MICHAEL JACKSON • POV

Eu ainda tentava raciocinar o que Skyler havia feito por mim alguns longos minutos atrás. As imagens passavam pela minha cabeça como um filme. Aquela garota praticamente deu a sua vida para me salvar, e se eu não tivesse ouvido dos próprios paramédicos, poderia jurar que ela estava morta. Deus, como eu pude ser tão rude com ela? Não encontro palavras para expressar o tamanho do meu arrependimento.

Nesse momento estou indo com ela para o hospital em uma ambulância. Ela está desmaiada e não parece que irá acordar tão cedo. Algumas faixas cobriam a parte de cima de suas costas, perto do ombro, onde havia sido queimada. Ela havia sofrido queimaduras de segundo grau, segundo os médicos, mas ainda fariam exames mais precisos dentro do hospital, e mesmo desacordada, tinha um semblante de quem estava sentindo muita agonia. Eu não quero nem imaginar o que teria acontecido comigo se não fosse por ela...

Alguns de meus irmãos também haviam presenciado o acontecido e queriam vir comigo na ambulância a todo custo, mesmo Skyler não os tendo conhecido. Os paramédicos não permitiram, mas eles iriam até o hospital em seus carros. Saber que Sky tem o apoio de meus irmãos além do meu me deixa mais aliviado. Pelo que eu sei, ela não tem família.

Chegamos ao hospital depois de quase uma hora e Skyler ainda não havia movido um músculo. Eu estava ficando realmente preocupado e me sentindo um tanto culpado. Eles a moveram para outra maca e a levaram para um dos quartos no setor de queimaduras. Eu tentei entrar com ela, mas as enfermeiras me impediram. Ok, era um hospital particular e eu deveria confiar que daria tudo certo, afinal os médicos dali eram excelentes. Mas eu precisava ter pelo menos uma garantia. Se algo acontecesse com Skyler, não me perdoaria nunca mais.

Mas como eu não teria nada mais do que a promessa dos médicos de que fariam o seu melhor, apenas sentei em uma das cadeiras no corredor e aguardei até ter notícias.

Quarenta minutos. Este foi o tempo que eu esperei. Quarenta longos e torturantes minutos que para mim pareciam uma eternidade. Soltei o ar aliviado ao ver o médico que havia se encarregado de Skyler sair do quarto. Imediatamente levantei e fui até ele.

— Como ela está, doutor? — perguntei mexendo as mãos, visivelmente nervoso.

— Ela teve queimaduras de segundo grau e desmaiou devido ao choque, mas ficará bem. Apenas precisará ficar de repouso e de uma pessoa que fique responsável por ela durante alguns meses. Ela precisará aplicar alguns remédios sobre a queimadura e acredito que não irá conseguir sozinha. Ela tem alguém? — droga, por que Zoey teve que ir para a Itália justo agora? Ela não tem mais ninguém...

— Bem... Não, mas eu darei um jeito. — disse rapidamente.

— Você teve muita sorte, garoto. — o médico, que até então eu não havia me dado o trabalho de ler seu crachá e saber seu nome, comentou. Ele provavelmente já havia ficado sabendo do ocorrido, o que não me surpreende. Não querendo me gabar, mas as notícias correm rápido quando se trata de mim. — Eu chamaria essa garota de... seu anjo da guarda. — ele disse e saiu olhando uma prancheta.

Perguntei a uma enfermeira se já podia entrar no quarto e, assim que ela confirmou, entrei imediatamente. Skyler ainda estava desacordada. Aproximei-me dela lentamente e sentei em uma poltrona perto da cama, observando seu rosto. Ela agora tinha um semblante mais tranquilo do que na ambulância, provavelmente lhe haviam dado algum analgésico. Desci os olhos por seu pescoço e vi que ela usava um cordão, o qual ela usava sempre que eu a via, parecia que nunca tirava-o. Acredito que havia sido dado por alguém de sua família. Voltei a olhar seu rosto. Ela tinha uma pele branca e macia que fazia contraste com seu cabelo ruivo, e tinha algumas sardas espalhadas pelo rosto. Ela era tão... angelical. ‘’Eu chamaria essa garota de... seu anjo da guarda’’. Lembrei do que o médico disse. Aquela não fora a primeira vez que Skyler me salvara em alguma situação. Primeiro, ela se preocupou em me ajudar com meu problema de machas na pele, me dando a brilhante ideia de usar uma luva para esconder as mãos. Sem contar as inúmeras vezes em que ela me salvou da imprensa. Parecia que ela sabia exatamente o que ia acontecer. E agora, isso.

Fui tirado de meus pensamentos quando percebi que ela acordava.

— Ah... meu Deus do céu. — ela resmungou, parecendo voltar a sentir dor. — Michael... — disse quando abriu os olhos completamente e me viu. — O q... O que aconteceu? — ela tentou se sentar na maca, mas gemeu de dor fortemente e eu a ajudei a se acomodar. Ela parecia não se lembrar de muita coisa, então expliquei para ela o que houve e, quando terminei, ela arregalou os olhos, e eu vi que os mesmos brilhavam. Eu não entendi. Ela parecia... feliz? Levei uma das mãos até sua testa, não estava com febre.

— Bem, eu imagino que vá demorar um pouco para você receber alta, mas quando receber, precisará de alguém para te supervisionar. — ela me olhou sem entender. — Eu acho melhor eu passar um tempo na sua casa, entende? Já que Zoey está fora e você não pode ficar sozinha, então...

— Espera, isso é sério? — ela me interrompeu. Eu não consegui distinguir se sua expressão era de espanto ou felicidade. Talvez um pouco dos dois.

— Sim, é sério. — respondi sorrindo, e ela retribuiu. Ficamos conversando durante alguns minutos, e eu não havia percebido o quanto ela era divertida até então. Mesmo passando por um perrengue daqueles, ela conseguia se distrair e distrair quem estava a sua volta. Skyler era uma garota impressionante, e eu me perguntei pela milésima vez como havia conseguido ser tão grosso com ela. Ela havia várias vezes tentado se aproximar de mim, mas eu sempre dava um jeito de afastá-la com a ajuda de Ola Ray. Aquela garota havia conseguido me tornar arrogante como ela. Honestamente, não sinto falta nenhuma. Skyler era diferente. Ela era simplesmente ela mesma, e não media esforços para ser humilde. Seu sorriso era do tipo que contagiava quem estava por perto, o tipo de sorriso que apenas uma criança tem: sincero.

— Com licença? — uma enfermeira entrou no quarto. — O horário de visitas acabou. — olhei para Skyler, frustrado. Eu não queria ir agora, era tão difícil eu me divertir assim com alguém.

— É melhor você ir, não vai querer ser carregado por seguranças. — ela disse e eu gargalhei mais uma vez com ela.

— Eu volto amanhã para te visitar, ok? — ela assentiu, e eu saí do quarto fechando a porta atrás de mim. O corredor estava vazio, eu provavelmente havia sido o último a sair. Olhei para o relógio e vi que era meia-noite em ponto. Com toda certeza eu estou ferrado para acordar amanhã. Mas quem se importa? Fazia um bom tempo que não dava boas risadas como dei hoje, então valeu a pena.