Agentes da CIC - INTERATIVA escrita por OrigamiBR


Capítulo 12
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Caramba, nem acredito que consegui! Eis o último capítulo da primeira saga dos Agentes da CIC. Sei que foi uma andada curta (apenas 12 capítulos), mas pra mim foi uma conquista: eu não estava confiante que iria conseguir. Sabe, eu tenho o roteiro, mas a confiança de trabalhar os personagens e fazer com que todos pudessem ter uma parte introspectiva foi um desafio enorme. Mas eu consegui! Fiquem com o capítulo!



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Ao desembarcarem no aeroporto, Ethan se sentiu nostálgico. Apesar de terem sido apenas dois dias, fora exposto a um grande estresse mental. Talvez fosse pedir uma licença de uma semana para Valentine e relaxar um pouco. Foi no banco do passageiro com o olhar vago e devaneado, só mudando a expressão ao chegar na sede da CIC, onde foi recebido por um abraço de Rachel e um aperto de braço de Jed. Agradecido por amigos assim, melhorou o semblante.

— Sim, Valentine tá esperando vocês. Não disse a gente o porquê – disse Jed, apontando para a sala suspensa – E chamou Rachel também.

O quarteto subiu as escadas, e esperou o chefe terminar de falar com outro grupo de agentes, aparentemente apresentando novas ordens para eles. Depois de dois minutos, eles saíram da sala, meio cabisbaixos, mas com um olhar determinado.

— Ótimo, queria mesmo falar com vocês quatro – disse o homem, juntando as mãos na frente do rosto.

“O nome do informante é Michael Miller. Ele possui alguns anos de experiência na organização ELITE e já trabalhou em operações grandes com ela. Ele exige a presença de Ricky, mas quero que você, Helena, e você, Rachel o acompanhe pra perceber qualquer mentira que ele possa falar. Vão agora: ele tá na sala de custódia.”

O grupo saiu depois de dadas as ordens e andou pelos corredores. Ethan e Jed ficaram no cubículo da SILVER. Pensando um pouco, o alto resolveu perguntar.

— Jed, você consegue desenvolver uma coisa pra mim?

— Que coisa?

— Você viu no vídeo: aquilo que o chefe da ORBIS, Damien, tava usando. Acho que ele chamou de Escudo Cinético...

— Ah! – imediatamente, os olhos do rapaz brilharam, e começou a falar com empolgação – Aquilo é muito legal! Ele gera um campo eletromagnético forte o bastante para desviar qualquer objeto metálico vindo em altas velocidades. Pode não proteger de um míssil ou um disparo a queima-roupa, mas é muito útil! Tu quer aquilo, é? Sei que tu quer, pra ter falado assim tu quer um, né?

Ethan não imaginou esse lado super empolgado de Jed, mas admitiu que gostou. Deu um sorriso leve.

— Sim. Não sei se a CIC tem algo parecido, mas se você puder fazer um daquele pra nossa equipe, seria muito bom.

— Ohhhhh!!! Agora gostei de ver! – respondeu o especialista, batendo forte várias vezes nas costas de Ethan – Vou começar imediatamente!

— Haha, mal posso esperar.

Dito isso, ele se encaminhou para junto de Darla, que no momento estava com uma viseira de solda, uma lança térmica e soldando uma parte de algum dispositivo mecânico, que parecia muito a junção de um rifle de assalto com um lança-míssil. Fez questão de bater na porta antes de entrar mesmo, já que estava aberta. A viseira levantou, suja de fuligem, e a mulher piscou forte para aliviar a iluminação.

— Oh, e aí rapaz? Cadê seu carrapato hoje?

— Ele foi executar outro trabalho. Vem cá: você viu o vídeo do trabalho que fomos fazer lá na Amazônia?

— Não, não vi. O quê que passou lá?

Em alguns minutos, Ethan contou em detalhes o que aconteceu lá na fábrica da ORBIS. Darla ouvia cada palavra com expectativa, os olhos atentos. Assim que terminou o relato, ela fez um alto assobio, como se estivesse descansando de estar lá.

— Nossa... Foi realmente intenso.

— Pois é. Eu ia até pedir uma folga pra Valentine, mas acho que não vou conseguir.

— É, acho que não. Mas o que tu queria mesmo? Com certeza não foi pra trocar figurinha...

