Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 8
Proximidade




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Alguns dias já haviam se passado desde que L e o restante da equipe decidiram assistir às gravações do apartamento de Chiara. A ruiva só havia aparecido no andar onde estavam os rapazes algumas vezes, para saber se haviam novidades no caso Kira. A vigilância não constatou nada de suspeito na atitude de Chiara, a não ser seus pesadelos recorrentes, que L percebera que não acontecem toda as noites. Por fim, a vigilância foi suspensa e Chiara retornou às investigações.

— Peço desculpas pelo inconveniente, Chiara – L a olhava com um olhar sereno. Ele entendia que ela estava se sentindo exposta. Pensava em quando poderia perguntar-lhe com o que ela sonhava, se é que um dia poderia fazê-lo.

— Isso já não importa mais – Ela respondeu visivelmente chateada. Estava se sentindo invadida porque todos naquela sala agora sabiam da sua fraqueza. Ao mesmo tempo, pensava no que o detetive poderia achar daquilo tudo. Será que ele imagina com o quê ela sonha? Será que ele ao menos se interessa?

Em um dos telões, Light acorda e repentinamente começa a implorar a L que acredite que ele não é Kira.

— Ryuzaki, por favor, me deixe sair, está cometendo um terrível engano! – Implorava o adolescente.

Todos na sala não entendiam o que estava acontecendo.

— O tom de voz dele mudou completamente. Está mais autêntico – Chiara contraiu os olhos. Ela sempre contraía os olhos quando tentava entender algo. L percebeu isso. Mas hoje ele estava mais preocupado que o habitual. Não estava conseguindo entender o que acontecia à sua volta. Light pediu para ser preso, e agora mudou completamente de comportamento, assim como Misa dias atrás. Chiara tinha aparecido há pouco tempo e de repente ele desenvolvera um interesse fora do comum nela. Ele não sabia lidar com a incerteza, e por enquanto era só isso ele tinha em mãos. Não entendia o caso Kira, não entendia a Chiara e além disso estava perturbado com os pesadelos dela. Tinha que fazer algo. Tinha que ter algo sólido em mãos.

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Chiara apertava os lençóis nas mãos com força. Revirava-se de um lado para o outro com intensa inquietude. Em sua boca, os gritos e os nãos se revezavam com a respiração ofegante. Por fim, sua agonia se encerra quando ela acorda em um susto e senta imediatamente na cama. O pesadelo novamente a atormentara, e ela sentia o alívio de retornar à realidade. Entretanto, ao levantar a cabeça e direcionar o olhar para a porta do quarto logo à sua frente, um grito de susto saiu antes mesmo que ela pudesse assimilar a imagem iluminada pela pouca luz da luminária, na qual atirou um travesseiro.

O homem de calça jeans azul e blusa de mangas compridas brancas estava parado na porta do quarto esperando que a mulher assimilasse sua presença. Ele nem sequer tentou desviar do travesseiro, que bateu em seu braço direito e caiu no chão. Chiara reconheceu o detetive. Engoliu seco e respirou fundo algumas vezes, tentando se recompor.

— O que está fazendo aqui? – Perguntou ela ainda sentada na cama.

— Ouvi seus gritos e deduzi que estivesse tendo outro pesadelo. Vim ver se você está bem. – Ele pegou o travesseiro no chão e se aproximou para colocá-lo de volta onde estava.

— Como pôde ouvir meus gritos? Ainda está me vigiando?

— Não. Eu apenas pedi que Watari deixasse o áudio do seu quarto ligado durante a noite, para que se por acaso você gritasse, eu pudesse te ajudar. – Ele fez uma pausa – Está chateada por isso?

— Não – Disse ela mais calma, olhando para ele. Ele gostava do aspecto dela agora. Seu cabelo estava solto e bagunçado e os lábios em forma de elipse um pouco inchados. Ela ainda estava usando as roupas do Sam. Uma blusa de mangas curtas azul marinho.

Chiara estava aliviada em ver o detetive ali. Não gostava da ideia de ele a ter vigiado nem de ter aparecido no quarto dela de repente, mas a presença dele a fazia perder o medo e se sentir melhor.

— Obrigada... – Disse olhando nos olhos dele, que estava sentado na beira da cama, a uns cinquenta centímetros dela. Ela se aproximou um pouco mais e deu um leve sorriso – Você quer tomar sorvete?

— Ahan... – L estava desconcertado. Ela era mesmo imprevisível.

Os dois se levantaram e foram em direção a cozinha, onde Chiara pegou dois potes de sorvete, duas colheres e calda de morango. Levou tudo para a sala, onde eles se sentaram no sofá. Chiara sentou bem ao lado de L, que estava em sua posição habitual.

— Por que você gosta de sentar assim?

— Não é que eu goste de sentar assim, eu tenho que sentar assim, senão minhas habilidades dedutivas diminuem em 40%.

— Tá – Chiara limitou-se a responder, enquanto lambia a colher cheia de calda de morango.

— Você não acha isso estranho? – Ele já queria perguntar isso há um tempo. Todo mundo exibia uma expressão de espanto quando o conheciam, à exceção dela.

— Não – Disse ela casualmente – Você tem muitos adjetivos, mas estranho definitivamente não é um deles.

L colocou uma colherada de sorvete na boca. O que ela quis dizer com isso? Se ela não o achava estranho, o que achava dele então?

— Está aqui pra me investigar, detetive? – Indagou Chiara.

— Não.

