Cornucópia de Bolso [EM HIATO] escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 7
Tensão


Notas iniciais do capítulo

Yay, eu voltei!
Eu disse que iria continuar a fic, então eu vou continuar a fic.
Se bem que tem dois detalhes que faço questão de deixar claro antes de prosseguirmos:
1- Esse semestre eu estou fazendo meu trabalho de conclusão de curso na faculdade. O famoso TCC. Não se assuste se eu sumir pelos próximos dois ou três meses.
2- Acho que posso ter perdido o feeling da fanfic. Isso deve ficar mais claro depois que ler esse capítulo.

Aliás, vamos logo pra ele.



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O trio que garotas que caminhava pela clareira da cornucópia poderia parecer tudo a um oponente que viesse a aparecer, menos intimidador. Por mais que fosse um Vibrava o Pokémon a liderar o trio, nenhuma das treinadoras se mostrava exatamente capaz de lutar caso fossem interceptadas, exceto talvez Kyla. Na outra ponta do corredor, Petra tremia, receosa pelo clima de tensão que somente a arena poderia lhe proporcionar.

Scarlet, seguindo entre as duas, era quem tinha mais motivos para se preocupar. Uma situação previsível, considerando as circunstâncias que a levaram aos jogos sem que pudesse ao menos se preparar.

Não que ela não tivesse um plano. E até o momento as coisas estavam dando certo. Conseguira formar uma aliança; não estava mais tão desprotegida quanto antes. Talvez pudesse escapar com vida por pelo menos um dia. Não conseguira as pokébolas que tanto almejara, mas esperava contar com a ajuda das aliadas nesse quesito.

Levaram um bom tempo até que chegassem ao local que Petra havia visto ao sobrevoar a área. O tal abrigo não era mais que uma caverna de cerca de doze metros de comprimento por uns cinco de largura e altura. O que fazia do local um bom esconderijo era sua entrada se dar pela parte superior, o que combinado com o lodo que cobria as rochas externas, faziam da formação um local difícil de ser alcançado sem a ajuda de Pokémon.

Era um abrigo razoável para a primeira noite, pelo menos. Estariam protegidos de boa parte dos Pokémon selvagens e de qualquer tributo que pudesse incomodá-los durante o sono. Talvez a saída fosse igualmente complicada, o que seria um prato cheio para o caso de Kyla estar preparando uma armadilha para as duas.

— Temos de procurar comida. Estou com fome!

— Todas estamos, Petra. — Scarlet respondeu. — Mas não acho que seja exatamente seguro.

— Como não? Não é possível que nenhuma dessas árvores tenha frutos comestíveis.

— Scarlet tem razão. — Kyla aconselhou. — Não é uma boa ideia, já está escurecendo inclusive. Arceus sabe o que os loucos da capital podem ter preparado.

— E vamos comer o quê?

— Hoje, nada. Espero que tenha se alimentado bem antes dos jogos começarem. Confie em mim, eu tenho um plano.

Scarlet teve um calafrio. Aquela última frase não soou bem a ela. Sua desconfiança quanto a Kyla não era exatamente sem motivo. Era a única das três de posse de um Pokémon que pudesse ser considerado perigoso, pra não falar na postura de liderança que tinha.

Nesse momento, Scarlet decidiu que seria ela a ficar de guarda por aquela noite.

— Banzai, nos leve até lá! — Kyla ordenou ao Vibrava, tendo como resposta um curto assovio do Pokémon.

— Acha que ele consegue levar nós três? — Petra perguntou inocentemente.

— Impossível. Temos que ir uma de cada vez. Quem vai primeiro?

— O ideal é que seja você, Kyla. — Scarlet sugeriu, tentando não demonstrar malícia em suas palavras. — O Pokémon é seu, se tiver algo de errado lá dentro fica mais fácil de fugir.

— Faz sentido. — Petra complementou, selando a decisão. Kyla bufou.

— Que seja. Pelo menos prestem atenção em como se faz. — ela apontou para o Pokémon, indo em direção a ele. — Não me responsabilizo se caírem dele no caminho.

Após subir em seu Vibrava, a treinadora logo ganhou altura, sendo levada para o lado de dentro da formação rochosa. Petra estava receosa em fazer o curto percurso, talvez pelo medo de altura.

