“Quando ela me olha nos olhos

Eles não estão mais brilhantes

Não como antes, não mais

Eu sei

Que ela me amou uma vez

Eu prometeria a ela naquela noite

Juraria por Deus, de pés juntos  

Isso está me destruindo

Ela está escapando

Ela está escapando (eu estou escapando)

Será que estou apenas apegado  

Às palavras que ela dizia?

As fotos no celular dela (fotos no meu celular)

Ela não voltará para casa (eu não voltarei para casa)

Eu sei o que você fez no  

Verão passado (ah-ah)

Só mentiu para mim,  

Disse "não há outro" (he-ey)

Eu sei o que você fez no verão passado

Me diga onde você esteve

Eu sei o que você fez”

(I Know What You Did Last Summer - Shawn Mendes feat. Camila Cabello)

—Abaixem as armas. Ordenou Theo, revezando a mira da arma entre o casal

—O que pensa que está fazendo? Que tipo de brincadeira é essa? Perguntou Malia, gritando, fazendo menção de agredir ao homem, mas sendo segurada por Stiles

—Abaixa a arma ou eu vou ter que atirar. Alertou Theo, colocando o dedo no gatilho

—O que pensa que esta fazendo? Perguntou a mulher, em um murmúrio exausto

—Helena. Sussurrou Stiles a abraçando pela cintura

—Diz que está brincando, Theo. Não posso perder você também. Suplicou Malia, com a voz embargada e o olhar ferido

—Não me faça falar de novo. Avisou Theo, friamente, apontando a arma para a cabeça da mulher, que estudava sua expressão magoada

—Por favor, não a machuque. Não estamos mais com as armas. Disse Stiles, jogando sua arma no chão e pegando a da namorada para repetir o gesto

—Você era meu irmão. Sussurrou a mulher, deixando escorrer uma lágrima

—As coisas mudam. Respondeu, seco, tirando algemas do bolso traseira da calça e estendendo para Stiles

—O que quer que eu faça? Perguntou Stiles, receoso

—Algeme ela. Ordenou, voltando a apontar a arma para a cabeça da mulher

—Eu não vou fazer isso. Negou prontamente, o encarando como se fosse louco

—Eu não posso deixar andar livremente por ai. A conheço o bastante para saber que vai tentar algo. Então você pode fazer o que eu mandei e algema-la ou pode ver eu parar ela de outra forma. Alertou, com um sorriso nervoso

Stiles olhou com pesar para a namorada e sussurrando um pedido de perdão a algemou. Enquanto a mesma encarava Theo com o olhar ferido vidrado.

—E agora? Questionou Stiles, extremamente preocupado com a mulher

—Se vira de costas pra mim. Ordenou, apontando a arma para a cabeça da morena

Stiles obedeceu rapidamente, temendo pela vida de Malia que ainda parecia não conseguir acreditar no que estava vendo. O sofrimento e a decepção da mulher eram quase palpáveis e a tão comum mascara de indiferença não se manteve diante da traição do homem que cresceu ao seu lado. Logo Theo algemou Stiles também e ordenou que começassem caminhar, enquanto a arma continuava mirada em suas cabeças. Começaram a seguir por um corredor úmido e imundo, onde ratos passavam correndo e barulhos de goteiras faziam uma sinfonia desajeitada. Ao parar em frente uma grande porta de metal, Theo gritou para que abrissem e assim aconteceu, sendo revelado um local parecido com um porta aviões abandonado. Theo mandou que entrassem e Malia ainda um pouco inerte, obedeceu praticamente arrastando os pés.

A morena não sabia se estava realmente grávida, mas se estivesse e fosse mesmo morrer, ficava feliz em saber que seria ao lado do homem que aprendeu a amar e foi se prendendo a esse pensamento que a mulher teve suas algemas substituídas por grossas e longas correntes presas a uma parede de concreto, ficando presa ao lado de Stiles que agora já se encontrava na mesma situação que a sua. Com as pernas fracas demais para ficar de pé a mulher se encostou na parede de concreto e se deixou escorregar lentamente por ela, até ficar sentada.

