Meu Deus, Laís vai apanhar! Foi a primeira coisa que eu pensei quando ela nos puxou pra dentro. Ela nos indicou um sofá que sentamos pesadamente. Entreolhamo-nos e eu percebi que ainda estava segurando a sua mão. Soltei rapidamente antes que eu também apanhasse.

— Gente me perdoe, mas eu odeio essa garota. O tempo que meu irmão passou namorando ela eu tive de atura-la, mas já que não estão mais juntos eu posso ficar livre pra dizer que eu a detesto.  – ela revirou os olhos e foi rapidamente a cozinha, voltou com uma bandeja com pedaços de bolo e um chá que exalou aroma pela sala inteira. – Você toma chá de maça com canela Tayla? – ela questionou depositando a mesma  em cima da mesa.

— Não tenho problemas com chá. – Tayla respondeu timidamente pegando o bolo que estava em um prato adequado com um garfo para bolo.

Não sei se por constrangimento ou fome mesmo, ela começou a comer sem dizer nada. O que Laís fazia era sempre gostoso então não fiquei pra trás. Comecei a comer, o clima estava tenso.

— Quer dizer que somos namorados e eu não sabia. – ela disse baixinho enquanto minha irmã estava preparando o almoço.

— Não liga pra isso e perdoa minha irmã. Ela andou meio doente esses dias e até desmaiou. Deve ter afetado a capacidade de raciocinar dela. – tinha de evitar que a garota usasse minha irmã como saco de pancada. Mas eu sabia que ela não iria fazer isso. Riu do que eu disse e ficou olhando a minha casa.

— Bonita sua casa, bem arrumada. – ela ressaltou.

— Minha mãe é um exemplo de dona de casa e de mãe. Laís não fica atrás, mas minha velha faz tudo muito bem.

— Tayla fique pra almoçar. – do nada aquela garota se senta entre nos, cruza as pernas e nos olha com um sorriso.

— Eu não posso, tenho de cuidar de preparar o almoço da minha casa também.

— Tudo bem, mas venha mais vezes aqui. Leonardo tem essa cara de idiota, mas é um bom rapaz.

Não podemos evitar rir do que ela disse. Depois eu me entendo com ela. Tayla se levantou e fui deixa-la na porta, por sorte os dois convidados indesejados não estavam mais lá. Me despedi e pedi perdão pelo ato da minha irmã. Ela disse que não tinha problema e eu fiquei olhando ela partir.

Quando ela dobrou a rua eu entrei rapidamente pronto para castigar a minha pequena mentirosa.

— Laís que ideia é essa? – antes que eu chegasse até ela foi me estendido um papel para ler. Meu coração acelerou quando vi o emblema do hospital.

— Meu exames estão aqui. – ela disse calmamente. – Tem o diagnóstico. – depois me deixou sozinho na sala indo pra cozinha.

Sentei-me pesadamente e comecei a ler. A conclusão foi a seguinte, minha irmã tinha arritmia cardíaca. Tentei conter a minha surpresa, mas antes que eu desse aquele ataque de histeria ela já estava ao meu lado.

— Fica tranquilo que tem controle, é algo que eu vou conviver pro resto da vida, mas ao mesmo tempo não é um problema grave assim. Apenas evitarei algumas coisas e tomarei uma medicação controlada. – seu rosto estava tranquilo. Percebi que ela havia pesquisado sobre a doença.

— Quando soube?  - quis saber.

— A nossa mãe pegou hoje cedo. Passou aqui em casa e me deu. Pediu que eu ficasse calma e depois deixou me sozinha e eu pude pesquisar bastante sobre a doença. – ela mexia com o cabelo.

Eu era um bobo chorão. As lágrimas vieram sem aviso e eu abracei minha irmã pela cintura. Como ela estava de pé ao meu lado apenas ficou brincando com os meus cabelos e dizendo que tudo iria ficar bem. As vezes os papeis se invertiam naquela família.

...

Na escola eu podia ouvir os murmúrios pra todo lado.

— Tá namorando a putinha eim. – sempre tinha aquela pessoa que te fazia querer ser mulher só uma vez para poder bater nela. E esse ser humano me fazia querer isso.

— Pra sua informação a puta aqui é você, que só sabe ser invejosa. Desculpa querida, meu irmão não é pro seu bico. – salve, salve Laís. Já disse que amo essa garota? – Vamos, se você der atenção a essas dai vai passar o dia com raiva.

Parece que minha querida ex-namorada fez questão de espalhar o boato pra escola inteira. Eu sabia que havia sido ela. Pois Kevin podia ser o que for, menos fofoqueiro.

Tayla ela olhada por todos quando passava e eu percebi que isso estava ficando incomodo pra ela. Me senti na obrigação de ajudar, já que a merda foi espalhada pela minha linda irmã.

— Desculpa por isso. – quando eu me aproximei meus amigos também chegaram juntos, dando os parabéns. Queria ser um avestruz e poder enfiar a minha cabeça na terra.

— Parabéns Leonardo e Tayla. – Renan chegou me abraçando.

Matheus estava calado como sempre e Daniel estava mais ocupado perguntando como a minha irmã estava. Ela por sua vez, estava visivelmente constrangida. O que estava acontecendo ali?

— Gente vamos para por aqui. Eu não estou namorando a Tayla não. Isso tudo foi algo que a Laís criou e que caiu na boca do povo. – todos me olharam com aquele olhar de : aaah que pena.

— Entendi. – disse Renan quando eu terminei de narrar toda a história. Não sei porque mas, Tayla estava lá conosco. Ela sorria de uma coisa que Laís dizia. A amizade delas parecia ter voltado. O ambiente estava tão bom. Minha irmã rindo e com a possibilidade de ter um namorado novo, eu estava ao lado de uma garota incrível que pouco a pouco estava começando a gostar de verdade. Tinha amigos que eram uns idiotas, mas estavam sempre comigo quando eu precisasse. Amigos de verdade. Apesar do meu pai ser o que era eu tinha uma mãe maravilhosa e acolhedora que me fazia sentir o melhor filho do mundo. Tudo estava caminhando bem. Não pude evitar agradecer por isso. Talvez meus dias de chuva tivessem fim.

— Laís, Leonardo. Eu terminei com a Larissa. Preciso contar a vocês toda a verdade. – Kevin vinha ofegante para jogar essa bomba em cima de nós.