo uma bela foda com a Beca e esqueceu da gente, isso sim.

Ficamos em silêncio antes de explodirmos em gargalhadas, quando uma tentava parar a outra continuava, até que escutei um estrondo, e Stacie reclamar de dor.

— Amy acabou de me acertar uma almofada, acho que eu estava rindo alto demais.  Falou ainda rindo só que mais baixo.

— Mas você vai me falar ou não onde vocês estão?

— Vou falar por que sei que você nem dormiu direito essa noite de tanta preocupação. Stacie falou, a ironia comandando sua voz. – Nós dormimos em um hotel, cortesia da pequena.

Então era isso, Beca despachou as meninas para que ficássemos sozinhas, até que de vez em quando a pequena acertava, e dessa vez que acerto ela havia feito.

— Ruiva. Stacie me chamou. – Vocês se acertaram?

Claro que minha amiga estaria preocupada quanto a isso, como sempre tínhamos uma torcida organizada apoiando o meu relacionamento com Beca, algo que eu amava extremamente, sem o apoio delas não sei se estaríamos juntas.

— Bota acerto nisso. Falei rindo, e dai começaram as gargalhadas de novo.

— STACIE DESLIGA ESSE TELEFONE OU EU TE MATO. Escutei Amy gritar, fazendo com que eu me encolhesse ao volante.

— Ruiva vou desligar se não vou acabar morrendo. Stacie falou rindo. -Nos vemos a noite ou você ainda precisa transar mais com a pequena?

— Se você for esperar eu dizer que não preciso, nunca mais vai em casa. Falei tentando conter o riso para que Stacie não entrasse na onda também e fosse morta pela Amy. -É claro que nos vemos a noite, vamos assistir filme, todas juntas.

— Ta certo ruiva, Bom trabalho, beijos.

Stacie desligou, poucos minutos depois eu já estava estacionando na frente da escola, faltava apenas 2 semanas para a apresentação no Lincon Center e não fazia ideia do que apresentaria, entrei na sala e pouco tempo depois já estavam todos lá, olhei para Delly que estava com o rosto inchado como se houvesse chorado a noite inteira, e aquilo me machucou profundamente, não queria que ela sofresse, porém ela sorriu para mim, tentando passar a imagem que estava bem, sorri de volta pois não havia nada que eu pudesse fazer para ajuda-la naquele momento.

— Bom dia pessoal, ontem foi um dia agitado. Falei aquilo e escutei gritos como “queremos as Bellas de volta”, não pude conter o riso. – Elas amaram vim aqui também, prometo trazê-las novamente, mas hoje precisamos nos concentrar nas apresentações que aconteceram em menos de duas semanas, e também se alguém estiver precisando de ajuda me avisem que com prazer irei auxilia-los.

Uma enxurrada de mãos foram levantadas, olhei para Delly que sorriu para mim, ela tinha razão eu era uma boa professora, escutei alguém bater na porta.

— Professora Chloe? O reitor estava parado na porta. – Posso entrar?

—Claro. Respondi prontamente, tinha um respeito por aquele homem imensurável. – Fique à vontade.

— Muito obrigado. Respondeu gentilmente. – Bom dia pessoal, como vocês sabem estamos no mês que promove a vida, nossa escola como detentora desses valores promoverá junto com o hospital regional uma ação de doação de sangue, hoje uma enfermeira coletara os dados de vocês, e na semana que vem haverá a doação de sangue tanto por parte dos alunos quanto do corpo docente, é imprescindível que todos ajudem.

Enquanto o reitor falava o meu orgulho por fazer parte daquela escola só aumentava, na época do meu acidente precisei fazer transfusão de sangue, e graças a um banco de sangue abastecido eu havia sobrevivido, agora eu sempre me preocupava em saber se precisavam de doação, principalmente pelo meu sangue ser o mais raro O negativo, doador universal, porém receptor apenas dele mesmo, eu teria o maior prazer em realizar essa campanha ao lado dos meus alunos, e lembrando-os sempre que possível a importância de fazermos a nossa parte.

— Chloe contamos com a sua presença. O reitor falou olhando para mim e eu assenti. – Agora por favor pode continuar com o ótimo trabalho que estava fazendo, no final da aula a enfermeira virá.

Terminou de falar e com um aceno para todos se retirou.

— Certo gente, separem suas dúvidas, passarei na mesa de cada um para tentarmos sanar da melhor forma possível. Falei enquanto pegava minha prancheta e me dirigia ao primeiro aluno, o dia estava apenas começando.

