Warmouth — O Conto das Eras escrita por O Alquimista


Capítulo 3
Névoa Nortenha


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pro ser minha inspiração, pequena.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681972/chapter/3

a Morte me desafiou.
e Perdeu.

A primeira das questões, decerto não será como a Morte perdeu em me desafiar. A primeira das questões é: quem sou eu? 

 

Os olhos de Elliah brilhavam com uma intensidade costumeira, sob o elmo que lhe cobria quase que completamente o rosto. Seus cabelos não passavam de seus ombros e estavam todos aprisionados dentro do ferro nortenho. Era uma afronta não ter os cabelos raspados quando se é da guarda armada do Império. E Elliah sabia disso. 

A noite açoitava completamente os céus da recém construída Sanggria, a cidade promissora. Divinamente projetada, a capital nortenha resguardava minérios extraídos de todo norte além de uma posição geográfica surrealmente favorável para combates. A nevasca ao redor de Sanggria, observou Elliah, era incansável e retumbava contra os muros que protegiam a cidade, de forma devastadora.

Por que
Sanggria 
nunca foi derrubada?
Porque Sanggria era
inalcançável.

Elliah estava completamente envolvido em sua armadura acinzentada. Seus generais afirmavam que, se os homens do norte precisassem lutar em meio a nevasca, eles facilmente seriam camuflados para que a morte de seus inimigos chegasse num súbito. Era, em parte verdade. Mas Elliah não precisava camuflar-se. O detentor dos olhos intensos era uma das pessoas mais emblemáticas e enigmáticas de toda Warmouth. 

Bocas murmuravam que ele era um bruxo, que usava de magia negra para influenciar seus superiores e fazer destes, seus subordinados. Outros afirmavam que Elliah era um demônio, odiado pelos deuses e fadado a levar ódio e dor aos campos de batalha. 

Este último, eu temo que
seja um pouco 
real.

Elliah estava embrenhado em um pequeno batalhão nomeado Corte. Eram os melhores espadachins da corporação militar nortenha e era composto apenas por cinco nortenhos. 


Elliah, A Chuva Escarlate
Bretah, O Sombrio
Darius, o Massivo Executor
Salazhar, o Príncipe Nortenho
Rick, a Lâmina Sinistra

O batalhão estava responsável pela segurança da fronteira entre o Império Nortenho e a Sociedade Sulista. Estavam resguardando a entrada de Sanggria, os cinco divergentes cavaleiros que misteriosamente se completavam de certo modo. Elliah parecia o mais distante; encarava o céu celeste com um suspiro longo e apaixonado enquanto os outros montavam guarda em cada canto da fronteira. Rick, a Lâmina Sinistra agia como um capitão apesar de que não houvesse um líder em comum entre os Corte. Rick permaneceu ao lado de Elliah, no ponto leste da fronteira ao passo que Darius e Salazhar montaram acampamento na extremidade Oeste. Bretah seria um andarilho durante toda a noite, resguardando as intermediações cujas não pudessem ser analisadas do posto avançado onde os guerreiros estavam. 

— Não há lâmina que corte mais profundo — murmurou Rick, com sua voz arrastada mas quente. Ele tinha, decerto, muito de capitão em sua personalidade e sabia como escolher as palavras — Do que o amor — Elliah voltou seus olhos para o arcano. Este resguardava seus cabelos longos e brancos, suas rugas preenchiam seu rosto mas suas feições eram sérias. — Mas há remédios que podem ajudar em demasia em noites frias, homem— ele murmurava, dando a Elliah uma caneca com vinho quente, fervilhante. Uma peculiaridade nortenha.

Elliah bebericou, engolindo pesadamente o vinho. Rick desembainhou suavemente sua lâmina cravejada em ranhuras de devoção ao Deus Sangrento. Mesmo que a noite se apresentasse silenciosa e calma, o arcano parecia ter um sexto sentido para o derramamento de sangue. 

— Dizem que levaram o bastardo Gerard ao silêncio esta noite —  Elliah murmurou, fazendo uma careta quando o vinho quente dançou pelo seu corpo e residiu em seu estômago. Ele apanhou seu cantil negro e bebericou, sorrindo com o canto dos lábios. Rick encarava a paisagem à frente destes fixamente. O arcano analisava cada floco de neve, cada folha com orvalho, cada graveto quebrado. Cada respiração diferente influenciaria de certo modo em algo no cenário delicado. — Rick? — Elliah murmurou, desembainhando sua lâmina escarlate. Lâmina esta que lhe rendeu a alcunha de Chuva Escarlate.

Uma onda avassaladora arrebatou tanto Elliah quanto Rick, num súbito. Eles voltaram seus olhos para suas costas, para o horizonte, onde Sanggria acabava, onde até mesmo o Extremo Norte acabava. Onde Gerard havia sido entregue ao Silêncio por ordens de Richard I. 

Um pilar de energia negra avançou pelos céus. Era aquilo, seja lá o que fosse, que emanava a onda poderosa. Palavras pareceram ecoar dentro das cabeças de Elliah e Rick, como num mantra demoníaco. O sangue circundou os ouvidos de ambos cavaleiros, forçando ambos exímios esgrimistas a se ajoelharem sobre a grama congelada e coberta por neve. 

— O que...  O que é isso... — Elliah gritava, por sobre o mantra demoníaco, composto por palavras indecifráveis mas perturbadoras. Rick fincou sua lâmina no solo, preenchendo seu punho com magia arcana, assim como toda sua lâmina. A energia arcana afundou pelo metal, então sobre a terra, derretendo o gelo e a neve e criando um círculo arcano de proteção, quando enfim o mantra parou para ambos. Elliah caiu no solo, exaurido. Seus olhos estavam enevoados.

aquela voz
Ela desejava 
muito mais do que 
Norte e Sul 

Rick levantou seu rosto então, para a campina congelada que se erguia à sua frente. O pilar de energia cessou e uma presença divina agraciou ambos patrulheiros. Rick e Elliah foram obrigados a fechar seus olhos num súbito e abaixarem suas cabeças. Seja lá quem fosse aquilo, era justo e irracionalmente poderoso. Era avassalador. Era um deus. 

Elliah rangeu os dentes, erguendo os olhos para vislumbrar a presença. Envolvido por um véu negro, como se estivesse sido mergulhado em energia maligna e tivesse feito desta, sua armadura, aquela criatura permaneceu inalcançável. Uma libra residia em um de seus quatro punhos. N'outro, uma lâmina dourada. Num terceiro, a essência de algo primordial dançava em sua palma. E no quarto punho, seu braço estava erguido e seu polegar voltado para baixo. 

desaprovação.

 O equilibrio nasce na necessidade de ordem — disse a criatura divina, erguendo os punhos da Desaprovação, o do polegar abaixado, e o que residia com uma lâmina, resguardando o significado de Poder. — Eu sou Ydna. O coração de Warmouth. E vos desafio para um duelo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Adorarei ler comentários e críticas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Warmouth — O Conto das Eras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.