O que não se comparava ao arrependimento de Scarlet em sua proposta. Se Kyla estivesse mal-intencionada, bastava dar uma ordem ao seu Pokémon para que a derrubasse durante o voo; a morte pareceria um acidente. Por esse motivo ela pediu para ir antes de Petra, que não fez objeção. Tudo iria por água abaixo se ela não fizesse parte do plano junto com a outra, o que seria altamente improvável.

A preocupação se mostrou infundada, contudo. Se Scarlet não sentiu culpa de pensar mal de Kyla, poderia atribuir isso aos jogos, tão mortais e avessos aos espírito de equipe.

— Eu percebi que você não foi com a minha cara, Scar. — Kyla afirmou, apenas as duas do lado de dentro da caverna. Banzai acabara de sair para buscar Petra. — Mas não precisa ter medo, eu também não quero matar ninguém. E acho que podemos nos defender muito melhor juntas do que separadas.

Scarlet não sabia precisar o motivo de tanta desconfiança. Tirando o fato que ela e Petra haviam feito amizade antes dos jogos se iniciarem, nenhuma atitude dela indicava que Kyla poderia ser uma assassina. Claro, ela aparentava ter uma astúcia acima da média, mas não era o tipo de pessoa capaz de sair matando. Ou pelo menos não parecia ser.

— Não é por você. É pelos jogos.

— Eu sei como se sente. Ninguém merecia estar aqui.

— Acha que uma de nós pode vencer?

— Não sei. Nem por isso vou facilitar para os outros. Imagino que pense da mesma forma…

— A morte eu já tenho. O que me impede de lutar pela vida?

Petra se aproximava, interrompendo a conversa entre as duas; não se mostrava desengonçada, apesar do medo estampado em sua face. O alívio que sentiu ao colocar os pés no chão era palpável.

— Não quero fazer isso nunca mais na vida! — esbravejou.

— Acho que está com sorte, Petra. — Scarlet respondeu, apontando para uma das paredes. — Vai ser muito mais fácil de sair do que foi de entrar.

De fato, as pedras do lado de dentro não estavam cobertas de lodo como as de fora, permitindo que fossem escaladas. Em contrapartida, pular dos quase cinco metros de altura do rochedo não lhes parecia tão convidativo; mesmo a grama mais alta não iria aliviar a queda a esse ponto.

— Acho que prefiro o voo, obrigada… — Petra tentou sorrir, tendo um calafrio.

— Vou ver se descanso um pouco com o Banzai. — Kyla bocejou. — Como vamos dividir a guarda?

— Eu estou sem sono. — Scarlet respondeu. — Posso ficar primeiro.

A conversa foi interrompida pelo hino de KaloNova, seguido pelas imagens das mortes naquele primeiro dia na arena.

— Linnéa, Jillian, Antopia. Três garotas. — Kyla comentou, um pouco chateada. — Mas todos os rapazes continuam vivos. Percebe como estamos em desvantagem?

— Eu conversei com a Jill antes dos jogos. — disse Petra. — Mas ela disse que iria trabalhar sozinha…

— Uma pena, talvez ela estivesse viva se quisesse se juntar a nós.

— Talvez tenha sido melhor assim… — completou Scarlet. — No final só sobra um; quanto mais cedo os outros morrerem mais rápido os jogos acabam…

— É um modo cruel de ver a situação, Scar. Mas você tem razão…

— Melhor não falarmos sobre isso. — Petra encerrou o assunto. — Eu vou descansar também. Se precisarem de mim podem me acordar. Vamos, Lolitabot!

O Delcatty ronronou em resposta, seguindo junto com a treinadora para o canto mais escuro da pequena caverna. Kyla não demorou para ir atrás, deitando-se no chão próxima a ela. A terra era um pouco desconfortável, mas era o que tinham para descansar.

Scarlet posicionou-se de modo a ficar propositalmente desconfortável, uma tentativa de se manter acordada vigiando não só a entrada da caverna, como também seu interior. Kyla não parecia ser uma má pessoa, o que não afastava as suspeitas que tinha a respeito dela. Era certo de que escondia alguma coisa, algo que não queria comentar… mas o quê?

Talvez por isso tenha se surpreendido quando ela apareceu ao seu lado cerca de vinte minutos depois, anunciando sua presença de modo sutil para não assustar a colega.

— Não consigo dormir. Quer que eu fique no seu lugar?