Beca

Acordei com o meu celular tocando, olhei para o visor e Amy me ligava, olhei em volta rapidamente e constatei que a ruiva já havia ido para o trabalho, fiquei triste e feliz ao mesmo tempo, triste por estar sozinha, e extremamente feliz por notar que ela se preocupará comigo a ponto de colocar travesseiros em volta, para que eu não me sentisse sozinha, depois da noite anterior, e do que a ruiva havia me proporcionado, me sentia numa dívida infinita com ela, e com esses gestos sentia que mesmo se eu a amasse todos os dias com todas as minhas forças eu nunca retribuiria  1% do que ela mereceria.

Meu celular ainda tocava insistentemente, peguei logo para atender senão seria xingada pelo restante da minha vida.

—Alô. Me sentia acordada, mas minha voz saiu com um cansaço fora do normal, se eu percebi isso imagina a Amy.

— Mas não é que a ruiva te deu uma canseira mesmo essa noite pequena, não consegue nem atender o telefone direito. Amy falou rindo. – Estamos voltando, prepara o café logo, estou de mal humor e a culpa é da sua mulher e da Stacie, então me alimente.

Amy desligou, e confesso não ter entendido muita coisa, mas como não se brinca com ela, principalmente quando está com fome, corri e montei a mesa do café da manhã, pouco tempo depois já estávamos todas sentadas conversando animadamente.

— Beca qual das ideias para Chloe te perdoar você usou ontem? Emily perguntou e eu engasguei com o meu leite.

— Pelo visto nenhuma, certeza que a ruiva pegou ela de jeito nem dando tempo para a pequena se desculpar. Stacie falou rindo e antes que eu pudesse me defender foi a vez de Aubrey.

— Sempre soube que a Chloe era o Alpha dessa relação.

—Oi...Como assim? Perguntei corada.

— Pequena nem ouse mentir para gente, a ruiva que tem a pegada não é? Cynthia falou rindo e se encostando no meu ombro. – Você ta com cara de que teve mil orgasmos essa noite.

— Pessoal. Emily falou, percebi que ela estava com tanta vergonha quanto eu.

— Pessoal nada. Amy falou gargalhando e com um sanduiche gigante nas mãos. – A Beca sempre quer se mostrar a dominante da relação, mas nós sabemos que quem manda nessa porra é a ruiva.

— Todas sabemos que a Chloe dita as regras. Stacie falou fazendo um hi five com Amy, enquanto eu estava completamente vermelha, não discutiria com elas pois sabia que elas não me deixariam em paz.

— Vão todas se fuderem. Falei rindo. – Menos você Emily que é um anjo e não merece isso. Recebi um tapa no ombro da Jessica, Flo e Lili que só estavam rindo, gargalhamos todas juntas depois disso.

— Beca. Aubrey chamou fazendo todas pararem de rir, pelo tom da voz dela parecia algo sério. – Você contou a verdade para a ruiva sobre o seu trabalho?

Naquele momento me lembrei do que havia acontecido, contei que havia tentado, mas que a ruiva acabou me beijando e eu me deixei levar, mas que contaria sem falta, estávamos tão bem que eu não faria mais nada para atrapalhar isso.

Chloe

A aula seguiu tranquilamente, tínhamos muito trabalho para fazer e com certeza teria que ficar muitos dias até mais tarde, mas valeria a pena, todos estavam muito empolgados e eu como professora me sentia realizada com o entusiasmo que sentia da parte deles.

De vez em quando olhava para Delly, me sentia mal por vê-la daquele jeito, era nítido que ela estava sofrendo, percebi alguns estudantes preocupados com ela, felizmente  era ela uma pessoa fiel e em nenhum momento nos expos, ela ficaria bem e encontraria alguém que a amasse. Voltei a me concentrar nas minhas anotações quando escutei alguém bater na porta, provavelmente seria a enfermeira que faria o cadastro para a doação de sangue que ocorreria na próxima semana.

—Pode entrar. Falei ainda concentrada na minha prancheta.

— Chloe. Ao escutar meu nome levantei a cabeça, e não acreditava no que via.

— Vanessa? Perguntei e ela sorriu para mim confirmando, sim era ela, a enfermeira que havia cuidado alguns dias de mim depois que eu acordei do coma, a moça que eu usei para fazer ciúmes em Beca, e que percebi olhar para mim de forma diferente, definitivamente por essa eu não esperava.