Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 16
Insight


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas se a narrativa ficou meio confusa. Esse trecho da história se passa na captura de Higuchi e é relativamente parecido com o anime.
Enjoy!



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Na manhã seguinte à fuga para encontrar Higuchi, Chiara tomou café da manhã na companhia de Watari. O velho tomava o seu chá com uma elegância impecável, enquanto ela se deliciava com seu chocolate quente.

— Você se arriscou muito ontem, Chiara. Ryuzaki ficou muito preocupado com você e eu também.

— Eu sinto muito ter preocupado vocês, mas eu não tive alternativa. Ninguém acreditava em mim, e se eu não tivesse me arriscado, não saberíamos agora que Higuchi é o Kira.

— Por outro lado, algo muito ruim poderia ter lhe acontecido. – Watari sustentou a xícara no ar e olhou diretamente nos olhos verdes da ruiva. – Às vezes eu tenho a impressão de que você não se importa consigo própria.

— Eu fiquei bem, não foi? Isso é o que importa – desconversou Chiara enquanto tomava ais um gole de chocolate.

Watari sabia que, no fundo, estava correto e temia pelo que pudesse acontecer a ela.

—____________________________

Alguns dias se passaram desde a conversa de Chiara e Higuchi. Como previsto pela ruiva, as mortes cessaram, o que provava a todos que ele era mesmo o Kira. L, auxiliado pela equipe, montou uma arriscada operação para a prisão de Higuchi, que expunha Matsuda e o colocava em risco de vida.

Na sala de comando, todos estavam em expectativa para o início da operação. Na verdade, estavam lá apenas L, Light, Misa e Chiara, já que os outros policiais estavam em campo. O detetive estava sentado em sua cadeira habitual, preparado para dar os comandos necessários à equipe. Light estava a postos para acompanhar tudo e Misa parecia estar ali apenas pela presença de Light, sem compreender ou se importar com a magnitude da operação. Chiara estava sentada logo ao lado de L, silenciosa. Seus olhos verdes vidrados nos monitores à sua frente estavam ainda mais em evidência devido aos cabelos presos em um rabo de cavalo. Estava séria, e sua tensão era visível.

— Não se preocupe, nós vamos pegá-lo – disse a voz mansa de L, percebendo a preocupação dela.

Chiara apenas sorriu de volta. Um sorriso carregado de nervosismo.

O que aconteceu em seguida foi uma corrida frenética de Higuchi em busca do verdadeiro nome de Matsuda, que ele acreditava estar morto, mas que agora ameaçava revelar seu segredo na televisão. Para se safar, o executivo tinha que descobrir o verdadeiro nome do denunciante para, assim, eliminá-lo.

O primeiro passo dado por Higuchi foi tentar contactar Misa. Ao ser ignorado por ela, ligou para Chiara, que também não atendeu ao telefone. A irritação tomou-lhe completamente quando percebeu que não poderia recorrer a elas. Ligou, então, para o presidente da agência em que Matsuda fingia trabalhar, para tentar descobrir seu nome verdadeiro e dirigiu desesperado até o escritório, em busca da ficha que supostamente conteria o nome verdadeiro de Matsuda. Através de câmeras instaladas no carro, a equipe o estava assistindo da sala de controle. Um estranho diálogo chamou a atenção de todos.

Rem, o que você acha? – perguntou de repente o homem no volante. Para todos na sala de controle, Higuchi estava sozinho, mas Chiara podia ver o Shinigami no banco de trás.

— Rem? Quem é esse? – Light estava incrédulo. – Não tem mais ninguém naquele carro, não é?

— Deve ser o Shinigami – respondeu o detetive. Chiara olhou-o surpresa por ele admitir a existência de Shinigamis. Significava que ele acreditava nela, afinal.

—Você só pode estar brincando, Ryuzaki! – bradou Light, mas não houve tempo de L responder, pois Higuchi falou novamente.

Será que eu vou à agência só para descobrir que a ficha dele não está lá? – Fez uma pausa, esperando a resposta de Rem. – Esse cara é esperto, ele destruiria tudo o que se liga ao seu nome antes de aparecer na televisão. Mesmo se ele tiver a ficha na agência, pode ser outro nome falso.