— Sim, ia até esquecendo: tu consegue fazer balas de gás?

— Balas de gás? Como assim?

— Tipo, balas que possam explodir liberando um gás sonífero ou de efeito moral. Até de fumaça mesmo.

— Ah, entendi! Mas não fica nada prático porque exige um calibre grande. Fora que não dá pra usar em missões furtivas. Mas vou pensar em algo e te falo depois...

— Beleza, valeu!

“Vou ver essa ‘entrevista’ que Ricky foi fazer com as meninas. Algo nesse chamado do chefe não parece ser coisa boa...”

—--

O setor de custódia da CIC não era uma prisão comum, com grades num corredor e salas para comportar os criminosos. Ela era feita com as mesmas várias salas, mas as grades eram bem mais densas e cobertas com vidro altamente sensível. Em pontos estratégicos havia pequenas aberturas de ar, com sensores de movimento e presença. Revestida em placa cerâmica com chumbo, gerador próprio solar e da rede elétrica, com proteção a impacto direto de armas pesadas, era uma ala de contenção para inimigos perigosos demais para prisão comum. Ultimamente estava vazia, mas Ricky sabia que ele iria colocar Edward Sanders ali. Era só uma questão de tempo até encontrá-lo. Deixou esses pensamentos de lado, quando viu a única cela ativa. O vidro era de visão unidirecional, ou seja, só ele podia ver o que estava dentro, mas não o contrário. Ativou sua credencial pelo relógio e entrou na sala acompanhado por Rachel e Helena.

Do vidro, viram o homem que Valentine tanto se referia: se Ethan era alto e magro e Ricky era médio e forte, esse homem com certeza era a junção perfeita dos dois agentes com uma pinta de um ator mexicano em comercial de roupa de banho para gogo boys. Era alto, praticamente da altura de Ethan. Tinha pele morena e bronzeada, ressaltada pelos músculos protuberantes em todo o corpo. Não tinha o mesmo volume que os de Ricky, mas eram mais demarcados, como se ele não tivesse gordura corporal. Seus cabelos eram curtos e bem pretos, raspados do lado da cabeça e espetados na frente. Seu rosto era angular e atraente, completado pelos olhos azuis penetrantes e sedutores e uma pequena barba por fazer. Tudo nele indicava que não era um criminoso e sim um modelo de revista ou de passarela. Sua pele estava brilhando levemente, como se estivesse fazendo algum exercício e tinha suado, dando um visual ainda mais de verão ao homem que virou o rosto para os três que entraram na cela.

Rachel suspirou ao vê-lo, mas não perdeu a compostura. Como haviam combinado antes, ela iria fazer o papel de “Policial Boa”, usando de sua capacidade de dissimulação para convencê-lo de que estavam do lado dele. Helena ficaria com o papel de “Policial Má”, impedindo qualquer chance de escapar do assunto e trazê-lo para o interrogatório. Ricky iria estar lá como meio de fala. Com o plano definido, entraram e ficaram frente a frente com o homem.

— Ora, ora... – começou falando o homem, e sua voz era baixa e grave, com um tom de sotaque de outro estado – Finalmente o grande “Ricky” se dignou de minha presença.

— Cara, não sei se tu percebeu, mas eu curto essas coisas não... – disse o homem, deliberadamente apontando para as duas mulheres do seu lado. Rachel ergueu uma sobrancelha em surpresa, mas Helena simplesmente continuou o plano, jogando o cabelo para trás. Miller deteve o olhar nela por longos segundos, apreciando a beleza e deu uma risada.

— Sempre engraçadinho. Acho que foi isso que Sanders me disse...

Ao ouvi esse nome, Ricky se retesou, e as veias de seu braço ficaram mais visíveis ainda. Helena foi para um lado do homem e, subindo na mesa e exibindo o decote discretamente, disse:

— Nós que fazemos as perguntas aqui, gostosão...

Miller virou o rosto num sorriso sarcástico, piscando aqueles olhos azuis para a mulher. Experiente no ramo, ela sabia que era para tentar seduzí-la. Mas admitiu que foi uma boa tentativa.