—Helena, olha pra mim. Pediu Stiles, entristecido, se virando para encarar a mulher

—Sabe o que é bonitinho? Perguntou Theo, travando sua arma e a guardando no coldre

—Durante todo esse tempo ela nem precisou interpretar direito para te fazer cair de quatro a seus pés. Completou Theo, fazendo Malia despertar do transe e lhe direcionar um olhar de alerta

—O único que interpretava era você. Traiu sua família pelo o que? Dinheiro? Poder? Nós realmente gostaríamos de saber, Theo. Retrucou Stiles, furioso, puxando um pouco a corrente

—Dinheiro? Eu não precisava de mais dinheiro, Stiles. Tomar dos membros dos Alphas me deu o suficiente. Comentou, fingindo indiferença, fazendo Malia ficar inquieta em seu lugar

—Não escuta o que ele diz, Stiles. Mandou Malia, olhando para o namorado, ansiosa

—Wolfsbane? Perguntou, em um sussurro de tom duvidoso

—E não é que ele pensa! Exclamou Theo, dando uma gargalhada, enquanto encarava Malia apavorada

—Stiles, não confie nele. Mandou Malia, se ajoelhando no chão

—Assim você me ofende, Helena. Me tratando como se eu levasse aquela gangue sozinho nas costas, gritando como se eu roubasse aquelas coisas sozinho. Sabemos que não foi bem assim que aconteceu. Afirmou, cínico, lhe lançando um sorriso

—Seu maldito desgraçado! Quando me soltarem, eu mesma vou matar você. Jurou, aos gritos, puxando a corrente, mas apenas ganhou uma gargalhada de Theo

Stiles observava a cena com cuidado, torcendo internamente que tudo não passasse de um jogo de Theo, pois sabia que se realmente ele fosse da Wolfsbane, não estaria sozinho e já poderia ter uma ideia de quem trabalhava com ele.

—Parece que seu namorado não confia tanto em você quanto pensava. Murmurou, encarando o semblante sério de Stiles, com um sorriso divertido

—Acha mesmo que entre escolher confiar em você ou nela, eu escolheria você? Eu a amo e sei a mulher que tenho ao meu lado. Garantiu Stiles, assumindo uma postura confiante. O que fez Theo gargalhar mais uma vez e Malia se encolher no chão, culpada

—E eu achando que você pensava. Lamentou Theo, balançando a cabeça em negativo

—Faça logo o que foi pago para fazer. Apenas acabe com isso. Pediu Malia, furiosa, recebendo o olhar surpreso de Stiles

—O que esta falando? Nós vamos sair daqui. Prometeu Stiles, se aproximando da mulher

—Você não o conhece. Ninguém sai ileso dos seus joguinhos. Murmurou Malia, encarando o ex melhor amigo com fúria

—Pelo visto você me conhece bem, assim como eu conheço você. Pena que o agente é o único no escuro aqui. Murmurou, fazendo Malia trincar os dentes

—Chega de joguinhos por hoje, Theo. Deixe nossos hospedes descansarem. Mandou Deucalion, entrando na sala, se apoiando em sua inseparável bengala

—Você nos traiu por eles? Perguntou a mulher,incrédula

—Eles pagam mais. Retrucou Theo, dando de ombros, antes de se afastar

—Não se preocupem. Não vão ficar aqui muito tempo. Garantiu Deucalion, com um sorriso contido

—Agora se me dão licença, preciso ajudar minhas irmãs a procurar nossa líder. Declarou Theo, fingindo pesar,antes de sair

—Ennis, leve ele para a van. Dela eu vou precisar ainda. Falou alto, fazendo com que o homem entrasse na sala e soltasse as correntes de Stiles

—Não. Não. Não. Vocês não vão tocar nela. Fiquem longe dela! Gritava Stiles em plenos pulmões, machucando o pulso ao tentar se soltar das correntes

—Esta tudo bem, Stiles. Eu já encontro você. Assegurou Malia, com a voz embargada, tentando acalma-lo

—Helena. Helena! Gritava o homem, desesperado, enquanto era arrastado ate uma van

—Por favor, não o machuque. Implorou, deixando cair algumas lagrimas

—Não vamos machuca-lo, querida. Você vai. Com a verdade. Garantiu Deucalion, dando um sorriso maldoso, enquanto tirava uma câmera do bolso

—O que quer que eu faça? Perguntou, se levantando do chão com dificuldade

—Comece a falar. Pediu, tranquilo, apontando a câmera para o rosto da mulher

Após gravar o video de Malia no cativeiro, Deucalion se assegurou que esse chegasse nas mãos do FBI, causando grande alarde. No mesmo dia que havia prendido o casal os transferiu para um galpão abandonado em um cais. Já havia se passado cinco dias que estavam presos e os enjôos e tonteiras de Malia apenas pioraram com o tempo. Stiles já não sabia o que fazer e pensava que tudo não passava de algo emocional, por estar tanto tempo no local. Deucalion sabia muito bem qual era o problema da mulher, já havia dado um jeito de fazer vários exames na mesma, o único que ainda não sabia de nada era Stiles, que não conseguia se sentir menos culpado em não poder ajudar sua mulher.Quando se completou dez dias em cativeiro, uma grande movimentação se iniciou do lado de fora do galpão, acordando Stiles que cochilava recostado a parede com Malia em seu colo, os dois ainda com as correntes nos pulsos e a mulher extremamente fraca por não ter conseguido comer direito durante esses dias presa. Logo a porta se abriu, alarmando Stiles ao ver Theo entrar com Alisson algemada e com a boca tampada com um pano.

