Bernardo

Miguel pede para ir ao banheiro, Emília levanta e mostra para ele o caminho, ao voltar Bernardo a puxa.

– E eu não mereço um abraço daqueles,- ele abraça ela forte, beijando a sua  bochecha.

– Não sei merece-  ela também o beija no rosto,  volteando os braços  no pescoço dele, fazendo um afago na cabeça dele.

– Mereço, mereço até mais que um abraço.- ele sorri para ela, que se faz de desentendida.

– É e o que seria. - diz ela rindo, se balança naqueles braços fortes.

– Isso - e ele a beija na boca, por uns segundos eles esquecem de tudo e é só os dois ali, e uma paixão que pouco a pouco acordava, se entregam aquele beijo, mas  são surpreendidos por Miguel tentando sair despercebido, mas bate em algo fazendo um barulha enorme,  eles se afastam sem se soltarem.

– Desculpas…. eu ... eu vou sair.- Emília e Bernardo riem da situação, e da cara que ele fica, completamente vermelho.

– Não meu filho, nós já vamos.

– Mas já? - ele faz uma carinha de triste, e parece ter de novo oito anos.

– Sim, se despeça de Emília.

Ela pede um minuto e sai voltando uns segundos depois, vai até ele.

– Mas e minha irmã eu posso vê-la?

– Miguel, como eu disse ela ainda não sabe de nada, não sei como ela vai entender tudo isso, preciso conversar muito bem com ela, antes de vocês se verem.

– Tudo bem eu entendo- ele esta com a cara bem triste,  o que os deixa bem comovido.

– Miguel eu tenho algo pra te dar- ela mostra a ele um porta retrato que de um lado tem uma foto dela e do outro a foto de Lívia- Essa daqui é a sua irmã, logo nos estaremos todos juntos - ela entrega as fotos para ele e o abraça-   Eu prometo que logo vou para a casa, amanhã mesmo conversarei com Lívia.

– Meu filho me espera no carro um minutinho.

Ele da mais um beijo e abraço e Emília e sai,  Bernardo  a abraça sentindo o corpo dela tenso, sabe o quanto toda aquela situação é difícil para ela.

– Quer que eu fique? - ele pergunta ao seu ouvido, ela balança a cabeça, fazendo que não- Posso te ajudar a conversar com ela.

– Não preciso fazer isso sozinha- ele lhe beija, - Você precisa ir.

– Te ligo depois.- dá um selinho nela e vai embora.

Emília

Cris trás Lívia algum tempo depois que Bernardo e Miguel foram embora, ao avisar para a moça que ira se mudar em breve, percebe um olhar de tristeza, achando se tratar da falta de um recurso financeiro ela diz que pode indicá-la, mas a moça a surpreende dizendo ser pela falta que Lívia iria fazer na vida dela, Emília se comove com tal carinho, e tem uma ideia para resolver um de seus problemas: a livraria,  então oferece para Cris gerenciá-la, junto a moça que já faz esse papel, em seu lugar e periodicamente elas se encontrariam, e traria sempre Lívia nesses encontros, a moça aceita prontamente,  pois mesmo sem querer dizer aquele dinheiro que recebia por cuidar da menina faria falta, elas combinam de no dia seguinte pela manhã ensinar Cris e a apresentar a equipe,  ela sentia que ela e a moça iriam se dar bem.

Pronto assunto livraria resolvido,  hora de resolver sobre a casa, como ela era alugada, não seria difícil,  mas tem todo o mês de aluguel ainda pela frente então pode resolver com calma o que fazer com seus pertences, em um primeiro momento levaria só as roupas e alguns objetos pessoais, Lívia a vendo fazer a mala fica parada na porta observando a mãe.

– Oi minha bonequinha. - Emília sabe que naquela cabecinha tem muitas perguntas,  devagar ela se aproxima do caos que é o quarto da mãe cheio de roupas e objetos espalhados.

– Mamãe o que esta fazendo?

– Humm, arrumando umas coisas, quer ajudar a mamãe?  - ela balança a cabeça confirmando.

– Mas porque mamãe?

– Amanhã vamos fazer um piquenique, o que acha?- ela muda de assunto.

– Eu quero- ela sabia que a filha adora estar ao ar livre, correndo,  pulando, conhecendo outras crianças,  sempre que saiam e tinha outras crianças a filha sempre saia de lá com vários amigos,  característica que só pode ter vindo de Bernardo, pois ela sabe que nunca foi muito sociável,  ela ri a esse pensamento.

– Bom amanhã quero te contar uma história,  uma história linda…

– Tem princesas e príncipes nesta história? - Emília ri, pensa sim tem princesa, príncipe, até bruxa tinha, mas a filha não saberia dessa parte.

– Não, mas você vai gostar mesmo assim, agora vamos arrumar as coisas aqui.

Elas continuam a arrumar, depois jantam e antes dela dormir Bernardo liga, ela achava ótimo ouvir ao voz dele, mesmo que por telefone, eles combinam de assim que ela conversar com Lívia, se tudo desse certo ela ligaria para ele e Miguel encontrá-las .

No outro dia pela manhã vai a livraria com Cris e Lívia,  apresenta a moça aos demais colegas e a outra menina que lhe ajuda, como tinha imaginado as duas se dão bem, um pouco antes de ir para a casa, passa na contabilidade, resolve algumas pendências, em seguida vai para a casa com a filha, arruma as coisas para o piquenique, e saem, para a a mesma praça onde Bernardo tinha levado Miguel.

Lívia brinca um pouco,  Emília a chama para comer, então quando menos espera ela pergunta:

– Mamãe qual a história?