Bernardo

Ele não sabe quem é o mais ansioso se ele ou o filho, ele decide pegar o carro e ficar próximo a praça, porque se Emília ligar, ele não vai demorar muito a encontrar com elas.

Ele tenta conversar com o filho, mas seus olhos não saem do celular,  que quando toca ele dá um pulo, ela só diz para ele ir, ele vai rápido, chegando lá esta tão nervoso que nem as vê, mas ouve uma vozinha que reconhece, o chamar:

– Papai...papai. - então ele olha no sentido de onde a voz vem, então ele vê a filha correndo em sua direção,  a cabeleira solta balançando com o vento, ele se abaixa e espera por ela, que quando chega se joga em seus braços,

ele a abraça forte - Papai ...meu papai- ela continua a repetir, ele nem tenta disfarçar as lágrimas que molha seu rosto e ensopa a blusa da menina.

– Minha filha, minha menina.- entre lágrimas ele consegue focalizar Emília caminhando para eles, percebe que ela chora, ele continua agarrado a filha.

– Ai papai, ta apertando-  ela se queixa.

– Desculpas mas a muito eu queria te dar esse abraço.

– Você é mesmo meu pai?

– Sim, sou mesmo- suas pernas já não suportam e ele levanta a pegando no colo, Emília já chegou até eles e abraça Miguel.

– Porque não me disse antes.

– Está falando lá no hotel?  - ela balança a cabeça confirmando- Bom sua mãe queria falar com com você .

– Pai…- chama Miguel ansioso, ele entende o recado, coloca a filha no chão e novamente se abaixa.

– Lívia, quero que conheça Miguel, ele ….

– Meu irmão, é isso.

– Sim isso mesmo, vem cá meu filho - ele estica a mão para pegar a do menino. - Esta é Lívia.

Eles se olham analisando um ao outro.

– Oi sou Miguel-  ele estica a mão para cumprimentar a irmã, ela olha a mão estendida, ele constrangido começa a recolher a mão, quando ela se joga em seu braços o abraçando, deixando todos surpresos com o gesto

– Sempre quis irmão, né mãe.- ela diz sem soltar dele, que fica meio sem saber o que fazer, mas acaba por abraçá-la tembém.

– Sim minha filha você sempre quis, e Miguel também. - ela ajuda Bernardo a se levantar.

– Vamos brincar,  tem um balanço bem legal, vamos -  ela se solta dele, mas nem espera ele responder, e já pega em sua mão e literalmente o arrasta até a parte dos brinquedos.

– Então - ela pergunta a ele, que não diz uma palavra.

– Ela é mandona que nem a mãe, e adora interromper também. - ele sorri, ela dá um tapinha em seu braço, fingindo a ofendida.

– Mas ela tem aquele olhar e o jeito de falar do pai, -  ele lhe da um beijo, ela lhe dá a mão para e caminham até onde tinham deixado as coisas.

Emília

Bernardo foi até onde os filhos estavam, estava bobo observando os dois, que de fato tinham se dado muito bem, Miguel todo atencioso com a pequena, e ela adorando a atenção,  a todo o instante chamava pelo pai, para ele olhar para ela, não se cansava de gritar “pai olha” , parecia que aquela palavra que demorou a pronunciar jamais deixaria seus lábios, ela ficou muito feliz os vendo de longe, agora sim podia dizer que sua felicidade estava completa, com os filhos, pois sentia de fato Miguel ser seu, e com o seu marido,  não poderia querer mais nada, ela se perde em pensamentos que nem vê Bernardo se aproximar, ele lhe da um beijo no rosto e a abraça pelas costas.

– O que esta cabecinha esta pensando?- diz ele ao seu ouvido.

– No que eu estou pensando- ela passa os braços em volta dos braços deles, fica admirando os filhos ao longe, o por-do-sol, servindo como fundo para aquela paisagem, ela dá um suspiro, ele beija se rosto, ela fecha os olhos e senti a maciez de seus lábios sobre a pele dela, um beijo simples como aquele desperta tanto nela, ela gira o corpo sobre os  braços dele, sem se soltar daquele calor que aquece cada parte do seu ser, ela encosta o rosto bem próxima ao dele, ele quase não resiste em querer beijá-la,  mas ela mantém uma mão sobre o peito dele, como quem sabe o que ele iria fazer, então ela lhe diz quase sussurrando-  Quero que me leve pra casa, quero voltar para a nossa casa você me leva.