Através da câmera, Ethan observava o interrogatório juntamente com Jed e Valentine, escutando cada palavra. Ao ver o homem, ele estava certo que não iria manter a calma para isso. As olhadas, as insinuações e o claro desprezo lhe forçariam a mão, por mais sangue-frio que conseguisse ficar. Balançou a cabeça, mas não deixou de manter uma mão tensionada, que foi notada por seus acompanhantes.

Na cela de contenção, Ricky tomou a iniciativa, batendo a mão na mesa sem muita força:

— Olha: vamos deixar essa cachorrada pra lá. Você veio até a CIC, se deixou capturar, só pra falar comigo. Então diz aí, o que tem pra mim?

— Beleza, meu chapa – disse Miller, dando de ombros, mas ainda mirando Helena – Vim falar contigo porque você é peça rara...

“Lá na ELITE, temos registros de todos os caras que bateram de frente e sobreviveram pra mostrar a cara de novo. E você é o que mais tem brigado e saído ileso. Sabendo desse negócio, fui atrás do maior pra poder derrubá-la.”

 - Hm, sua voz não tremula, o que indica convicção. Apesar de estar preso, não se sente acorrentado. Seu olhar é fixo e firme, seus batimentos são cadenciados e sua respiração é controlada: ele não está mentindo. Mas porque eu tenho esse sentimento de perigo ao vir dele? Dá pra ver que ele é experiente em combate pelas finas cicatrizes espalhadas pelo corpo. Constando sua idade e a quantidade de marcas, ele deveria tê-las mais profundas ou visíveis. Ah, encontrei: seus olhos são mortos por dentro. Ele já matou, e muito. Sente vergonha de algumas delas, como se não houvesse outra maneira. O corpo deve ter respondido e se esforçado pra esconder – disse Rachel baixinho, que só Helena ouviu.

 - Derrubá-la? – indagou Ricky. Helena confirmou o que ouviu com a mulher.

— É, derrubá-la – disse o homem, o sorriso sumindo a cada palavra. – Sabe, a ELITE tem ficado muito extrema nos últimos tempos. Começou a matar gente que não tinha nada a ver, roubar bancos nos interiores e destruir prédios públicos. E ainda não revelou o que pretende com tudo isso.

— A gente já sabe, compadre. – disse Helena, olhando as unhas – Eles querem o controle das cidades.

— Tsc, tsc, é isso que todo mundo pensa. Eu descobri o seu real propósito, apesar de eu achar que não tem nada a ver com o que tão fazendo, mas pra isso quero um acordo com vocês aí, da CIC.

— E então? Vai ter que me convencer com suas informações – disse Ricky, abrindo um sorriso malicioso.

— Que tal eu trabalhar com vocês? Posso informar alguns esconderijos da ELITE, seu real propósito e os conluios que tão metidos.

Vendo que aí estava uma oportunidade de barganha pra ele, Rachel compartilhou sua análise em voz alta, antes de Ricky responder. Miller, que mantinha um ar superior desde o começo, mudou o semblante para um mais fechado. A mulher reconheceu como preparação para tortura.

— Não precisa se encolher todo assim – disse Rachel, adotando um ar amigável – Não vamos lhe torturar. Só precisamos saber se podemos confiar em você.

— Depois de se oferecer pra ficar preso, dar informações do inimigo e ainda acatar com a decisão de vocês, eu não vejo nada que posso dar mais além da minha palavra...

— Ohhh... – assoviou Helena, impressionada – O cara tem coragem. Gostei dele.

Nesse momento, Valentine falou no comunicador, interrompendo as ações.

— Aceito suas condições se você submeter a um Batedor.

— Tch – reclamou Miller – Tá ok, mas não vão meter onde não deve.

Batedor é o nome coloquial para uma escuta e detentor de localização global que normalmente é subcutâneo, feito para transportadores ou agentes espiões que tem grande chance de ser detectados. Feito de componentes plásticos e usando pouca corrente elétrica, é basicamente indetectável, fora que é degradável fora do corpo com uma velocidade absurda. A produção desses equipamentos é tão restrita que é banida do uso militar, sendo liberada apenas para uso dos serviços secretos de alguns países. Naturalmente, organizações criminosas conhecem e fazem amplo uso, apesar de ser fácil de detectar pelos usuários autorizados.