— Chiara, o que o Shinigami disse? – questionou o detetive.

Chiara disfarçou um discreto sorriso, feliz por ele admitir acreditar nela na frente de todos.

— Ele convenceu Higuchi de que ir à agência ainda é a melhor forma de descobrir a verdadeira identidade do Matsuda.

Mas houve uma parte do diálogo que Chiara omitiu. Mas iria guardar aquelas palavras.

Que tal abrir mão de sua propriedade do caderno e devolver ele a mim? – Sugeriu Rem.

Não, eu acabaria perdido se fizesse isso. Mesmo se esquecesse do caderno, esse cara disse que tem provas concretas. Se ele falar do recente crescimento da Yotsuba no ar, ninguém vai duvidar do que ele disser.

Enquanto conversava, Higuchi acelerou o carro em direção à agência de talentos. Ao chegar lá, pegou a ficha onde estaria o suposto nome verdadeiro de Matsuda e foi para o carro. Lá, escreveu o nome em seu Death Note.

— Ele parecia tão desesperado agora há pouco para matar o Matsuda, mas apenas anotou o nome e só? – estranhou Light, observando o semblante de Higuchi pelo monitor.

A frustração e o desespero tomaram conta de Higuchi ao perceber que Matsuda não morrera.

Droga, ele não morreu! – gritou o homem furioso.

— Como assim, ele não morreu? Ele já tentou matar o Matsuda? Light estava desconcertado.

— É o caderno de Shinigami... – disse L, pensando alto.

Pelos monitores, via-se Higuchi, no carro. Ele ficou em silêncio por alguns instantes, como que pra pensar melhor no que fazer. Até que se fez ouvir:

Rem, eu quero fazer o acordo.

Toda a equipe, inclusive Chiara, ficou alerta. Apenas mais alguns instantes de silêncio e Higuchi simplesmente arrancou com o carro novamente.

— Chiara, o Shinigami disse algo? – perguntou o detetive.

— Não, ele apenas tocou em Higuchi, como se tivesse lhe passado algum tipo de poder... – A ruiva estava tentando entender o que estava acontecendo. Mesmo podendo ver e ouvir o Shinigami, ela nunca havia ouvido falar nesse acordo.

Higuchi seguiu em direção à Yotsuba, no intuito de ver o rosto de Matsuda nas imagens das câmeras de segurança da empresa. No caminho, foi parado por um guarda de trânsito. Utilizando seus olhos de Shinigami, Higuchi observa o nome do guarda e o escreve em seu Death Note, fugindo, logo em seguida. O guarda, morre 40 segundos depois. L percebeu que Higuchi agora detinha o poder do segundo Kira e reagiu.

— É perigoso demais deixar Higuchi solto. Acho que ele tem os mesmos poderes do segundo Kira e pode matar somente olhando pro rosto de alguém. Prendam-no agora! – ordenou.

“Rem, um acordo... Ele de repente pede um acordo e depois mata uma pessoa apenas olhando para o rosto dessa pessoa. Considerando-se que ele não fez esse acordo antes, deve haver algum tipo de custo” pensou Chiara. Ela já começava a juntar as peças.

— E então, o que acham de irmos pra diversão também? - perguntou o detetive. – Menos você Misa, para sua própria segurança.

— O quê? Mas isso... – a loira ficou revoltada.

Chiara, Light, Watari e L pegaram um helicóptero pilotado pelo detetive. Light estava sentado ao lado de L e logo atrás do detetive estava Chiara, ao lado de Watari.

— Não sabia que você pilotava helicóptero, é incrível! – comentou Light.

— É, a gente vai usando a intuição e aprendendo – respondeu o detetive.

Chiara não comentou, mas sempre quis aprender a pilotar.

L parecia estar confiante, como se acreditasse que todo o caso fosse mesmo acabar ali. Já Chiara, estava nervosa desde que tudo começou. Apesar de estarem prestes a pegar Kira, sua intuição, junto de alguns fragmentos que ela observava aqui e ali, diziam-lhe que tudo ainda não iria acabar ali.

