Bernardo

A situação em casa estava cada vez  mais difícil, ele estava fazendo de tudo para não brigar, não discutir, não deixar o clima em casa pior do que estava, mas Emília estava cada dia mais obcecada com esta história de Lia, sabia o quanto ela estava sofrendo pela perda do pai, ele mesmo conhecia esta dor, perdeu os pais em um acidente de carro,  foi traumatizante, levou anos para se recuperar,  mas  o que o preocupava não era só o luto dela, mas no que ela estava transformando esse luto, isso o deixava sem saber como agir, no começo ele tentou fazê-la mudar de ideia, mas isso a deixava mais brava, que ele acabou por desistir, ele nem ficava mais surpreso de ela não dormir no quarto deles, para dar tempo a ela, ele saia para trabalhar cedo e voltava tarde, parecia uma tática, mas ele sabia que isso era só uma fuga, que mais cedo ou mais tarde eles teriam que enfrentar esta situação. Se em casa as coisas não iam bem, nas empresas não podiam estar melhor, Malu tinha voltado, para evitar novos atritos ele não comentou com Emília que ela já tinha retornado ao Brasil, ele ficou receoso da volta dela, sabia o quanto ela era persistente em tentar ter alguma coisa com ele, por mais não que ele dissesse, mas ela o surpreendeu não só em não tentar nada com  ele, como ela estava realmente se dedicado em aprender tudo para poder comodar os negócios do marido , eles passavam muito tempo juntos, afim dele deixar ela a par de tudo o que dizia a respeito da sociedade deles, nesses momentos ele se esquecia por completo dos problemas familiares.

–  Então não é tão difícil como pensei- Malu esta dizendo, mas ele mal ouve.- Bernardo esta  me ouvindo- ela toca de leve no braço dele.

– Oi … desculpas, sobre o que falávamos?- eles voltam a conversar, mas logo são interrompidos pelo celular dela que toca, ela sai da sala e volta em seguida, com um ar estranho, que ele por ver ela sempre alegre logo percebe.

– Desculpas pela interrupção. - diz ela com uma de quem chorou.

– Esta tudo Malu?

– Sim...ai não Bernardo, será se podemos fazer uma pausa para o almoço? Conheço um restaurante ótimo, preciso desabafar.

Ele  olha no relógio já esta na hora mesmo, ele mesmo precisava de uma pausa.

– Vamos. - e saem da sala.

Cada um vai em seu carro, ela por  algum motivo, que ele não sabia também, mantinha um segurança, ele vai no seu carro. Já no restaurante, eles conversam o drama que ela relata, de a ex- mulher do seu marido, que a vinha lhe atormentando exigindo coisas das quais não tinha direito, estão conversando quando ele ouve a voz de Lívia a lhe chamar.

–  Papai, papai.- e ele a vê correndo em sua direção, ele a pega no colo, ao abraçar a menina ele avista Emília com um duro olhar sobre ele, e o arrependimento por não ter mencionado a volta de Malu se abate sobre ele.

– Emília - ele fala olhando ela se aproximar deles.

– Oi Bernardo, Lívia, vamos bonequinha. - ela nem se dá o trabalho de cumprimentar Malu, que não perde a oportunidade, estica amão para ela.

– Oi Emília como vai?- e fica com a mão esticada por Emília não devolve o gesto, passando um momento constrangedor ela recolhe a mão.

– Lívia vamos. - ela estica os braços para pegar a menina de Bernardo.

– Mas mamãe estou com sede, pai tem suco- a menina diz olhando para a mesa, ele senta de volta na cadeira, com ela ainda em seu colo, ele lhe dá o suco que ele nem tinha começado a beber.

– Bom Bernardo vou indo, obrigada.- Malu se retira do restaurante.

Malu

Estava sendo um plano complicado, ficar se fazendo de boa moça para Bernardo, fingir não ter mais interesse nele, demonstrar que queria entender tudo sobre a empresas e a sociedade, não era uma tarefa difícil, pois estar na presença dele compensava, adorava ficar horas com ele, e tinha um extra, saber que isso iria contribuir com o fim do casamento dele, mas quando ele sem querer confessou que Emília ainda não sabia da volta dela, ela falou com Marcos para entrar em contato com Lia, ficou combinado que ela ficaria atenta aos passo de Emília, mas que por hora ela iria mandar umas fotos para atormentar um pouco,  o telefonema foi Lia dizendo para qual restaurante eles deveriam ir para serem fotografados, ela jogou um papo bobo, ele caiu no caminho ela planejou qual seria seu desabafo, e ele acreditou em tudo o que ela disse, aquele papel de boa moça até que tinha serventia, ela nem acreditou quando ouviu uma menina gritar por ela, em seguida ela viu Emília, o destino estava conspirando a favor delas, viu o olhar de ira dela sobre eles, ainda mais quando a menina deu a entender que queria ficar, era uma linda menina, como não havia mais nada a ser feito ela se retirou, encontrando Marcos no carro, que abre a porta para ela.

– Para  onde?- ele pergunta quando já estão no carro, ela se aproxima do banco dele e diz ao seu ouvido.

– Vamos para o nosso lugar comemorar.

– E Lia?

– Depois ligo para ela,  agora só eu e você.