— Também estou sem sono. — respondeu Scarlet em uma fraca tentativa de sorrir.

— Vou ficar por aqui de qualquer modo. Não quero correr o risco de acordar alguém.

— Eu entendo…

Um breve instante de silêncio se fez. A tensão era palpável por ambas as garotas.

— Tem alguma coisa te incomodando, não é? — Scarlet perguntou, o impulso falando mais alto que o bom-senso. — Digo, além dos jogos.

— Não. — respondeu Kyla, a voz mais aguda que o normal. — Vamos todas morrer cedo ou tarde, eu não tenho nada que…

Ela se calou subitamente, talvez pelo olhar fixo da outra. As pálpebras tremeram antes que voltasse a falar, agora tremendo.

— Quem eu quero enganar? É claro que não tá nada bem, minha cabeça tá uma bagunça…

— Calma, respira. Não pode ser tão ruim assim.

— Eu achei que fosse só por causa dos jogos. Só conseguia pensar no Klayton desde que meu nome foi escolhido… Fico pensando se ele está assistindo…

Scarlet não sabia exatamente como responder. Ela partiu do pressuposto que o rapaz de quem Kyla falava fosse seu namorado; achou melhor não perguntar, não tinha a intenção de interromper o relato da colega.

— E de repente eu estava na sala de treinamento e me deu um aperto no peito, sabe? Ela puxou conversa comigo, tão despreparada que chegava a dar pena. A gente trocou umas ideias, ela agradeceu pela ajuda e me deu um abraço… eu nunca senti tanta ternura em um abraço antes, nem mesmo com o Klayton…

Um calafrio passou pelo corpo da outra. Que conversa estranha. Será que…

— Agora eu não sei mais o que pensar. Não consegui mais me concentrar em nada desde aquele dia, não consegui treinar. Eu estava querendo que o Banzai evoluísse antes dos jogos, mas em vez de praticar eu queria ficar do lado dela… E agora estamos as duas na arena sabendo que pelo menos uma de nós vai morrer e…

Scarlet levou o indicador aos lábios da outra, fazendo-a se calar.

— Não vale a pena pensar nessas coisas, Kyla. O medo só faz com que a gente tome decisões erradas.

— O que quer que eu faça? — desesperou-se ela.

— Primeiro de tudo, se acalme. A gente vai encontrar um jeito de resolver isso. Primeiro de tudo, ela ainda tá viva?

Scarlet logo percebeu ser uma pergunta idiota. Kyla levantou um pouco o braço, apontando para o fundo da caverna. Isso tornava as coisas mais fáceis.

— Já conversou com ela sobre isso? Ela sabe o que você pensa a respeito?

— Eu não… Não sei… Não acho que ela…

— Quer que eu converse com ela sobre…

— Não!

Kyla segurou o braço da outra, demonstrando todo o medo que sentia. Era uma situação realmente inusitada para Scarlet, a qual jamais havia sentido algo do tipo.

Era estranho. A última coisa que ela se imaginava fazendo na arena seria dar conselhos amorosos.

— Meus pais me ensinaram uma coisa quando eu era mais nova. — aconselhou Scar, tentando demonstrar uma confiança inexistente. — A gente pode se arrepender de muita coisa na vida, mas nada é pior do que se arrepender daquilo que deixou de fazer.

— Mas eu não sei se devo… quer dizer, e se ela…

— Não fique se remoendo, ok? Você acredita que pode ficar pior do que já está? Mesmo que ela não pense assim, acha mesmo que ela ficaria chateada?

Kyla arregalou os olhos, levantando-se rapidamente.

— Deu merda! — gritou ela.

— O que…

A sombra que se projetava ao chão, a cada instante menor, denunciava que havia algo muito errado prestes a acontecer.


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Notas finais do capítulo

Oh, claro. Situações inusitadas. Para mim também, convenhamos. Acredito que as fics recentes me desvirtuaram um pouco do angst em direção aos romances. Maldita seja a panelinha... ou não, rsrs.

Ao mesmo tempo, pra quem gosta de especular, dou a vocês um prato vazio. Sim, pois quem está acompanhando já viu esse mesmo link a uns meses atrás... http://pastebin.com/raw/V0S7Xq2A
Ele contém os nomes dos dezesseis tributos e seus respectivos pokémon. Quer dizer, nem todos os pokémon. Há motivos pra eu não revelar os outros...