Era uma noite normal para qualquer pessoa na terra, mas para mim era mais uma das piores noites da minha vida. Era a nona, décima, ou talvez a décima segunda vez que eu acordava suada e tremendo, me sentei na cama rapidamente e isso fez com que a minha cabeça doesse. Olhei para os lados assustada, procurando pelos monstros que poderiam estar me observando, sem hesitação gritei o nome de Bobby. Em questão de segundos ouvi o ranger das escadas, a madeira fazia um barulho estridente de tão velha que era, a porta do quarto foi empurrada com uma força absurda, Bobby se agachou em frente a minha cama me olhando com seus olhos arregalados.

— O que houve princesa? - Ele estava ofegante pela corrida que fez. Bobby estava com pequenas gotas de suor em seu rosto barbudo e fofo, ele era o tipo de pessoa que ficava em casa vendo futebol com sua cerveja em mãos, mais raramente fazia isso. Ele ficava preocupado comigo o tempo todo, desde que eu acordava até ir para cama, fora gentil comigo desde que me viu chorando na frente de minha casa, e desde então cuidara de mim como se eu fosse sua filha. Bobby era a única pessoa que nesse momento chegava perto de uma familia para mim agora.

— B-Bobby - Lágrimas rolaram do meu rosto - Estou com medo.

— Nada era real, pequena. - Disse limpando minhas bochechas. Ele sabia do que se tratava, e me compreendia super bem.

— Mais tudo aquilo volta, Bobby. Tudo parece tão real, como se estivesse revivendo tudo de novo.

— São só pesadelos. Mais se ficar com muito mais muito medo - Ele puxava meus braços enquanto dizia, esse gesto fez com que eu saltasse pequenas risadas. - Você pode só fazer isso - Ele beliscou meu braço. Isso me fez pular de cócegas e dor. - E pronto.

— Você promete? - Estiquei meu pequeno dedo mindinho.

— Eu prometo. - Esticou o dedo e dobrou no meu. Sequei as lágrimas que estavam nas minhas bochecha, Bobby se levantou e deu um beijo em minha testa. - Agora você precisa dormir. E não se preocupe porque eu estarei aqui te cuidando. - Ele pegou uma cadeira e colocou de frente a minha cama. Assenti com a cabeça, deitei e me tampei com o edredom fofo que tinha, estava olhando Bobby até que meus olhos pesaram muito e não consegui suportar mais.

Não queria voltar a ter aqueles pesadelos, mais parecia que eles insistiam em me perseguir. A escuridão tomou conta dos meus sonhos, e lá estava eu novamente, na frente de corpos caídos sem vida no chão, as imagens passavam como filme. E como poderia esquecer isso? Se a poucos dias eu estava na frente dos corpos da minha família? Como esquecer se fui quem deixou eles assim? E tudo isso quando eu ainsa era uma garota inocente de sete anos?