Um dia me disseram que alguém iria partir meu coração. Que iria doer por muito tempo e que eu pensaria que a dor é eterna. Disseram-me que eu precisaria passar por isso, porque representa uma parte importante da vida de qualquer um. Ouvi que machucaria demais, até simplesmente parar de doer e eu perceber que foi tudo pelo melhor. E eu devo confessar, acreditei em cada palavra, estava prevenida. Porém, isso não quer dizer que o impacto foi menor quando de fato aconteceu. 

No mês seguinte ainda era difícil pensar nos fios louros dele. Era praticamente impossível olhar seus olhos castanhos claros sem sentir vontade de chorar. Eu me perguntava os motivos, a coisa que me impedia de seguir. Eu o amava, e talvez não fossem necessárias mais razões.

Outro dia me disseram que o tempo faz milagres. Que a mais profunda ferida vai deixando de incomodar com o passar dos dias, e que por mais que a gente nunca esqueça, a gente supera. Novamente, acreditei, porque naquele momento era só o que eu podia fazer.

O tempo veio, passou devagar durante aqueles dias em que eu não tinha obrigações. Deveria ter sido mais difícil, pois as horas livres eram um convite, insistindo que eu pensasse nele. Surpreendentemente, foi mais fácil... Permitiu-me entender que certas coisas acontecem para nos mudar, acrescentar, mas que precisam acabar. Pode parecer uma desculpa, uma justificativa para o fim, mas em determinado momento eu deixei de me importar com o que parecia e enxerguei o que realmente era: o tempo me ajudando a superar.

Essa semana mesmo, me disseram que nem sempre quem a gente ama permanece. Dessa vez eu não só acreditei, como tive certeza de que era verdade. Às vezes quem a gente ama vai embora, e isso não precisa ser o fim de uma história. Pode ser o começo de outra.

Falar sobre amores que não deram certo é sempre difícil. Exige recordar, sentir novamente. Mas a gente tem que entender que não dar mais certo não é o mesmo que dar errado. Porque, se você amou, se depositou cada parte de si, se você realmente tentou, então deu certo. E ninguém precisou me dizer isso para que eu acreditasse.