—--

Michael Miller foi então fichado pela CIC, com todos os registros preparados para sumir dos arquivos da polícia. Depois da preparação, colocou o Batedor na coxa dele e Valentine tratou de extrair as informações dele, no curso de alguns dias. Não foi nada difícil, e ele realmente parecia querer cooperar. A quantidade foi absurda, coisa que nos anos que tinha trabalhando na CIC não conseguiu. E o que descobriu o deixou profundamente preocupado.

Enquanto isso, a equipe Silver ficou esperando no seu cubículo, quando recebeu uma ligação.

— Equipe Silver... – disse Ethan, com voz sonolenta. Conseguiu descansar da invasão à ORBIS e voltou ao normal em um dia apenas. Veio para o trabalho apenas para organizar alguns processos de prisão e autorização para a polícia que eles tinham dado conta.

— Olá, agente – disse uma voz feminina, com um tom de sedução. Ethan arregalou os olhos: conhecia aquela voz.

— K-Karen? – exclamou o homem, o que atraiu a atenção de todos que estavam lá – O-Olá?

— Conseguiram coisas da ORBIS quando voltaram pra sede?

— N-não, não... Nós tentamos ver os registros daquele Damien, mas não temos nada: nem nos nossos contatos internacionais.

— Entendo. Estou indo para aí.

— O QUE?!

— Ah, eu não falei não? – disse Karen, e sua voz expressou dúvida – Pedi transferência pra sede da CIC. Tenho alguns problemas a resolver e ficará muito mais fácil se estiver com acesso a mais recursos.

— Mas a CIC daí aceitou tranquilamente?

— Tranquilamente. Vou me juntar à equipe de vocês, me aguardem.

Ethan guardou o telefone atônito. Seu olhar estava surpreso e vago, não notando os olhares de Rachel, Ricky e Helena pedindo uma explicação.

— Então, pelo que entendi de sua conversa – disse Ricky, alisando o cano de uma pistola de calibre .50 na camisa – Karen tá vindo pra cá?

— É...

— E ela vai entrar no nosso time?

Ethan apenas acenou com a cabeça, confirmando. Ricky estava sério quando se levantou, se aproximou do rapaz, e quando os olhares se conectaram, fez um movimento súbito puxando a cabeça dele para perto e sussurrou:

— O que você fez?

— Eu?! Nada!

— Fale a verdade, compadre... Como é que uma agente gostosa daquela pede transferência uma semana depois da gente voltar, sendo que a gente só se falou durante a missão?

— Eu. Não. Sei – disse o rapaz, pausadamente. Já estava com medo de Ricky fazer alguma coisa, mas o homem simplesmente o soltou e abriu o maior sorriso que pôde.

— Isso é ótimo! Hahahaha! – rindo feito um idiota, Ricky bateu no ombro dele amigavelmente – Acho que com isso, nossa equipe estará completa.

E deu um olhar bem significativo para Ethan. Ele sabia daquele olhar: no tempo que passou treinando com ele, sempre usava aquela expressão para dizer que havia acertado na loteria, que conseguira o que estava atrás. Vendo aquilo, não deixou de rir também, dessa vez abertamente, junto do seu amigo. As duas mulheres trocaram olhares e deram de ombros, murmurando “Homens...”. Mas Rachel também não deixou de notar uma ponta de ciúmes que Helena teve ao observar Ethan. Parece que teria muito trabalho pela frente.


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Notas finais do capítulo

Esse é o capítulo final da primeira saga, mas não o final da história! Ainda teremos muitas coisas pela frente: reviravoltas, tragédias, ação e até romance, quem diria! Por favor, agradeço vocês que conseguiram me acompanhar esse tempo, mesmo sem conseguir postar com frequência e que continuem acompanhando essa empreitada.
—-
Vou abrir uma votação para o próximo capítulo, e esperarei uma semana para compilar os votos. Ou seja, desde a data de postagem desse capítulo (10/10) até 17/10, eu irei esperar os votos de vocês para que possa direcionar a história.
—-
Enquanto eles estiveram recrutando todas as pessoas, as organizações estiveram trabalhando em seus planos. Para que possam viver mais tranquilos, de quem os agentes devem ir primeiro?
A: Organização ELITE, os controladores.
B: DiMarco, o mafioso aliciador.
C: Corporação ORBIS, a empresa de bioterrorismo.
Mandem por MP suas decisões, que eu irei escrever assim que possível.
Obrigado mais uma vez!



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