— Então deveria relaxar a postura. – Para incentivá-lo, ela colocou um pé na mesinha de centro e outro em cima do sofá.  L apenas se sentou normalmente.

— Se importa se eu te perguntar algo, Chiara? – Ele perguntou sem olhar diretamente para ela.

Ela fez um não com a cabeça, enquanto estava com a colher na boca.

— Com o que você sonha? - L ergueu a cabeça para olhar diretamente para ela. Ele ainda tinha a sensação de que ela o olhava no fundo dos olhos, mas já começava a se acostumar com isso.

Chiara continuou a olhá-lo diretamente. Houve um breve silêncio.

— Não vou te contar – Respondeu ela, por fim.

Ele estava visivelmente decepcionado.

— Isso é importante? – Ela questionou.

— Na verdade desde que vi a primeira vez você tendo pesadelos, não consegui parar de pensar no que poderia te deixar daquela forma. – Disse olhando para ela, mas depois voltou-se para o pote de sorvete.

Chiara sentiu borboletas no estômago. Que bom que ele não estava olhando mais, senão teria percebido.

— Sinto muito desapontá-lo... Mas agora sou eu que quero fazer uma pergunta.

L olhou para ela esperando.

— Você tem olheiras profundas, o que significa que dorme pouco. Por quê descansa pouco?

L sentiu uma pontinha de timidez ao ver que ela estava reparando nele.

— Não gosto de perder tempo dormindo. Há muita coisa importante para ser feita ao invés de dormir.

— Entendi... – O olhar de Chiara era enigmático. L sentia como se ela o estivesse estudando. Parecia que em matéria de compreender o outro, ela ganhava dele.

Ele passou os olhos no mural de fotos dela.

— Você tem muitos amigos – Comentou.

— Eu conheci muita gente na universidade e fiz muitos amigos. – Ela deu um sorriso nostálgico -  Aqueles 5 daquela foto na montanha são meus melhores amigos, mais o Sam. Aquele casal naquela foto do jardim – Ela apontava enquanto falava – Eram meus colegas de apartamento antes de eu morar com o Sam. Aquele de moicano é o Mike, meu antigo vizinho. Aprendi a falar uma frase em holandês com ele.

— Só uma frase? – L olhava com bastante interesse enquanto ela falava. Seus olhos brilhavam, ela nem parecia mais ter acordado no estado que acordou. Ele estava curtindo estar na companhia dela. Eles estavam bem próximos, ela estava sentada logo ao lado dele e virada em sua direção. Enquanto falava, ele reparava sutilmente em seus cabelos caídos sobre a blusa folgada, que a cobria até a metade das coxas, que estavam uma sobre a outra agora. Observava também o movimento dos lábios dela enquanto falava e sorria. Ela tinha uma empolgação que ele poucas vezes sentira. L sentia vontade de chegar mais perto. Queria poder tocá-la, sentir sua pele, seu cabelo e puxá-la para junto de si. Mesmo sem poder fazê-lo, L não queria sair dali nunca mais.

— verbergen marihuana dat er iemand komt – Ela interrompeu os pensamentos dele com aquela frase esquisita, que disse pomposamente – Significa: esconde a maconha que está vindo alguém!

Chiara gargalhou. L sorriu discretamente.

— Ele curtia essas coisas...- Ela apontou agora para outra foto. – Aquele é o James. Sempre que saíamos nos finais de semana ele ficava bêbado e perdia as chaves de casa. Foi assim que eu aprendi a abrir portas com grampos. Aquela de cabelo curtinho é a Alice, minha melhor amiga. Ela não sabe escolher muito bem os homens. Já briguei com três ex namorados dela e cheguei a bater em um deles.

Chiara reparava em L, que escutava atentamente ao que ela dizia. Ele até havia esquecido do sorvete.

— Chega de falar de mim. Me conta as suas histórias.

Ele contraiu levemente o rosto.

— Que tipo de histórias você quer que eu conte?

— Coisas legais que aconteceram na sua vida – Ela falou parecendo óbvio.

L colocou a colher de sorvete de volta no pote e encostou o polegar na boca. Após alguns segundos, respondeu:

— A minha vida não é tão movimentada quanto a sua. Na maior parte do tempo, eu estou solucionando algum crime.

Chiara contraiu os olhos de novo e disse depois de alguns segundos.

— Eu entendo, isso deve tomar muito tempo.

Ela estava começando a desvendar o mistério daquele detetive de quem ela sequer sabia o nome, mas por quem ela já não conseguia evitar sentir algo. Ao contrário do que pensavam, a habilidade dedutiva de Chiara não era tão extraordinária. Na verdade, ela conseguia perceber as coisas que não estavam óbvias através do tato. Ela era boa em reparar nas pessoas e captar os sinais que elas deixavam escapar. Do homem em sua frente ela já apreendera alguns detalhes. Estava fascinada com ele. Aparentava frieza, como se não se importasse com ninguém, mas não era isso que ele estava demonstrando para ela. Pelo contrário, ele estava ali por se importar.

Mas parecia também que demonstrar isso por enquanto seria pedir demais dele. Chiara também não estava preparada.

Ela deixou escapar um bocejo.

— Quer que eu vá embora? – Ele parou a colher de sorvete no ar.

— Não – Ela sussurrou.

— Então eu não irei. - Sussurrou ele de volta.

Chiara abraçou uma almofada e apoiou a cabeça no encosto do sofá, meio de lado. L apenas a observou dormir.


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Notas finais do capítulo

Lentamente, Chiara e L se aproximam....



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