Após uma tentativa frustrada de ver o rosto de Matsuda nas câmeras da Yotsuba, Higuchi se dirigiu à TV Sakura, para interromper a transmissão e matar Matsuda. Seu nível de desespero estava tão alto que ele mal podia raciocinar. Após encontrar a emboscada armada no canal de TV, Higuchi foge de carro até ser encurralado e capturado com a ajuda da polícia.

L pousa o helicóptero próximo da rua em que Higuchi está imobilizado pelos policiais. Mogi e o Sr. Yagami estavam junto dele.

— Mogi, por favor, coloque o headphone nele, como foi planejado – solicitou Light.

— Entendido – respondeu Mogi, atendendo prontamente ao pedido.

— Higuchi, como você matava as pessoas? - perguntou L, do helicóptero, através de um microfone.

— O caderno... Provavelmente não vai acreditar, mas eu tenho um caderno especial. Se escrevo o nome de alguém enquanto penso no rosto dessa pessoa, ela morre. – Higuchi percebera que estava completamente derrotado.

O Sr. Yagami pegou o caderno dentro de uma maleta, no carro.

— Está, aqui. Ele escreveu muitos nomes nele, mas não parece ter nada demais... Ai meu deus!

O Sr. Yagami caiu no chão e soltou o caderno, enquanto gritava e olhava para um ponto fixo no nada.

— O que foi, Sr. Yagami? – perguntou L.

— É um monstro! – A face de Soichiro demonstrava terror.

— Por favor, fique calmo, Sr. Yagami – disse Mogi, enquanto recolhia o caderno, até que também soltou um grito.

— Parece que só quem toca no caderno pode ver o monstro! – constatou o Sr. Yagami.

— Por favor, traga o caderno até o helicóptero – ordenou L.

Mogi entregou o caderno ao detetive, que o segurou com as pontas dos dedos. Ele viu o Shinigami à sua frente, mas não fez alarde.

— Ryuzaki, me deixe ver também! – pediu Light, tomando o caderno das mão do detetive.

— Ahhhhhhhhh. – Light soltou um grito gutural. Sua face parecia ter congelado em uma expressão que caminhava entre o susto e a surpresa por alguns segundos.

— Acredita em mim agora, detetive? – Não havia nenhuma ironia na voz de Chiara, ela apenas queria ouvir dele.

— Eu acredito em você já faz um tempo – respondeu L. Não era só do Shinigami que ele estava falando.

Chiara voltou a sua atenção novamente para Light. A expressão do garoto agora havia mudado, de forma sutil, mas perceptível. Parecia mais confiante.

— Ryuzaki, o que acha de mandarmos esse caderno para perícia? – perguntou o adolescente.

— Nossa, Light, nem parece você. Nós sabemos que esse caderno está muito além da ciência – retrucou o detetive.

— É, você está certo.

Chiara apenas observou a conversa. A ruiva percebeu que o tom de voz de Light mudara novamente, mais próximo ao que era quando eles se conheceram, antes de o jovem se oferecer para ser preso. Light falava como se medisse cada palavra, e possuía uma voz tão controlada que mesmo quando ele parecia estar nervoso ou surpreso, não perdia o controle. Faltava-lhe naturalidade. Chiara sabia que essa era uma característica de pessoas dissimuladas.

Do ângulo em que Chiara estava, ela não pôde perceber, mas Light escreveu o nome de Higuchi em um pedaço do Death Note que estava guardado em seu relógio.

Enquanto o executivo morria na frente de todos, Chiara não tirava os olhos de Light. De repente, como num insight ela entendeu tudo. Sua respiração ficou ofegante, seus olhos se arregalaram e suas mãos seguravam o banco do helicóptero, para lhe dar apoio. Estava tentando controlar o nervosismo para que ninguém percebesse. Na mente da ruiva, um diálogo não parava de se repetir incessantemente, como um eco:

“- Que tal abrir mão de sua propriedade do caderno e devolver ele a mim?

— Não, eu acabaria perdido se fizesse isso. Mesmo se esquecesse do caderno, esse cara disse que tem provas concretas...”.


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Notas finais do capítulo

Será o começo do fim?
Cenas para os próximos capítulos...



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