You? [2]

Oh que bom. Vou-me sentar ao lado do rapaz convencido.

"Podes-te sentar." a professora com cara de cavalo traz-me de volta ao mundo e sinto o olhar da turma toda em mim. Merda. Odeio ser o centro das atenções.

Sem olhar para ninguém ando rapidamente até ao fundo da sala onde encaro o rapaz que me observa. Oh a sério rapaz-estúpido-que-encontrei-no-corredor?

Puxo a cadeira para trás para me sentar mas como deve ser daquelas cadeiras bem podres fez um barulho de merda. Oh porra está toda a gente a olhar para mim. Sento-me depressa e pouso a mochila no chão e ouço a prof.-cara-de-elefante a retomar a aula.

"Não te preocupes. As cadeiras são todas a mesma merda." a voz do rapaz ao meu lado soa junto com um riso o que me faz olhar para ele "Já agora sou o Luke." Espera ele está a tentar ser simpático ou apenas a tentar descobrir o meu nome?

Burra, ele já sabe o teu nome.

Pois...

"Eu sou a Emma." digo rapidamente pousando o meu olhar na mesa onde vejo uns desenhos e alguns números de telemóvel escritos.

"Ya a miúda do corredor, eu lembro-me." ele diz com voz de gozo. "Apenas tem mais cuidado da próxima vez." diz num tom de voz mais rude.

Okay? Ele não é normal.

"Menina Emma!" a prof.-cara-de-gorila chama. "Chega atrasada e depois não presta atenção à aula? Não começa bem não acha?"

Reviro os olhos mentalmente e murmuro um 'desculpe'.

"Muito bem, Clifford porque não respondes à pergunta que eu tinha feito à Madsen?" ela diz a um miúdo que se senta na mesa à frente. Já reparei que esta professora adora chamar as pessoas pelo apelido.

"Mano tas lixado." o rapaz-de-quem-já-não-me-lembro-o-nome diz para o suposto Clifford.

"O que é que ela perguntou?" digo ao.... Luke. É assim que se chama eu acho.

"Achas que eu sei? Estava a falar contigo." ele sussurra sem olhar para mim e volta a olhar para a janela.

Okay. Vou me fartar dele muito depressa estou a ver.

...

Depois de uma longa e secante hora com a prof.-cara-de-esquilo finalmente toca e ela vai a correr até à porta como se não quisesse deixar ninguém sair. Okay... cada vez mais estranho...

"Ainda não saiam." ela avisa e volta à sua secretaria suspirando como se fosse dar uma notícia muito má. Tipo isto é o máximo. Parece um filme de terror ou assim. "Parece que o vosso professor de Biologia e a vossa professora de Desenho faltaram os dois pelo que não teram mais aulas hoje. É tudo."

Oh.Meu.Deus. O primeiro quase último dia de aulas acaba às 10 da manhã? Já estou a amar isto.

"Eu continuo a achar que esses dois têm um caso." o Luke diz para o Clifford (pessoa cujo fiquei sem saber o nome próprio) antes de sair da sala.

"Vais ficar aí?" vejo a prof.-estranha-e-seca a aproximar-se de mim. Espera... Porque sou a única que está na sala? "Já sairam todos." ela diz.

Olho para ela e levanto-me. "Desculpe estava..."

"Absorta nos teus pensamentos?" ela interrompe.

Assinto e começo a dirigir-me para a porta.

"Já agora sou a Mrs. Lindsay." o seu tom de voz fica estranhamente mais suave mas mesmo assim eu continuo a andar saindo pela porta.

Okay? Isto foi estranho. Muito.

Muito bem... o que faço agora?

Hum eu até podia ir visitar a cidade e umas cenas assim mas não me apetece. Mesmo nada.

Preguiçosa!

Wow subconsciente, que honesto.

No fundo eu sei que sou. 

Faço o caminho que a minha mãe me tinha ensinado ontem e não me perguntem porquê mas hoje pareceu maior.

Toco à campainha três vezes e ninguem me abre a porta. Porra ela não está em casa e eu como sou muito inteligente esqueci-me da chave de casa. 

E agora que faço?

E que tal esperares?

Sim, subconsciente estúpido que perspicácia.

Encosto- me à porta e deixo-me deslizar até ao chão.

Não sei se já vos tinha dito mas eu moro num apartamento com 6 andares e cada andar tem 5 apartamentos. Eu moro no 6°E.

Será que aqui é como na outra casa?

Resolvo ver se aqui é semelhante a Nova York.

Dirijo-me até ao fundo do corredor e vejo umas escadas que resolvo subir. Sim. É exatamente como na outra casa.

Ah pois vocês não sabem.

Em Nova Iorque havia um terraço no cimo do prédio para onde eu ia sempre pensar na vida.

Aqui é igual só que acho que é maior. Decido sentar-me à borda onde haviam umas grades provavelmente para ninguém cair.

Às vezes não me importaria se realmente caísse.

Não. Não posso pensar mais nisto.

"O que fazes aqui?" ouço uma voz atrás de mim o que me faz dar um salto.

Não estava à espera de ver aqui ninguém.

Viro-me para ver quem falou e a minha surpresa aumenta.

Muito menos ele.