Eu sou mulher. E corro. Sou gata. Sou tigreza. E essa rudeza. De movimento delicado. Mergulho de cabeça. Afundo. Cansaço. Sem fôlego. Retorno a superficie. Borboleta. Vou pra longe. Mas talvez um dia eu volte. Pra pousar nos seus lábios. Por um breve momento

.

Eu sou mulher. Nua. Crua. De pensamento egoísta. Não há ar que eu respire. Não há mão que segure. Não há coração. Nem melodia. Nem reza. Que me faça ficar. Que me faça esquecer. Vou atrás daquilo que ainda não vejo. O prazer de viver. De amar. De ser minha

.

Gata. Tigrela. Borboleta. Grande ou pequena. Bonita ou singela. Olhos abertos, fechados. Cheia de segredos. Cheia de tristezas. O misterioso mistério. De que não há mistério algum. Eu pertenço a quem me cabe pertencer. Mas não de verdade. E apenas por um breve momento

.

Debaixo d'água tudo é mais denso. Tudo é mais leve. Toda dor é barata. Todo choro se perde. Tudo se fragmenta. E assim a gente aguenta. Entra pedra. Sai pó.