—Alisson. Chamou Stiles, fazendo Malia acordar lentamente

A arqueira soltou um grito abafado pela mordaça, enquanto deixava lagrimas emocionadas caírem. Theo a arrastou até a pilastra contraria do casal e ali a algemou também.

—Ela não, Theo. Por favor. Suplicou Malia, em um fio de voz, tentando se levantar

—Helena, meu amor, você não pode se esforçar. Orientou Stiles, a apertando contra si

—Por favor, Theo. Sabe que ela não fez nada, sabe que entre nós ela é a mais inocente. Deixa a sair. Pediu, se esforçando para se sentar no chão

—Eu não queria fazer isso, mas ela não me deu escolha. Começou a seguir meus rastros, a grampear ligações e então chegou até aqui. Ela não me deu escolha! Respondeu, desesperado, indicando a mulher com o cano da arma

—Eu me ofereço no lugar dela. Me mate e deixe-a ir. Ela não vai falar nada. Garantiu Malia, alertando Stiles

—Você enlouqueceu? Não vai se matar, eu não vou deixar. Disse Stiles, segurando seu rosto entre as mãos

—Eu ainda me surpreendo com todo esse carinho entre vocês, acreditam? Perguntou Deucalion, entrando no galpão, aparentemente despreocupado

—Deucalion,por favor, tira ela daqui. Faça o que quiser comigo, apenas liberte ela. Pediu Malia, forçando a garganta para sua voz sair mais firme

—Para com isso, Helena. Eu não posso perder você. Implorou Stiles

—Hoje era para eu estar de bom humor. Ontem tive um jantar maravilhoso com minha família, minha empresa arrecadou mais alguns milhões, minha preciosa filha ganhou uma medalha de melhor ginasta do colégio, mas uma certa oriental liberou meus arquivos confidenciais dando acesso ao FBI e hoje pela manhã, fui acordado com inúmeros agentes na minha porta com um mandado. Eles reviraram toda a minha casa atrás de provas contra mim. Tem noção do quanto isso me irritou? Perguntou, contendo a raiva na voz, enquanto se aproximava de Alisson no chão

—Deucalion se afasta dela por favor. Pediu Malia, se ajoelhando desesperada

—Vou me afastar, mas antes você vai fazer uma coisinha pra mim. Anunciou, sorrindo maldoso, fazendo um arrepio passar pela espinha da morena

—O que quiser. Garantiu, observando temerosa o que o homem faria

—Helena, não confie nele. Alertou Stiles, com uma mão em seu ombro

A essa altura Alisson encarava Malia com os olhos marejados. A boca estava um pouco machucada devido o aperto da mordaça e seus pulsos sangravam nos cortes feitos mais cedo ao tentar fugir das correntes. Sabia que faria qualquer coisa para tirar a melhor amiga viva dali e se precisasse dar sua vida em troca,não pensaria duas vezes.

—Cansei de joguinhos. Agora você vai admitir quem é e o que fez durante todos esses anos que esteve atrás de mim. Disse Deucalion, tirando a câmera do bolso novamente

—Do que esta falando? Questionou, exasperada

—Diga quem realmente é e o que fez e eu deixo vocês saírem vivos. Disse, apontando a câmera para o rosto da mulher, enquanto Alisson tentava gritar impedindo

—Eu não sei do que esta falando. Disse Malia, tentando soar firme

—Tudo bem. Vamos do meu jeito então. Disse Deucalion, tirando a ponta de sua bengala e revelando uma lança nela

—O que vai fazer? Perguntou, alarmada, antes de ver o homem atravessar a lança na coxa direita da melhor amiga, que soltou um grito abafado

—Não. Para com isso, por favor. Implorou, engatinhando em direção ao homem

—Helena, espera. Pediu Stiles, a puxando de volta pela cintura

—Ou você faz o que eu mandei por bem ou eu vou mata-la lentamente. Avisou, parecendo ansioso para machucar a arqueira novamente

—Isso não vai te ajudar em nada! Eu falar a verdade não vai livrar você do FBI. Gritou Malia, encarando a amiga chorando

—Como assim a verdade,Helena? Perguntou Stiles, a encarando curioso

—Não vai me livrar, mas vai mudar o foco. Afinal eles estão sedentos atrás da líder da Wolfsbane e eu como um bom cidadão vou entregar ela para eles. Explicou o homem, limpando o sangue da lança com um lenço

—Deixa eles saírem daqui. Ordenou Malia, exausta, enquanto se permitia chorar

—Faça logo o que eu estou mandando, Malia. Alertou Deucalion, fazendo Stiles encarar a mulher, surpreso

—Por que ele está te chamando de Malia? Perguntou, desconfiado

—Sabe, querida, eu nunca fui por minha ter muita paciência. Comentou, antes de atravessar a lança na outra perna de Alisson, que conteve o grito e apenas fechou os olhos chorando

—Tudo bem! Para com isso, pelo amor de Deus! Eu falo o que quiser, apenas se afaste dela! Gritava, agora de pé, deixando as lagrimas caírem livremente

Stiles continuou sentado no chão a observando receoso. Queria entender do que falavam e torcia para que as próximas palavras ditas não mostrasse sua mulher como uma traidora.

—Diga! Gritou Deucalion, apontando a câmera mais uma vez para o rosto da mulher

—O quer que eu fale? Gritou de volta, o encarando desesperada

—Se apresente para o público. Diga quem você realmente é sobre a Wolfsbane. Explicou, abaixando o tom de voz, enquanto a colocava como foco da câmera

Malia fechou os olhos e as mãos em punho com força, e após deixar uma lágrima rolar por seu rosto, abriu os olhos devagar e começou a falar

—Meu nome é Malia Viegas Hale, sou filha de Peter e Helena Hale. Após ter meus pais assassinados, cresci em um colégio interno até ter idade para assumir minha herança. Ha alguns anos criei a Wolfsbane com o objetivo de arrancar de Deucalion e todos os Alphas o que tinham para dar aqueles que sofreram em suas mãos. Começou a descrever, evitando a todo custo encarar Stiles

—Ha alguns meses me infiltrei no FBI para desviar a atenção dos agentes que me perseguiam. Terminou, abaixando a cabeça em derrota, enquanto deixava mais lagrimas caírem em sequência

—Perfeito! Agora o FBI vai estar tão ocupado com você que não vai nem perceber eu acabar com essas pistas que tem sobre mim. Alegou, guardando a câmera

—O único problema, senhorita Hale, é que você enrolou demais. Murmurou Deucalion, erguendo a ponta de seus bengala a altura dos olhos a olhando minuciosamente

—Eu já fiz o que mandou. Acaba logo com isso! Gritou, furiosa

—Ninguém me da ordens, Malia. E todos aqueles que vão contra minhas ordens, sofrem as consequências. Esta na hora de sofrer as suas. Contou antes de virar a lança para Alisson, que piscava pesadamente devido a dor que sentia

—Não! Não! Não toque nela! Gritava Malia desesperada, tentando correr de encontro a amiga. As correntes apertavam seus pulsos a ponto de corta-los, o sangue escorria por eles, e respingos de saliva saltavam de seus lábios tamanha a força e desespero usados para gritar. Deucalion se abaixou lentamente e rasgou a mordaça da morena que com um fraco sorriso, disse:

—Não se culpe. Não deixe ele matar o resto de humanidade que restou em você. Pediu, se virando para encarar Deucalion no fundo dos olhos

Deucalion sorriu uma última vez, admirado pela coragem da mulher em enfrentar sua morte com tamanha postura e sem pestanejar, atravessou seu abdômen com a lança, fazendo Malia soltar um grito desesperado

—Allisson!! Gritou, correndo com todas as forças agora, fazendo os ferimentos de seus pulsos se abrirem mais. Deucallion arrancou a lança da mulher e recolocou a capa novamente sobre ela, voltando a se apoiar. Sem olhar para trás, simplesmente se retirou tranquilamente, com um sorriso singelo

—Cuida deles por mim. Vão precisar de você. Comentou Allison, enquanto sangue escorria de seus lábios

—Alisson, por favor, não faz isso. Eu não vou sobreviver sem você, eu não sei o que fazer sem você. Implorava Malia, se virando para tentar arrebentar a corrente com as mãos

—Você é a garota mais forte que eu já conheci. Vai sobreviver a isso por eles. Garantiu, tossindo sangue

—Por favor. Por favor. Por favor. Suplicava, puxando a corrente enquanto seu sangue pingava no chão

—Protegemos aqueles que não podem se proteger. Protegemos aqueles que não podem se proteger. Começou a repetir, com a voz ficando mais fraca e os olhos fechando devagar

—Não. Não. Não faz isso. Eu já vou ir ai te ajudar, eu só preciso de um minuto para me soltar. Dizia, sem controle, ainda forçando as correntes

—Só um minuto. Sussurrava, sem olha-la

—Eu só preciso de mais um minuto. Repetia, perdendo a força aos poucos

—Só mais um. Disse, antes de cair de joelhos no chão

Stiles se aproximou lentamente e a puxou para si, impedindo que se machucasse mais. A mulher ainda repetia em sussurros que salvaria a amiga sem se dar conta que a essa altura, já era tarde demais.